3.10.10

Um mergulho nos UHF de 1992

Como terá sido o concerto dos UHF no Coliseu de Lisboa em 1992? Como resposta a esta pergunta, descobri uma peça arqueológica referente a esse espectáculo que decorreu a 7 de Fevereiro desse ano, que editei, para disponibilizar no blogue Canal Maldito, nas vésperas dos Coliseus que os UHF fizeram em 2006. Como curiosidade, deixo no final deste post alguns excertos dessas duas horas de programa de rádio - feito em directo.

Hoje em dia é normal bandas rock incluírem os Coliseus nas suas digressões, todavia, em 1992 tal não era frequente. Recordo-me bem desse concerto no Coliseu de Lisboa há catorze anos, quando os UHF convidaram Jorge Palma, Lena d'Água e Zé Pedro para participarem em cada um dos três actos que o espectáculo encerrava. Se bem me lembro o espectáculo estaria dividido em três andamentos: "a farsa", "o amor" e "o fogo".
Esse concerto correu muito bem, tendo constituído um ponto muito alto na carreira dos UHF.

Recordo também a véspera do concerto de Lisboa em que partilhei uma mesa de quatro lugares num restaurante próximo do Coliseu com António Manuel Ribeiro, Zé Pedro e Jorge Palma. Estavam, todos eles, entusiasmados com o evento e os dois convidados especiais preparavam-se para o ensaio que iria entrar pela madrugada. Como as coisas estavam atrasadas, ainda deu para uma passagem pela casa de Jorge Palma, onde, de volta de uma Ballantines 12 anos, foi possível ver um episódio dos Simpsons.

Antes de ter saído do Coliseu com o Jorge Palma, recolhi diversos apontamentos para o meu programa de rádio "Rock de cá". Por exemplo, o depoimento de Zé Pedro - muito interessante, esboçando um sorriso à pergunta se não estaria nos planos da sua banda a passagem pelo Coliseu dos Recreios. Que não, disse ele, pois uma sala como o Coliseu não seria propícia a concertos rock. Considerava que os UHF podiam apostar no Coliseu porque tinham muito mais canções calmas do que os Xutos. Actualmente, e depois de várias actuações dos Xutos neste recinto, a opinião de Zé Pedro pode parecer estranha, porém, quem se recorde do Portugal de 1992 sabe que, nesses tempos, não era habitual utilizar o Coliseu para concertos rock!

Foi também a curiosidade de ver um grupo de rock português no Coliseu de Lisboa que cativou a presença de muita gente. Ainda mais porque, na época, os UHF já eram considerados veteranos!

A verdade é que o concerto dos UHF não foi acústico, nem repleto de baladas, mas sim rock'n'roll à flor da pele e essa noite ficou na memória do rock português por mais outro motivo, directamente relacionado com a impreparação de concertos rock no Coliseu e com a força do próprio evento. Por certo, foi estabelecido um novo record de cadeiras partidas na mítica sala da Rua das Portas de Santo Antão! Não que o concerto tenha sido violento, pelo contrário, contudo, perante tanta gente aos saltos em cima de tão frágeis cadeiras, outro desfecho não seria previsível. Talvez quem tenha optado por não tirar as cadeiras da plateia tenha também conversado com Zé Pedro na véspera do concerto e deduzido que os UHF iriam fazer um concerto essencialmente acústico. Foram mais de cem as cadeiras aniquiladas pelo saudável rock dos UHF.

Naquela noite, quase tudo correu bem aos UHF. O clima da sala esteve ao rubro e as canções foram entoadas do início ao fim por uma audiência participativa e rendida. O som poderia ter estado melhor, porém a performance de músicos e convidados foi quase perfeita.

Clicar para escutar resumo da 1ª hora.

Clicar para escutar resumo da 2ª hora.

Em alternativa pode fazer o download dos ficheiros para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.

16.9.10

Noites Ritual - A emissão



A 19ª edição do festival “Noites Ritual” decorreu nos dias 27 e 28 de Agosto de 2010, nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto. As duas noites deste acontecimento ficaram marcadas por duas enormes enchentes, tendo sido estabelecido novo record de assistência, o que demonstra que sucesso e qualidade são compatíveis quando nos referimos a música portuguesa. E mesmo quando os projectos participantes não são (ainda) monstros consagrados da nossa indústria.

