31.1.09

30 anos ligados à tomada

Ainda o texto anterior estava a ser concluído e surge-me mais uma história que liga, de forma peculiar, os UHF e os Xutos & Pontapés.

Fui hoje surpreendido por um email que me dava conta de mais um caso que envolvia o Blitz e os UHF. Suspirei de alívio… nos últimos meses sempre que escuto a palavra “caso” imagino de imediato que mais alguma coisa estará para suceder ao meu Belenenses. Felizmente, desta vez, a situação era com uma instituição mais habituada a embrulhadas desta índole. Aliás, quando se fala de Blitz e se acrescenta a sigla UHF é porque a situação é polémica. Ou por ao longo de anos ter o então jornal primado por omissões de factos importantes que envolvessem um dos principais grupos portugueses ou por redigirem críticas negativas em relação a muitas das actividades da banda. Felizmente, vivemos em democracia e se hoje os UHF têm menos projecção do que em 1980, na verdade, a Blitz, apesar de ter mudado de sexo, não parece recuperar de uma lenta e contínua agonia.

Vem isto a propósito do título de um artigo de fundo. Mas já lá vamos com certa dose de paciência. Como todos sabemos existem dois grupos que marcaram o rock português de forma intensa. Os primeiros, os UHF, atingiram a fama muito cedo e em 1980 já eram campeões na estrada; os segundos, os Xutos & Pontapés, iniciaram a carreira pouco depois, mas somente conquistaram a glória em 1987. Os primeiros foram sempre um reflexo do seu obstinado líder; os segundos sempre foram um grupo onde todos ocuparam um espaço próprio. Os primeiros eram incómodos, agressivos e nunca conviveram bem com o poder instalado; os segundos foram de punks a comendadores. Os primeiros fizeram a digressão dos 30 anos em 2008, começaram na Aula Magna e finalizaram na Academia Almadense; os segundos fazem este ano a mesma idade e irão terminar a digressão no Estádio do Restelo.

Afinal, qual dos dois teve “30 anos ligado à corrente”? Os primeiros porque foi esse o nome da digressão do ano passado ou os segundos porque uma revista assim o escreve? E porque motivo o Blitz usa essa expressão para destacar os segundos e não esteve presente no dia 20 de Dezembro em Almada para contar como foi a celebração da digressão dos primeiros e que tinha essa exacta designação? O recurso a este título será uma rara coincidência, uma gritante falta de imaginação, um retomar de um amor antigo ou um mero fruto do subconsciente? Como se fosse algo que muito desejamos e que não conseguimos ou que não temos coragem de ter?

A dose de incomodidade entre os UHF e o Blitz remonta a tempos muito antigos. Quando o jornal nasceu eram os UHF a banda “instituição” do rock português. É aceitável que quem queira ser alternativo busque montras independentes e ataque o que é mais popular. Porém, nunca compreendi bem os motivos e jamais se perceberam as razões. Se quisermos ir fundo nas coisas é importante recordar que já em 27 de Novembro de 1984, Rui Monteiro escrevia no número 4 deste jornal, um artigo sobre os UHF e com o título “Sempre as mesmas músicas”. Curioso é que, em 1984, já tinham os UHF editado mais do triplo dos discos que vários grupos “famosos” apadrinhados pelo Blitz conseguiram gravar nas suas vastas e fugazes carreiras. Também engraçado é que o álbum de estúdio seguinte foi apenas o “Noites negras de azul”. Quanto a mais do mesmo, não é uma das vantagens dos predestinados o criarem uma sonoridade que os identifique? Não é assim com os Stones? Não é uma das vantagens dos Xutos dizermos que “esta nova música é mesmo à Xutos?”. Não foi um dos motivos de críticas a projectos como os Taxi, o ser afirmado que “eles mudavam muito de álbum para álbum”? Estaremos defronte da eterna situação de ser preso por ter cão e ser preso por não o ter?

Existem projectos ligados à corrente durante 30 anos e com público nos concertos. Infelizmente, existem outros projectos ligados à corrente só para que se mantenham num estado vegetativo. É a vida nesta nossa pequena indústria musical quando ninguém tem coragem para desligar a máquina.

30.1.09

Xutos contam novas estórias

Desde o velhinho com 88 anos até ao miúdo da escola primária toda a gente adora Xutos. A reacção é de tal forma unânime que cada vez que falamos de Xutos poderíamos falar da Selecção Nacional ou de Timor.
Os primeiros anos de vida da banda não foram nada fáceis. Ao contrário de fenómenos como Taxi, Rui Veloso, UHF ou Heróis do Mar, os Xutos demoraram 8 anos para conseguirem convencer uma multinacional da sua capacidade comercial.

