6.12.07

Belém em pé de guerra!

O meu clube atravessa um momento de crise. Pelas descrições dos presentes, a recente Assembleia Geral não poderia ter corrido de forma mais caótica e mais esclarecedora de que alguma coisa tem de mudar. O meu amigo Luís Lacerda decidiu publicar um texto no seu blogue e, tendo em atenção os comentários realizados, eu não resisti a dizer de minha justiça...

Não fui à AG. Não por não querer mas porque a vida pessoal e profissional não o permitiram. Não fui mas sei bem o que perdi. Perdi mais uma noite triste do clube.

Será que o mundo se divide naqueles que são profetas do "eu vi a luz" e naqueles que são sempre defensores do poder instalado? Claro que não!

A atitude de Luís Lacerda é digna de respeito e de consideração porque é a opinião de uma pessoa que pensa sem preconceitos e pela sua cabeça. Mesmo que não concordasse com ele a partir de hoje ele teria todo o meu respeito.

Não conheço nem dados, nem detalhes, nem estive à conversa com ninguém que tenha estado presente na dita. Desconheço o que se comenta no Restelo e nada sei das conversas daqueles que mais por dentro se encontram da vida do clube. Desde Maio de 2007 que não sei o que é ter tempo. Estou a tomar contacto com muita coisa neste momento. Pertenço ao lote dos azuis apelidados de 5ª categoria. Aqueles que ainda vão ao Restelo mas que não podem dar mais ao clube. Mas isso não me proibe de ser adepto e de ser azul. E de ter cabeça.

Porém, na verdade, a esta distância da realidade ninguém vos entende. O comum dos adeptos - grupo ao qual eu pertencia até ter entrado para sócio- não compreende. Não percebe os apoiantes de mitos e de lendas que renascem em dinastias republicanas, nem aos conservadores que afundam como o Titanic. Parecemos todos peões de um tabuleiro limitado e inútil. São 50 anos de histórias de fracassos e de mutilações. O Restelo, o fim das Salésias, foi a nossa morte. Estamos mortos mas a certidão de óbito foi perdida algures no meio de um estádio deserto e ultrapassado. Alguém acha que ir a uma Final da Taça por geração é estar vivo? Para um clube de dimensão local seria estar vivo mas para nós é apenas um grito moribundo e desesperado. "Socorro, estamos aqui, ainda estamos aqui..."

O retrato dos adeptos faz lembrar duelos ao sol em que de 2 só sobrevive 1. Em ciclos de matança que conduz a um conjunto de sócios que cabem num mini ou num taxi.

Larguem o preconceito e deixem o "eu tinha razão" unicamente para a vossa mente do passado. Libertem o "eu confio cegamente nos que lá estão" e vejam o estado das coisas.

50 anos de ambições e de divisões deu nisto que somos hoje.

A solução do Belém não está em nenhum dos dois lados. A solução do Belém está em todos nós, em todos os lados. Está num projecto agregador. Num projecto que não seja nem de ruptura nem de continuidade. Precisamos de um projecto de crescimento, de evolução. Se o quisermos podemos ser grandes. Temos cada vez menos tempo mas ainda é possível.

PS: Não pretendi ofender ninguém e tenho o máximo respeito por todas as visões. Mas não acham que já chega de tanta divisão? Para mim o sucesso faz-se da diversidade democrática. Isto não é um partido político, mas um clube em que todos sofrem com as derrotas. Como escrevi num texto muito criticado o projecto mais ambicioso era assinado pela lista de Gouveia da Veiga. Mas a minha previsão de vitória de Cabral Ferreira acertou em cheio. É a vida. Precisamos de uma "nova vida".

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