2.2.10
João Aguardela faria hoje 41 anos
João Aguardela faria hoje 41 anos. Como pequena homenagem decidi recuperar o meu post de 19 de Fevereiro de 2009.
Dias intensos com noites de glória
1992 foi o ano dos Sitiados.
O panorama da música moderna em Portugal estava em grande, com a construção do catálogo nacional da BMG que viria a gravar diversos grupos e que contribuiu, decisivamente, para um dos fenómenos da nossa indústria nos anos 90.
Conheci alguns dos elementos dos Sitiados no decurso da Conferência de Imprensa que a R&B promoveu a propósito dos concertos dos UHF nos Coliseus de Lisboa e Porto, em Fevereiro de 1992. Com o disco a sair poucos dias depois dos Coliseus, a BMG não perdeu a oportunidade que a visibilidade deste evento possibilitaria.
A conversa que mantive nessa tarde com João Aguardela e com Sandra Baptista foi curta, mas ficaram estabelecidos os laços suficientes para que, ao longo desse ano, convivesse com eles noutros momentos. Recordo-me de uma entrevista em directo no “Rock de cá”, nos estúdios da Miróbriga, no dia em que Sitiados arrasaram no recinto da Feira, em Santiago do Cacém; recordo-me de termos estado na Sociedade Harmonia a jogar bilhar e, mais tarde, de termos terminado a noite nos “Dias Atlânticos”, até horas que roçaram o amanhecer. Recordo-me de ir ter com eles a uma vivenda na zona do Restelo, numa fase posterior em que já estavam a ensaiar os temas do segundo álbum; recordo-me do jantar que se seguiu e dos projectos estruturados que existiam. E lembro-me da enorme consciência que João Aguardela sempre teve do “presente”, nunca entrando em deslumbramentos que o sucesso tantas vezes provoca.
Ainda antes de estar confirmado o concerto em Santiago do Cacém, em Maio de 1992, dediquei uma das emissões do “Rock de cá” aos Sitiados. Encontrei-me com João Aguardela na tarde do espectáculo que eles deram na Semana Académica de Lisboa. O encontro foi, novamente, bastante afável e, mesmo no meio do barulho próprio de um PA que debitava uns bons decibéis, tivemos uma conversa que procurou sintetizar toda a carreira dos Sitiados. Desde o seu início, passando pelo registo “A noite” e culminando nos 3 meses de edição do álbum. “Vida de marinheiro” era um sucesso crescente, mas ainda não era o êxito que, pouco depois, levaria os Sitiados a todas as terras de Portugal.
Enquanto registo histórico e como pequena e modesta homenagem a João Aguardela, disponibilizo a conversa que tivemos nessa tarde.
À noite, o concerto foi fantástico e com uma energia contagiante. João Aguardela sempre foi um caso único em palco. O tempo passou, o “Rock de cá” deu lugar a um programa de debates políticos, a seguir fui manager dos k2o3 e, mesmo por dentro do meio musical, acabei por distanciar-me de algumas amizades. Os anos 90 chegaram ao fim e os Sitiados também. Tenho saudades desses anos, dessa época e das pequenas histórias que tive o privilégio de viver na companhia de João Aguardela.
Clicar para escutar conversa com João Aguardela.
Em alternativa pode fazer o download do ficheiro para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.
25.1.10
Atlântico e White
ESPECIAL COM PEDRO DE FREITAS BRANCO
Pedro de Freitas Branco é um músico que tem passado ao lado de uma carreira diferente. As suas composições vão beber na essência da melhor música dos anos 60 e é conhecido pelo projecto “Pedro e os Apóstolos”.
“Mesmo Para Quem Não É Crente” (1996), “Momentos” (1998) e “Formigas em Férias” (2002) foram os álbuns editados com o carimbo da Vidisco. Muito por fruto de preconceitos em relação à editora que esteve por detrás destes lançamentos, o grupo nunca chegou a atingir o patamar que merecia.
Pedro de Freitas Branco tem mantido uma actividade intensa a outros níveis. Além de autor e guionista de televisão, é conhecido pela parceria que manteve com António Pinho na escrita da série juvenil “Os Super 4”, interrompida em 2005 com a sua ida para o Brasil. Dessa parceria nasceram 17 volumes, somando-se, ainda, os trabalhos “A vida em stéreo” e o romance policial “Segredo dos Beatles”.
Com uma herança genética como a dele, não podia deixar a música para trás. No Brasil, formou um novo projecto – “White”. Ainda sem edição em Portugal, o álbum de estreia “Rocking Land” esteve neste sábado em grande destaque no Atlântico.
Para todos aqueles que queiram conhecer esta nova fase na carreira de Pedro de Freitas Branco preparámos um compacto desta edição do Atlântico com toda a entrevista e algumas das novas composições.
Não posso terminar esta breve introdução sem agradecer a disponibilidade do Pedro, o qual, mesmo no meio de uma carregada agenda, numa curta passagem pelo nosso País, fez questão de marcar encontro comigo e com Bruno Gonçalves Pereira.
Recomendo uma audição atenta deste novo álbum e faço votos para que “White” deixe de ser um segredo tão bem guardado aqui por estas terras lusitanas.
Clicar para escutar o especial do Atlântico com Pedro de Freitas Branco.
Em alternativa pode fazer o download do programa para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.
Pedro de Freitas Branco é um músico que tem passado ao lado de uma carreira diferente. As suas composições vão beber na essência da melhor música dos anos 60 e é conhecido pelo projecto “Pedro e os Apóstolos”.
“Mesmo Para Quem Não É Crente” (1996), “Momentos” (1998) e “Formigas em Férias” (2002) foram os álbuns editados com o carimbo da Vidisco. Muito por fruto de preconceitos em relação à editora que esteve por detrás destes lançamentos, o grupo nunca chegou a atingir o patamar que merecia.
Pedro de Freitas Branco tem mantido uma actividade intensa a outros níveis. Além de autor e guionista de televisão, é conhecido pela parceria que manteve com António Pinho na escrita da série juvenil “Os Super 4”, interrompida em 2005 com a sua ida para o Brasil. Dessa parceria nasceram 17 volumes, somando-se, ainda, os trabalhos “A vida em stéreo” e o romance policial “Segredo dos Beatles”.
Com uma herança genética como a dele, não podia deixar a música para trás. No Brasil, formou um novo projecto – “White”. Ainda sem edição em Portugal, o álbum de estreia “Rocking Land” esteve neste sábado em grande destaque no Atlântico.
Para todos aqueles que queiram conhecer esta nova fase na carreira de Pedro de Freitas Branco preparámos um compacto desta edição do Atlântico com toda a entrevista e algumas das novas composições.
Não posso terminar esta breve introdução sem agradecer a disponibilidade do Pedro, o qual, mesmo no meio de uma carregada agenda, numa curta passagem pelo nosso País, fez questão de marcar encontro comigo e com Bruno Gonçalves Pereira.
Recomendo uma audição atenta deste novo álbum e faço votos para que “White” deixe de ser um segredo tão bem guardado aqui por estas terras lusitanas.
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8.1.10
Andar para trás
A minha disponibilidade tem sido bastante limitada e a consequência mais evidente é a menor actividade deste blogue. Ter um blogue é quase o mesmo do que fazer rádio e nunca se consegue estar muito tempo ausente. O retomar de publicação está ligado a um email que recebi e sobre o qual não poderia ficar indiferente. Desde novo que a História e o património do concelho onde nasci e cresci me cativam e creio que só quem passou horas a fio no estudo apaixonado destas matérias ou com “as mãos na massa”, em actividades no terreno, conseguirá compreender, na sua plenitude, o que sinto a este respeito.
Não subsistem dúvidas que existem pessoas cuja visão perdura além do tempo e cujo trabalho só mais tarde é devidamente valorizado. O nosso mundo e o nosso país em particular são pródigos em exemplos desse reconhecimento post mortem. Infelizmente, assim era no passado e assim é numa época em que a internet esmagou muitos dos hábitos anteriores ao ponto de já não imaginarmos como seria possível vivermos sem ela. Quando qualquer um de nós organiza umas férias ou uma viagem de fim-de-semana é usual o recurso à internet para encontrar os melhores restaurantes, os melhores hotéis, as melhores sugestões culturais ou para conhecer melhor a História e a região para onde se vai.