Ao contrário do passado recente, este ano levei gravador e o Bruno pregou-me a partida de me desafiar a transformar umas entrevistas ligeiras e tranquilas num especial de duas horas. Foi com essa encomenda de “emissão especial realizada a partir do Porto” que parti em direcção ao Norte. Já em pleno backstage foi a minha vez de lançar a Pedro Brinca - antigo director da revista “Ritual” e apresentador oficial do festival - o desafio de me acompanhar nessa aventura e me ajudar na apresentação do programa.

Uma emissão com tantos participantes não poderia conter entrevistas muito prolongadas pelo que foi necessário apelar ao nosso esforço de contenção e síntese. Em alguns casos resultou e noutros nem tanto. Na verdade, ficaram muitos sons de fora da edição final e creio que o Atlântico irá aproveitar algumas dessas conversas, mais prolongadas, para especiais no decurso da época 2010/11.

Uma palavra final para a excelente organização e um abraço especial para o Carlos Vieira.

Para o ano, espero estar, de novo, no Porto para uma fantástica edição 20 das “Noites Ritual”. Existe o regresso de um grande grupo na forja para celebrar esse número mágico das 20 edições – para saber qual basta fazer download e escutar estas duas horas de emissão. :)

Para quem não escutou o programa em directo deixo os links para os ficheiros mp3 da primeira e segunda horas de emissão.


Clicar para escutar a 1ª hora de emissão.

Clicar para escutar a 2ª hora de emissão.

Em alternativa pode fazer o download dos ficheiros para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.

10.9.10

Especial Noites Ritual 2010

A Miróbriga num dos mais emblemáticos festivais de música!



Clicar para escutar.

Noites Ritual - quase 20 anos depois.



Tive o grato prazer de conduzir com Pedro Brinca, na cidade do Porto, uma emissão do Atlântico com grandes protagonistas:


















Rita Redshoes, Tornados, Diabo na Cruz, Oquestrada, Legendary Tigerman , Slimmy, Carlos Vieira e Sean Riley & The Slowriders.

Noites Ritual, o festival que apareceu poucos meses depois da primeira emissão da navegação e que tem descoberto grandes nomes e bandas... e que as pode voltar a reunir!

Atlântico - Sábado às 7 da tarde na Miróbriga - 102.7 Fm no sul do país ou em mirobriga.pt no mundo inteiro.

Um conceito de Rádio.

Atlântico também no facebook

24.7.10

Atlântico na América - A emissão

Existem programas que ultrapassam o inicialmente previsto e que parecem ganhar vida e vontade próprias. Foi exactamente isso que sucedeu na emissão de hoje do Atlântico, a qual, tendo como mote o livro de Luís Mira, foi totalmente dedicada à América.

Para todos aqueles que não conseguiram escutar o programa em directo deixo os links para os ficheiros mp3 da primeira e segunda horas de emissão.


Clicar para escutar a 1ª hora de emissão.

Clicar para escutar a 2ª hora de emissão.

Em alternativa pode fazer o download dos ficheiros para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.

23.7.10

Atlântico na América

"Finalmente" talvez seja a palavra certa para definir o post que aqui deixo. Depois de muitas gravações e peripécias de diversa ordem irá para o ar, amanhã, sábado, um Atlântico bastante especial. Serão duas horas dedicadas à América numa emissão centrada no livro de Luís Mira, "Crónicas da América".

Pelo Atântico irão passar vários convidados, entre os quais, Luís Pinheiro de Almeida, Teresa Leandro, José Marques, Abel Rosa, Luís Mira, António Manuel Ribeiro e Teresa Lage.

Entre as 19h00 e as 21h00 numa emissão que pode ser seguida pela internet através do site da Miróbriga.

Foi com enorme prazer que fiz este programa em conjunto com o Bruno.

Mais informações: Atlântico









9.7.10

Rock português em selos

Alguns dos mais importantes discos do rock português foram escolhidos para uma edição especial de selos dos CTT.

As estampas reproduzem as capas de "A Lenda de El-Rei D. Sebastião" (Quarteto 1111), "Ar de Rock" (Rui Veloso), "Psicopátria" (GNR), "À Flor da Pele" (UHF), "88" (Xutos & Pontapés), "Heróis do Mar" (Heróis do Mar) e "Wolfheart" (Moonspell).

Estes selos, de 1 € cada, estarão disponíveis a partir de dia 19 de Julho e podem ser utilizados como qualquer selo normal para envio de correspondência.

27.6.10

Michael Jackson no VH1

No VH1, este fim-de-semana é dedicado ao Rei da Pop. Faz sentido a homenagem, depois de Michael Jackson ter sido o primeiro artista negro a passar na MTV com "Billie Jean".

