Escrever sobre editoras, músicos e rádios é uma tentação cada vez maior, cada vez menos original e termina, normalmente, em violenta tourada.
Tudo, porque o tema conduz a quentes e apaixonadas discussões, em que a razão dá lugar à “latina” emoção, motivando acalorados debates – muitos deles vazios de sentido – culminando com ofensas e amuos de diversa ordem.
Extremar posições não levará a lado nenhum, nem contribuirá para uma serena e lúcida solução dos problemas; é como colocar Bush Jr. a moderar uma cimeira de paz…
A força da música portuguesa encontra-se no sucesso popular, gerado por uma boa canção, munida de um grande refrão – elemento primordial para o êxito.
Este é o início de tudo; o verbo, neste caso, é o refrão! Sempre foi assim, o segredo está bem divulgado e é do conhecimento de toda a gente.
Apesar de outras décadas com boas castas, a receita daquilo que o povo gosta tem a sua melhor colheita nos anos 80, como os estudos de mercado bem atestam. Foram os tempos do “boom” do rock português e de grandes sucessos internacionais, com temas fortes e refrões orelhudos.
Talvez o que falte neste momento seja uma clara aposta na canção, pensada e elaborada numa perspectiva de consumo radiofónico e televisivo – não defendo uma “canção comercial”, stricto sensu, mas, sim, uma canção forte e em que essa força seja sinónimo de que o público gosta; e se o povo gostar é porque é comercial!
É estranho constatar que, dos novos projectos, poucos chegam ao grande público, ao invés dos nomes consagrados, sábios na elaboração do sucesso, mas, cada vez menos aptos a surpreender ou a ousarem na criatividade, contribuindo, assim, para o pântano actual.
Porém, existindo novos projectos, com potencial, porque motivo poucos são editados?
Ou, porque razão, aqueles que são editados não alcançam uma projecção adequada?
As nossas editoras deviam adaptar-se aos tempos modernos, seleccionando projectos na óptica do consumidor. Para tal, umas sessões – semelhantes àquelas que as rádios fazem nos seus estudos – em que os temas (de novos grupos e, porque não, de pré-produções de novos trabalhos de consagrados?) fossem apresentados e votados, por uma plateia representativa, mostrariam o “eco do povo”.
Bastavam estudos, como, sabiamente, o músico Ulisses defendeu na crónica “Os EUgénios da música portuguesa”.
Tendo por base esse e outros dados comerciais, estou certo de que o trabalho das editoras seria mais profícuo e que a divulgação nas rádios seria mais efectiva, porque todos estariam a falar no mesmo idioma. Por exemplo, as editoras deviam usar temas promocionais adequados ao target de cada estação (um pop-rock numa rádio adulta, um rock mais a abrir numa rádio jovem). Se os públicos de cada segmento de rádios é diferente, porque motivo um mesmo trabalho só pode ter um tema promocional de cada vez?
E, nisto, tenho de ser directo: as rádios vivem em pleno século XXI, as editoras permanecem num trabalho à século XX português.
Nesta história, os músicos são os menos culpados, mas, sendo as principais vítimas, devem reflectir.
Os novos nomes devem saber ponderar a sua posição e os compromissos que possam vir a assumir, com ou sem concessões, dependendo da sua própria opção artística e conscientes das implicações da opção tomada.
Todavia, apesar das rádios estarem mais evoluídas do que as editoras, não terão, também, a sua quota parte de responsabilidade no marasmo em que se transformou a nossa indústria musical?
Claro que têm e por motivos bem diversos... Primeiro, porque parecem ter abandonado a vertente formativa do auditório, em segundo, porque os animadores cada vez se preocupam menos em perceber de música e, por último, porque não se compreendem algumas omissões nas apostas musicais.
No final destas linhas constato o evidente: o objectivo geral é comum aos diversos intervenientes do meio musical.
As editoras procuram promover e vender as suas edições discográficas.
Os músicos ambicionam gravar, mostrar o seu trabalho, ao vivo e em estúdio.
Como as principais rádios não se querem transformar em “rádios nostalgia” precisam de novas canções e de novos sucessos.
Em nome da evolução da música e das próprias rádios, é necessária uma aposta conjunta.
Um trabalho conjugado e honesto seria vantajoso para todos.
Um trabalho forte como um bom refrão.
Porque a força de um refrão é a força de uma canção; e isso reflecte-se em qualquer votação.
Ora, meus amigos, não será a música a causa de tudo isto?
Que tal esquecer guerras antigas e beber o champagne do futuro?
Em época de paz, aguardo boas colheitas no próximo ano.
A todos, Feliz Natal, Próspero Ano Novo.
