29.9.08

TAXI - A vida depois da morte
Novo disco em 2009

Na noite da Febre de Sábado em 2006 ficou evidente que mais ano menos ano os Taxi regressariam às lides. E eis senão quando, ontem, no decurso de uma participação num programa de TV ficamos a saber, pela voz de João Grande, que vão mesmo regressar no início de 2009 e com um novo álbum de originais.
Mesmo colocando sérias reservas ao disco que está para vir a notícia não deixa de entusiasmar quem escutou e dançou centenas de vezes o velhinho "Taxi", vibrou, também, outras centenas com "Cairo" (a lata permanece na minha secretária), escutou umas dezenas de ocasiões o fraco "Salutz" e considerou "The Night" o melhor disco do grupo do Porto.

Vamos aguardar para ver se teremos um álbum mais próximo de "Long Road Out Of Eden" (The Eagles) ou de "The Cosmos Rock" (Queen). Ao menos estou em crer que com a idade os quatro famosos do Porto tomaram consciência que o público quer novas "Chicletes", "TVWC's", "Cairos", etc., e se está nas tintas para fantásticos "Dance Dance Dance".

Mas, se passarem por aqui e me lerem... façam uma forcinha e gravem algo que também seja Taxi século XXI.


PS: Os leitores que a este blogue têm chegado através de motores de busca à procura de novidades sobre o novo disco dos Taxi, não querem partilhar o que esperam deste regresso?

(Excerto de "Amanhã", tema inédito, programa "A Minha Geração", RTP1, 28 de Setembro de 2008)


("Chiclete", programa "A Minha Geração", RTP1, 28 de Setembro de 2008)

28.9.08

À Conversa com Alexandre Rosa
Programa 02 - Ano 2

Permaneço na condução deste interessante espaço de grande comentário realizado por Alexandre Rosa. Ao longo de aproximadamente 25 minutos são muitos os temas relevantes que se abordam neste programa.


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 02 transmitida no dia 26 de Setembro de 2008

27.9.08

Sequeira Nunes sai do Conselho Geral

O Conselho Geral e o seu papel na vida activa do Belenenses foi um dos aspectos que esteve em destaque ao longo da rica e produtiva Assembleia Geral de ontem. Logo no início surgiu uma proposta no sentido de colocar à votação a suspensão imediata deste Órgão e a convocatória de uma AGE que votasse a extinção do mesmo. Numa leitura legal bastante discutivel a mesa da AG considerou que seriam necessárias 250 assinaturas para que o requerimento fosse aceite, como se o mesmo se tratasse de uma simples convocatória para AGE.

Isto leva-me a questionar da relevância da mesa da AG ser juridicamente assessorada ao longo das reuniões magnas. Com o advogado do Clube na sala, parece-me que seriam evitadas situações anómalas se aspectos legais fossem analisados por profissionais do Direito. Ainda hoje mostrei o referido requerimento a um jurista que considerou que o mesmo não se tratava de uma convocatória mas de uma proposta a ser colocada a votação. Da mesma forma me indicou que qualquer suspensão estatutária é, para todos os efeitos, uma alteração aos estatutos, abrangida pela questão levantada no meu post anterior.

Sublinho que considero esta AG muito importante. Além de intervenções de nomes conceituados do passado - como Mário Rosa Freire -, outros nomes de uma nova geração fizeram-se escutar, mostrando que o Clube se encontra vivo e com futuro.

Após algumas intervenções críticas a propósito do Conselho Geral do Clube de Futebol "Os Belenenses", Sequeira Nunes, antigo presidente do Clube e actual presidente do Conselho Geral, informou os associados que passaria a ser um simples associado. Assume-se, assim, que Sequeira Nunes deixou de pertencer a este Órgão do Belenenses.

A apresentação pública deste vídeo amador explica-se pelo interesse que o mesmo possa constituir para associados e adeptos do Belenenses; justifica-se, ainda, pelo facto da comunicação social ter sido autorizada a cobrir esta Assembleia Geral.

Bronca!?

A Assembleia Geral do Clube de Futebol "Os Belenenses" deu como aprovado o ponto 1 da Ordem de Trabalhos com 171 votos a favor, 74 votos contra e 23 abstenções - determinante para a eleição seguinte da Comissão de Gestão -, tendo por base o número 1 do Artigo 74º dos Estatutos, onde se lê:

"As deliberações das Assembleias Gerais são tomadas por maioria absoluta de Sócios presentes, de acordo com estes Estatutos e sem prejuízo de maiorias mais qualificadas exigidas por estes Estatutos ou pela legislação aplicável."

Porém, o ponto 1 da Ordem de Trabalhos implicou uma alteração dos Estatutos, pelo que, deve ser aplicado o número 3 do Artigo 175º do Código Civil:

"As deliberações sobre alterações dos estatutos exigem o voto favorável de três quartos do número dos associados presentes".

Mais, no número 5 do mesmo Artigo 175º lê-se que "os estatutos podem exigir um número de votos superior ao fixado nas regras anteriores".

Daqui resulta claro, neste caso concreto, que teriam de ter votado favoravelmente um mínimo de três quartos dos associados presentes na Assembleia Geral. Logo, a aprovação da alteração de estatutos não foi aprovada, antes pelo contrário, foi reprovada pela Assembleia Geral!