É com certa regularidade que visito o site Alvalade.info que sempre se revelou um espaço de excelência na divulgação da História de uma localidade que tem motivos para se orgulhar do seu passado. Desde 2002 que Luís Pedro Ramos divulga o que de melhor existiu e existe na sua terra e são espaços destes que fazem falta um pouco por todo o lado. Sem sair do concelho de Santiago do Cacém, atrevo-me a dizer que mais nenhum site criado e gerido por um particular tem tanta qualidade e relevância. Gostaria a sede do concelho de ter algo semelhante que servisse de ponte entre o admirável passado e as oportunidades turísticas e culturais do presente. Essas funções têm sido, sabiamente, garantidas neste Alvalade.info, com uma qualidade muito acima da média e muitos furos à frente do que seria expectável tendo em consideração os meios e recursos existentes. Apenas a carolice, a dedicação, o trabalho de quem ama as suas raízes, as suas tradições e a sua História permitiram manter o projecto vivo e dinâmico ao longo de todos estes anos. A decisão, publicamente assumida pelo autor, de fechar as portas do Alvalade.info devia ser motivo de reflexão para muita gente. A região fica mais pobre e diminui a visibilidade de uma terra importante que este ano comemora 500 anos do Foral Manuelino.
Todos aqueles que vivem no século XXI e consideram que o progresso e a modernidade só podem beneficiar com a História e com a cultura de um povo sentem-se hoje mais tristes. Se ainda for possível espero que Luís Pedro Ramos não retire Alvalade.info do ar. O site é importante para Alvalade, para o concelho de Santiago do Cacém e para toda a região do Alentejo Litoral. Mesmo sem actualizações, continuaria a ser o mais eficaz e potente meio de divulgação da cultura, das gentes e da História de Alvalade.
Não subsistem dúvidas que existem pessoas cuja visão perdura além do tempo e cujo trabalho só mais tarde é devidamente valorizado. O nosso mundo e o nosso país em particular são pródigos em exemplos desse reconhecimento post mortem. Infelizmente, assim era no passado e assim é numa época em que a internet esmagou muitos dos hábitos anteriores ao ponto de já não imaginarmos como seria possível vivermos sem ela. Quando qualquer um de nós organiza umas férias ou uma viagem de fim-de-semana é usual o recurso à internet para encontrar os melhores restaurantes, os melhores hotéis, as melhores sugestões culturais ou para conhecer melhor a História e a região para onde se vai.
É com certa regularidade que visito o site Alvalade.info que sempre se revelou um espaço de excelência na divulgação da História de uma localidade que tem motivos para se orgulhar do seu passado. Desde 2002 que Luís Pedro Ramos divulga o que de melhor existiu e existe na sua terra e são espaços destes que fazem falta um pouco por todo o lado. Sem sair do concelho de Santiago do Cacém, atrevo-me a dizer que mais nenhum site criado e gerido por um particular tem tanta qualidade e relevância. Gostaria a sede do concelho de ter algo semelhante que servisse de ponte entre o admirável passado e as oportunidades turísticas e culturais do presente. Essas funções têm sido, sabiamente, garantidas neste Alvalade.info, com uma qualidade muito acima da média e muitos furos à frente do que seria expectável tendo em consideração os meios e recursos existentes. Apenas a carolice, a dedicação, o trabalho de quem ama as suas raízes, as suas tradições e a sua História permitiram manter o projecto vivo e dinâmico ao longo de todos estes anos. A decisão, publicamente assumida pelo autor, de fechar as portas do Alvalade.info devia ser motivo de reflexão para muita gente. A região fica mais pobre e diminui a visibilidade de uma terra importante que este ano comemora 500 anos do Foral Manuelino.
Todos aqueles que vivem no século XXI e consideram que o progresso e a modernidade só podem beneficiar com a História e com a cultura de um povo sentem-se hoje mais tristes. Se ainda for possível espero que Luís Pedro Ramos não retire Alvalade.info do ar. O site é importante para Alvalade, para o concelho de Santiago do Cacém e para toda a região do Alentejo Litoral. Mesmo sem actualizações, continuaria a ser o mais eficaz e potente meio de divulgação da cultura, das gentes e da História de Alvalade.
6.11.09
O Atlântico ganhou asas
UMA MADRUGADA NA PRAIA DESERTA
A rádio ainda é emoção, novidade e feita com gente dentro. O Atlântico do último sábado foi um momento único quer para aqueles que fazem da rádio a sua profissão como para quem vai fazendo rádio, unicamente, por paixão.
Existem programas assim. O sucesso de qualquer emissão depende de vários factores, porém, quando se juntam os ingredientes certos somente se pode aguardar pelos resultados obtidos. Um novo álbum de originais de José Cid, uma música da autoria de Ulisses (natural de Santiago do Cacém e líder dos k2o3), a transmissão em exclusivo nacional da primeira versão (demo) dessa canção, as entrevistas a Cid e a Ulisses e os espaços habituais da navegação. O somatório de tudo isto em apenas duas horas de programa veio a originar o que se sabe. Num destes dias, ao início da noite, tive oportunidade de me encontrar com o Bruno Pereira que me mostrou uma pequena amostra das dezenas de emails recebidos na conta do Atlântico. Senti uma boa sensação, sobretudo num período menos glorioso da radiodifusão. A verdadeira sabedoria numa estação de rádio da dimensão da Miróbriga não é tentar combater as rádios nacionais de igual para igual, mas, estando conscientes das diferenças, conseguir elevar aquilo em que podemos ser diferentes. O programa em causa foi um bom exemplo do que pode fazer uma rádio local quando se sabe aproveitar as oportunidades. Uma rádio sem rasgo, sem feedback dos ouvintes, sem participação nas grandes questões da sociedade civil e sem causas é um órgão de comunicação condenado à morte. É fácil um mergulho no adormecimento e na letargia que conduzem ao final dos projectos. O mais complexo é reinventar o que existe e todos os dias procurar surpreender o auditório. Este Atlântico foi tudo isto quando apostou na qualidade, no ritmo, nos conteúdos e no elemento mágico chamado enigma. Durante uma semana, a curiosidade foi aumentando com a população a especular sobre quem seria o músico de Santiago do Cacém. Porém, no decurso do programa e logo após ser revelado o nome do compositor, surgiu outra novidade. Iria ser transmitida, em absoluto exclusivo, a primeira versão que José Cid gravara do tema composto por Ulisses. Tanto na rádio como noutro sector profissional, só com capacidade de inovação, profissionalismo e dedicação se conseguem resultados.
Esquecendo a minha participação, gravada numa sexta-feira tardia onde o cansaço da semana deixou a sua marca, este foi um programa que roçou a perfeição. O seu autor, Bruno Gonçalves Pereira, deu-nos uma nova demonstração da sua elevadíssima categoria profissional, que o catapultou, há mais de uma década, para os grandes grupos de comunicação social nacionais.
O programa encontra-se disponível para audição e aconselho-o a qualquer pessoa que aprecie José Cid, Ulisses (k2o3), música portuguesa ou que sinta curiosidade em ouvir uma emissão de rádio intemporal.
Clicar para escutar a 1ª hora.
Clicar para escutar a 2ª hora.
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31.10.09
E o seu nome é...
Durante a emissão de hoje do Atlântico foi revelado o nome do autor da música "Madrugada na Praia Deserta", editada no novo álbum de José Cid. Chama-se Ulisses, é fundador dos k2o3, um compositor talentoso e um grande amigo que merecia uma carreira musical bastante diferente.
Aproveito para agradecer as várias felicitações que recebemos logo após o termo do programa. Também aproveito para declarar ter sido uma honra ter preparado esta emissão com Bruno Gonçalves Pereira - é sempre um prazer trabalhar com um amigo e profissional de eleição.
Aproveito para agradecer as várias felicitações que recebemos logo após o termo do programa. Também aproveito para declarar ter sido uma honra ter preparado esta emissão com Bruno Gonçalves Pereira - é sempre um prazer trabalhar com um amigo e profissional de eleição.
25.10.09
Quem terá sido?
Há um músico de Santiago do Cacém que compôs uma canção para o novo disco de José Cid!
"Madrugada na Praia Deserta" é já considerada a canção-surpresa deste trabalho! Num exclusivo da Miróbriga, vamos ficar a saber no Atlântico quem é este músico que participa no recente álbum "Coisas do Amor e do Mar".
No próximo sábado, a partir das 7 da tarde, tudo será revelado e o próprio José Cid estará presente.
O programa é conduzido por Bruno Gonçalves Pereira que me convidou para participar em estúdio em mais este momento alto do Atlântico e da Miróbriga.
Para abrir o apetite nada melhor do que escutar o promocional ao programa.
Na tabela divulgada hoje, o novo álbum de José Cid entrou para a 28ª posição do top de vendas oficial da AFP.
Clicar para escutar o promocional.
Este post foi actualizado no dia 28 de Outubro.
"Madrugada na Praia Deserta" é já considerada a canção-surpresa deste trabalho! Num exclusivo da Miróbriga, vamos ficar a saber no Atlântico quem é este músico que participa no recente álbum "Coisas do Amor e do Mar".
No próximo sábado, a partir das 7 da tarde, tudo será revelado e o próprio José Cid estará presente.