Lisboa, 23 de Dezembro de 2003
31 de Dezembro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
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26.2.11
24.2.11
Sem carga de trabalho
Adormeci, extenuado, depois de mais um dia de trabalho.
“John Mayall tem concertos agendados para Portugal!”, diz-me Sara, acercando-se de mim e mostrando-me uma pequena publicidade inserida na revista Visão.
Com os olhos brilhantes de satisfação, esbocei um convincente “Óptimo!”.
Afinal, realizara, para o programa Atlântico, de Bruno Pereira, uma crónica e uma crítica sobre o excelente CD “Stories” – último álbum de estúdio do pai dos blues britânicos, editado no ano passado.
“Vou agendar uma entrevista” – pensei.
40 anos de Bluesbreakers e 70 anos de idade (neste mês de Novembro) comemorados num grande concerto de reunião com Mick Taylor, Chris Barber e Eric Clapton (DVD a sair brevemente), eram motivos acrescidos para essa entrevista.
No dia seguinte, salvaguardei um bom lugar e comprei bilhetes para o concerto na Aula Magna em Lisboa. Estaria presente, com ou sem trabalho, pelo que, não procurei acreditações gratuitas…
Nesse mesmo dia, contactei a empresa promotora do evento que me direccionou para a editora portuguesa responsável pela distribuição e promoção das edições da EAGLE.
Numa primeira conversa, fiquei a saber ser o único (!) interessado numa entrevista…
“Tudo bem”, disseram-me, “é o primeiro jornalista a pedir-nos uma entrevista, vamos contactar o John Mayall e depois telefonamos”.
Dias passaram e, à boa maneira lusitana, o prometido contacto não dobrava o Cabo das Tormentas.
Nas 48 horas anteriores ao concerto, foram diversos os contactos que tive de estabelecer.
Na véspera, ficara a saber que, segundo a EAGLE, “John Mayall é uma pessoa muito acessível e que, certamente, não se importaria de dar a entrevista. Na noite do concerto talvez não, mas no dia seguinte, sem qualquer problema.”
Agendar a dita é que não, pois, decorridos estes dias, ainda não tinham conseguido conversar com o músico.
Uma hora antes do espectáculo começar e após insistentes telefonemas, escutei um “duvidoso”, mas definitivo, “nada feito”.
Pouco depois, assisti a um estrondoso e monumental concerto de blues.
Profissional e com grande humildade (pediu luz para ver o público, dialogou, sorriu imenso e cedeu, mesmo, autógrafos no decurso do encore!), John Mayall arrasou, esquecendo e fazendo esquecer a sua idade.
Foi um monstro do principio ao fim; uma lenda viva.
Saí arrepiado da Aula Magna.
E, arrepiado, acordei do sonho com que iniciara esta crónica.
Muitas das editoras portuguesas continuam iguais a si próprias: não promovem e não deixam promover!
Por algum motivo, “Stories” subiu ao primeiro lugar do top de blues da Billboard, mas, por cá, ninguém conhece o disco.
Uns geram milhões, outros preferem tostões.
Vou adormecer, desolado, sem ter feito a entrevista programada.
E não a fiz, porque alguém não soube (ou não quis), fazer aquilo que é “só” o seu trabalho.
[Aqueles que são maus intervenientes na nossa indústria musical não podem continuar a encarar a sua profissão como um mero emprego. Trabalhar em música exige alguns predicados… para começar, é essencial “perceber da poda”, que é como quem diz, perceber de música.
Depois, é necessário ter consciência que a música é uma arte, uma emoção, uma criação.
Os músicos são artistas e quem trabalha neste meio tem de saber o seu real significado e o seu efectivo lugar. O “famoso” é o músico e não o próprio profissional que trabalha na editora.
A “vedeta”, aqui, não é o promotor discográfico; mas, por vezes, este é uma “vedeta” inebriada por “neons” alheios e, pior – muito pior – que o verdadeiro artista!
John Mayall não necessita deste Portugal dos pequeninos para cimentar a sua carreira, ao invés, os nossos músicos sem as editoras estariam numa carga de trabalhos…
Ou pelo contrário, vão aumentar, exponencialmente, os discos em edições de autor, aproveitando as potencialidades da internet e com promoções lideradas e controladas pelos próprios autores?]
19 de Novembro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
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“John Mayall tem concertos agendados para Portugal!”, diz-me Sara, acercando-se de mim e mostrando-me uma pequena publicidade inserida na revista Visão.
Com os olhos brilhantes de satisfação, esbocei um convincente “Óptimo!”.
Afinal, realizara, para o programa Atlântico, de Bruno Pereira, uma crónica e uma crítica sobre o excelente CD “Stories” – último álbum de estúdio do pai dos blues britânicos, editado no ano passado.
“Vou agendar uma entrevista” – pensei.