E agora?!

20.9.08

O regresso das conversas com Alexandre Rosa

"À CONVERSA COM ALEXANDRE ROSA" - ANO 2, EMISSÃO Nº 01

Esta semana ficou marcada pelo regresso à Miróbriga do programa "À conversa com Alexandre Rosa".


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 01 transmitida no dia 19 de Setembro de 2008

O grande comentário de Alexandre Rosa a questões internacionais, nacionais e do Alentejo Litoral às 6ªs feiras às 18h00 e aos sábados a partir das 12h00.

17.9.08

John Watts é e não é Fischer-Z

John Watts quando quer é os Fischer-Z. Quando está a apresentar-se como John Watts é apenas John Watts. Como os dois projectos são encarnados pela mesma pessoa torna-se sempre confuso conseguir saber a que espectáculo se vai assistir. Confuso para nós portugueses porque não existe qualquer dúvida de que a actividade dos Fischer-Z está suspensa desde há alguns anos. No sábado passado, na Amadora, esteve “apenas” John Watts e a sua banda. O concerto foi constituído, esmagadoramente, por músicas novas ainda não editadas. Houve tempo para “Marliese” (o single mais vendido dos Fischer-Z) e para “So Long” (o tema que as rádios das playlists transformaram no maior clássico), além de uma abertura com “The Worker” (o primeiro single de sucesso). De resto, além de outra canção do primeiro álbum dos Fischer-Z, nem sequer o minúsculo “Luton to Lisbon” foi escutado.

Analisar o concerto não é tarefa simples. Porque o público que queria ver Fischer-Z foi levado ao engano por notícias como a publicada num jornal diário e que anunciava:
“A noite conta ainda com o cantautor britânico John Watts, que revisita 25 anos de carreira, na companhia dos Fischer-Z”.
Naturalmente que não houve nenhuma revisitação e nem baixista esteve presente em palco. Unicamente, teclas, guitarra, bateria e voz. Por outro lado, o som da guitarra foi acústico e até o baixo do “So Long” saiu do teclado...

John Watts não actuava em Portugal há bastante tempo e a brincadeira na festa dos 25 da “Febre de Sábado” não passou disso mesmo. Quem nesse concerto esperou pelos Fischer-Z ficou claramente desiludido. Muita gente se recorda ainda dessa desilusão como constatei por observações realizadas por espectadores na Amadora…
Na verdade, os Fischer-Z conseguiram atingir, em Portugal, um patamar elevado de popularidade entre 1979 e 1981. Os seus primeiros três álbuns, “Word Salad” (79), “Going Deaf for a Living” (80) e “Red Skies Over Paradise” (81), foram sucesso por terras lusitanas, tendo culminado no famoso concerto no Estádio de Alvalade, integrado na gigantesca festa do programa “Febre de sábado de manhã”.

Tirando um concerto de menor dimensão, na sequência da edição do CD “Kamikaze Shirt” (93), os Fischer-Z não regressaram mais a solo nacional. Desde então, passaram 15 anos e John Watts tem conseguido manter um peculiar culto em torno de si. As raríssimas edições discográficas que chegam até nós também ajudam a fortalecer esse culto, pois, para o comum dos portugueses, John Watts gravou meia dúzia de discos e retirou-se algures na década de 80, depois de ter lançado qualquer coisa a solo.

Longe de ter estado parado, ao longo destes anos, Watts foi editando álbuns atrás de álbuns, uns em nome dos Fischer-Z, outros enquanto J.M.Watts, Watts ou John Watts. Como se vê, mesmo o trabalho a solo tem conhecido diferentes denominações, o que contribui para este sentimento de nada ter andado a fazer nos últimos 20 anos.

Regressando ao espectáculo na Amadora. Parece-nos que, quando um artista não actua num país faz tanto tempo, devia ter o cuidado de adaptar o seu alinhamento à realidade da ocasião. Que ele não gosta de viver no passado e que prefere olhar sempre para diante já o sabíamos pela conversa que tivemos em 2006. Todavia, a inclusão de mais 3 ou 4 temas dos Fischer-Z seria absolutamente justificável e teria sido desejável - assim como outras canções gravadas a solo ou da fase desconhecida dos Fischer-Z.

Não quer isto dizer que o concerto tenha sido mau ou que o público tenha ficado manifestamente desiludido. Na verdade, sucedeu exactamente o inverso daquilo se seria normal. Mesmo temas absolutamente desconhecidos tiveram direito a uma adesão popular que nos encheu de surpresa. Algumas dessas canções, num registo mais pop, podem mesmo vir a ser fortes comercialmente. Diga-se a este propósito, que temas comercialmente fortes que permanecem desconhecidos sempre foram uma constante na carreira do John Watts. “Jukebox” ou “Destination Paradise” (Fischer-Z), “Brilliant Career” (J.M.Watts) e “Walking The Doberman” (Watts) são músicas de sucesso em qualquer rádio neste planeta, mas, alguém as conhece? Poderia continuar a referir mais uma dúzia como “Over”, “Delight”, “Just Hang On”, “Jesus Give Me Back My Life”, “Human Beings”, “Tightrope”, “Caruso”, “Marguerite Yourcenar” ou “The Perfect Day”.

