Se existem grupos que em Portugal podem ser classificados como míticos, os Fischer-Z estão no top 5. A lenda nasceu com êxitos estrondosos dentro de um conceito único e fortaleceu-se com o quase desaparecimento que se seguiu. Sempre houve um manto de mistério na personalidade de John Watts e só um carisma especial pode justificar que os Fischer-Z perdurem com recordações tão intensas para uma geração de portugueses.
Recuemos. No início dos anos 80 existiam no nosso País 3 grupos com uma popularidade acima de todos os outros: UHF, Taxi e os britânicos Fischer-Z. A popularidade deste grupo inglês era tão assinalável que, entre outros espectáculos e vindas a Portugal, chegaram a realizar, em 1980, uma tour nacional com passagem por Lisboa, Coimbra, Porto, Braga e Castelo Branco – foi a mais extensa digressão por terras nacionais de uma banda estrangeira e em grandes salas sempre esgotadas! O reconhecimento deste sucesso culminou no convite de Júlio Isidro para que os Fischer-Z encerrassem o espectáculo do programa de rádio Febre de Sábado de Manhã, realizado em 1981 no Estádio de Alvalade – foi este o primeiro “estádio da música eléctrica em Portugal”, totalmente esgotado, com direito a intenso destaque mediático nacional e com aproximadamente 45 mil pessoas presentes. Quem lá esteve nunca esqueceu esse dia.Apesar da extensa discografia produzida ao longo das últimas décadas, o principal destaque vai para os 3 álbuns que fizeram história em Portugal: Word Salad (1979), Going Deaf for a Living (1980) e Red Skies over Paradise (1981), e para êxitos como Pretty Paracetamol, The Worker, So Long ou Marliese. Após estes 3 discos John Watts iniciou uma carreira a solo e o registo seguinte dos Fischer-Z apenas surgiu em 1987 com Reveal. Esta pausa e o zigue-zague entre uma aposta a solo e os álbuns assinados em nome dos Fischer-Z foram negativos para uma carreira que em 1980 chegou a merecer uma aposta nos Estados Unidos.
A triologia de álbuns lançada entre 1979 e 1981 revelavam um John Watts imensamente criativo, com uma escrita mais do que inspirada e uma voz única. Todavia, existe uma enorme colecção de grandes canções que a esmagadora dos portugueses nunca chegou a conhecer – e que estão nos discos posteriores a 1981.
Uma das marcas de personalidade de John Watts tem sido não ceder um milímetro a tentações comerciais e faz apenas o que considera mais adequado tendo em vista o seu conceito artístico, tanto em disco como em espectáculo. Num momento em que quase todos os músicos pretendem atingir, tal terra prometida, o mainstream, Watts, que já viveu nos píncaros do sucesso com direito a tocar em festivais com mais de 100 mil pessoas e com mais de 2 milhões de álbuns vendidos, parece preferir o outro lado da cena musical onde os holofotes por vezes são mais pequenos, mas onde a noção de artista ganha outra dimensão.
Muitos anos depois do Estádio de Alvalade, os Fischer-Z regressaram a Portugal para um concerto ao vivo no Flower Power Festival, em Santo André. Dia 15 de Agosto houve uma oportunidade única para conhecer um dos grupos internacionais que maior sucesso teve em Portugal.
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