28.8.08

Reserva do rock (5)
Xutos & Pontapés – Circo de Feras

“Circo de Feras”, de 1987, não é só o disco que deu a conhecer os Xutos & Pontapés ao grande público.
É também o álbum que proporciona uma nova vida ao rock português.
Renascendo das cinzas, depois de 4 anos de sofrimento, a nova música portuguesa demonstra que, apesar de todo o “crash” de meados de 1982, as “coisas” ainda mexem.
A loucura já não é a mesma de 1980, mas, finalmente, existem condições para que os grupos existam...
Ora, os Xutos, que surgiram em pleno “boom” do rock português, fizeram um percurso consistente, alternativo e em contínuo crescendo na sombra do mítico Rock Rendez Vouz.
Depois dos singles “Sémen” e “Toca e Foge” e dos álbuns “1978-82” e, sobretudo, do fantástico embrião de sucessos chamado “Cerco”, chegou a hora da multinacional PolyGram abrir os ouvidos e contratar os Xutos & Pontapés.
Tim, Zé Pedro, João Cabeleira, Kalú e Gui entram a 13 de Outubro de 1986, no Angel Studio, na companhia dos técnicos José Manuel Fortes e Rui Novais. A produção esteve nas mãos de Carlos Maria Trindade, pertencente, na época, aos Heróis do Mar.
O conjunto de sucessos é de tal forma evidente que o single escolhido, “Sai Prá Rua”, acaba por ficar completamente submerso...
Canções como “Contentores”, “Não Sou o Único”, “N’America” e “Circo de Feras” ajudam a compreender as razões do êxito...
Outro factor importante nesta época, o fenómeno das rádios livres ou piratas, ajudou bastante, pois a divulgação das músicas não se baseava em playlists, mas sim nas preferências auditivas dos vários animadores... e isso também acabava por acontecer nas rádios nacionais...
“Não Sou o Único”, com música dos Xutos e letra de Zé Pedro, é um dos hinos deste trabalho.

Com tantos sucessos populares, os Xutos & Pontapés lançam-se imediatamente para a estrada, numa estrondosa digressão, acompanhada espectáculo a espectáculo, por um recém-nascido jornal Blitz...
Em 1987 e 1988, os Xutos fazem história na estrada, gravam mais um álbum de originais e lançam-se para um triplo disco ao vivo gravado em 3 noites cheias no Pavilhão dos Belenenses.
“Circo de Feras” é o grito revoltado de um grupo que se fez com suor.
Que cresceu na garagem e nos palcos deste Pais.
Que comeu o pó da estrada e que soube melhorar sempre.
Que melhor resultado que este?

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