23.8.08

Reserva do rock (1)
GNR – Independança

No início dos anos 80, assistiu-se ao famoso boom do rock português.
Eram centenas de bandas por todo o país e dezenas a editar.
Uma delas reuniu especial atenção pela sua vertente sonora.
Fundados por Vítor Rua, os G.N.R. – Grupo Novo Rock, são detentores de uma pop alternativa, substancialmente diferente de tudo o resto.
Para além de Vítor Rua, o grupo é constituído por Alexandre Soares e Tóli César Machado.
Gravam em 1981 dois singles de sucesso: “Portugal na CEE” e “Sê Um GNR”.
Editados pela Valentim de Carvalho e produzidos por Ricardo Camacho vendem muito bem, mas a atenção da crítica recaí essencialmente nos lado B.
“Espelho Meu” e “Instrumental nº 1” sublinham uma veia alternativa mais evidente.
Indiciam o futuro que está para vir.
“Independança”, 1982.
Chegam ao Grupo Novo Rock duas novas aquisições: Miguel Megre e Rui Reininho.
Alexandre Soares liberta-se das vocalizações e os GNR encontram o seu futuro líder, Reininho.
“Independança” não é um álbum qualquer, é apenas o disco mais marcante de uma nova geração de músicos.
É também consagrado como o melhor álbum português da década de 80.
Produzido pelos G.N.R. e por Ricardo Camacho, “Independança” conta com 7 temas.
6 do lado A e “Avarias” na totalidade no lado B, uma faixa que ilustra o espírito alternativo e experimental do trabalho.
A participação de todos os elementos do grupo, na composição dos temas, potencia a elevada diversidade que se encontra em “Independança”.
O single “Hardcore (1º Escalão)”, com letra de Rui Reininho e música de Miguel Megre e Vítor Rua, torna-se a peça mais conhecida do trabalho.

“Independança” é um marco no rock português.
Um marco por aquilo que representa.
Um marco pelas portas que deixa em aberto.
“Independança” podia ter sido o embrião de uma carreira ainda maior.
Mas as fortes personalidades artísticas dos diversos músicos quase levam à morte dos G.N.R.
Oficialmente, chegam mesmo a terminar.
Primeiro, Alexandre Soares abandona o grupo.
Miguel Megre também.
Logo depois, Vítor Rua declara a extinção da banda e parte para os Estados Unidos.
Contudo, o fundador não tem o poder de terminar as actividades musicais do grupo.
Tóli César Machado, Rui Reininho e o regressado Alexandre Soares partem para a segunda fase da carreira do grupo. Seria esta a mais estável formação dos G.N.R.
Mas isto já são histórias posteriores a “Independança”, o mais aclamado disco da nova música portuguesa da década de oitenta.

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