Desde há muitos anos que se fala dos inéditos e das canções “esquecidas” no fundo do baú dos pioneiros rock lusitanos UHF. A isto acresce a ausência em formato CD da maioria dos álbuns editados por este grupo e algum ostracismo a que o seu importante trabalho foi remetido. Mesmo aqueles que nunca simpatizaram com a música personalizada dos UHF reconhecem o mérito pioneiro de 1980, a atitude rock de António Manuel Ribeiro no então incipiente panorama musical português e a perseverança com que este homem ultrapassou problemas gravíssimos sem que colocasse publicamente em causa a continuidade do projecto. Foram várias as cisões internas, os problemas com diversos tipos de dependências (álcool e drogas) e, durante a década de 80, António Manuel Ribeiro coleccionou cicatrizes e graves acidentes de automóvel que o chegaram a deixar às portas da morte.Tivesse ele morrido num desses momentos e seria, hoje, o mito maior do rock português… Felizmente, permanece vivo mesmo que a chama dos UHF tenha vindo a ser consumida por responsabilidade própria ou alheia. Os inimigos coleccionados em anos de frontalidade desregrada, num meio tão pequeno como o nosso, têm sempre inevitáveis consequências mediáticas.
O álbum “Canções prometidas” mostra-nos parte do espólio de raridades que António Manuel Ribeiro tem mantido secreto. Apesar de conhecer algumas destas pérolas inéditas (ser amigo de longa data do António tem destas vantagens), desconhecia a maioria dos temas deste CD. Mesmo tendo consciência de que esta seria sempre uma edição histórica – porquanto única no nosso panorama –, acabei por ficar desarmado à medida que fui escutando o trabalho. Além de um disco histórico, estamos na presença de um dos melhores e mais bem conseguidos álbuns da carreira dos UHF. Temos canções inéditas de 1979 que podiam ter integrado o “À Flor da Pele”, mas temos também potenciais sucessos gravados em 2005 e não incluídos no “Há Rock no Caís”. A canção que mostro no Banco, de 2001, é um bom exemplo da agradável surpresa de “Canções prometidas”.
E este é somente o primeiro volume de um conjunto de três…
Banco de ensaio nº 17 transmitido no programa Atlântico da Antena Miróbriga em 10/03/2007
Site: www.uhfrock.com
Para adquirir “Canções Prometidas”:
Os pedidos de envio da 1ª edição que inclui uma faixa escondida poderão ser realizados através do endereço aiemera-lda@sapo.pt, mantendo-se o preço do lançamento de 11 Euros acrescido de 2,30 Euros para despesas de envio por correio registado. A edição regular será colocada à venda nas lojas dentro de 3 semanas.
Quando um líder de um grupo projecta um disco a solo existe sempre o risco de não conseguir descolar da sonoridade a que nos habituou ou de simplesmente desiludir.
O “Banco de ensaio” tem, desde o seu início, procurado mostrar novos álbuns que me pareçam interessantes e dignos de registo.

Desde o lançamento do primeiro álbum, “In The Spirit”, em 1990, que os The Holmes Brothers são uma referência na música gospel e blues, marcando presença em festivais de música por esse mundo fora, incluindo actuações em Portugal.
Julie Doiron tem mantido uma carreira constante desde os tempos dos Eric’s Trip. Bem conhecida em Portugal, esta compositora e cantora canadiana tem um novo trabalho chamado “Woke Myself Up”.
Oriundos do Texas, os ...And You Will Know Us By The Trail Of Dead desenvolvem rock alternativo e independente, tendo construído uma carreira credível, tanto em estúdio como ao vivo.
Da suspensão de actividades dos Blink 182, surgem os projectos Angels and Airwaves de Tom DeLonge e +44 de Mark Hoppus e Travis Barker. Estes últimos lançaram, em Novembro de 2006, o trabalho “When Your Heart Stops Beating”, numa linha musical que segue o percurso lógico do projecto anterior com pop-punk, rock alternativo e uma pitada de electrónica. As canções têm letras de um teor mais pessoal e as músicas possuem uma forte componente melódica.
Formados no ano 2000, os Pilate lançaram dois trabalhos de sucesso no Canadá, Japão e Austrália. Fruto desse êxito decidem apostar no mercado americano e mudam o nome do projecto para Pilot Speed, lançando em Setembro de 2006 o seu álbum de estreia “Into the West”.
Editado no dia das bruxas deste ano, o segundo trabalho de Nellie McKay é muito mais do que “o novo disco de uma jovem promessa”. Depois de uma promissora estreia pelas mãos da poderosa Columbia, Nellie cedo entrou em divergências com a editora. A preparação desta nova edição tornou-se um pesadelo que se arrastou durante meses e meses. O público ia sendo informado dos constantes adiamentos e até existe uma versão da capa do CD que não chegou a ser comercializado. A principal divergência entre Nellie McKay e a Columbia centrava-se no formato a editar. Enquanto Nellie queria lançar um novo disco duplo, a editora pretendia “compactar” para um simples CD, prescindindo de alguns dos temas que surgem agora em “Pretty Little Head”. A opção de Nellie McKay, apesar de arriscada, compreende-se após escutar a totalidade das canções que constituem o álbum. Navegando entre o jazz e um pop-rock alternativo, Nellie McKay revelou-se uma escritora de canções provocante e polivalente, sendo apontada nos States como uma estrela em ascensão. O sentido comercial ganha contornos aguçados em “Real Life”, mas a nossa escolha vai para uma canção que ilustra melhor o trabalho duplo. “Columbia Is Bleeding” podia ser dedicado à sua antiga editora, mas não o é. É antes um tema que trata de alegados maus tratos a animais na Universidade de Columbia, constituindo outro exemplo de como as causas podem continuar a ser vestidas num formato musical pop. 