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13.4.09

Os meus heróis (1)

Quando eu era pequenino existiam alguns desportistas que se destacavam em modalidades diferentes do futebol e que transportavam consigo auréolas próprias de mitos. No ciclismo, Portugal parava com os feitos de Joaquim Agostinho que, ano após ano, deslumbrava no Tour de France com fantásticas prestações nos contra-relógios e nas grandes etapas de montanha. O pódio chegou em duas ocasiões e foi um delírio vê-lo, durante tantos anos, nos primeiros lugares do Tour. Na Fórmula 1 existia um leque diversificado de campeões e que, hoje, são lendas na modalidade. Clay Regazzoni, Patrick Depailler, John Watson, Carlos Reutemann, Jacques Laffite, Jochen Mass, Ronnie Peterson, Gilles Villeneuve, Didier Pironi, Ricardo Patrese, Jacky Ickx, Jackie Stewart, Mario Andretti, Emerson Fittipaldi, Alan Jones, James Hunt, Jody Scheckter e Niki Lauda. Pessoalmente, “adoptei” Lauda como piloto preferido. Não sei se por ter um nome engraçado, se por ter sido um herói que apostou na sua carreira de forma convicta e que sobreviveu a um desastre no antigo traçado de Nurburgring (1976). Desastre seguido de incêndio e que o deixou à morte durante vários dias, além das cicatrizes bem visíveis no seu rosto.

Lauda foi um piloto assombroso que, no início da carreira, era campeão em pole-positions e que, após o acidente, se refinou num piloto mais consciente, mais pragmático, mais frio, mais racional, mais “rato”, alcunha pela qual ficou igualmente conhecido. As imagens do acidente, impressionantes, ficaram conhecidas do mundo decorridos alguns anos do seu desastre. O incrível é que sobreviveu e, seis semanas mais tarde, com o sangue a escorrer das ligaduras na sua cabeça, ele terminou em 4º lugar no Grande Prémio de Itália. Os médicos ficaram espantados e atribuiram a recuperação à força de vontade de Lauda. Jackie Stewart disse que tinha sido o mais corajoso regresso à competição na história do desporto. Bem humorado, Niki afirmou que a perda de meia orelha tornava mais fácil usar o telefone. Mesmo tendo estado ausente durante estas semanas, não renovou o título mundial por uma nesga.

O campeonato de 1976 terminou na corrida seguinte, num duelo entre Niki e James Hunt (McLaren) no circuito de Fuji no Japão. Como o estado do tempo estava bastante mau, com chuvas torrenciais, Niki decidiu que era demasiado perigoso correr, "oferecendo" o título ao seu amigo Hunt - que afirmou que a desistência de Niki fora um acto de coragem. Em Itália alguns adeptos da Ferrari não concordaram com as simpáticas palavras de Hunt e chamaram Lauda de cobarde. Mesmo o patrão da equipa, Enzo Ferrari, teve dúvidas e fez planos para o substituir. Sentindo-se provocado, Niki regressou ainda mais determinado em 1977 e transformou esse campeonato num passeio gerido de forma sábia. Logo que somou os pontos necessários para a conquista do título Lauda bateu com a porta e abandonou ruidosamente a Ferrari. Enzo, furioso, classificou-o como traidor, enquanto ele assinava contrato com a promissora equipa Brabham de Bernie Ecclestone.

Niki Lauda participou em 173 Grandes Prémios, obteve 25 vitórias, 54 pódios, 24 pole positions e 24 melhores voltas, totalizando 420,5 pontos. Foi campeão mundial em 1975, 1977 e 1984 tendo pilotado carros da March, BRM, Ferrari, Brabham e McLaren. Curiosamente, Portugal fica ligado para sempre à sua carreira ao ter conquistado o terceiro título mundial no Autódromo do Estoril.

10.4.09

Há 30 anos era assim

Muita coisa evolui ao longo do tempo. Outras coisas vão-se transformando em acontecimentos cada vez menos cativantes. Durante muitos anos eu não perdi um único Grande Prémio de Fórmula 1. A responsabilidade por ter sido um espectador atento deve-se a um conjunto de génios do volante. Apesar da minha referência se chamar Niki Lauda, na realidade assistir a corridas de F1 era sempre um espectáculo. Os génios eram diversos, mas, de entre eles sobressaia um endiabrado Gilles Villeneuve. Outro piloto que marcou pela forma como abordava a competição chamava-se René Arnoux. No ano de 1979, no Grande Prémio de França, em Dijon - Prenois, Arnoux e Villeneuve deram, provavelmente, o maior show de todos os tempos. Eu assisti em directo e aqui ficam umas imagens imperdiveis que apetece ver e rever vezes sem conta.

Mais tarde René Arnoux diria: “O duelo com Gilles é algo que jamais esquecerei. Tu só podes correr daquela forma com alguém em quem confias completamente, e não encontras muitos como ele. Ele me derrotou, sim, e na França, mas eu não fiquei preocupado com isso. Eu sabia que tinha sido derrotado pelo melhor piloto do mundo”.



Outra performance fantástica de Gilles Villeneuve no Grande Prémio do Canadá (1981)