Mesmo num mercado discográfico em crise, seria interessante disponibilizar um disco com o outro lado da carreira de John Watts. Pelo que assisti na Amadora parece-me que os portugueses estariam receptivos a descobrirem, afinal, o que andou este músico a produzir durante tantos e tantos anos.

Em jeito de despedida, devo dizer que preferia ter estado num concerto eléctrico de Fischer-Z, porém, isto não invalida que tenha gostado bastante de assistir a este espectáculo, mesmo em frente ao palco, com um público fantástico que apoiou os músicos do início ao fim. Foi também motivo de satisfação acompanhar o concerto lado-a-lado com David Ferreira e com Pedro Brinca - ficou quebrada a tradição de encontrar o Pedro, unicamente, nas Noites Ritual.

Espero rever John Watts em breve.



A TVAmadora mostra como foram os concertos. Clicar aqui.






15.9.08

Nesta sociedade de consumo imediato...

No dia 17 de Junho de 2008, foi editado, nos Estados Unidos, o mais recente fenómeno do consumo musical imediato. Refiro-me ao álbum "One Of The Boys", de Katy Perry, de onde se destacou o êxito "I Kissed A Girl". Uma semana antes da edição deste CD, a 9 de Junho, já "I Kissed A Girl" circulava no éter da Miróbriga.
Neste mês de Setembro, já se pode escutar Katy Perry nas nossas rádios nacionais de referência. Nos poucos meses enquanto responsável pelo sector da programação da Miróbriga, além da nova grelha repleta de conteúdos e da nova imagem sonora, existiu algo bem audivel que ficou deste trabalho.
"I Kissed A Girl" foi mais uma aposta vencedora de um conjunto de canções internacionais em que os ouvintes da Miróbriga foram os primeiros portugueses a terem acesso generalizado.
As ondas hertzianas, antigamente, serviam para aproximar continentes distantes e para ajudar a melhor definir a palavra "inovar". Em 2008, apesar de todos os factos negativos que assolam o universo da rádio, ainda acredito que o mundo da rádio não vai morrer.


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Já agora... no dia 22 de Dezembro de 2007, no espaço "Banco de Ensaio", apresentava o álbum "Our Ill Wills" dos Shout Out Louds. Em vez do óbvio "Tonight I Have To Leave It" - que viria semanas depois a tornar-se sucesso nacional devido a um spot televisivo - apostei em "Impossible" como amostra de apresentação. Outra canção que, nos últimos meses, tem conquistado airplay por terras lusas.
A segunda temporada do "Banco de Ensaio" está para breve...





Nota: Espero conseguir inserir em breve um post sobre a actuação de John Watts na Amadora.

14.9.08

Lloyd Cole sozinho

Sinceramente, espectáculo de guitarra e voz, em espaços enormes ao ar livre não me parecem resultar muito bem. Lloyd Cole foi profissional, simpático, falou imenso em português e cumpriu a missão de proporcionar excelentes momentos musicais a todos os presentes. Mas, para protecção do próprio artista, este formato de espectáculo devia ser num auditório.
Como Lloyd Cole é Lloyd Cole a malta acaba por ser compreensiva.




John Watts & Lloyd Cole na Amadora

John Watts e Lloyd Cole estiveram ontem em concerto na Amadora.
Ficam aqui algumas das fotos que tirei.
Durante o dia de hoje insiro mais!



11.9.08

Buenos Aires

Depois de meses de preparação, em que tive oportunidade de ir acompanhando o trabalho dos Buenos Aires à distância que a net permite, chegou o momento deste novo projecto lançar o seu primeiro tema. “Seguro” não é o single adequado para meter os músicos a comprar carros novos com os lucros de vendas, mas, parece-me ser o melhor cartão de visita, pois, mostra, o que é a essência da banda. A seguir, teremos, certamente, oportunidade de ouvir uma ou outra música mais orelhuda. Como apresentação, a aposta parece-me 100% correcta. Com um som forte e onde abundam criteriosos pormenores de produção, uma base rítmica de fazer inveja a muita gente e programações hipnóticas, este grupo promete momentos ainda maiores ao vivo - é ao vivo que o real valor das coisas vem ao de cima.

Buenos Aires mostra-nos que dançar em casa ainda é possível. Experimentem e coloquem o som ligeiramente alto... mas não exagerem com os agudos! :)

Para escutar e realizar download gratuito deste primeiro tema dos Buenos Aires basta ir a:
myspace.com/buenosairespt

Os Buenos Aires são:
Hugo Pacheco - Voz, Synths;
Pedro Azevedo - Hook Bass, Synths
Rui Freitas - Bateria, Synths;
Rui Pintado - Baixo, Synths;
Pedro Balbis - programming, synths y otras cosas mas...


