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26.4.11

Zé Leonel - Borboleta

Fundador dos Xutos, esteve no embrião dos Peste&Sida e era o líder dos Ex Votos. Zé Leonel é uma lição de vida. Uma semana antes de Zé Leonel ter voado para mais além deu o seu último concerto. Este momento emocionante, tocante e único merece ser partilhado, divulgado, conhecido e aplaudido por todos. O cancro não venceu porque o Zé manteve-se sempre activo, lúcido e como o podem ver neste vídeo.

"Borboleta" é o videoclip oficial de homenagem a Zé Leonel e foi o último tema por ele escrito - aqui tocado pelos ExVotos e Amigos, no dia 13 de Abril de 2011 na Malaposta em Odivelas.

21.4.11

Zé Leonel - Rebelde com causas

Zé Leonel é uma figura lendária do rock português e um rebelde punk como existiram muito poucos neste País.

Para ele a vida não era um somatório de cifrões, nem de culto pela imagem, nem de aparecer nos media. A pose para ele não podia ser encenada porque o relevante era a atitude e a coerência permanente dessa atitude. Sem ceder a nada nem a ninguém. Sem querer saber de mais discos apenas para manter uma carreira, de melhores editoras para ter uma maior projeção ou de um maior conforto financeiro para comprar uma vida de luxo.

Zé Leonel fundou os Xutos & Pontapés em 1978 e saiu em 1981 em mais uma história, como tantas outras, em que não se consegue distinguir a ficção da realidade. Essa saída permanece envolta num estranho mistério, cujas diversas versões publicadas em livro não conseguem bater certo e até se contradizem entre si.

Antes de ir trabalhar para Angola, através de um anúncio num jornal, encontrou Luís Varatojo e, mais tarde, João San Payo. No fundo, contribuiu para o ADN dos Peste & Sida. Enquanto esteve por África tocou com músicos locais e numa dessas noites de música ao vivo nasceu-lhe a ideia daquilo que seriam mais tarde os Ex Votos.

Regressado a Portugal, os Ex Votos não tardam a arrancar apesar do primeiro álbum só ter surgido em 1994.

Zé Leonel preferia concertos ao vivo e não via nenhuma necessidade na gravação de discos. "Cantigas do Bloqueio" só existiu porque os outros elementos dos Ex Votos foram insistindo com ele. A El Tatu foi a editora escolhida e Tim produziu o disco do vocalista que o antecedeu nos Xutos.

Desse CD constava "Subtilezas Porno-Populares" que se transformou num sucesso estrondoso nos meios alternativos e nas discotecas de então. Este tema, mais conhecido por "Pimba!" levou a que o álbum se transformasse no maior sucesso comercial de uma editora independente portuguesa ligada à área do rock. Vendeu mais de dez mil exemplares o que lhe daria direito a um disco de prata - que não recebeu.

Mais três álbuns se seguiram, um deles na BMG de Tozé Brito que após assistir a um concerto em Barcelona ficou de tal modo impressionado que não descansou enquanto não os levou para o seu catálogo. "Canto aos peixes" era o hino desse disco.

Há uns meses Zé Leonel ficou a saber que tinha um cancro no fígado. Em vez de se enfiar em casa a ver telenovelas e a chorar com a sua triste sina, decidiu intensificar o trabalho e permanecer activo nas gravações de um novo disco e nos espectáculos ao vivo.

Curiosamente, uma vertente acústica tinha surgido quando dos preparativos do lançamento do seu recente livro, pelo que foi nesse formato que se apresentou no concerto de despedida na Malaposta no passado dia 13 de Abril.

Esse concerto foi um grande exemplo de vida. Estive com ele nas últimas semanas e estou convencido de que Zé Leonel arranjou forças para permanecer por cá mais uns dias para que lhe fosse possível estar na Malaposta. Aquela noite foi um exemplo de força, de luta constante enquanto pessoa, enquanto músico e enquanto retrato de uma atitude única perante a vida.