O programa é conduzido por Bruno Gonçalves Pereira que me convidou para participar em estúdio em mais este momento alto do Atlântico e da Miróbriga.
Para abrir o apetite nada melhor do que escutar o promocional ao programa.
Na tabela divulgada hoje, o novo álbum de José Cid entrou para a 28ª posição do top de vendas oficial da AFP.
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Este post foi actualizado no dia 28 de Outubro.
11.10.09
TAXI: Especial no Atlântico
Ontem passou no Atlântico um especial dedicado ao regresso dos Taxi. A conversa que mantive com Bruno Gonçalves Pereira foi longa e abordou o passado e o futuro desta histórica banda do rock português. O novo álbum de originais, "Amanhã", esteve igualmente em grande destaque.
Numa parceria com o Atlântico disponibilizamos em formato "compacto" o especial Taxi.
Clicar para escutar o compacto da emissão especial.
Numa parceria com o Atlântico disponibilizamos em formato "compacto" o especial Taxi.
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29.9.09
O Atlântico na Rua do Carmo
No sábado passado o Atlântico destacou o histórico concerto que os UHF deram no dia 19 de Setembro na Rua do Carmo. Além de entrevistas com os quatro elementos dos UHF tive uma longa conversa com o meu amigo e responsável pelo Atlântico, Bruno Gonçalves Pereira.
O Atlântico é transmitido aos sábados entre as 19h00 e as 21h00 na Miróbriga e numa parceria conjunta disponibilizamos em formato "compacto" a parte dedicada a este evento.
Clicar para escutar o compacto da emissão especial.
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O Atlântico é transmitido aos sábados entre as 19h00 e as 21h00 na Miróbriga e numa parceria conjunta disponibilizamos em formato "compacto" a parte dedicada a este evento.
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24.9.09
k2o3 apresentam novo álbum
"NO FIO DA NAVALHA" HOJE NO MUSICBOX
Ulisses (voz e guitarra), Chaves (baixo), Mini (guitarra) e Nuno Costa (bateria) estão de volta às lides discográficas com o novo álbum intitulado "No Fio da Navalha". Um disco composto por 12 canções, vincadamente punk rock e fieis à linha musical que caracteriza a banda há 15 anos: curto e grosso, directo e sem maquilhagem. Os k2o3 tanto colocam o dedo na ferida de forma mordaz e irónica, como é exemplo o tema "Ovelha Negra", como também revelam uma atitude mais divertida, como acontece no tema "Namorada". É um disco muito radiofónico, repleto de potenciais singles, para cantar do princípio ao fim.
Alinhamento: Abismo, Lama, Ovelha Negra, À Espera de Nada, Namorada, Olhos nos Olhos, Beco Sem Saída, Faca, Miragem, Vira-lata, Mais ou Menos, Silêncio (instrumental).
Será uma grande noite de punk rock português com os convidados "Fábrica D' Brinquedos" e "Gazua". As portas abrem às 22h00 e os concertos começam às 22h15.
Ulisses (voz e guitarra), Chaves (baixo), Mini (guitarra) e Nuno Costa (bateria) estão de volta às lides discográficas com o novo álbum intitulado "No Fio da Navalha". Um disco composto por 12 canções, vincadamente punk rock e fieis à linha musical que caracteriza a banda há 15 anos: curto e grosso, directo e sem maquilhagem. Os k2o3 tanto colocam o dedo na ferida de forma mordaz e irónica, como é exemplo o tema "Ovelha Negra", como também revelam uma atitude mais divertida, como acontece no tema "Namorada". É um disco muito radiofónico, repleto de potenciais singles, para cantar do princípio ao fim.
Alinhamento: Abismo, Lama, Ovelha Negra, À Espera de Nada, Namorada, Olhos nos Olhos, Beco Sem Saída, Faca, Miragem, Vira-lata, Mais ou Menos, Silêncio (instrumental).
Será uma grande noite de punk rock português com os convidados "Fábrica D' Brinquedos" e "Gazua". As portas abrem às 22h00 e os concertos começam às 22h15.
20.9.09
UHF esgotam Rua do Carmo
Foi a maior concentração popular desde o início da campanha eleitoral para as legislativas. Quando me aproximei escutei alguém perguntar se “estaria ali o Sócrates”. Não estava nem José Sócrates nem Manuela Ferreira Leite. Quem discursou nessa noite foi António Manuel Ribeiro que subiu ao palco com a determinação dos vencedores.
“Rua do Carmo” é um dos temas de maior sucesso na carreira dos UHF. Ontem, assisti a um concerto verdadeiramente histórico que juntou o Canal Maldito com a rua que cantam desde 1981. O espectáculo fez-me recordar outros eventos mágicos protagonizados por grandes grupos rock internacionais. Por cá, estes acontecimentos não são assim tão frequentes e congestionar aquela zona de Lisboa é, igualmente, raro. Na realidade, o resultado do concerto de duas horas dos UHF não podia ter sido mais surpreendente. Mesmo sem grande publicidade, a Rua do Carmo esteve repleta de fãs e de populares curiosos. Tanto uns como os outros, cantaram os temas do início ao fim num imenso e colectivo coro. Eu estava próximo do palco - fui furando desde a zona da loja da Ana Salazar - e, quando olhava para trás, só via pessoas de braços no ar, pelo que imagino o que terão sentido os músicos em cima do palco.
O alinhamento foi escolhido ao milímetro e as principais canções dos UHF que evocam Lisboa não foram esquecidas. Aliás, o alinhamento foi seleccionado com requinte. Todas as músicas foram sinónimo de rock, enquanto a poesia cortante de António Manuel Ribeiro fez o pleno entre sons e palavras.
Respirou-se um ar de revolução na zona da Baixa. Os músicos actuaram como se fosse aquele o último dia das suas vidas. Porém, o amanhã existe. E, a julgar pela amostra apresentada, o futuro promete ser risonho.
Foram três os novos temas tocados ontem. A versão “Vejam Bem” (José Afonso) e os inéditos “A última prova” e “Quero entrar em tua casa”. Qualquer um deles com imenso potencial a abrir o apetite para o próximo álbum de originais. “A última prova” é UHF vintage e “Quero entrar em tua casa” podia ser o primeiro single de uma nova banda.
Renato Gomes voltou a aparecer em palco para nos brindar com a excelência dos seus solos, enquanto António Côrte-Real, Fernando Rodrigues e Ivan Cristiano voltaram a provar todo o seu valor – se é que ainda precisam de provar alguma coisa. António Manuel Ribeiro estava, visivelmente, emocionado e sentia-se que a sua felicidade era enorme.
Com um alinhamento como o de ontem, fico na dúvida se algum dia assistira a um concerto de UHF tão bom como este. Pode parecer estranho, mas, sinceramente, não sei!
Que venha o próximo álbum o mais depressa possível e mais concertos com esta energia.
UHF - Rua do Carmo
Autoria: Paulo Reis
Fotos da multidão:
Alinhamento:
1 Rapaz caleidoscópio
2 Jorge morreu
3 Dançando na noite
4 Apetece namorar contigo em Lisboa
5 Na tua cama
6 A última prova
7 Matas-me com o teu olhar
8 Vejam bem
9 A noite inteira
10 Uma palavra tua
11 Cavalos de corrida
12 Geraldine
13 Sonhos na estrada de Sintra
14 Modelo fotográfico
15 Menino
.....
16 Noites lisboetas
17 Rua do Carmo
18 Quero entrar em tua casa
19 Menina estás à janela
.....
20 Matas-me com o teu olhar
.....
21 Hesitar
“Rua do Carmo” é um dos temas de maior sucesso na carreira dos UHF. Ontem, assisti a um concerto verdadeiramente histórico que juntou o Canal Maldito com a rua que cantam desde 1981. O espectáculo fez-me recordar outros eventos mágicos protagonizados por grandes grupos rock internacionais. Por cá, estes acontecimentos não são assim tão frequentes e congestionar aquela zona de Lisboa é, igualmente, raro. Na realidade, o resultado do concerto de duas horas dos UHF não podia ter sido mais surpreendente. Mesmo sem grande publicidade, a Rua do Carmo esteve repleta de fãs e de populares curiosos. Tanto uns como os outros, cantaram os temas do início ao fim num imenso e colectivo coro. Eu estava próximo do palco - fui furando desde a zona da loja da Ana Salazar - e, quando olhava para trás, só via pessoas de braços no ar, pelo que imagino o que terão sentido os músicos em cima do palco.
O alinhamento foi escolhido ao milímetro e as principais canções dos UHF que evocam Lisboa não foram esquecidas. Aliás, o alinhamento foi seleccionado com requinte. Todas as músicas foram sinónimo de rock, enquanto a poesia cortante de António Manuel Ribeiro fez o pleno entre sons e palavras.