Os Xutos são actualmente uma máquina fantasticamente oleada. Toda a estrutura que os envolve garante um funcionamento digno de uma empresa de grande dimensão. A popularidade é de tal ordem que existem presidentes de Câmara que acham que os seus concelhos só ficam no mapa depois do grupo lá tocar. Serão poucos – ou nenhuns – os concelhos que não estão no GPS dos Xutos.

Para este ano de festa, que vai culminar no Estádio do Restelo (onde espero estar presente), os Xutos prepararam muitas surpresas, incluindo um novo site mais profissional, mais bonito, mais atraente. E no meio deste passo em frente foi apresentada uma nova “biografia oficial”, muito melhor redigida e com um ênfase digno de um grande grupo. As referências a nomes míticos do rock português como UHF (de quem fizeram a primeira parte no Laranjeiro), Minas & Armadilhas ou Aqui d’el Rock desapareceram para dar lugar a um texto mais cativante e digno de estrelas do rock and roll. Naturalmente que se mantém o destaque dado à abertura feita para Wilko Johnson. Não será certamente por ser um nome estrangeiro, mas, por ser uma referência da música nesse ano de 80.

Durante quase 3 décadas foi considerado relevante aquela primeira parte no Laranjeiro. Agora, em 2009, admitir que houve um tempo em que os Xutos foram mais pequenos do que os UHF não faria sentido. Não me refiro à História, mas às estórias que fazem as lendas e os mitos da geração chiclete onde habitamos.

Neste universo de marketing não ligo muito aos penteados. O realmente importante é o conteúdo dos discos. Tudo o mais é uma dança que não me interessa.

28.1.09

Banco de Ensaio nº 70
Ingrid Michaelson – Be Ok

Ingrid Michaelson nasceu em 1979 e é uma cantora e compositora nova-iorquina que se tem tornado conhecida por ter músicas suas em séries de televisão como Grey's Anatomy e One Tree Hill.
Além de ser o seu segundo álbum, "Be Ok" é um projecto de beneficência em prol da luta contra o cancro e inclui temas gravados ao vivo, com versões de clássicos e canções originais. Ingrid Michaelson é considerada uma das principais promessas dentro da música independente norte-americana e o single "Be Ok" é um bom exemplo das suas potencialidades comerciais.


Banco de ensaio nº 70 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 24/01/2009

Ingrid_Michaelson - Be Ok:

27.1.09

O disco dos Karpe Diem

Os Karpe Diem são um grupo de rock como havia antigamente. Gostam do que fazem, lutam pelos seus objectivos, não estão obcecados com o sucesso e procuram apenas continuar a tocar durante muitos mais anos. Depois de 18 anos de vida os KD têm pronto o seu primeiro CD a um preço simpático de € 5,00. Pode ser adquirido através do site da banda em www.karpediem.org

Como aperitivo aqui fica o primeiro vídeo:
karpe Diem - Uma cama no chao

26.1.09

À Conversa com Alexandre Rosa

PROGRAMA 16 - ANO 2

Destaques:

* A histórica tomada de posse de Barack Obama
* A economia portuguesa e a recente aprovação do Orçamento Suplementar
* A crise e o desemprego em 2009
* O anúncio da subida dos escalões do IRS e a descida das retenções na fonte
* A semana na política nacional
* Análise aos últimos acontecimentos ocorridos no Litoral Alentejano, nomeadamente, a situação da Refinaria de Sines, o Parque de Campismo Ecológico em Odemira e as declarações de José Ferro em Santiago do Cacém.


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 16 transmitida no dia 23/01/2009

25.1.09

Banco de Ensaio nº 69
Jon McLaughlin – OK Now

O segundo trabalho de Jon McLaughlin é preenchido por temas fortes e melódicos numa linha pop contemporânea.
As influências não deixam margem para quaisquer dúvidas e reconhecem-se traços de Elton John ou Ben Folds.
“Ok Now” foi editado em Outubro de 2008 e promete ser um marco na sua carreira.


Banco de ensaio nº 69 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 17/01/2009

Jon McLaughlin - Beating My Heart (Live at 94.5 PST 7-08)

24.1.09

De mal a melhor

O futebol português vai de mal a cada vez pior.

Após a embrulhada que foi dar novo significado à expressão “goal average”, nova polémica rebentou devido ao regulamento da Taça da Liga. Aparentemente, o Futebol Clube do Porto não cumpriu o pressuposto na utilização de jogadores efectivos (clicar aqui) e tem em risco a sua continuidade na prova. Claro que a Liga já esclareceu que um jogador efectivo num determinado encontro é exactamente igual a um suplente desde que tenha sido utilizado ao longo do jogo – o que contraria o regulamento das competições e o senso comum de qualquer mortal.