PS: Um abraço ao meu amigo Rui Pintado, músico e colega - sempre polémico e objectivo - nas crónicas do Canal Maldito. Gostei bastante deste teu novo projecto. ;)

10.9.08

Reserva do rock (13)
UHF – Estou de Passagem

1982.
O rock português fechara 1981 em grande e a indústria discográfica registara o maior volume de negócios da sua história.
Sucessos não faltavam e os êxitos populares eram em grande número.
“Cavalos de Corrida”, o single de 1980, havia confirmado a explosão iniciada por “Chico Fininho” de Rui Veloso.
Em 1981, “Rua do Carmo”, do LP “À Flor da Pele”, carimbava as estrelas UHF, como valores maiores na nova constelação dos jovens grupos.
Os concertos multiplicavam-se e a contabilidade de dois anos é impressionante:
A cerca de 80 espectáculos, em 1980, somou-se o record absoluto de 138, em 1981.
Mas, não eram apenas os concertos e os sucessos que se multiplicavam na carreira desta banda de Almada, pois, os anti-corpos do seu líder junto dos media aumentavam exponencialmente.
Verdadeiro enfant-terrible, começa a ganhar fama de intratável e de vedeta.
Alguns críticos questionam, mesmo, as suas qualidades de poeta e de escritor de canções.
A polémica nunca foi palavra vã, nesta encruzilhada da música, sendo mesmo sinónimo de maior popularidade.
A exposição – inclusive por maus motivos – é sempre mais benéfica para a vida de um grupo do que a ausência mediática.
Provocador e rebelde, António Manuel Ribeiro, durante muitos anos, transportará na pele a comparação sistemática com Jim Morrison.
É ele o Rei Lagarto nacional.
Contudo, para quem contacta com ele, é, simultaneamente, afável, competente e extremamente determinado.
No auge da fama e da glória, os UHF entram em estúdio onde gravam o mini-LP “Estou de Passagem”.
“Noites Lisboetas”, “Concerto”, ou o tema título, “Estou de Passagem”, ilustram a razão de novo e esmagador sucesso.

“Estou de Passagem” vende 15 mil unidades em 15 dias e repete o êxito de “À Flor da Pele”, obtendo o galardão de ouro.
Musicalmente, os UHF estão, agora, mais densos e complexos.
Melodicamente, o som está mais “cheio” e completo.
Literariamente, “Estou de Passagem” prova que a poesia de António Manuel Ribeiro não é um acaso, nem um subproduto do auto-convencimento estético.
Este trabalho não possui nenhum tema tão imediato, como foram “Rua do Carmo” e “Cavalos de Corrida”, mas, transporta, dentro de si, dos mais belos momentos que a música moderna portuguesa algum dia criou.

9.9.08

Reserva do rock (12)
Heróis do Mar – Heróis do Mar

Os Heróis do Mar – último grande grupo a surgir na vaga do rock português em 1981 – reunia músicos já com alguma experiência.
O baterista, António José Almeida, pertenceu à formação original da banda de rock progressivo Tantra.
Recorde-se que os Tantra, foram o mais importante grupo português, na fase que antecedeu o boom do nosso rock, e, dele faziam parte conceituados nomes como Manuel Cardoso, Armando Gama e Pedro Luís, mais tarde cara-metade dos Da Vince.
O cantor Rui Pregal da Cunha veio de um projecto experimental chamado Colagem Urbana.
Pedro Ayres Magalhães, baixista, e, Paulo Pedro Gonçalves, guitarrista, haviam fundado, em 1977, o primeiro grupo punk português, os Faíscas, que influenciaram nomes como Xutos & Pontapés.
Com a dissolução dos Faíscas em 79, estes dois elementos, juntamente com o teclista Carlos Maria Trindade, formam os Corpo Diplomático.
Em Março de 1981, estes cinco músicos juntaram-se num projecto comum, onde os valores da história e da cultura portuguesa fossem primordiais.
O nome da banda também não foi um acaso, sendo inspirado no hino nacional.
Após poucos meses de ensaios, em Agosto, os Heróis do Mar lançam um single, com os temas “Saudade” e “Brava Dança dos Heróis”, que também viriam a integrar o seu primeiro LP.

“Heróis do Mar” – o álbum – sai ainda nesse ano de 1981 e rebenta a polémica em torno dos alegados ideais fascistas com que são conotados.
O visual da banda, com fardas militares, e as letras das canções, num imaginário colonial, nostálgico e histórico, geram a confusão num Portugal em que a Revolução dos Cravos estava, ainda, bem recente.
Nacionalistas ou patriotas, a dúvida sobres os ideais fascistas ou neo-nazis dos Heróis do Mar, prolongou-se no tempo, apesar das explicações veementes dos seus elementos e da mudança visual operada meses depois.
Lá fora, em Inglaterra, acontece história semelhante com os Spandau Ballet.
A somar às raízes portuguesas, os Heróis foram beber, musicalmente, a sonoridades electrónicas de vanguarda e à corrente neo-romântica dos Duran Duran e dos referidos Spandau Ballet.
Gravado no Angel Studio, em Setembro e Outubro de 81, este trabalho foi produzido pelo mais requisitado produtor de então, António Pinho, responsável, entre outros, pela produção dos primeiros álbuns dos Taxi e de Rui Veloso.
Para além de “Saudade” e de “Brava Dança dos Heróis”, outros temas como “Olhar no Oriente” ou “Amantes Furiosos” marcam este LP, que divide a crítica de então e que não obtém nenhum sucesso significativo junto do público.
O reconhecimento popular vem em Junho do ano seguinte, através do máxi-single “Amor”, um mega-sucesso que obriga à criação do conceito de disco de platina no nosso Pais.
A seguir a um LP sem grande impacto comercial, seguiu-se um pequeno formato com um tema de grande calibre popular.
Por vezes, estes fenómenos acontecem, mas, no caso dos Heróis do Mar, esta foi, apenas, a primeira vez, numa estranha e permanente continuidade futura.
Separar este disco do máxi-single “Amor” seria, manifestamente, errado.
Até porque, com os Heróis do Mar, em rádio, as melodias dos singles ultrapassam as canções contidas nos álbuns.
“Heróis do Mar” – o LP – apresentou-nos um dos mais inovadores grupos nacionais.
Arrojados, polémicos, criativos, sofisticados e com génio.
Com bom ou mau génio serão sempre recordados com “Amor”.