Respirou-se um ar de revolução na zona da Baixa. Os músicos actuaram como se fosse aquele o último dia das suas vidas. Porém, o amanhã existe. E, a julgar pela amostra apresentada, o futuro promete ser risonho.
Foram três os novos temas tocados ontem. A versão “Vejam Bem” (José Afonso) e os inéditos “A última prova” e “Quero entrar em tua casa”. Qualquer um deles com imenso potencial a abrir o apetite para o próximo álbum de originais. “A última prova” é UHF vintage e “Quero entrar em tua casa” podia ser o primeiro single de uma nova banda.
Renato Gomes voltou a aparecer em palco para nos brindar com a excelência dos seus solos, enquanto António Côrte-Real, Fernando Rodrigues e Ivan Cristiano voltaram a provar todo o seu valor – se é que ainda precisam de provar alguma coisa. António Manuel Ribeiro estava, visivelmente, emocionado e sentia-se que a sua felicidade era enorme.
Com um alinhamento como o de ontem, fico na dúvida se algum dia assistira a um concerto de UHF tão bom como este. Pode parecer estranho, mas, sinceramente, não sei!
Que venha o próximo álbum o mais depressa possível e mais concertos com esta energia.
UHF - Rua do Carmo
Autoria: Paulo Reis
Fotos da multidão:
Alinhamento:
1 Rapaz caleidoscópio
2 Jorge morreu
3 Dançando na noite
4 Apetece namorar contigo em Lisboa
5 Na tua cama
6 A última prova
7 Matas-me com o teu olhar
8 Vejam bem
9 A noite inteira
10 Uma palavra tua
11 Cavalos de corrida
12 Geraldine
13 Sonhos na estrada de Sintra
14 Modelo fotográfico
15 Menino
.....
16 Noites lisboetas
17 Rua do Carmo
18 Quero entrar em tua casa
19 Menina estás à janela
.....
20 Matas-me com o teu olhar
.....
21 Hesitar
1.9.09
Noites Ritual 2009
A 18ª edição do festival “Noites Ritual” decorreu este fim-de-semana nos Jardins do Palácio de Cristal no Porto. As duas noites deste acontecimento ficaram marcadas por duas enchentes monumentais, o que demonstra que sucesso e qualidade são compatíveis quando nos referimos a música e a adesão popular. Apesar dos eventos musicais em Portugal primarem muitas vezes pelo inverso, ficou mais uma vez provado que nem sempre é necessário apostar em nomes que cobram cachets exorbitantes para que o público marque presença. As cerca de 10 mil pessoas que, em cada uma das noites, estiveram presentes deliraram com a diversidade do cartaz dos dois palcos. Deolinda, Blind Zero ou Mão Morta foram alguns dos nomes presentes.
Este festival descende da saudosa “Ritual”, revista em que cheguei a colaborar. Além do evidente êxito da iniciativa, poderemos assistir, em breve, a parte dos concertos através da MTV Portugal.
Ao contrário do habitual, este ano não levei gravador, mas, mesmo assim, tive uma conversa gravada com Pedro Brinca, o antigo director da “Ritual” e apresentador oficial do Festival. Em jeito de curiosidade, aqui fica uma improvisada conversa gravada em formato vídeo.
Uma palavra final para a sempre excelente organização e deixo daqui deste meu blogue um abraço amigo para o Carlos Vieira.
Para o ano, espero estar, de novo, no Porto para mais umas fantásticas “Noites Ritual”.
Este festival descende da saudosa “Ritual”, revista em que cheguei a colaborar. Além do evidente êxito da iniciativa, poderemos assistir, em breve, a parte dos concertos através da MTV Portugal.
Ao contrário do habitual, este ano não levei gravador, mas, mesmo assim, tive uma conversa gravada com Pedro Brinca, o antigo director da “Ritual” e apresentador oficial do Festival. Em jeito de curiosidade, aqui fica uma improvisada conversa gravada em formato vídeo.
Uma palavra final para a sempre excelente organização e deixo daqui deste meu blogue um abraço amigo para o Carlos Vieira.
Para o ano, espero estar, de novo, no Porto para mais umas fantásticas “Noites Ritual”.
10.8.09
A festa B52 dos DA
No dia 3 de Outubro de 2008 publiquei um post dedicado aos “Dias Atlânticos” onde recuperei os sons de uma reportagem realizada em directo pela Miróbriga.
"Num destes dias, descobri uma cassete velhinha com alguns excertos de uma reportagem em directo realizada durante a festa dedicada ao B52. Ao bombardeiro norte-americano e à bebida que Luís Lucas trouxera da Noruega.
Mais tarde, o barman Luís Lucas acabou por realizar e apresentar comigo o programa de rádio “Café Rock”. A reportagem foi realizada em conjunto com dois grandes amigos, João Paulo Borges e João Paulo Lourenço. Não me recordo o motivo, mas a gravação consta, basicamente, das minhas intervenções, o que lamento! Este excerto é resultado de uma emissão completamente em directo, inclusivamente, a música que foi escutada era a que estava a ser passada na discoteca. Por falar em música, apesar de datada reparem bem nas escolhas, a dedo, que JAP realizou - um dos proprietários e DJ de excelência. Como lembrança aqui fica o áudio gravado da reportagem realizada no meio do barulho que se pode imaginar..."
Daqui deixo um abraço ao João Paulo Borges, João Paulo Lourenço e Luís Lucas. Felizmente, tive oportunidade de rever o JPL e o LL na recente festa de dia 31 de Julho. Curiosamente os assuntos em atraso eram tantos que nem me recordei de lhes referir esta gravação.
Para quando uma nova festa?
Clicar para escutar a gravação.
"Num destes dias, descobri uma cassete velhinha com alguns excertos de uma reportagem em directo realizada durante a festa dedicada ao B52. Ao bombardeiro norte-americano e à bebida que Luís Lucas trouxera da Noruega.
Mais tarde, o barman Luís Lucas acabou por realizar e apresentar comigo o programa de rádio “Café Rock”. A reportagem foi realizada em conjunto com dois grandes amigos, João Paulo Borges e João Paulo Lourenço. Não me recordo o motivo, mas a gravação consta, basicamente, das minhas intervenções, o que lamento! Este excerto é resultado de uma emissão completamente em directo, inclusivamente, a música que foi escutada era a que estava a ser passada na discoteca. Por falar em música, apesar de datada reparem bem nas escolhas, a dedo, que JAP realizou - um dos proprietários e DJ de excelência. Como lembrança aqui fica o áudio gravado da reportagem realizada no meio do barulho que se pode imaginar..."
Daqui deixo um abraço ao João Paulo Borges, João Paulo Lourenço e Luís Lucas. Felizmente, tive oportunidade de rever o JPL e o LL na recente festa de dia 31 de Julho. Curiosamente os assuntos em atraso eram tantos que nem me recordei de lhes referir esta gravação.
Para quando uma nova festa?
Clicar para escutar a gravação.
9.8.09
Nova época em Belém
Hoje foi a apresentação do Belenenses aos seus sócios e o minuto de homenagem a Raul Solnado foi sentido e emocionado. Gostei de vários jogadores e da atitude lutadora da equipa. O maior destaque da tarde vai para Fredy que apontou os dois golos da vitória contra o Libolo de Angola (2-1) e promete vir a ser a revelação da época na Liga principal do futebol português. Uma última palavra para os amigos que voltei a encontrar nas bancadas do Restelo.
8.8.09
Um génio de todos os tempos
Não consigo identificar as minhas primeiras memórias do humor na televisão, porém, em 1975, nos tempos do “Sr. Feliz e Sr. Contente”, não perdia um segundo que fosse destas personagens. Fazia esperas televisivas e ansiava pelo momento do início da actuação de Nicolau Breyner e Herman José. Residia na casa onde nasci, na Rua das Lojas, em Santiago do Cacém. Passara pouco tempo da revolução de Abril e estávamos nos tempos da televisão a preto e branco. A qualidade de recepção da RTP1, o único canal de conseguíamos apanhar, era razoável, mas, a RTP2 só mesmo mais tarde e com recurso a amplificadores de sinal. Tudo girava em torno do primeiro canal da RTP e o humor marcava presença regular.
Não faço ideia de quando entrou Raul Solnado na minha vida. É daquelas personalidades que existiam desde sempre e nos deixam marcas e recordações únicas. Quando as Selecções do Reader's Digest lançou a colecção “Super Estrelas da Música Portuguesa” juntou como brinde um álbum com sketchs, suponho que apresentados no histórico “Zip-Zip” (1969). Mesmo com presença constante na televisão e com o sucesso de “A visita da Cornélia” (1977), é desse disco e conjunto de rábulas que me recordo sempre que se fala em Raul Solnado. Houve uma fase em que sabia de cor e salteado alguns desses sketchs e brindava a minha família com alguns momentos de “espectáculo”. Nesse particular, o “Concerto de Violino” era um dos meus preferidos, em que até as inflexões vocais tentava imitar.
