
A falta que faz nos dias de hoje um espaço como o RRV é por demais reconhecida por toda a gente do meio musical.
Um projecto como os Karpe Diem seria um forte candidato aos concursos e a concertos neste espaço. A audição do primeiro CD dos KD transporta-me para esse ambiente. Rock puro, expressivo e onde as palavras não são encaradas como mero divertimento mas como componente integrante de uma filosofia musical e artística. A música não tem de ser sempre alegre e popular para que seja bem absorvida. Hoje, num ambiente pós-pimba, as frases são habitualmente vazias e as rimas são tão banais quão sofríveis. Os KD são mais densos e com este disco surgem desejos de nos isolarmos, de nos fecharmos na sala ou no quarto, de ligarmos o som bem alto e de na penumbra dos dias apreciarmos o som transformado em imagens. Não que estejamos na presença de música urbano-depressiva, mas porque o espírito que se respira ao escutar este disco convida a uma descoberta mais intensa e intimista.