40 anos de Bluesbreakers e 70 anos de idade (neste mês de Novembro) comemorados num grande concerto de reunião com Mick Taylor, Chris Barber e Eric Clapton (DVD a sair brevemente), eram motivos acrescidos para essa entrevista.
No dia seguinte, salvaguardei um bom lugar e comprei bilhetes para o concerto na Aula Magna em Lisboa. Estaria presente, com ou sem trabalho, pelo que, não procurei acreditações gratuitas…
Nesse mesmo dia, contactei a empresa promotora do evento que me direccionou para a editora portuguesa responsável pela distribuição e promoção das edições da EAGLE.
Numa primeira conversa, fiquei a saber ser o único (!) interessado numa entrevista…
“Tudo bem”, disseram-me, “é o primeiro jornalista a pedir-nos uma entrevista, vamos contactar o John Mayall e depois telefonamos”.
Dias passaram e, à boa maneira lusitana, o prometido contacto não dobrava o Cabo das Tormentas.
Nas 48 horas anteriores ao concerto, foram diversos os contactos que tive de estabelecer.
Na véspera, ficara a saber que, segundo a EAGLE, “John Mayall é uma pessoa muito acessível e que, certamente, não se importaria de dar a entrevista. Na noite do concerto talvez não, mas no dia seguinte, sem qualquer problema.”
Agendar a dita é que não, pois, decorridos estes dias, ainda não tinham conseguido conversar com o músico.
Uma hora antes do espectáculo começar e após insistentes telefonemas, escutei um “duvidoso”, mas definitivo, “nada feito”.
Pouco depois, assisti a um estrondoso e monumental concerto de blues.
Profissional e com grande humildade (pediu luz para ver o público, dialogou, sorriu imenso e cedeu, mesmo, autógrafos no decurso do encore!), John Mayall arrasou, esquecendo e fazendo esquecer a sua idade.
Foi um monstro do principio ao fim; uma lenda viva.
Saí arrepiado da Aula Magna.
E, arrepiado, acordei do sonho com que iniciara esta crónica.
Muitas das editoras portuguesas continuam iguais a si próprias: não promovem e não deixam promover!
Por algum motivo, “Stories” subiu ao primeiro lugar do top de blues da Billboard, mas, por cá, ninguém conhece o disco.
Uns geram milhões, outros preferem tostões.
Vou adormecer, desolado, sem ter feito a entrevista programada.
E não a fiz, porque alguém não soube (ou não quis), fazer aquilo que é “só” o seu trabalho.
[Aqueles que são maus intervenientes na nossa indústria musical não podem continuar a encarar a sua profissão como um mero emprego. Trabalhar em música exige alguns predicados… para começar, é essencial “perceber da poda”, que é como quem diz, perceber de música.
Depois, é necessário ter consciência que a música é uma arte, uma emoção, uma criação.
Os músicos são artistas e quem trabalha neste meio tem de saber o seu real significado e o seu efectivo lugar. O “famoso” é o músico e não o próprio profissional que trabalha na editora.
A “vedeta”, aqui, não é o promotor discográfico; mas, por vezes, este é uma “vedeta” inebriada por “neons” alheios e, pior – muito pior – que o verdadeiro artista!
John Mayall não necessita deste Portugal dos pequeninos para cimentar a sua carreira, ao invés, os nossos músicos sem as editoras estariam numa carga de trabalhos…
Ou pelo contrário, vão aumentar, exponencialmente, os discos em edições de autor, aproveitando as potencialidades da internet e com promoções lideradas e controladas pelos próprios autores?]
19 de Novembro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
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23.2.11
Os reis do quintal
Os músicos portugueses têm vindo a reclamar uma maior divulgação da produção nacional nas nossas rádios.
Curioso que esse movimento tenha surgido agora, quando se sabe que a divulgação nunca promoveu franjas significativas das edições de novos nomes.
O que terá preocupado, então, um conjunto tão vasto de compositores e de músicos, ao ponto de terem criado uma Associação?
Estarão apreensivos com a perda dos valores culturais portugueses, com a falta de apoio aos novos nomes, ou ficaram, subitamente, preocupados com o pouco airplay dos seus próprios reportórios?
É sabido que os concertos ao vivo são dominados pelos mesmos de sempre, ano após ano.
Esporadicamente, surge um “fenómeno”, como os Silence 4 ou o Pedro Abrunhosa, mas, são excepções!
Esta falta de novos nomes está relacionada com a ausência de novos projectos musicais?
Claro que não!
Temos novos grupos de sobra para que cresçam e para que se assumam, enquanto nova geração, na nossa música.
Quem se recorda das dezenas e dezenas de maquetas analisadas na extinta Revista Ritual, pergunta “onde estão, em 2003, aqueles projectos, alguns deles com grande potencial?”.