Raul Solnado tinha um tipo de humor variado e que conseguia fazer rir às bandeiras despregadas, sem necessidade de recurso a brejeirices vulgares. A argúcia necessária para fazer passar textos na época da censura só pode ter incentivado a sua imaginação e capacidade criativa. O seu humor primava pela inteligência, por uma apurada habilidade de caricaturar a nossa sociedade e por superiores padrões estéticos e artísticos.
Depois de, em 1964, ter fundado (e pago) o Teatro Villaret, Solnado envolveu-se, com sucesso, na luta pela criação e abertura da “Casa do Artista”, obra de grande fôlego que conseguiu levar a bom porto e da qual era Director.
Ainda nesta última madrugada, coloquei um DVD com um documentário sobre a vida de Beatriz Costa. Nele surgia Raul Solnado evocando a memória desse símbolo feminino português do século XX. Hoje, acordo e leio a notícia sobre a sua morte. Com o seu desaparecimento físico, Portugal fica mais pobre e adivinham-se merecidas homenagens nos próximos tempos. Provavelmente, amanhã, estarei presente numa dessas homenagens, num local que Raul Solnado tantas vezes frequentou e que nos liga aos dois. Refiro-me ao Estádio do Restelo, pois, tanto eu como ele somos adeptos do Belenenses.
A pergunta que deixo no ar é simples. Depois de uma vida inteira dedicada à arte de representar, para quando um Teatro com o seu nome?
Não faço ideia de quando entrou Raul Solnado na minha vida. É daquelas personalidades que existiam desde sempre e nos deixam marcas e recordações únicas. Quando as Selecções do Reader's Digest lançou a colecção “Super Estrelas da Música Portuguesa” juntou como brinde um álbum com sketchs, suponho que apresentados no histórico “Zip-Zip” (1969). Mesmo com presença constante na televisão e com o sucesso de “A visita da Cornélia” (1977), é desse disco e conjunto de rábulas que me recordo sempre que se fala em Raul Solnado. Houve uma fase em que sabia de cor e salteado alguns desses sketchs e brindava a minha família com alguns momentos de “espectáculo”. Nesse particular, o “Concerto de Violino” era um dos meus preferidos, em que até as inflexões vocais tentava imitar.
Raul Solnado tinha um tipo de humor variado e que conseguia fazer rir às bandeiras despregadas, sem necessidade de recurso a brejeirices vulgares. A argúcia necessária para fazer passar textos na época da censura só pode ter incentivado a sua imaginação e capacidade criativa. O seu humor primava pela inteligência, por uma apurada habilidade de caricaturar a nossa sociedade e por superiores padrões estéticos e artísticos.
Depois de, em 1964, ter fundado (e pago) o Teatro Villaret, Solnado envolveu-se, com sucesso, na luta pela criação e abertura da “Casa do Artista”, obra de grande fôlego que conseguiu levar a bom porto e da qual era Director.
Ainda nesta última madrugada, coloquei um DVD com um documentário sobre a vida de Beatriz Costa. Nele surgia Raul Solnado evocando a memória desse símbolo feminino português do século XX. Hoje, acordo e leio a notícia sobre a sua morte. Com o seu desaparecimento físico, Portugal fica mais pobre e adivinham-se merecidas homenagens nos próximos tempos. Provavelmente, amanhã, estarei presente numa dessas homenagens, num local que Raul Solnado tantas vezes frequentou e que nos liga aos dois. Refiro-me ao Estádio do Restelo, pois, tanto eu como ele somos adeptos do Belenenses.
A pergunta que deixo no ar é simples. Depois de uma vida inteira dedicada à arte de representar, para quando um Teatro com o seu nome?
4.8.09
Pedras preciosas em Santiago
3.8.09
A noite atlântica
Só quem viveu sabe o que foi. E quem viveu de forma intensa as noites dos Dias Atlânticos não deixou de estar presente nesta festa. Vieram um pouco de todo o lado, sem hesitações e com o apelo forte de um chamamento. Foram em vasto número aqueles que não conseguiram resistir ao charme viciante da recordação das melhores noites de sempre por terras do litoral alentejano.
A maioria dos mais assíduos antigos clientes chegaram cedo como se quisessem confirmar que existia mesmo uma festa e que não estariam a sonhar. “Belisquem-me para ter a certeza de que é verdade” era uma expressão que se sentia em muitos dos olhares daqueles que já lá estavam quando entrei. Cheguei cedo. Nem era meia-noite quando abordei o parque de estacionamento dos Dias Atlânticos. Os carros começavam a acumular-se e, depois de uns instantes de hesitação, optei por fazer tudo como antigamente. Perdi mais uns minutos que custaram a passar e deixei a viatura perto da casa de um amigo meu. Na generalidade, as pessoas começaram a chegar à discoteca bastante cedo. O facto de terem existido diversos jantares de grupo fez com que muita gente preferisse ir directa do restaurante para a celebração.
Os reencontros com amigos foram uma constante e a noite só teve o defeito de não se ter esticado mais horas, mais dias, mais noites. Logo à entrada, alguns colegas do liceu e um abraço ao antigo porteiro Velez, com quem recordei algumas histórias no meio de largos sorrisos. Pouco depois, e ainda fora da discoteca, foi a vez de um grande abraço a Luís Lucas, meu grande amigo de muitas noites nos Dias e de várias tardes, no estúdio da Miróbriga, na condução do programa “Café Rock”. Falámos das festas, das coberturas em directo pela rádio… até que um calafrio me percorreu a espinha quando o Lucas me perguntou pelo saudoso Fernando Calado.
Finalmente, entrei na discoteca. Parei para duas conversas com Zé Dado e Paulo Chaves, enquanto a casa começava a encher. Fui abordado por uma antiga cliente dos Dias que visitara o meu blogue. Entre palavras repletas de simpatia passámos em revista as noites que marcaram o início dos anos 90 na nossa região. Entretanto, sou abraçado por outro antigo colega de secundária. Na cabine dos DJ’s estavam Zé Alexandre, Luís Sambado e Miguel Fino. Mais tarde, vi Tiago Rito, um dos homens que fundou os Dias Atlânticos, certamente agradado com a adesão popular.
Consegui percorrer uns dois metros no espaço de meia-hora. Nada mau porque ainda me mexia com grande à-vontade e era simples pedir uma bebida. Em má hora não o fiz porque, em breve, estaria uns 30 minutos numa afável espera para ser atendido. Os preços eram simpáticos e o consumo mínimo exigido também era acessível.
A casa esteve apinhada, o ambiente foi fantástico, a música – após um início com 3 ou 4 músicas que me fizeram tremer (nunca fui fã de ABBA) – avançou, rapidamente, para a coerência e qualidade a que estávamos habituados. Além dos êxitos de massas, por lá passaram coisas tão boas como “E=MC2” dos Big Audio Dynamite (a banda de Mick Jones dos Clash) que me fizeram dar uns passos mais largos de dança numa pista forçosamente pequena para tanta gente. Tal como Miguel Camanho (DJ de tantas e tão boas noites em Sines) me dizia numa das dezenas de reencontros que tive, “isto são músicas que já só escutamos ou em casa ou no carro”, numa alusão às opções musicais que os bares e discotecas vão teimando em manter. Curiosamente, as músicas do “pum-pum” não são muito consideradas nem valorizadas pela população que responde aos rigorosos estudos realizados pelas grandes cadeias de rádio. Ou seja, e a menos que a população que é aleatoriamente contactada para colaborar nos estudos de opinião seja diametralmente oposta aos clientes dos estabelecimentos de diversão nocturna, alguma coisa permanece uma gigantesca incógnita no que concerne às músicas que passam nestes locais. Enfim, ontem, tivemos, nos antigos Dias Atlânticos, uma noite em cheio e com uma animação de louvar.
Os anos passam e nada permanece igual. O local é o mesmo, mas muita coisa sucedeu desde que os Dias Atlânticos fecharam as portas. O recinto já conheceu épocas mais gloriosas e mais condizentes com a sua história. A organização da festa fez o que pôde para minorar alguma natural decadência. As colunas foram alugadas. As luzes eram sofríveis. Porém, quem faz o sucesso de uma festa são as pessoas. E aquelas pessoas estavam-se nas tintas para o acessório. O importante era a emoção e o sentimento que as rodeava. O balanço da noite revivalista que decorreu nos Dias Atlânticos só pode resumir-se a uma palavra: sucesso.