25.6.10

Um ano sem Michael Jackson

Durante aquelas semanas em que estive em Israel levantei-me quase sempre à mesma hora. Passavam uns minutos das 7h30 e enquanto me despachava liguei o meu portátil. Cliquei no site da TSF e preparava-me para tomar o pequeno-almoço. Quando abriu o noticiário das seis da manhã, em Portugal, a notícia foi um choque. Michael Jackson tinha morrido.
Ao sair de casa, o amigo que me veio buscar tinha o rádio do seu carro sintonizado, naturalmente, numa estação israelita e apesar de nada entender da língua, pouco depois, eram canções de Jackson que eram transmitidas.
Dias depois, os canais de televisão locais, emitiram as cerimónias fúnebres, tal como deve ter sucedido em Portugal e um pouco por todo o lado.
O fenómeno do rei da pop, tinha e tem, uma dimensão planetária.
Recordo-me de ter estado nos anos 90 numa workshop com Jennifer Batten, guitarrista de Michael Jackson, a qual, no meio de algumas dezenas de pessoas não se esquivou a desmistificar muito daquilo que todos recebíamos como sendo verdadeiro. A história das lendas da música sempre se fez com muito exagero da realidade e Jackson era um perito nessa arte, tanto para o bem como, mais tarde, para o mal.
Nunca fui um fã de Michael Jackson, mas, sempre segui a sua carreira com interesse e curiosidade. E, admito, com alguma dose de admiração pelo artista único que ele foi. Também sinto interesse em conhecer alguma da obra que está gravada e que irá ser editada ao longo dos próximos anos ou décadas. Só espero que não se chegue ao ponto de se editar tudo, mesmo aquelas coisas que Michael Jackson só não jogou para o lixo porque não sabia que iria morrer nesse dia 25 de Junho de 2009.

Como recordação fugi dos grandes êxitos dos anos 80 e optei por "Earth Song". Uma grande canção e um soberbo vídeo.

21.6.10

Seth Lakeman - Hearts & Minds

"Hearts & Minds" - o novo álbum de Seth Lakeman - está quase a ser editado e esta sonoridade folk agrada-me bastante!

20.6.10

Steve Miller Band - Abracadabra

Num momento em que o novo álbum já foi editado aqui fica uma recordação numa versão ao vivo. Destaque para o diálogo entre Steve Miller e Carlos Reyes.

17.6.10

I Am Kloot - Northern Skies

I Am Kloot em "Northern Skies" com participação de Christopher Eccleston. Este tema pertence ao novo álbum, "Sky At Night", que vai ser editado a 5 de Julho.

16.6.10

2 semanas de conversa


A participação no Atlântico de Bruno Gonçalves Pereira tem sido uma constante ao longo destes anos. Apesar de gostar de realizar os meus próprios programas, na verdade, guardo excelentes recordações das colaborações com o Bruno. Por vezes, a participação surge por convite, noutros casos porque proponho alguma ideia e, noutras ocasiões, a situação surge no próprio momento. Foi esta última hipótese que esteve na origem das gravações que conduziram às recentes emissões do Atlântico em 5 e 12 de Junho. A causa desse encontro esteve ligada à preparação de um especial do programa – em breve, o Bruno divulgará mais detalhes – e não me poderia esquivar ao desafio, sempre directo e frontal, de conversarmos sobre uns temas da actualidade. No fundo, a actualidade esteve a pairar na conversa, mas, sem as preocupações próprias e formais, às quais, e bem, os comentadores nos habituam. Mais do que um comentário, o que aconteceu foi uma conversa que agora disponibilizamos numa versão compacta.

Clicar para escutar o compacto da conversa.

Em alternativa pode fazer o download do ficheiro para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.

15.6.10

Steve Miller regressou a estúdio 17 anos depois

The Steve Miller Band têm álbum novo a partir de hoje.

17 anos depois de "Wide River", "Bingo!" é constituído por 10 clássicos de blues e R&B sendo facilmente reconhecíveis as mãos e os dedos de Steve Miller. Além da edição normal existe ainda uma edição especial que inclui mais quatro temas. Este trabalho vai ser acompanhado por uma digressão que apesar de passar pela Europa não irá incluir Portugal.

stevemillerband.com



Taxi - Portugal

Uma "Chiclete" é bem melhor e faz menos barulho do que as vuvuzelas. O nosso mundial não começou muito bem, mas, vamos acreditar! Este "Portugal" é uma nova versão do clássico de 1981, "Chiclete", pelos próprios Taxi.