8.9.08

Reserva do rock (11)
Sétima Legião – A Um Deus Desconhecido

Para além do punk e da new-wave, a onda cinzenta de Manchester chegou a Portugal em força.
Nomes como Joy Division ou Echo and The Bunnymen, dignos representantes do pós-punk, influenciaram o aparecimento de diversos grupos portugueses, numa fase posterior ao do boom de 1980/81.
Os Sétima Legião são um desses casos, cantando, nesta fase, em inglês.
Rodrigo Leão, Pedro Oliveira e Nuno Cruz formam o grupo em 1982 e são, claramente, influenciados por esta corrente musical, usando, inclusive, nas actuações ao vivo, gabardinas, verdadeiro símbolo da corrente urbano-depressiva.
Concorrem à “Grande Noite do Rock” e, pouco depois, são reforçados com as entradas de Susana Lopes e de Paulo Marinho.
Simultaneamente, Francisco Menezes inicia uma colaboração com o grupo, na escrita das letras das músicas. É abandonada a língua inglesa e as canções passam a ter um cariz mais lusitano.
Logo no ano seguinte, são contratados pela independente Fundação Atlântica e gravam o single “Glória”, com letra de Miguel Esteves Cardoso, um dos donos da editora.
Como em muitos outros casos, o disco é aplaudido pela crítica e desprezado pelos animadores dos programas de rádio, passando despercebido.
Ainda antes de iniciarem as gravações do primeiro LP, Susana Lopes abandona o grupo.
Verdadeira pérola no catálogo da Fundação Atlântica, “A Um Deus Desconhecido” é editado em Julho de 1984 e torna-se uma referência obrigatória da nova música portuguesa.

A ligação com o mar e as letras fortes e nostálgicas, conjugadas com um ambiente sonoro muito intenso, transformam os Sétima Legião num caso muito sério no panorama da música moderna portuguesa.
Musicalmente, ainda se notam claras influências do pós-punk, mas começa a sobressair um sentir tipicamente português conjugado com uma valiosa utilização da gaita de foles.
O produtor de “A Um Deus Desconhecido”, Ricardo Camacho, identificando-se com o projecto, passa a integrar os Sétima Legião.
Com o encerramento da editora Fundação Atlântica, os Sétima Legião assinam contrato com a EMI – Valentim de Carvalho e “A Um Deus Desconhecido” entra na categoria de raridade.
Raridade que, rapidamente, se transforma em mito, só comparável ao álbum Independança dos GNR.
Para colmatar esta falha no catálogo dos Sétima Legião, a EMI decide recuperar este trabalho e edita-o em CD, no ano de 1990, integrando, no mesmo, como bónus, as 2 canções do primeiro single, “Glória” e “Partida”.
A carreira dos Sétima Legião ganhou um novo impulso com a edição deste LP em 1984.
O grupo foi beber o seu nome à Sétima Legião Romana que esteve na Lusitânea.
Também eles tiveram um percurso lento de realizar, mas cheio de histórias essenciais para a nossa História.
“A Um Deus Desconhecido” abriu caminho para novas descobertas e para novas experiências.
Para uma busca que sempre esteve presente no espírito do grupo.
Em passos seguros e inovadores.
Como um “Mar d’Outubro”, encantado, numa “Aguarela” eterna.
Como uma “Vertigem” carregada de “Glória”.
Sem “Partida” pois “Deus Assim o Quis”.

6.9.08

CAR PLAYLIST (3)

LISTA DE TEMAS DA MINHA MAIS RECENTE COMPILAÇÃO:

MARLANGO - SHAKE THE MOON (AUTOMATIC IMPERFECTION, 2005/2006)
ANGUS & JULIA STONE - THE BEAST (A BOOK LIKE THIS, 2007)
ANAIS MITCHELL - CHANGER (THE BRIGHTNESS, 2007)
RITA REDSHOES - CHOOSE LOVE (GOLDEN ERA, 2008)
KATE BUSH - THE SENSUAL WORLD (THE SENSUAL WORLD, 1989)
THE WHO - BEHIND BLUE EYES (WHO'S NEXT, 1971)
FISCHER-Z - OVER (ETHER, 2002)
DURAN DURAN - ORDINARY WORLD (THE WEDDING ALBUM, 1993)
BRUCE SPRINGSTEEN - PARADISE (THE RISING, 2002)
THEA GILMORE - COVER ME (UNCUT, VERSÕES EXCLUSIVAS DE BRUCE SPRINGSTEEN, 2003)
FERNANDO GIRÃO - A NOSSA VIDA É UM FADO (OUTROS FADOS, 1993)
JOSÉ CID COM WALDEMAR BASTOS - LISBOA PERTO E LONGE (DE SURPRESA, 2001)
JORGE PALMA - A GENTE VAI CONTINUAR (SÓ, 1991)
XUTOS & PONTAPÉS - CONTA-ME HISTÓRIAS (CERCO, 1985)
K2o3 - OUTRO LUGAR (ÉS CAPAZ!, 1996)
UHF - VELHOS AMIGOS (ONDE ESTAIS) (69 STEREO, 1996)
bonus track :)
PETER FRAMPTON - CAN'T TAKE THAT AWAY (FRAMPTON COMES ALIVE II, 1995)

