6.11.09
O Atlântico ganhou asas
UMA MADRUGADA NA PRAIA DESERTA
A rádio ainda é emoção, novidade e feita com gente dentro. O Atlântico do último sábado foi um momento único quer para aqueles que fazem da rádio a sua profissão como para quem vai fazendo rádio, unicamente, por paixão.
Existem programas assim. O sucesso de qualquer emissão depende de vários factores, porém, quando se juntam os ingredientes certos somente se pode aguardar pelos resultados obtidos. Um novo álbum de originais de José Cid, uma música da autoria de Ulisses (natural de Santiago do Cacém e líder dos k2o3), a transmissão em exclusivo nacional da primeira versão (demo) dessa canção, as entrevistas a Cid e a Ulisses e os espaços habituais da navegação. O somatório de tudo isto em apenas duas horas de programa veio a originar o que se sabe. Num destes dias, ao início da noite, tive oportunidade de me encontrar com o Bruno Pereira que me mostrou uma pequena amostra das dezenas de emails recebidos na conta do Atlântico. Senti uma boa sensação, sobretudo num período menos glorioso da radiodifusão. A verdadeira sabedoria numa estação de rádio da dimensão da Miróbriga não é tentar combater as rádios nacionais de igual para igual, mas, estando conscientes das diferenças, conseguir elevar aquilo em que podemos ser diferentes. O programa em causa foi um bom exemplo do que pode fazer uma rádio local quando se sabe aproveitar as oportunidades. Uma rádio sem rasgo, sem feedback dos ouvintes, sem participação nas grandes questões da sociedade civil e sem causas é um órgão de comunicação condenado à morte. É fácil um mergulho no adormecimento e na letargia que conduzem ao final dos projectos. O mais complexo é reinventar o que existe e todos os dias procurar surpreender o auditório. Este Atlântico foi tudo isto quando apostou na qualidade, no ritmo, nos conteúdos e no elemento mágico chamado enigma. Durante uma semana, a curiosidade foi aumentando com a população a especular sobre quem seria o músico de Santiago do Cacém. Porém, no decurso do programa e logo após ser revelado o nome do compositor, surgiu outra novidade. Iria ser transmitida, em absoluto exclusivo, a primeira versão que José Cid gravara do tema composto por Ulisses. Tanto na rádio como noutro sector profissional, só com capacidade de inovação, profissionalismo e dedicação se conseguem resultados.
Esquecendo a minha participação, gravada numa sexta-feira tardia onde o cansaço da semana deixou a sua marca, este foi um programa que roçou a perfeição. O seu autor, Bruno Gonçalves Pereira, deu-nos uma nova demonstração da sua elevadíssima categoria profissional, que o catapultou, há mais de uma década, para os grandes grupos de comunicação social nacionais.
O programa encontra-se disponível para audição e aconselho-o a qualquer pessoa que aprecie José Cid, Ulisses (k2o3), música portuguesa ou que sinta curiosidade em ouvir uma emissão de rádio intemporal.
Clicar para escutar a 1ª hora.
Clicar para escutar a 2ª hora.
Em alternativa pode fazer o download do programa para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.
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