Já não estava com o Lucas há muitos anos e, durante a noite, foi possível irmos recordando aspectos e histórias dos tempos dos Dias Atlânticos. Num momento em que estávamos a olhar para o ambiente que se vivia, Lucas comentava que os Dias tinham sido uma discoteca marcante. De facto, somente uma discoteca que tivesse marcado uma geração poderia reunir tanta gente. Reencontros à parte, também tive oportunidade de conhecer pessoas novas que eram antigos clientes dos Dias, incluindo, Carmen Botelho, que em boa hora concebeu o cartaz/convite da iniciativa.
Após um sucesso como este, toda a gente aguarda para ver o que se seguirá. Dentro do formato “Dias Atlânticos”, muita coisa pode fazer sentido, porém, em matéria de revivalismo puro e duro, uma ou duas festas por ano já seria muito bom.
Esta foi uma rara e magnífica noite atlântica.
Visita recomendada ao blogue Santo_André_Ontem_Hoje_Amanhã
A maioria dos mais assíduos antigos clientes chegaram cedo como se quisessem confirmar que existia mesmo uma festa e que não estariam a sonhar. “Belisquem-me para ter a certeza de que é verdade” era uma expressão que se sentia em muitos dos olhares daqueles que já lá estavam quando entrei. Cheguei cedo. Nem era meia-noite quando abordei o parque de estacionamento dos Dias Atlânticos. Os carros começavam a acumular-se e, depois de uns instantes de hesitação, optei por fazer tudo como antigamente. Perdi mais uns minutos que custaram a passar e deixei a viatura perto da casa de um amigo meu. Na generalidade, as pessoas começaram a chegar à discoteca bastante cedo. O facto de terem existido diversos jantares de grupo fez com que muita gente preferisse ir directa do restaurante para a celebração.
Os reencontros com amigos foram uma constante e a noite só teve o defeito de não se ter esticado mais horas, mais dias, mais noites. Logo à entrada, alguns colegas do liceu e um abraço ao antigo porteiro Velez, com quem recordei algumas histórias no meio de largos sorrisos. Pouco depois, e ainda fora da discoteca, foi a vez de um grande abraço a Luís Lucas, meu grande amigo de muitas noites nos Dias e de várias tardes, no estúdio da Miróbriga, na condução do programa “Café Rock”. Falámos das festas, das coberturas em directo pela rádio… até que um calafrio me percorreu a espinha quando o Lucas me perguntou pelo saudoso Fernando Calado.
Finalmente, entrei na discoteca. Parei para duas conversas com Zé Dado e Paulo Chaves, enquanto a casa começava a encher. Fui abordado por uma antiga cliente dos Dias que visitara o meu blogue. Entre palavras repletas de simpatia passámos em revista as noites que marcaram o início dos anos 90 na nossa região. Entretanto, sou abraçado por outro antigo colega de secundária. Na cabine dos DJ’s estavam Zé Alexandre, Luís Sambado e Miguel Fino. Mais tarde, vi Tiago Rito, um dos homens que fundou os Dias Atlânticos, certamente agradado com a adesão popular.
Consegui percorrer uns dois metros no espaço de meia-hora. Nada mau porque ainda me mexia com grande à-vontade e era simples pedir uma bebida. Em má hora não o fiz porque, em breve, estaria uns 30 minutos numa afável espera para ser atendido. Os preços eram simpáticos e o consumo mínimo exigido também era acessível.
A casa esteve apinhada, o ambiente foi fantástico, a música – após um início com 3 ou 4 músicas que me fizeram tremer (nunca fui fã de ABBA) – avançou, rapidamente, para a coerência e qualidade a que estávamos habituados. Além dos êxitos de massas, por lá passaram coisas tão boas como “E=MC2” dos Big Audio Dynamite (a banda de Mick Jones dos Clash) que me fizeram dar uns passos mais largos de dança numa pista forçosamente pequena para tanta gente. Tal como Miguel Camanho (DJ de tantas e tão boas noites em Sines) me dizia numa das dezenas de reencontros que tive, “isto são músicas que já só escutamos ou em casa ou no carro”, numa alusão às opções musicais que os bares e discotecas vão teimando em manter. Curiosamente, as músicas do “pum-pum” não são muito consideradas nem valorizadas pela população que responde aos rigorosos estudos realizados pelas grandes cadeias de rádio. Ou seja, e a menos que a população que é aleatoriamente contactada para colaborar nos estudos de opinião seja diametralmente oposta aos clientes dos estabelecimentos de diversão nocturna, alguma coisa permanece uma gigantesca incógnita no que concerne às músicas que passam nestes locais. Enfim, ontem, tivemos, nos antigos Dias Atlânticos, uma noite em cheio e com uma animação de louvar.
Os anos passam e nada permanece igual. O local é o mesmo, mas muita coisa sucedeu desde que os Dias Atlânticos fecharam as portas. O recinto já conheceu épocas mais gloriosas e mais condizentes com a sua história. A organização da festa fez o que pôde para minorar alguma natural decadência. As colunas foram alugadas. As luzes eram sofríveis. Porém, quem faz o sucesso de uma festa são as pessoas. E aquelas pessoas estavam-se nas tintas para o acessório. O importante era a emoção e o sentimento que as rodeava. O balanço da noite revivalista que decorreu nos Dias Atlânticos só pode resumir-se a uma palavra: sucesso.
Já não estava com o Lucas há muitos anos e, durante a noite, foi possível irmos recordando aspectos e histórias dos tempos dos Dias Atlânticos. Num momento em que estávamos a olhar para o ambiente que se vivia, Lucas comentava que os Dias tinham sido uma discoteca marcante. De facto, somente uma discoteca que tivesse marcado uma geração poderia reunir tanta gente. Reencontros à parte, também tive oportunidade de conhecer pessoas novas que eram antigos clientes dos Dias, incluindo, Carmen Botelho, que em boa hora concebeu o cartaz/convite da iniciativa.
Após um sucesso como este, toda a gente aguarda para ver o que se seguirá. Dentro do formato “Dias Atlânticos”, muita coisa pode fazer sentido, porém, em matéria de revivalismo puro e duro, uma ou duas festas por ano já seria muito bom.
Esta foi uma rara e magnífica noite atlântica.
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2.8.09
Rita Redshoes + Daniel Bacelar
Rita Redshoes convidou Daniel Bacelar para um dueto na noite de ontem. "Lonesome Town" correu tão bem que ainda houve direito a "I've Got A Feeling", ambas canções de Ricky Nelson. Este espectáculo decorreu nos Jardins em Belém integrado no Festival dos Oceanos.
Melhor do que falar sobre o acontecimento é mostrar o que sucedeu em palco.
Para quando uma colaboração semelhante em disco?
Melhor do que falar sobre o acontecimento é mostrar o que sucedeu em palco.
Para quando uma colaboração semelhante em disco?
30.7.09
Oito + Dias Atlânticos
A noite da próxima 6ª feira promete ser um momento alto para o eixo Sines – Santiago do Cacém – Santo André. Ao longo dos últimos dias, tenho notado um interesse acrescido sobre a festa que evoca as memórias de “Oito” e “Dias Atlânticos”. São várias as gerações que se podem vir a cruzar nessa noite. Ainda há uns minutos me telefonou um amigo a perguntar se queria ir jantar com um grupo de antigos colegas de liceu. Também outro grupo de amigos prepara um jantar prévio à deslocação para a festa. Acresce que são diversas as visitas que vou recebendo neste meu blogue, de pessoas que aqui chegam via motores de busca e pesquisando palavras como “dias atlânticos”. Curiosamente, o pequeno texto que disponibilizei neste blogue e que remeti a meia dúzia de amigos por email acabou por ser utilizado de forma massiva em forwards sucessivos. Nada tenho a ver com a organização do evento, mas, fico satisfeito por ter podido colaborar desta forma singela.
Tenho imensas recordações do “Oito”. Das várias fases do “Oito”. Esta discoteca marcou toda uma geração e os seus DJ’s, alguns deles meus amigos, contribuíram para a formação da minha cultura musical. Recordo-me que Xutos & Pontapés era uma banda bastante divulgada no “Oito” em período (bem) anterior ao “Circo de Feras”. Pessoalmente, preferia o “Oito” num período em que eu devia ter uns 16 ou 18 anos.
Os “Dias Atlânticos” são um caso diferente. Recordo-me das festas como momentos muito altos e de toda uma envolvência que nos fazia sentir como se estivéssemos nas loucas noites de Nova Iorque. Também recordo conversas e situações impossíveis de aqui transcrever e de acesos debates musicais em horas de fecho. Sublinho a amizade estabelecida com Luís Lucas, que passou por jogos infindáveis de xadrez e por um programa de rádio intitulado “Café Rock”.
A noite desta 6ª feira, dia 31 de Julho, promete ser um encontro de gerações. Pelo entusiasmo que sinto no ar atrevo-me a dizer que só pode ser bom. Muito bom.