5.9.08

Reserva do rock (10)
Xutos & Pontapés – 78/82

A música rock portuguesa começava a tentar gatinhar no final dos anos setenta.
O movimento punk estava no auge.
Em finais de 1978, Zé Pedro e Zé Leonel decidem constituir uma banda e colocam um anúncio no jornal.
São bem sucedidos, encontrando Kalú e Tim.
A base dos Xutos & Pontapés estava, assim, constituída.
Zé Pedro na guitarra, Tim no baixo, Kalú na bateria e Zé Leonel como vocalista.
13 de Janeiro de 1979 marca o primeiro concerto, nos Alunos de Apolo, numa comemoração dos 25 anos do Rock’N’Roll
Os espectáculos vão sendo uma constante, destacando-se, em 1980, uma primeira parte dos UHF, no Laranjeiro, e de Wilko Johnson Solid Senders, no Pavilhão d’ “Os Belenenses”.
Pouco depois, em Fevereiro de 1981, os Xutos & Pontapés recrutam o guitarrista Francis.
Outra mexida logo a seguir, esta com grande importância para a história dos Xutos.
Zé Leonel vai para o Brasil e Tim assume as funções de vocalista.
Estamos em pleno boom do rock português e os concertos multiplicam-se, assim como, a necessidade de chegarem à edição de um disco.
Surge, então, a oportunidade de gravarem para a independente Rotação e entram em estúdio em Novembro de 81, com o objectivo de registarem músicas para 2 singles.
Estas sessões de estúdio resultam na gravação dos temas “Sémen”, “Toca e Foge”, “Quero Mais”, e “Papá Deixa Lá”.
O Rock Rendez Vous testemunha o lançamento do primeiro single, “Sémen”, em Dezembro de 81.
As coisas começam a mexer e alcançam o primeiro lugar do top de música portuguesa da Rádio Renascença e o décimo lugar no programa de Luís Filipe Barros, “Rock em Stock”, da Rádio Comercial.
Em Março de 1982, é lançado o outro single, “Toca e Foge”, e entram em estúdio para a gravação do primeiro álbum.
Dele constam muitas canções de referência dos Xutos & Pontapés.

A sonoridade de “78/82” vai beber no rock e no punk, sendo possível constatar que a génese do som característico dos Xutos & Pontapés já aqui se encontra.
Sem ambições literárias, as letras correspondem ao esperado para uma típica banda de punk-rock.
Considerados uma das melhores bandas ao vivo, os Xutos recebem, no final de 1982, várias nomeações e prémios da imprensa escrita e de programas de rádio.
Apesar desta boa receptividade, acrescida de diversas idas à televisão e entrevistas a rádios e a jornais, “78/82” enfrentou alguns problemas promocionais, pois, “Mãe” e “Sémen” foram proibidas de passar na Rádio Renascença e, na própria Rádio Comercial, é pedido para que “Mãe” não seja emitida.
Mas, os problemas não se ficam por aqui.
Em Agosto, a editora ainda não pagara os direitos ao grupo, pelo que acabam por rescindir o contrato.
Mesmo sem o retorno financeiro esperado, o LP rende os seus frutos.
O fenómeno de banda de culto continuava a ganhar peso nos meios alternativos.
Os concertos continuavam a bom ritmo.
“78/82” é o cartão de visita que fez aumentar o número de fãs do grupo, rumo a um futuro que se adivinhava brilhante.

4.9.08

Reserva do rock (9)
Jafu-Mega – Estamos Aí

1980.
Estamos Aí.
Jafu-Mega.
Meses antes de “Ar de Rock”.
O primeiro álbum deste – excelente – grupo do Porto é editado pela Metro-Som.
Em inglês.
Um caso claro de insucesso comercial aquando da sua edição.
Praticamente desconhecido do grande público, “Estamos Aí”, antecede temas tão marcantes como “Ribeira” ou “Latin’America”, assim como, antecede o salto para a multinacional PolyGram.
Grupo constituído por seis elementos, de onde se destacavam os três – famosos – irmãos Barreiros, Eugénio, Pedro e Mário, e o vocalista Luís Portugal.
Os Jafumega são, reconhecidamente, a banda com maior qualidade instrumental no início dos anos 80.
A voz marcante de Luís Portugal torna-se inconfundível.
Com grandes conhecimentos de Jazz, os Jafumega apresentam-nos um primeiro álbum muito sólido e com dois temas fortes: “My Daddy’s Rock” e “There You Are”.