Zé Leonel, agradeço-te a forma como me recebeste e ofereceste uma entrevista que jamais irei esquecer. Espero que onde estás tenham a discografia completa de Neil Young e um gira-discos disponível. Deixaste uma obra notável e o teu trabalho e atitude são uma referência na música rock portuguesa. Infelizmente, Portugal, não esteve à altura do teu talento e nenhum media marcou presença no concerto da Malaposta em que tu reencontraste o Kalú, num momento de eterna felicidade.

Nunca mais irei esquecer a forma como cantaste "Mas eu não páro de lutar" enquanto nós respondíamos "nós não te deixamos parar".

Até sempre. Descansa em Paz.


Texto originalmente publicado no blogue Ié-Ié. Zé Leonel faleceu hoje, 21 de Abril de 2011, de madrugada, vítima de cancro no fígado.

31.1.09

30 anos ligados à tomada

Ainda o texto anterior estava a ser concluído e surge-me mais uma história que liga, de forma peculiar, os UHF e os Xutos & Pontapés.

Fui hoje surpreendido por um email que me dava conta de mais um caso que envolvia o Blitz e os UHF. Suspirei de alívio… nos últimos meses sempre que escuto a palavra “caso” imagino de imediato que mais alguma coisa estará para suceder ao meu Belenenses. Felizmente, desta vez, a situação era com uma instituição mais habituada a embrulhadas desta índole. Aliás, quando se fala de Blitz e se acrescenta a sigla UHF é porque a situação é polémica. Ou por ao longo de anos ter o então jornal primado por omissões de factos importantes que envolvessem um dos principais grupos portugueses ou por redigirem críticas negativas em relação a muitas das actividades da banda. Felizmente, vivemos em democracia e se hoje os UHF têm menos projecção do que em 1980, na verdade, a Blitz, apesar de ter mudado de sexo, não parece recuperar de uma lenta e contínua agonia.

Vem isto a propósito do título de um artigo de fundo. Mas já lá vamos com certa dose de paciência. Como todos sabemos existem dois grupos que marcaram o rock português de forma intensa. Os primeiros, os UHF, atingiram a fama muito cedo e em 1980 já eram campeões na estrada; os segundos, os Xutos & Pontapés, iniciaram a carreira pouco depois, mas somente conquistaram a glória em 1987. Os primeiros foram sempre um reflexo do seu obstinado líder; os segundos sempre foram um grupo onde todos ocuparam um espaço próprio. Os primeiros eram incómodos, agressivos e nunca conviveram bem com o poder instalado; os segundos foram de punks a comendadores. Os primeiros fizeram a digressão dos 30 anos em 2008, começaram na Aula Magna e finalizaram na Academia Almadense; os segundos fazem este ano a mesma idade e irão terminar a digressão no Estádio do Restelo.

Afinal, qual dos dois teve “30 anos ligado à corrente”? Os primeiros porque foi esse o nome da digressão do ano passado ou os segundos porque uma revista assim o escreve? E porque motivo o Blitz usa essa expressão para destacar os segundos e não esteve presente no dia 20 de Dezembro em Almada para contar como foi a celebração da digressão dos primeiros e que tinha essa exacta designação? O recurso a este título será uma rara coincidência, uma gritante falta de imaginação, um retomar de um amor antigo ou um mero fruto do subconsciente? Como se fosse algo que muito desejamos e que não conseguimos ou que não temos coragem de ter?

A dose de incomodidade entre os UHF e o Blitz remonta a tempos muito antigos. Quando o jornal nasceu eram os UHF a banda “instituição” do rock português. É aceitável que quem queira ser alternativo busque montras independentes e ataque o que é mais popular. Porém, nunca compreendi bem os motivos e jamais se perceberam as razões. Se quisermos ir fundo nas coisas é importante recordar que já em 27 de Novembro de 1984, Rui Monteiro escrevia no número 4 deste jornal, um artigo sobre os UHF e com o título “Sempre as mesmas músicas”. Curioso é que, em 1984, já tinham os UHF editado mais do triplo dos discos que vários grupos “famosos” apadrinhados pelo Blitz conseguiram gravar nas suas vastas e fugazes carreiras. Também engraçado é que o álbum de estúdio seguinte foi apenas o “Noites negras de azul”. Quanto a mais do mesmo, não é uma das vantagens dos predestinados o criarem uma sonoridade que os identifique? Não é assim com os Stones? Não é uma das vantagens dos Xutos dizermos que “esta nova música é mesmo à Xutos?”. Não foi um dos motivos de críticas a projectos como os Taxi, o ser afirmado que “eles mudavam muito de álbum para álbum”? Estaremos defronte da eterna situação de ser preso por ter cão e ser preso por não o ter?