14.6.10

Tired Pony - Dead American Writers

"Tired Pony" é um grupo constituido por Gary Lightbody, Richard Colburn, Iain Archer, Jacknife Lee, Peter Buck, Scott McCaughey e Troy Stewart. Apaixonados pela country-music estiveram em Portland (Oregon) a gravar o álbum que vai sair em 12 de Julho. Fica aqui uma amostra audio do tema "Dead American Writers".

19.4.10

Crónicas da América

O livro "Crónicas da América", de Luís Mira, foi apresentado no sábado passado na Livraria Buchholz, em Lisboa. Esta obra junta as diversas crónicas que foram sendo divulgadas no blogue "Ié-Ié".

Este trabalho remete-nos para as memórias da música e do cinema numa nova visita pelos espaços onde tudo aconteceu. Em breve mais novidades sobre este livro.

2.2.10

João Aguardela faria hoje 41 anos

Foto da autoria de Rita Carmo, Fevereiro 2006
João Aguardela faria hoje 41 anos. Como pequena homenagem decidi recuperar o meu post de 19 de Fevereiro de 2009.


Dias intensos com noites de glória

1992 foi o ano dos Sitiados.

O panorama da música moderna em Portugal estava em grande, com a construção do catálogo nacional da BMG que viria a gravar diversos grupos e que contribuiu, decisivamente, para um dos fenómenos da nossa indústria nos anos 90.

Conheci alguns dos elementos dos Sitiados no decurso da Conferência de Imprensa que a R&B promoveu a propósito dos concertos dos UHF nos Coliseus de Lisboa e Porto, em Fevereiro de 1992. Com o disco a sair poucos dias depois dos Coliseus, a BMG não perdeu a oportunidade que a visibilidade deste evento possibilitaria.

A conversa que mantive nessa tarde com João Aguardela e com Sandra Baptista foi curta, mas ficaram estabelecidos os laços suficientes para que, ao longo desse ano, convivesse com eles noutros momentos. Recordo-me de uma entrevista em directo no “Rock de cá”, nos estúdios da Miróbriga, no dia em que Sitiados arrasaram no recinto da Feira, em Santiago do Cacém; recordo-me de termos estado na Sociedade Harmonia a jogar bilhar e, mais tarde, de termos terminado a noite nos “Dias Atlânticos”, até horas que roçaram o amanhecer. Recordo-me de ir ter com eles a uma vivenda na zona do Restelo, numa fase posterior em que já estavam a ensaiar os temas do segundo álbum; recordo-me do jantar que se seguiu e dos projectos estruturados que existiam. E lembro-me da enorme consciência que João Aguardela sempre teve do “presente”, nunca entrando em deslumbramentos que o sucesso tantas vezes provoca.

Ainda antes de estar confirmado o concerto em Santiago do Cacém, em Maio de 1992, dediquei uma das emissões do “Rock de cá” aos Sitiados. Encontrei-me com João Aguardela na tarde do espectáculo que eles deram na Semana Académica de Lisboa. O encontro foi, novamente, bastante afável e, mesmo no meio do barulho próprio de um PA que debitava uns bons decibéis, tivemos uma conversa que procurou sintetizar toda a carreira dos Sitiados. Desde o seu início, passando pelo registo “A noite” e culminando nos 3 meses de edição do álbum. “Vida de marinheiro” era um sucesso crescente, mas ainda não era o êxito que, pouco depois, levaria os Sitiados a todas as terras de Portugal.
Enquanto registo histórico e como pequena e modesta homenagem a João Aguardela, disponibilizo a conversa que tivemos nessa tarde.

À noite, o concerto foi fantástico e com uma energia contagiante. João Aguardela sempre foi um caso único em palco. O tempo passou, o “Rock de cá” deu lugar a um programa de debates políticos, a seguir fui manager dos k2o3 e, mesmo por dentro do meio musical, acabei por distanciar-me de algumas amizades. Os anos 90 chegaram ao fim e os Sitiados também. Tenho saudades desses anos, dessa época e das pequenas histórias que tive o privilégio de viver na companhia de João Aguardela.

Clicar para escutar conversa com João Aguardela.

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25.1.10

Atlântico e White

ESPECIAL COM PEDRO DE FREITAS BRANCO

Pedro de Freitas Branco é um músico que tem passado ao lado de uma carreira diferente. As suas composições vão beber na essência da melhor música dos anos 60 e é conhecido pelo projecto “Pedro e os Apóstolos”.

“Mesmo Para Quem Não É Crente” (1996), “Momentos” (1998) e “Formigas em Férias” (2002) foram os álbuns editados com o carimbo da Vidisco. Muito por fruto de preconceitos em relação à editora que esteve por detrás destes lançamentos, o grupo nunca chegou a atingir o patamar que merecia.