Em “Estamos Aí”, Eugénio Barreiros surge como vocalista principal em 3 dos 8 temas.
A produção esteve nas mãos de Branco de Oliveira, patrão da editora Metro-Som.
Pouco depois, a Polygram abriu os ouvidos e o formato dos Jáfumega subiu o degrau que os tornaria famosos.
“Estamos Aí”, ainda em inglês, mostra-nos a génese, a essência, a maravilha do estado embrionário que, muito raramente, temos oportunidade de conhecer.
Mostra, também, que os jovens músicos portugueses tinham iniciado uma cruzada de afirmação que os levaria, no ano seguinte, ao grande público e à sua consagração.
“Estamos Aí”, o LP, esse é seminal.

3.9.08

Reserva do rock (8)
Rui Veloso e a Banda Sonora – Ar de Rock

Se, nos anos 60, as bandas com uma bateria, baixo e uma ou duas guitarras eram uma constante, os anos 70 vivem tendo por base os “Super Grupos” como Genesis ou Pink Floyd.
Apenas em 1977, com a onda punk, regressa a certeza de se poder fazer música com parcos recursos.
Pouco depois, a new wave mostra que se podem ter temas melódicos, frescos e populares.
Do punk dos Six Pistols à new wave dos Police.
Mas isto era lá fora, no estrangeiro.
Portugal sempre foi um caso muito particular...
O final dos anos 70 é vivido no reflexo cultural do pós 25 de Abril.
Por um lado, a música de intervenção e, por outro, a música pop/ligeira.
José Afonso ou José Cid.
A juventude portuguesa raramente conseguia adquirir um disco condizente com a sua geração.
Os mais informados ouviam a BBC ou buscavam edições sempre esgotadas (!) dos novos discos de Bruce Springsteen.
A Musica & Som, a melhor revista de música que existiu algum dia em Portugal, trazia as novidades, contudo, encontrá-las era bem mais difícil...
No entanto, algo mexia por cá.
Depois de Tantra, Psico ou Go Grall Blues Band começam a aparecer outras edições.
Aqui D’El Rock e UHF gravam, em 1979, com letras em português.
Os Jafu-mega editam, no início de 1980, um álbum ainda todo cantado em inglês.
Especulava-se que o rock não podia ser cantado na nossa língua...
A resposta chega em Julho de 1980 editada pela Valentim de Carvalho.
Rui Veloso e a Banda Sonora rebentam com toda a indústria musical.
“Ar de Rock” – O nome do álbum.
“Chico Fininho” – O rastilho de tão tremendo terramoto.
A letra de “Chico Fininho” é uma ironia ao rock escrito em português.
Contudo, a maior das ironias, é que todo o LP “Ar de Rock” teve de ser reescrito para português, porque Rui Veloso tinha apresentado as maquetes em língua inglesa.

“Ar de Rock”, apesar do marco que representou, não é um disco rock.
A balada de sucesso “Sei de uma Camponesa” ou o tema que abre o disco, “Rapariguinha do Shopping”, não são mais que uma excelente amostra de swing bebendo inspiração nos blues.
Rui Veloso nunca foi um compositor ou cantor rock. Sempre assumiu publicamente as suas influências.
Introvertido, Rui torna-se o “Pai” e o responsável máximo por uma nova geração de músicos.
“Ar de Rock” chega a disco de prata.
Produzido por António Avelar de Pinho, apresentava Carlos Tê, o grande génio da escrita e cara-metade do projecto de Rui Veloso.
Os músicos de suporte, Zé Nabo e Ramon Galarza, formavam a célebre Banda Sonora.
Antes, trabalharam com José Cid e estiveram no mítico “10.000 anos depois entre Vénus e Marte”.
Os trabalhos seguintes provaram que Rui Veloso não é “Chico Fininho”.
Mas “Chico Fininho” foi tão seminal como “Rock Around The Clock” de Bill Halley.
A linguagem, essa, é directa.
Coisas tão banais como “cheio de speed”, “freak”, “shooto”, “curtindo uma trip”, “fareja a judite” ou “flipados” surgem em “Chico Fininho” de uma forma pioneira.
A conversa de rua chega aos discos.
A facilidade de comunicar também.
Nada voltou a ser como era.
“Ar de Rock” foi um estoiro.
“Ar de Rock” marcou o início, definitivo, do Rock Português.