Infelizmente devemos estar na presença de mais uma leitura “actualista” dos regulamentos, das expressões e dos seus significados. Com tamanha dose de disparates nestas regras ficamos na dúvida se as mesmas foram escritas na Cervejaria Trindade ou na Cervejaria Portugália – depois de ter sido patrocinada por uma empresa de apostas a Liga principal não é apoiada por uma marca de cervejas?

Por outro lado, o chefe dos árbitros, Vítor Pereira - o homem que enquanto profissional do apito também tinha os seus “erros” -, considera que as “pessoas que não acreditam no futebol não devem ir ao futebol”. Além de usar duas vezes a palavra futebol na mesma frase – o que sugiro que não faça recorrentemente porque prejudica gravemente a passagem da mensagem e é um mau exemplo para a juventude em idade escolar – parece-me que os portugueses já lhe fizeram a vontade. Talvez ele dos camarotes não tenha reparado, mas, os estádios estão vazios!

Depois da minha experiência na Amadora já tinha decidido fazer a vontade a Vítor Pereira em todos os jogos que não sejam no Restelo.


PS: Para os mais distraidos sugiro os meus posts sobre o encontro na Amadora. Aqui e aqui.

Jaime Pacheco é técnico do Boavista

Conforme notícia publicada no site do jornal "A Bola", Jaime Pacheco é técnico do Boavista. Interessante é que lapsos destes são recorrentes e habituais. Na verdade alguém quer saber de clubes que não sejam os três do costume? Felizmente acertam no nome do treinador o que já não é mau e escrevem Belenenses sem erros ortográficos.

21.1.09

Gente esperta não aprende línguas

Antigamente dizia o povo “que burro velho não aprende línguas”. Como o burro é um animal em vias de extinção e eu poderia vir a sofrer algum tipo de represálias por parte de alguns amigos que pertencem a associações protectoras dos animais decidi adaptar o adágio popular àquilo que se designa por “politicamente correcto”.

Vem esta ladainha inicial a propósito do novo escândalo que envolve o Belenenses. Aliás, as palavras “escândalo” e “Belenenses” começam a estar perigosa e insistentemente coladas. É de tal ordem que mais de metade das palermices que são feitas no nosso futebol acabam por atingir o Belenenses. Como não sou muito virado para fatalismos só poderei especular se ainda estamos no foro da “teoria” ou já mergulhámos inteiramente na “conspiração”.

Aos tradicionais e populares “erros” dos senhores que se dizem juízes de campo – incluindo expulsão de um jogador por “engano”, ausência de “visão” em lances duvidosos e tontaria na anulação de um golo cheio de paixão – juntamos outros momentos mágicos. Que dizer do Belenenses ser o único clube alvo de uma reclamação por ter utilizado um jogador que está 100% bem inscrito? Ou que se poderá pensar daquela ocasião civilizacional de elevado nível, quando uma faixa foi exibida por seres humanos, racionais e instruídos que se regozijaram pela morte de um antigo presidente azul. Tudo “numa boa” e sem consequências para quem comete “erros”, infringe “regras” ou acha que a morte de alguém é motivo de celebração pública?

No meio deste festim só faltava mais um momento esquizofrénico digno de douto parecer de fazer inveja a personalidades como Marcelo Rebelo de Sousa ou Diogo Freitas do Amaral. Pasme-se, que, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional decide esclarecer Portugal, a Europa e o Mundo da bola que a expressão “goal average” é exactamente igual a “superior goal difference”.

Aplicando, com efeitos retroactivos, esta nova interpretação à expressão “goal average” imaginemos o que sucederia em Campeonatos do Mundo, Campeonatos da Europa, principais campeonatos dos diversos países mundiais, etc. Provavelmente nem todo o ouro da Reserva Federal Norte-Americana daria para pagar as indemnizações que os “prejudicados” do passado teriam de receber por se considerar que “goal average” significava “diferença de golos” e não “média de golos”.

O momento exige alguma concentração para não nos rirmos a bandeiras despregadas. É que todos já percebemos o final do filme. Quem é que em igualdade pontual foi eliminado? Qual é o primeiro clube no mundo que foi prejudicado por este novo significado da expressão “goal average”? Pois, têm razão. Este é o novo escândalo que envolve o Belenenses!


A gerência deste blogue unipessoal sugere uma visita ao blogue “Briosa” – que levantou esta pertinente questão – e lança um repto para que uma das escolas por correspondência ofereça o curso de inglês rudimentar “De Chico esperto a expert em apenas 30 minutos” a esta gente esperta.

