14.5.07

Banco de Ensaio nº 25
John Mayall and the Bluesbreakers - In the Palace of the King

John Mayall and the Bluesbreakers - In the Palace of the King“Os escravos podem ser julgados, vendidos, alugados, avaliados, sentenciados como sendo bens móveis na mão dos seus senhores e donos, ou dos seus carrascos, administradores e procuradores, qualquer que seja a finalidade, construção ou propósito.”
Código Civil da Carolina do Sul, século XIX

“Para conhecer a essência do Rock’n’Roll, temos de partir desta realidade.
Vindos de África e transportados em condições inacreditáveis, chegaram, à América, mais de dois milhões de escravos, entre 1680 e 1786.
Estes escravos trouxeram consigo a música e a tradição dos seus antepassados e seria este o embrião para o surgimento da música afro-americana, que havia de transformar o mundo musical do século XX.
Os Blues nascem nas canções de trabalho dos escravos, não podendo ser uma música alegre e feliz.
São músicas tristes, melancólicas e sofredoras, mas, simultaneamente, imaginativas, tanto na forma como no conteúdo.
Após a abolição da escravatura, as canções de trabalho perdem significado e os Blues destacam-se.
Retratam episódios concretos da existência humana: a vida, a morte, o ódio, o amor, o medo, a solidão, a angústia, o ciúme... percorrem sons pungentes, soltam gritos da alma, que ecoam e sublinham quotidianos e emoções, que lhes dão força e que lhes dão voz...
Música negra na sua origem, os Blues não são exclusivo de uma raça, sendo comungada por muitos brancos que lutaram e morreram ao lado dos negros, em prol de ideais comuns de liberdade.
Quem não entender os Blues, nunca poderá entender o Jazz nem o Rock!”
In “O rock nasceu do sangue

Quando, em Setembro de 2003, escrevi este texto no blogue Canal Maldito, fi-lo inspirado nos pioneiros dos blues, incluindo o pai dos blues britânicos. Ao escutarmos os excelentes discos que John Mayall continua a gravar, somos envolvidos pelos blues puros e, se fecharmos os olhos, poderemos viver histórias actuais e outras que retratam sofrimento e trabalhos forçados em campos de algodão. O seu novo e excelente álbum, “In The Palace Of The King” é dedicado a Freddie King, um bluesmen que é uma referência para John Mayall. Sim, porque mesmo as lendas têm admiração por outros mitos musicais. O novo trabalho é altamente recomendável e não se nota o peso da idade em John Mayall. Apesar de contar com mais de 70 anos, as digressões anuais permanecem (como nos bons velhos tempos, em digressão, a sua casa é um autocarro bem equipado) e, da última vez que passou por Portugal, tive a felicidade de estar presente.

“Profissional e com grande humildade (pediu luz para ver o público, dialogou, sorriu imenso e cedeu, mesmo, autógrafos no decurso do encore!), John Mayall arrasou, esquecendo e fazendo esquecer a sua idade.
Foi um monstro do principio ao fim; uma lenda viva.
Saí arrepiado da Aula Magna.”
In “Sem carga de trabalho


Banco de ensaio nº 25 transmitido no programa Atlântico da Antena Miróbriga em 12/05/2007

Site: www.johnmayall.com



Vídeos de Freddie King
Have You Ever Loved A Woman, Suécia, 1973


Goin' Down

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