2.9.08

Reserva do rock (7)
Delfins – Libertação

Cascais.
1981.
O ano do boom do rock português via surgir outro rebento.
Fernando Cunha, João Carlos e Silvestre.
Como em quase todos os casos, tudo começa numa garagem.
Miguel Ângelo entra em 1982.
Dois anos depois, Pedro Ayres Magalhães, dos Heróis do Mar, assiste a um ensaio.
Gosta e convida-os a gravar para a editora independente “Fundação Atlântica”.
Ainda em 1984, sai o primeiro disco dos Delfins.
O original “Letras” e a excelente versão “O Vento Mudou”. Pop-Rock do melhor.
Um começo apadrinhado por gente reconhecida e com sucesso.
O pior aconteceu no ano seguinte, 1985.
A ida ao Festival RTP da Canção deixa profundas marcas negativas, junto do público e do meio musical.
“A Casa da Praia” fica no último lugar.
A banda, nesta fase, sofre a valer.
É obrigada a crescer.
É obrigada a ultrapassar um estigma imenso.
Poucos teriam força para vencer.
Mas, os Delfins mantêm uma determinação de aço.
1986 foi o ano chave.
Entram para os Delfins, Rui Fadigas e Jorge Quadros.
Por lá permanecem Miguel Ângelo, Silvestre e Fernando Cunha.
Carlos Maria Trindade, também ele dos Heróis do Mar, mostra-se interessado em produzi-los.
Gravam uma pequena maquete com quatro temas, entre os quais, “A Baía de Cascais”, “Estrelas do Rock’n’Roll” e “O Caminho da Felicidade”.
O azar permanece.
As editoras demonstram desinteresse.
Os Delfins tomam, então, uma medida drástica.
Medida essa corajosa e dispendiosa para a época.
Em Outubro de 1986, assumem todos os riscos e vão para estúdio.
Pagam do próprio bolso todas as despesas.
A produção, mais uma vez, fica nas mãos de Carlos Maria Trindade.
Em 1987, já com o disco gravado, pensam numa edição de autor, mas a Emi-Valentim de Carvalho, mostra-se, finalmente, interessada.
A sorte começa a mudar.
Regressam a estúdio para registar mais um tema: “Canção do Engate”, um original de António Variações.
“Libertação” sai em Abril de 87.
E é um sucesso.
A sonoridade permanece no pop-rock e as músicas são assimiladas com facilidade.
“Estrelas do Rock’n’Roll” e “O Caminho da Felicidade” são dois casos.
Porém, temos mais...
“A Baía de Cascais”, tema dedicado à vila natal, torna-se num hino de grandes proporções.
“Canção do Engate” vai mais longe e conquista as pistas de dança desse Verão.

“Libertação” consegue quebrar o efeito Festival da Canção.
O valor dos Delfins começa a ser reconhecido.
As potencialidades estão, finalmente, comprovadas.
“Libertação” não é um êxito de vendas, mas consegue algo mais importante: ter canções populares e de qualidade.
O público e a crítica são conquistados.
Os Delfins ganham o direito a uma segunda oportunidade.
E a um “Lugar ao Sol”.

1.9.08

Blogue referenciado

"O outro lugar é um blogue assinado por Luís do Ó, onde se recolhe o vasto trabalho produzido pelo autor para a Antena Miróbriga (Santiago do Cacém), sobre música portuguesa. A não perder as prosas sobre os LPs À Flor da Pele e Estou de Passagem, reeditados em 2008 no formato duplo CD pela VC/Iplay."

29/08/2008, site dos UHF

Reserva do rock (6)
Quinta do Bill – Sem Rumo

1987 marca o início.
Carlos Moisés, Rui Dias e Paulo Bizarro arrancam com o projecto.
Em Tomar.
Os ensaios começam.
O refúgio é encontrado numa quinta.
Na quinta do Sr. Guilherme – daí o nome da banda: Quinta do Bill.
Em 1988, concorrem ao 5º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vouz.
Como resultado final trazem, com mérito, um promissor 5º lugar.
E, mais importante, trazem o direito de incluir o tema “Zézé”, na colectânea “Registos”, editada em 1989.
A sonoridade encontra-se, nesta altura, muito próxima dos Jáfumega e é, apenas, em 1990 que o grupo encontra o seu abrigo no folk-rock.
Participam, no Verão desse ano, no concurso da RTP “Aqui D’El Rock”, que decorre em pleno início de tarde, na Costa da Caparica sob um calor tórrido.
E ganham.
Como prémio têm a edição de um álbum.
Surge assim “Sem Rumo”, gravado nos estúdios Tcha-Tcha-Tcha, entre Março e Junho de 1991, mas apenas editado, pela Cinedisco/Dansa do Som, em 1992.
O líder Carlos Moisés assume o trabalho de composição e é também o produtor.
A responsabilidade das letras é dividida por João Portela, Artur Rockzane e Ana Vieira.
“Sem Rumo” é uma primeira experiência dos Quinta do Bill.
Um verdadeiro tubo de ensaio para o que viria a seguir.
Infelizmente, a exposição pública deste álbum é reduzida.
Temas como “Até Quando” e “Verdes Anos de Mentiras” mereciam mais.
Os instrumentais “Alcácer Quibir” e, sobretudo, “Aljubarrota” provam a qualidade da banda.

“Aljubarrota” é, reconhecidamente, um tema tão forte, que os Quinta do Bill o recuperam, numa versão ao vivo, para o álbum seguinte.
O crescimento do grupo foi acontecendo.
A maturidade foi-se acentuando.
Rui Dias saiu para gravar “Santa Loucura” com os UHF.
Nuno Flores entrou e torna-se peça importante.
Pouco depois, em 1993, assinam com a PolyGram e começam a preparar o disco que os coloca na linha da frente da nossa música.
“Sem Rumo” não teve o reconhecimento público que merecia, mas torna-se peça essencial para o futuro.
Um futuro pensado.
Com objectivos claros.
Com rumo.
Numa carreira a conquistar “Passo a Passo”.