19.1.09

João Aguardela - O Adeus

Foto da autoria de Rita Carmo, Fevereiro 2006 João Aguardela faleceu ontem vítima de cancro.
Nasceu no mesmo ano que eu. 1969.
Li a notícia na internet e tive uns segundos incrédulo. Como era possível?!

Conheci o João Aguardela num momento em que o primeiro álbum estava prestes a ser editado. Nesse ano de 1992 (e depois em 1993) estive com ele várias vezes e apesar do sucesso ter sido súbito, a verdade é que ele sempre foi o mesmo e sem ares de vedeta. A primeira vez que o entrevistei foi na conferência de imprensa dos Coliseus dos UHF (1992) em que os Sitiados faziam a 1ª parte. Recordo-me perfeitamente de perguntar se gostariam de terminar aquela digressão no Coliseu, mas como cabeças de cartaz. Por ironia do destino passadas poucas semanas eles eram um fenómeno.

Já não o encontrava há anos, mas lembro-me, de vários concertos fantásticos. Além de criativo, interventivo e único, João Aguardela fazia de tudo para agarrar a assistência. Era um animal de palco como poucos.

Ficamos todos com saudades.

18.1.09

5.ª Edição do Festival "Terras Sem Sombra"

No próximo dia 24 de Janeiro, pelas 21 H 30, na Basílica Real de Castro Verde, em pleno coração do Alentejo, inicia-se a 5.ª edição do Festival Terras sem Sombra de Música Sacra, um projecto do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e da Arte das Musas.

Ao atingir a “maioridade”, esta iniciativa constitui uma referência no panorama cultural do país e marca a temporada musical em terras do Sul. É de salientar, à semelhança dos anos precedentes, a ligação entre um repertório criteriosamente escolhido (de forma a constituir uma pequena “história da Música”, desta vez no âmbito do Barroco Português), uma aposta em jovens intérpretes nacionais de excelência, com carreiras internacionais já bem fundamentadas, e a fruição de espaços arquitectónicos notáveis, que brilham não só pela qualidade acústica mas também pela atmosfera ímpar.

Para mais informações sobre o Festival, por favor consultar o site www.terrassemsombra.com.

É possível aceder a registos musicais do Festival em formato mp3 no endereço http://terrassemsombra.com/materiais2009.

O grupo Sete Lágrimas, dirigido por Filipe Faria e Sérgio Peixoto, abre o Festival com o concerto “Pedra Irregular – O Nascimento do Barroco em Portugal”, reunindo alguns dos melhores especialistas europeus em instrumentos de sopro e cordas: Diana Vinagre (violoncelo barroco), Andreia Carvalho (oboé barroco), Denys Stetsenko (violino barroco), Hugo Sanches e Tiago Matias (tiorbas e guitarra barroca) e Sérgio Silva (cravo).

No Barroco fazem-se sentir coordenadas muito interessantes: o pensamento tridentino, o classicismo, a restauração da independência (1640) e a riqueza trazida pelo ouro e diamantes brasileiros. Sob a influência destas tendências, a cultura da época legou-nos um espólio multifacetado, de que fazem parte, não só o gosto pelo lúdico e pela espiritualidade, como na pintura de Josefa de Óbidos ou na prosa de Fr. António da Chagas, mas também o peso da retórica na literatura e na arte, o que aproxima os sermões do P.e António Vieira do convento de Mafra. Aspecto destacado foi ainda a polifonia das várias artes, tendo como exemplos maiores as igrejas forradas a talha e azulejo, enquadrando a música e a pregação.

Castro Verde vai receber um programa pensado para revelar, com toda a beleza, o panorama da vida musical portuguesa neste período, com dois momentos bem diferentes: um primeiro Barroco, autóctone, na segunda metade do século XVII; e um segundo barroco, joanino, marcado pela influência italiana, no século XVIII. O programa escolhido integra obras Diogo Dias Melgaz – mestre supremo da nossa polifonia, nascido em Cuba, em 1638 –, Henrique Carlos Correia, Domenico Scarlatti, de Seixas, António Teixeira e Francisco António de Almeida.

14.1.09

André Sarbib na Casa da Música

"Lançado recentemente, o último disco do pianista André Sarbib é um trabalho voltado para o jazz, composto por temas originais do próprio e por alguns clássicos do jazz cantado de compositores como Michel Legrand e Victor Young entre outros. É também a primeira vez que o músico se assume como cantor em gravações. A apresentação de "this is it!" na Casa da Música do Porto conta com todos os músicos de grande nível que participam no álbum, em que a harpa e o quarteto de cordas envolvem o quarteto tradicional de jazz composto por músicos de topo do jazz nacional. Entre os vários convidados para este concerto destaca-se o harmónicista de renome internacional António Serrano."