Tenho imensas recordações do “Oito”. Das várias fases do “Oito”. Esta discoteca marcou toda uma geração e os seus DJ’s, alguns deles meus amigos, contribuíram para a formação da minha cultura musical. Recordo-me que Xutos & Pontapés era uma banda bastante divulgada no “Oito” em período (bem) anterior ao “Circo de Feras”. Pessoalmente, preferia o “Oito” num período em que eu devia ter uns 16 ou 18 anos.
Os “Dias Atlânticos” são um caso diferente. Recordo-me das festas como momentos muito altos e de toda uma envolvência que nos fazia sentir como se estivéssemos nas loucas noites de Nova Iorque. Também recordo conversas e situações impossíveis de aqui transcrever e de acesos debates musicais em horas de fecho. Sublinho a amizade estabelecida com Luís Lucas, que passou por jogos infindáveis de xadrez e por um programa de rádio intitulado “Café Rock”.
A noite desta 6ª feira, dia 31 de Julho, promete ser um encontro de gerações. Pelo entusiasmo que sinto no ar atrevo-me a dizer que só pode ser bom. Muito bom.
29.7.09
Encontro de gerações
Daniel Bacelar, que foi, com os Conchas, o primeiro artista português a gravar um disco ié-ié, em 1960, sobe sábado, dia 01 de Agosto, ao palco do Festival dos Oceanos, em Lisboa, para um dueto com Rita Redshoes.
O convite partiu da própria Rita Redshoes, que costuma incluir nos seus espectáculos ao vivo uma versão de "Lonesome Town", um clássico dos anos 1950 tornado famoso por Ricky Nelson.
Daniel Bacelar, no auge da sua carreira, entre 1960 e 1967, foi considerado o "Ricky Nelson português", razão por que Rita Redshoes quis partilhar o palco com ele.
"Nunca imaginei que alguém se lembrasse de mim, sobretudo uma 'miúda' dos anos 2000, de quem sou fã, mas que eu desconhecia que apreciava Ricky Nelson", disse Daniel Bacelar à Agência Lusa, a propósito do convite.
"Fiquei muito sensibilizado - acrescentou - até porque este tipo de partilha de gerações não é habitual em Portugal".
Na década de 1960, Daniel Bacelar fez regularmente "matinées" no Teatro Monumental, em Lisboa, de Vasco Morgado, com Zeca do Rock, Fernando Conde e Nelo do Twist, e participou no "Concurso Tipo Shadows", no Cinema Roma, em 1963.
Este ano, um grupo brasileiro, Autoramas, repescou um tema de Daniel Bacelar, "Se eu enlouquecer", mas a sua interpretação mais genuína permanece "Marcianita".
Tendo como tema a Astronomia, o Festival dos Oceanos, com entrada gratuita, decorre em vários locais de Lisboa (Belém, Baixa, Parque das Nações), abrindo precisamente com Rita Redshoes, que faz a primeira parte da estreia em Portugal de James Morrison, nos Jardins de Belém.
Fonte: Lusa/Fim
Créditos da foto: http://guedelhudos.blogspot.com
NOTA: Como é do conhecimento de quem acompanha este blogue, eu aprecio bastante o trabalho de Rita Redshoes. O concerto a que assisti nas Noites Ritual no Porto foi realmente muito bom e confirmou-me uma artista de excelência; Por outro lado, num dos raros blogues onde costumo participar o Daniel Bacelar marca presença diária. A sua perspicácia, humor refinado e bom gosto musical - conjugados com a importância histórica sublinhada no texto - permitem-se aconselhar vivamente uma deslocação a este acontecimento.
O convite partiu da própria Rita Redshoes, que costuma incluir nos seus espectáculos ao vivo uma versão de "Lonesome Town", um clássico dos anos 1950 tornado famoso por Ricky Nelson.
Daniel Bacelar, no auge da sua carreira, entre 1960 e 1967, foi considerado o "Ricky Nelson português", razão por que Rita Redshoes quis partilhar o palco com ele.
"Nunca imaginei que alguém se lembrasse de mim, sobretudo uma 'miúda' dos anos 2000, de quem sou fã, mas que eu desconhecia que apreciava Ricky Nelson", disse Daniel Bacelar à Agência Lusa, a propósito do convite.
"Fiquei muito sensibilizado - acrescentou - até porque este tipo de partilha de gerações não é habitual em Portugal".
Na década de 1960, Daniel Bacelar fez regularmente "matinées" no Teatro Monumental, em Lisboa, de Vasco Morgado, com Zeca do Rock, Fernando Conde e Nelo do Twist, e participou no "Concurso Tipo Shadows", no Cinema Roma, em 1963.
Este ano, um grupo brasileiro, Autoramas, repescou um tema de Daniel Bacelar, "Se eu enlouquecer", mas a sua interpretação mais genuína permanece "Marcianita".
Tendo como tema a Astronomia, o Festival dos Oceanos, com entrada gratuita, decorre em vários locais de Lisboa (Belém, Baixa, Parque das Nações), abrindo precisamente com Rita Redshoes, que faz a primeira parte da estreia em Portugal de James Morrison, nos Jardins de Belém.
Fonte: Lusa/Fim
Créditos da foto: http://guedelhudos.blogspot.com
NOTA: Como é do conhecimento de quem acompanha este blogue, eu aprecio bastante o trabalho de Rita Redshoes. O concerto a que assisti nas Noites Ritual no Porto foi realmente muito bom e confirmou-me uma artista de excelência; Por outro lado, num dos raros blogues onde costumo participar o Daniel Bacelar marca presença diária. A sua perspicácia, humor refinado e bom gosto musical - conjugados com a importância histórica sublinhada no texto - permitem-se aconselhar vivamente uma deslocação a este acontecimento.
24.7.09
As palhas não bulem
“quase todas as canções foram belas e nem uma palha buliu: se o concerto começou calmo, bem calminho acabou.” João Bonifácio, Público, 27 de Junho de 2007 (concerto de Aimee Mann)
“O Belenenses joga e há duas dezenas de velhinhos nas bancadas, nem uma palha bule, é um sossego.” João Bonifácio, Público, 20 de Julho de 2009 (festival SBSR)
Todos os meus amigos assim como demais população que acompanha o meu blogue sabe que sou sócio do Belenenses. Um daqueles associados que tem “quota azul” e que a utiliza para assistir a 5 ou 6 jogos por época. Também, toda a gente sabe as ligações que teimo em manter ao mundo da música e ao jornalismo. Enfim, são gostos e opções que nem sei bem quando surgiram.
Hoje, vou misturar futebol com música e dar uma opinião pessoal sobre uma polémica que agitou a última semana. Quem acompanha o jornalismo musical português conhece bem o nome em questão. João Bonifácio é famoso pelos seus textos altamente críticos e devastadores para com os diversos artistas que têm o azar de estarem na mesma sala que ele. Também é conhecido por ter feito uma série de confusões numa entrevista a Camané, quando traduziu a palavra “ombre” da canção “Ne Me Quittes Pas” de Jacques Brel para “ombro”. Só que em francês “ombre” é “sombra”. Assim sendo, os versos “deixa-me ser a sombra da tua sombra / a sombra da tua mão / a sombra do teu cão”, transformaram-se em “deixa-me ser o ombro do teu ombro / o ombro da tua mão / o ombro do teu cão”.
Porém, creio que aquilo que ocorreu no passado dia 20 de Julho foi o ponto mais alto da sua contestada carreira. Entre ataques ferozes a tudo o que mexeu musicalmente no Festival SBSR, João Bonifácio decidiu apimentar o texto com diversas menções ao Clube que é proprietário do estádio onde ocorreu o evento. Desde referências às alegadas “duas dezenas de velhinhos” que assistem aos jogos (oficialmente, na época passada, o Belenenses foi o sétimo clube em assistências, com mais de 4 mil espectadores por jogo), passando por afirmações de que fazer algo do género naquele local quase parecia “uma acção de beneficência” pode-se ler de tudo um pouco.
Nesta matéria de “beneficência”, o Restelo tem estado desde sempre associado a grandes acontecimentos musicais, pelo que, as considerações realizadas ao Clube e ao Estádio pecam, igualmente, por esquecimento ou outra coisa qualquer. Recordo-me, ainda muito bem, da loucura que foi a vinda dos Police (1980), Roxy Music (1982) ou de Rod Stewart (1983). Mais recentemente, por lá passaram Metallica (1996), Pearl Jam (2000), Smashing Pumpkins (2000) ou Lenny Kravitz (2002). Mesmo o Pavilhão do Belenenses tem histórias importantes para contar. Classic Noveaux ou Xutos & Pontapés (o clássico triplo ao vivo foi lá gravado) são excelentes exemplos. O próprio Clube tem ligações estreitas ao meio artístico e Carlos do Carmo, Raul Solnado, João Pedro Pais, Francisco Nicholson ou Luís Represas são outras personalidades bem conhecidas que são sócias do Belém. A maior figura da música portuguesa de todos os tempos, Amália Rodrigues, era, igualmente, belenense. Ou seja, tanto o Estádio do Restelo como o próprio Clube possuem ligações históricas, afectivas e efectivas ao mundo musical e artístico.