Pedro de Freitas Branco tem mantido uma actividade intensa a outros níveis. Além de autor e guionista de televisão, é conhecido pela parceria que manteve com António Pinho na escrita da série juvenil “Os Super 4”, interrompida em 2005 com a sua ida para o Brasil. Dessa parceria nasceram 17 volumes, somando-se, ainda, os trabalhos “A vida em stéreo” e o romance policial “Segredo dos Beatles”.

Com uma herança genética como a dele, não podia deixar a música para trás. No Brasil, formou um novo projecto – “White”. Ainda sem edição em Portugal, o álbum de estreia “Rocking Land” esteve neste sábado em grande destaque no Atlântico.

Para todos aqueles que queiram conhecer esta nova fase na carreira de Pedro de Freitas Branco preparámos um compacto desta edição do Atlântico com toda a entrevista e algumas das novas composições.

Não posso terminar esta breve introdução sem agradecer a disponibilidade do Pedro, o qual, mesmo no meio de uma carregada agenda, numa curta passagem pelo nosso País, fez questão de marcar encontro comigo e com Bruno Gonçalves Pereira.

Recomendo uma audição atenta deste novo álbum e faço votos para que “White” deixe de ser um segredo tão bem guardado aqui por estas terras lusitanas.

Clicar para escutar o especial do Atlântico com Pedro de Freitas Branco.

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8.1.10

Andar para trás

A minha disponibilidade tem sido bastante limitada e a consequência mais evidente é a menor actividade deste blogue. Ter um blogue é quase o mesmo do que fazer rádio e nunca se consegue estar muito tempo ausente. O retomar de publicação está ligado a um email que recebi e sobre o qual não poderia ficar indiferente. Desde novo que a História e o património do concelho onde nasci e cresci me cativam e creio que só quem passou horas a fio no estudo apaixonado destas matérias ou com “as mãos na massa”, em actividades no terreno, conseguirá compreender, na sua plenitude, o que sinto a este respeito.

Não subsistem dúvidas que existem pessoas cuja visão perdura além do tempo e cujo trabalho só mais tarde é devidamente valorizado. O nosso mundo e o nosso país em particular são pródigos em exemplos desse reconhecimento post mortem. Infelizmente, assim era no passado e assim é numa época em que a internet esmagou muitos dos hábitos anteriores ao ponto de já não imaginarmos como seria possível vivermos sem ela. Quando qualquer um de nós organiza umas férias ou uma viagem de fim-de-semana é usual o recurso à internet para encontrar os melhores restaurantes, os melhores hotéis, as melhores sugestões culturais ou para conhecer melhor a História e a região para onde se vai.

É com certa regularidade que visito o site Alvalade.info que sempre se revelou um espaço de excelência na divulgação da História de uma localidade que tem motivos para se orgulhar do seu passado. Desde 2002 que Luís Pedro Ramos divulga o que de melhor existiu e existe na sua terra e são espaços destes que fazem falta um pouco por todo o lado. Sem sair do concelho de Santiago do Cacém, atrevo-me a dizer que mais nenhum site criado e gerido por um particular tem tanta qualidade e relevância. Gostaria a sede do concelho de ter algo semelhante que servisse de ponte entre o admirável passado e as oportunidades turísticas e culturais do presente. Essas funções têm sido, sabiamente, garantidas neste Alvalade.info, com uma qualidade muito acima da média e muitos furos à frente do que seria expectável tendo em consideração os meios e recursos existentes. Apenas a carolice, a dedicação, o trabalho de quem ama as suas raízes, as suas tradições e a sua História permitiram manter o projecto vivo e dinâmico ao longo de todos estes anos. A decisão, publicamente assumida pelo autor, de fechar as portas do Alvalade.info devia ser motivo de reflexão para muita gente. A região fica mais pobre e diminui a visibilidade de uma terra importante que este ano comemora 500 anos do Foral Manuelino.

Todos aqueles que vivem no século XXI e consideram que o progresso e a modernidade só podem beneficiar com a História e com a cultura de um povo sentem-se hoje mais tristes. Se ainda for possível espero que Luís Pedro Ramos não retire Alvalade.info do ar. O site é importante para Alvalade, para o concelho de Santiago do Cacém e para toda a região do Alentejo Litoral. Mesmo sem actualizações, continuaria a ser o mais eficaz e potente meio de divulgação da cultura, das gentes e da História de Alvalade.