Um espectáculo a não perder no próximo dia 16 de Janeiro 2009, às 22 horas, na Casa da Música (Porto).

Depois de reproduzida esta nota de imprensa, não poderiamos deixar de agradecer a referência que foi feita ao nosso BdE. Um grande abraço ao André Sarbib e esperamos que este disco seja brevemente apresentado em outras cidades do país.

Músicos:
André Sarbib - piano e voz
João Moreira - trompete e flugelhorn
Bernardo Moreira - contrabaixo
João Cunha - bateria
+ convidados

André Sarbib - La Valse Des Lilás:

13.1.09

30 anos de Xutos

Dia 13 de Janeiro de 1979. Há 30 anos os Xutos & Pontapés davam o seu primeiro concerto. 2009 é um grande ano para os Xutos e nós iremos acompanhar "a festa" sempre que nos for permitido.
Ao longo de todo este tempo foram imensos os clássicos do nosso rock que foram compostos pelos Xutos. Em jeito de playlist deixo aqui uma lista de 30 temas dos Xutos e que pertencem ao meu top de preferências. Parabéns ao Tim, Zé Pedro, Kalu, João Cabeleira e Gui.

Sémen
Mãe
Morte lenta
Papá deixa lá
Remar remar
Barcos gregos
Homem do leme
Contentores
Pensão
Não sou o único
N'américa
Circo de feras
À minha maneira
Para ti Maria
Andarilhos
Prisão em si
Sou bom
Minha casinha
Se me amas
Submissão
Gritos mudos
Sirenes
Dia de S. Receber
Chuva dissolvente
O que foi não volta a ser
Jogo do empurra
Outro país
Direito ao deserto
Manhã submersa
O mundo ao contrário

12.1.09

À Conversa com Alexandre Rosa

O grande comentário aos maiores acontecimentos que ocorreram em 2008 numa vertente nacional e regional. Os temas que foram notícia no ano passado desde a componente económica até à componente política e social, perspectivando o que poderá ocorrer de mais relevante em 2009.


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 15 transmitida no dia 02/01/2009

10.1.09

UHF - A reportagem dos 30 anos

Foi hoje transmitido no Atlântico, da Miróbriga, uma emissão especial sobre os 30 anos de carreira dos UHF. Este especial incluiu uma reportagem realizada na noite de 20 de Dezembro de 2008, na Academia Almadense. Para quem não escutou ou para quem queira voltar a ouvir, disponibilizo a reportagem integral com duração de 50 minutos.

Clicar para escutar a reportagem.

Em alternativa pode fazer o download do ficheiro para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.

Última hora: Como consequência dos inúmeros emails recebidos pelo Atlântico, Bruno Gonçalves Pereira decidiu disponibilizar, para download, a totalidade desta emissão especial de 2 horas. Para obter o programa basta ir ao blogue do Atlântico no espaço dos próximos 8 dias.







Fotografias da autoria de Francisco Rosário.

Esta reportagem foi possível graças à colaboração de:
António Côrte-Real (UHF)
António Manuel Ribeiro (UHF)
Carlos Teixeira (Fonzie)
Cristina Loureiro
Fernando Rodrigues (UHF)
Francisco Rosário
Henrique Salgado
Ivan Cristiano (UHF)
Jaime Pessoa
João Flamino
João Quintela (produtor do espectáculo)
Miguel Ângelo (Delfins)
Nuno Chanoca (assessoria de imprensa)
Renato Gomes (co-fundador UHF)
Tozé Morais (músico convidado: gaita de foles e harmónica)

Um muito obrigado a todos eles e um abraço especial a Bruno Gonçalves Pereira - ao amigo e ao grande profissional de rádio - que aceitou o desafio de transmitir a única reportagem rádio realizada na noite de festa dos 30 anos dos UHF.

7.1.09

Atlântico - Especial 30 anos de UHF

O Atlântico vai transmitir entre as 19h00 e as 21h00 do próximo sábado um especial sobre os 30 anos de carreira dos UHF. Este especial inclui uma reportagem realizada na noite de 20 de Dezembro na Academia Almadense. A não perder este programa da responsabilidade de Bruno Gonçalves Pereira.



Clicar aqui para escutar a emissão em directo.