Quem me conhece sabe bem que sou um defensor da liberdade de opinião e de expressão. Tenho tudo a favor de uma escrita mordaz e demolidora quando se avalia negativamente um espectáculo. A questão é que tal deve e pode ser realizado de forma correcta e sem que pareça estarmos no meio de um cenário de guerra. A língua portuguesa é suficientemente rica para que consigamos adjectivar sem que ultrapassemos a fronteira da visão crítica e entremos num campo de agressão verbal injustificável. Falar do Belenenses da maneira que João Bonifácio o fez só poderia ter maus resultados. Talvez a habitual pacatez com que os homens do Restelo reagem a situações que fariam perder a cabeça a todos os outros clubes nacionais ajudem a compreender o atrevimento. Todavia, desta feita, a situação entrou em descontrolo total e não faço ideia do que sucederia se João Bonifácio aparecesse bem identificado pelo Estádio do Restelo. O feedback ao que escreveu foi de tal ordem, que, ontem, em editorial, o jornal Público, através de Nuno Pacheco, apresentava as suas desculpas, afirmando que “(...) o Belenenses, pela sua história, actividade e prestígio, merece um público e sincero pedido de desculpas (...)”.
Aparentemente, e por muito estranho que possa parecer, devemos retirar dois ensinamentos de tudo isto. O primeiro é que, quando a Direcção reage, o nome do Belenenses não é achincalhado; o segundo é menos evidente, mas, absolutamente óbvio: apesar da fixação e da insistência nessa ideia, a palha não bule.
Na verdade, o meu avô costumava usar a palha para alimentar o gado.
links interessantes:
Texto de João Bonifácio
Notícia Blitz
Provedor do Público
“O Belenenses joga e há duas dezenas de velhinhos nas bancadas, nem uma palha bule, é um sossego.” João Bonifácio, Público, 20 de Julho de 2009 (festival SBSR)
Todos os meus amigos assim como demais população que acompanha o meu blogue sabe que sou sócio do Belenenses. Um daqueles associados que tem “quota azul” e que a utiliza para assistir a 5 ou 6 jogos por época. Também, toda a gente sabe as ligações que teimo em manter ao mundo da música e ao jornalismo. Enfim, são gostos e opções que nem sei bem quando surgiram.
Hoje, vou misturar futebol com música e dar uma opinião pessoal sobre uma polémica que agitou a última semana. Quem acompanha o jornalismo musical português conhece bem o nome em questão. João Bonifácio é famoso pelos seus textos altamente críticos e devastadores para com os diversos artistas que têm o azar de estarem na mesma sala que ele. Também é conhecido por ter feito uma série de confusões numa entrevista a Camané, quando traduziu a palavra “ombre” da canção “Ne Me Quittes Pas” de Jacques Brel para “ombro”. Só que em francês “ombre” é “sombra”. Assim sendo, os versos “deixa-me ser a sombra da tua sombra / a sombra da tua mão / a sombra do teu cão”, transformaram-se em “deixa-me ser o ombro do teu ombro / o ombro da tua mão / o ombro do teu cão”.
Porém, creio que aquilo que ocorreu no passado dia 20 de Julho foi o ponto mais alto da sua contestada carreira. Entre ataques ferozes a tudo o que mexeu musicalmente no Festival SBSR, João Bonifácio decidiu apimentar o texto com diversas menções ao Clube que é proprietário do estádio onde ocorreu o evento. Desde referências às alegadas “duas dezenas de velhinhos” que assistem aos jogos (oficialmente, na época passada, o Belenenses foi o sétimo clube em assistências, com mais de 4 mil espectadores por jogo), passando por afirmações de que fazer algo do género naquele local quase parecia “uma acção de beneficência” pode-se ler de tudo um pouco.
Nesta matéria de “beneficência”, o Restelo tem estado desde sempre associado a grandes acontecimentos musicais, pelo que, as considerações realizadas ao Clube e ao Estádio pecam, igualmente, por esquecimento ou outra coisa qualquer. Recordo-me, ainda muito bem, da loucura que foi a vinda dos Police (1980), Roxy Music (1982) ou de Rod Stewart (1983). Mais recentemente, por lá passaram Metallica (1996), Pearl Jam (2000), Smashing Pumpkins (2000) ou Lenny Kravitz (2002). Mesmo o Pavilhão do Belenenses tem histórias importantes para contar. Classic Noveaux ou Xutos & Pontapés (o clássico triplo ao vivo foi lá gravado) são excelentes exemplos. O próprio Clube tem ligações estreitas ao meio artístico e Carlos do Carmo, Raul Solnado, João Pedro Pais, Francisco Nicholson ou Luís Represas são outras personalidades bem conhecidas que são sócias do Belém. A maior figura da música portuguesa de todos os tempos, Amália Rodrigues, era, igualmente, belenense. Ou seja, tanto o Estádio do Restelo como o próprio Clube possuem ligações históricas, afectivas e efectivas ao mundo musical e artístico.
Quem me conhece sabe bem que sou um defensor da liberdade de opinião e de expressão. Tenho tudo a favor de uma escrita mordaz e demolidora quando se avalia negativamente um espectáculo. A questão é que tal deve e pode ser realizado de forma correcta e sem que pareça estarmos no meio de um cenário de guerra. A língua portuguesa é suficientemente rica para que consigamos adjectivar sem que ultrapassemos a fronteira da visão crítica e entremos num campo de agressão verbal injustificável. Falar do Belenenses da maneira que João Bonifácio o fez só poderia ter maus resultados. Talvez a habitual pacatez com que os homens do Restelo reagem a situações que fariam perder a cabeça a todos os outros clubes nacionais ajudem a compreender o atrevimento. Todavia, desta feita, a situação entrou em descontrolo total e não faço ideia do que sucederia se João Bonifácio aparecesse bem identificado pelo Estádio do Restelo. O feedback ao que escreveu foi de tal ordem, que, ontem, em editorial, o jornal Público, através de Nuno Pacheco, apresentava as suas desculpas, afirmando que “(...) o Belenenses, pela sua história, actividade e prestígio, merece um público e sincero pedido de desculpas (...)”.
Aparentemente, e por muito estranho que possa parecer, devemos retirar dois ensinamentos de tudo isto. O primeiro é que, quando a Direcção reage, o nome do Belenenses não é achincalhado; o segundo é menos evidente, mas, absolutamente óbvio: apesar da fixação e da insistência nessa ideia, a palha não bule.
Na verdade, o meu avô costumava usar a palha para alimentar o gado.
links interessantes:
Texto de João Bonifácio
Notícia Blitz
Provedor do Público
16.7.09
Dias Atlânticos
REVIVER A HISTÓRIA TAMBÉM É BOM
Os anos voam e nada permanece igual.
Em Santiago do Cacém, conhecemos a modernidade no início dos anos 90, quando surgiu uma discoteca que quebrou preconceitos e inovou em diversos aspectos, inclusive na vertente cultural.
As festas temáticas que os “Dias Atlânticos” organizavam às quintas-feiras proporcionavam algo de único e de mágico.
A enorme imaginação com que eram abordadas essas festas, com decorações feitas à medida de cada acontecimento, elevavam estas noites a momentos únicos. Recordo-me de festas absolutamente inesquecíveis, como a “Festa da Praia” (toda a discoteca transformada em praia com centenas de quilos de areia…), ou de um Dia da Juventude com a actuação dos Ena Pá 2000 (aquando da edição do seu primeiro álbum).
Era cliente habitual do espaço e amigo de muitos dos frequentadores, donos e funcionários.
Muitos anos depois vai existir uma festa que recorda esses maravilhosos tempos dos “Dias Atlânticos”.
31 de Julho no mesmo local mágico - Quinta da Palmeira nos Escatelares.
A não perder.
Os anos voam e nada permanece igual.
Em Santiago do Cacém, conhecemos a modernidade no início dos anos 90, quando surgiu uma discoteca que quebrou preconceitos e inovou em diversos aspectos, inclusive na vertente cultural.
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A enorme imaginação com que eram abordadas essas festas, com decorações feitas à medida de cada acontecimento, elevavam estas noites a momentos únicos. Recordo-me de festas absolutamente inesquecíveis, como a “Festa da Praia” (toda a discoteca transformada em praia com centenas de quilos de areia…), ou de um Dia da Juventude com a actuação dos Ena Pá 2000 (aquando da edição do seu primeiro álbum).
Era cliente habitual do espaço e amigo de muitos dos frequentadores, donos e funcionários.
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