Sou
a fleuma cintilante em voos de poesia, mergulhada
no lusco-fusco da vida e da noite carente
em que troca o sentido duma lágrima molhada
caída algures num jogo salgado e quente...
Sinto
a sincera oportunidade de saltar de novo
na ânsia de encontrar a mente solta
de fora de mim e que mexe por dentro.
Renova sons de mar em praia revolta.
Sonho
com carícias sentidas, trocadas em chamas
trovas de um tempo intenso de memórias
em que, num fogo, aqueces e acalmas
transportando infinitas e estranhas histórias.
Saio
aqui de mim e aqui permaneço
troço de um quadro curvo, sem nexo
vitrina, percurso indolor, sem preço
extravagante, rico, convexo.
Grito
numa noite clara e num choro corrido
neblina terrena, cor celeste, no laço cortado
sensação de leveza, de dever cumprido
no encanto de um momento idealizado.
Estou
no ciclo constante de repetitivo olhar
reviro objectos esquecidos e fechados
projectos atordoados, abandonados sem hesitar
percursos definidos e marcados.
Chego
e entro numa divisória apertada
em que ouso beber de um copo azul e rever-me…
uma hora, mais outra hora, deslizo pela escada
transpiro emoções,
refugiado, anestesiado, transfigurado e fragmentado
ouvindo-me…
Anos de vida – sumiram – em velocidade incontida
Recordo-me da longa novela sentida
em prazeres – presentes – que sinto
naquele mundo ausente
longínquo e extinto
de sempre, com gente, para sempre.
Serei o retrato que penso que sou?
Serei o rosto que o espelho apanhou?
Serei?
11/04/2003 (revisto, amputado e ampliado em 30/05/2007)
31.5.07
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