Existem projectos ligados à corrente durante 30 anos e com público nos concertos. Infelizmente, existem outros projectos ligados à corrente só para que se mantenham num estado vegetativo. É a vida nesta nossa pequena indústria musical quando ninguém tem coragem para desligar a máquina.

30.1.09

Xutos contam novas estórias

Desde o velhinho com 88 anos até ao miúdo da escola primária toda a gente adora Xutos. A reacção é de tal forma unânime que cada vez que falamos de Xutos poderíamos falar da Selecção Nacional ou de Timor.
Os primeiros anos de vida da banda não foram nada fáceis. Ao contrário de fenómenos como Taxi, Rui Veloso, UHF ou Heróis do Mar, os Xutos demoraram 8 anos para conseguirem convencer uma multinacional da sua capacidade comercial.

Os Xutos são actualmente uma máquina fantasticamente oleada. Toda a estrutura que os envolve garante um funcionamento digno de uma empresa de grande dimensão. A popularidade é de tal ordem que existem presidentes de Câmara que acham que os seus concelhos só ficam no mapa depois do grupo lá tocar. Serão poucos – ou nenhuns – os concelhos que não estão no GPS dos Xutos.

Para este ano de festa, que vai culminar no Estádio do Restelo (onde espero estar presente), os Xutos prepararam muitas surpresas, incluindo um novo site mais profissional, mais bonito, mais atraente. E no meio deste passo em frente foi apresentada uma nova “biografia oficial”, muito melhor redigida e com um ênfase digno de um grande grupo. As referências a nomes míticos do rock português como UHF (de quem fizeram a primeira parte no Laranjeiro), Minas & Armadilhas ou Aqui d’el Rock desapareceram para dar lugar a um texto mais cativante e digno de estrelas do rock and roll. Naturalmente que se mantém o destaque dado à abertura feita para Wilko Johnson. Não será certamente por ser um nome estrangeiro, mas, por ser uma referência da música nesse ano de 80.

Durante quase 3 décadas foi considerado relevante aquela primeira parte no Laranjeiro. Agora, em 2009, admitir que houve um tempo em que os Xutos foram mais pequenos do que os UHF não faria sentido. Não me refiro à História, mas às estórias que fazem as lendas e os mitos da geração chiclete onde habitamos.

Neste universo de marketing não ligo muito aos penteados. O realmente importante é o conteúdo dos discos. Tudo o mais é uma dança que não me interessa.

13.1.09

30 anos de Xutos

Dia 13 de Janeiro de 1979. Há 30 anos os Xutos & Pontapés davam o seu primeiro concerto. 2009 é um grande ano para os Xutos e nós iremos acompanhar "a festa" sempre que nos for permitido.
Ao longo de todo este tempo foram imensos os clássicos do nosso rock que foram compostos pelos Xutos. Em jeito de playlist deixo aqui uma lista de 30 temas dos Xutos e que pertencem ao meu top de preferências. Parabéns ao Tim, Zé Pedro, Kalu, João Cabeleira e Gui.

Sémen
Mãe
Morte lenta
Papá deixa lá
Remar remar
Barcos gregos
Homem do leme
Contentores
Pensão
Não sou o único
N'américa
Circo de feras
À minha maneira
Para ti Maria
Andarilhos
Prisão em si
Sou bom
Minha casinha
Se me amas
Submissão
Gritos mudos
Sirenes
Dia de S. Receber
Chuva dissolvente
O que foi não volta a ser
Jogo do empurra
Outro país
Direito ao deserto
Manhã submersa
O mundo ao contrário