2.1.09

30 anos malditos em noite de festa

UHF – Lisboa no centro da guerra

Os projectos que só tocam em Lisboa, sem possuírem um circuito de concertos pelo resto do país, não possuem sustentabilidade concreta e o seu futuro é, geralmente, bastante limitado. Porém, quando um grupo mantém uma agenda preenchida ano após ano, mas não apresenta espectáculos na capital, corre o risco de quase desaparecer do universo mediático português e perder o comboio das estrelas maiores. Os UHF tiveram uma ascensão meteórica em 1980 e mantiveram-se sob as luzes da ribalta até ao momento em que António Manuel Ribeiro sumiu dos grandes concertos na cidade de Lisboa. Recordo-me, com bastante nitidez, dos espectáculos no Rock Rendez Vous (1989), Feira Popular (1989) ou Coliseu (1992) que permitiram que aos sucessos populares se juntassem as produções que funcionam como mola nas carreiras musicais. Ao enveredarem, unicamente, pelo designado “circuito de província”, os UHF iniciaram um lento processo de distanciamento dos centros de decisão. Se a isto somarmos outros factores como a constante mudança de editoras, troca de músicos ao ritmo do samba, a rebeldia e afrontamento que o seu líder António Manuel Ribeiro foi mantendo com diversas personalidades da nossa praça e a ausência de discos nas prateleiras das discotecas (alguém sabe, ao certo, quantos álbuns de originais têm os UHF?), o resultado é o que se poderia esperar.

Aos poucos, muito lentamente, os UHF perderam o estatuto que tinham conquistado em mais de uma década de guerra, permanente e intensa. António Manuel Ribeiro não poupou munições e, durante os anos oitenta, disparou contra jornalistas, editores e demais intervenientes da insípida indústria musical nacional que funcionava entre copos vertidos no Bairro Alto. Lutar contra o “status quo” é um dos primeiros mandamentos de um verdadeiro rocker e António Manuel Ribeiro, quer se goste da sua personalidade, ou não, é, de entre todos os cantores rock nacionais que atingiram o estrelado em 1980, o único que transpira atitude rock por todos os poros. O cognome Canal Maldito não foi fruto do acaso, nem produto fabricado pelo marketing.

Cada tiro no porta-aviões implicou mais anticorpos e, apesar deste esforço bélico ser de louvar, na verdade, a ausência de uma estrutura interna sólida impossibilitou um crescimento continuado, num percurso de escaladas e de tombos violentos. Para ser justo, não posso esquecer a saída de Cristina Loureiro – o cérebro administrativo – dos escritórios da banda, no início dos anos 90. Quem se habituou ao seu profissionalismo, sabe bem o que representa uma pessoa com o seu perfil, que, pessoalmente, comparo ao da saudosa Marta Ferreira, dos Xutos. Todos os factores referidos tiveram um reflexo negativo na carreira do grupo.

Não obstante, durante vários anos, os UHF foram o expoente máximo do rock português e, durante alguns anos, foram mesmo, a única banda rock verdadeiramente profissional neste país. Entre 1980 e 1985, revelaram-se campeões de popularidade, de conflitos e de espectáculos ao vivo. Entre 1988 e 1993, voltaram à ribalta com sucessos como “Na tua cama”, “Hesitar” ou “Menina estás à janela”. Depois disso, existiram demasiados baixos entre poucos altos. Após a edição de “69 Stereo” (1996), António Manuel Ribeiro fechou a última porta sobre o passado, “despachando” do grupo todos os elementos da sua geração e indo buscar jovens músicos da idade do seu filho e guitarrista, António Côrte-Real.

Foi esse o momento da “refundação” da banda. O trabalho seguinte, o CD “Rock É! Dançando na noite” (1998) poderia ter conseguido, no tema “Quando (dentro de ti)”, o mesmo efeito de “Na tua cama”, dez anos antes. Não sucedeu. Os tempos eram outros, as rádios começaram a evitar músicas do grupo e uma excelente canção passou ao lado do grande público. Situação semelhante ocorreu com potenciais sucessos como “Dança comigo (até ao sol nascer)” (1999), “Angie” (1999) ou “A lágrima caiu” (2003). Os UHF não voltavam ao zero, mas eram obrigados a percorrer um sinuoso e lento caminho, tendo em vista a reconquista do ouro perdido. Um trabalho árduo, com imensos percalços e resultados vagarosos, surgindo aos poucos.

Até que, em 2006, na sequência do sucesso de “Matas-me com o teu olhar” (2005), os UHF compreenderam que o regresso aos grandes palcos era uma necessidade e uma exigência. O risco assumido foi o habitual e António Manuel Ribeiro lançou-se aos Coliseus de forma destemida. A sala não esgotou, contudo o concerto no Coliseu de Lisboa mostrou que a banda estava preparada para regressar às grandes produções. Foi realizada uma gravação que irá sair, brevemente, em DVD, com toda a envolvência do público a que poderemos assistir.

