18.1.09

5.ª Edição do Festival "Terras Sem Sombra"

No próximo dia 24 de Janeiro, pelas 21 H 30, na Basílica Real de Castro Verde, em pleno coração do Alentejo, inicia-se a 5.ª edição do Festival Terras sem Sombra de Música Sacra, um projecto do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e da Arte das Musas.

Ao atingir a “maioridade”, esta iniciativa constitui uma referência no panorama cultural do país e marca a temporada musical em terras do Sul. É de salientar, à semelhança dos anos precedentes, a ligação entre um repertório criteriosamente escolhido (de forma a constituir uma pequena “história da Música”, desta vez no âmbito do Barroco Português), uma aposta em jovens intérpretes nacionais de excelência, com carreiras internacionais já bem fundamentadas, e a fruição de espaços arquitectónicos notáveis, que brilham não só pela qualidade acústica mas também pela atmosfera ímpar.

Para mais informações sobre o Festival, por favor consultar o site www.terrassemsombra.com.

É possível aceder a registos musicais do Festival em formato mp3 no endereço http://terrassemsombra.com/materiais2009.

O grupo Sete Lágrimas, dirigido por Filipe Faria e Sérgio Peixoto, abre o Festival com o concerto “Pedra Irregular – O Nascimento do Barroco em Portugal”, reunindo alguns dos melhores especialistas europeus em instrumentos de sopro e cordas: Diana Vinagre (violoncelo barroco), Andreia Carvalho (oboé barroco), Denys Stetsenko (violino barroco), Hugo Sanches e Tiago Matias (tiorbas e guitarra barroca) e Sérgio Silva (cravo).

No Barroco fazem-se sentir coordenadas muito interessantes: o pensamento tridentino, o classicismo, a restauração da independência (1640) e a riqueza trazida pelo ouro e diamantes brasileiros. Sob a influência destas tendências, a cultura da época legou-nos um espólio multifacetado, de que fazem parte, não só o gosto pelo lúdico e pela espiritualidade, como na pintura de Josefa de Óbidos ou na prosa de Fr. António da Chagas, mas também o peso da retórica na literatura e na arte, o que aproxima os sermões do P.e António Vieira do convento de Mafra. Aspecto destacado foi ainda a polifonia das várias artes, tendo como exemplos maiores as igrejas forradas a talha e azulejo, enquadrando a música e a pregação.

Castro Verde vai receber um programa pensado para revelar, com toda a beleza, o panorama da vida musical portuguesa neste período, com dois momentos bem diferentes: um primeiro Barroco, autóctone, na segunda metade do século XVII; e um segundo barroco, joanino, marcado pela influência italiana, no século XVIII. O programa escolhido integra obras Diogo Dias Melgaz – mestre supremo da nossa polifonia, nascido em Cuba, em 1638 –, Henrique Carlos Correia, Domenico Scarlatti, de Seixas, António Teixeira e Francisco António de Almeida.

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