E eis que, no último ano, começaram a surgir reedições dos primeiros discos; a escassa imprensa musical, de uma nova geração, começa a compreender a história do fenómeno chamado UHF e, admitimos, perdeu o receio de ser espancada pelo seu líder; o aproximar dos 30 anos de carreira parecem ter proporcionado, a António Manuel Ribeiro, uma segunda fonte de juventude e de determinação.

Para que isto fosse possível, muito contribuiu a estabilidade que se tem vivido no seio do grupo. Ivan Cristiano, Fernando Rodrigues e António Côrte-Real estão mais maduros, mais seguros e com a atitude rock que fez dos UHF uma máquina infernal.

A digressão dos 30 anos começou, de forma positiva, na Aula Magna. A sala encheu, o reportório foi bem seleccionado e quem esteve presente saiu claramente satisfeito com o rock que se escutou. Os textos publicados na imprensa foram unânimes no tecer de críticas positivas, numa estranha consensualidade nunca anteriormente registada. Estavam os dados lançados para a digressão e para o anunciado concerto de encerramento destas comemorações de 30 anos que iria ocorrer na sua cidade Natal. O regresso para um espectáculo em Almada só faria sentido se a aposta fosse em grande.


A bomba em tempo de Natal

A noite estava fria e as pessoas foram chegando de forma ordeira e espaçada. Um primeiro olhar para os espectadores permitiu constatar que estávamos na presença de um encontro de gerações, com especial destaque para o intervalo entre os 30 e os 50 anos. O ambiente era de expectativa e respirava-se um certo respeito pela solenidade do momento. 30 anos de carreira não são uma comemoração banal no nosso meio musical, sobretudo, quando nos referimos a um grupo rock.

Nos últimos anos, a estrutura base dos UHF consolidou-se, o núcleo de músicos na banda tem permanecido estável e a nova geração cresceu e respira um mesmo objectivo. Claro que os tempos são outros e ninguém espera, nem exige, que António Côrte-Real seja igual a Renato Gomes, nem que Fernando Rodrigues assuma a personalidade de Carlos Peres. A tarefa é duplamente mais complicada e cruel para os actuais elementos. Todavia, os últimos concertos a que tenho assistido mostram que o renascimento mediático do Canal Maldito está mesmo ali ao lado. O excelente trabalho de reedições de material há muito esgotado está a permitir que uma nova geração conheça a obra de António Manuel Ribeiro e dos UHF. É neste cenário que surge o fecho das comemorações de 30 anos.

Após a Aula Magna, este concerto só fazia sentido se fosse realmente especial. E foi. Na verdade, foi tão especial que somente quem assistiu poderá compreender o que sucedeu dentro daquelas quatro paredes em Almada. Não é simples falar deste concerto. Aceito que estou com imensa dificuldade em apresentar uma crítica a algo que roçou a perfeição. Admito que o crítico também tem direito a entusiasmar-se, apesar dos meus amigos íntimos serem testemunhas do meu nível de frieza e exigência na análise pós concertos – que o digam os k2o3 que saltavam eufóricos do palco e me encontravam com um sorriso amarelo fruto de uma mescla de satisfação pelo dever cumprido e de observações de aspectos a serem melhorados.

No dia 20 de Dezembro, na Academia Almadense, em plena quadra natalícia, fui testemunha da detonação de uma bomba rock. Os momentos intensos foram tantos que poderemos considerar que assistimos a um concerto “tântrico”. A surpresa começou na duração do espectáculo. Mais de 3 horas para um alinhamento de 32 canções. Depois o alinhamento, foi, ele também, uma boa surpresa. Não se escutaram temas como “Sou Benfica” ou “Foge comigo Maria” – canções das quais nunca fui simpatizante – e não se escutaram sequer clássicos como “Modelo fotográfico”, “Na tua cama”, “Brincar no fogo” ou “Menina estás à janela”. Estas 32 canções foram um retrato fiel de uma carreira, com temas mais comerciais como “Cavalos de corrida” e outros menos previsíveis como “Velhos tamborins”. Sentiu-se que todo o concerto fora tratado com um cuidado muito delicado, pensado ao mais ínfimo detalhe, com vista a proporcionar um impacto crescente. Descrever o que sucedeu naquela noite em Almada é falar sobre emoções e as emoções são de difícil explicação por palavras objectivas e directas. Salientar o virtuosismo técnico dos músicos presentes seria tão anedótico como escamotear que a esmagadora maioria dos espectadores conhecia todas as canções algum dia gravadas pelos UHF.

A sala estava cheia de admiradores dos UHF. Isto poderá levar alguns a presumir que a noite estava antecipadamente conquistada. Apesar deste raciocínio ser tentador, na realidade, o público presente estava expectante, pronto a ser conquistado, se… se o conseguissem conquistar. É que, dentro de cada fã dos UHF encontra-se um crítico impiedoso e sempre pronto a vincar as suas divergências. Perante aquela plateia, António Manuel Ribeiro sabia que tinha de se esforçar vezes sem conta. No fundo, quanto maior fosse o risco assumido, maior o resultado que se poderia atingir. Naquela noite, o céu foi o único limite.

E que houve assim de tão especial neste concerto?

Houve uma gaita-de-foles de Tozé Morais que percorreu a sala antes de subir ao palco, quando se revelou “O povo do mundo”.
Houve António Manuel Ribeiro, tal profeta de uma geração, a ser mestre na rebelião de consciências e a uivar frases cortantes, contundentes, próximas do clímax, como na assombrosa “Sonhos na estrada de Sintra”.
Houve Miguel Ângelo que, com António Manuel Ribeiro, arrancou um arrepiante “Podia ser Natal”.
Houve um momento digno de um mundo perdido, uma ocasião raríssima de presenciar e que abriu o primeiro encore: Carlos Peres, Renato Gomes e António Manuel Ribeiro incendiaram a sala com “Noites lisboetas”, “Voo para a Venezuela”, “Devo eu” e “Estou de passagem”, todas em formato acústico.
Houve uma atitude a roçar o punk-rock, digna dos primeiros anos, sem qualquer cedência mais popular.
Houve “Um mau rapaz”, que fez vibrar mesmo a bactéria mais soturna da sala.
Houve “(Fogo) Tanto me atrais”, “Velhos amigos (onde estais)” e “Esta dança não me interessa”.
Houve, ainda, um “Rapaz caleidoscópio”, com outra actuação endiabrada e frenética de um Renato Gomes que tem de repensar o que anda a fazer da sua carreira enquanto músico.
Houve uma comunhão rock entre todos os intervenientes, que culminou com um êxtase colectivo, aquando do fecho com “Hesitar” – com direito a harmónica de Tozé Morais.

Mas, vou ter de ir mais longe nesta análise.
Houve ainda outro momento.
Houve Fernando Rodrigues (piano e guitarra acústica), Ivan Cristiano (bateria), António Côrte-Real (guitarra), Carlos Peres (baixo), Renato Gomes (guitarra) e António Manuel Ribeiro (voz) em 3 canções que constituíram o momento mais importante de toda a carreira dos UHF. A História do rock português escreveu um capítulo único naqueles minutos mágicos. Aos actuais e pujantes UHF, juntou-se a pólvora demolidora de Carlos Peres, o baixista mais marcante do rock português, e associou-se Renato Gomes, um guitarrista de outra galáxia, que expeliu doses brutais de criatividade e de electricidade incontida. Os diálogos de guitarra entre Renato Gomes e António Côrte-Real, o incendiário discurso de António Manuel Ribeiro, a inesgotável energia de Ivan Cristiano, a entrega furiosa de Fernando Rodrigues no baixo, no piano e em todos os instrumentos que tocou ou a chama insubordinada que se pressente em cada acorde rebelde de Carlos Peres. Estes seis homens que partilharam o palco ao longo de “Concerto”, “Jorge Morreu” e “Geraldine” são a melhor formação dos UHF e mostraram ao público duas realidades: que o rock dos UHF tem de ser sempre assim e que, no futuro, o grupo chegará onde os seus elementos o desejarem.

Em certas alturas deste espectáculo, fechei os olhos e retrocedi para a época de ouro dos UHF. Quando os abri, verifiquei que estava a testemunhar uma noite de platina. O espectáculo na Aula Magna foi excelente. Este, na Academia Almadense, foi “o espectáculo”. Não me recordo de quando foi o último, mas já tinha saudades de um concerto rock desta dimensão. Quero mais!

1.1.09

Banco de Ensaio nº 68
Frida Hyvonen - Silence Is Wild

Frida Hyvönen é uma pianista sueca com um talento ímpar e eu devo ser o maior consumidor dos seus discos neste rectângulo chamado Portugal. Após o CD “Until Death Comes”, de que falei no BdE 05 (18/11/2006), este recente “Silence Is Wild” mantém a chama em alta e confirma todos os predicados positivos do álbum de estreia. Frida é uma excelente artista para descobrir no novo ano de 2009. A propósito... um excelente ano para todos!


Banco de ensaio nº 68 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 27/12/2008

Frida Hyvönen - London (ao vivo em Malmö, Nov/08, registo amador):