Para além de outras coisas, igualmente importantes, falta algo essencial no meio musical português.
Falta que os músicos consagrados estendam a mão aos novos valores, apostando em bandas que toquem nas suas primeiras partes.
Xutos & Pontapés ou UHF já o fizeram, ou ainda o fazem, mas, são meros exemplos num mar de excepções.
E quando tal acontece, raramente representa uma digressão completa, mas, apenas, actuações pontuais, quando as organizações dos eventos a isso estão dispostas.
Se estes nomes grandes, nas suas digressões anuais, incluíssem uma primeira parte, estariam a auxiliar a geração vindoura da nossa indústria musical.
Tal não acontece por uma questão de custos?
Não; qualquer banda nova toca por valores ridiculamente pequenos e nada significativos no bolo que qualquer nome de relevo pratica.
Mas, para que estas primeiras partes sejam possíveis, o valor do cachet do grupo de topo deve incluir, logo, todo o pacote.
Isto, porque o típico promotor português prefere poupar uns trocados, em vez de ter um espectáculo com mais qualidade e maior interesse…
Este principio pedagógico, em que músicos com maior projecção ajudassem artistas em fase inicial de carreira, poderia proporcionar uma alteração positiva.
Os pequenos grupos podiam crescer, musicalmente, ao vivo e seria mais fácil mostrarem o seu valor às editoras e ao público em geral.
Que motivos não permitem que isto aconteça?
O facto dos veteranos terem subido a pulso e sem ajuda de ninguém?
Naturalmente que isso aconteceu em 1980/82, mas, nessa altura, pouco ou nada existia na estrutura rock da nossa indústria.
Os tempos actuais são outros e a própria forma de encarar o negócio musical também.
Creio que a sensibilidade e a vontade de apoiar estão a aumentar, mas, em jeito de provocação saudável, não posso deixar de questionar:
Será que os nossos músicos veteranos e com carreira cimentada não se preocupam com o desenvolvimento e com o futuro da música portuguesa?
Ou, por outro lado, estes mesmos músicos, na sua esmagadora maioria, não querem criar condições que levem ao surgimento de novos valores?
Terão receio de perder quota de mercado nesta área de negócio?
Terão medo de deixarem de ser os reis neste quintal?
29 de Outubro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
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Curioso que esse movimento tenha surgido agora, quando se sabe que a divulgação nunca promoveu franjas significativas das edições de novos nomes.
O que terá preocupado, então, um conjunto tão vasto de compositores e de músicos, ao ponto de terem criado uma Associação?
Estarão apreensivos com a perda dos valores culturais portugueses, com a falta de apoio aos novos nomes, ou ficaram, subitamente, preocupados com o pouco airplay dos seus próprios reportórios?
É sabido que os concertos ao vivo são dominados pelos mesmos de sempre, ano após ano.
Esporadicamente, surge um “fenómeno”, como os Silence 4 ou o Pedro Abrunhosa, mas, são excepções!
Esta falta de novos nomes está relacionada com a ausência de novos projectos musicais?
Claro que não!
Temos novos grupos de sobra para que cresçam e para que se assumam, enquanto nova geração, na nossa música.
Quem se recorda das dezenas e dezenas de maquetas analisadas na extinta Revista Ritual, pergunta “onde estão, em 2003, aqueles projectos, alguns deles com grande potencial?”.
Para além de outras coisas, igualmente importantes, falta algo essencial no meio musical português.
Falta que os músicos consagrados estendam a mão aos novos valores, apostando em bandas que toquem nas suas primeiras partes.
Xutos & Pontapés ou UHF já o fizeram, ou ainda o fazem, mas, são meros exemplos num mar de excepções.
E quando tal acontece, raramente representa uma digressão completa, mas, apenas, actuações pontuais, quando as organizações dos eventos a isso estão dispostas.
Se estes nomes grandes, nas suas digressões anuais, incluíssem uma primeira parte, estariam a auxiliar a geração vindoura da nossa indústria musical.
Tal não acontece por uma questão de custos?
Não; qualquer banda nova toca por valores ridiculamente pequenos e nada significativos no bolo que qualquer nome de relevo pratica.
Mas, para que estas primeiras partes sejam possíveis, o valor do cachet do grupo de topo deve incluir, logo, todo o pacote.
Isto, porque o típico promotor português prefere poupar uns trocados, em vez de ter um espectáculo com mais qualidade e maior interesse…
Este principio pedagógico, em que músicos com maior projecção ajudassem artistas em fase inicial de carreira, poderia proporcionar uma alteração positiva.
Os pequenos grupos podiam crescer, musicalmente, ao vivo e seria mais fácil mostrarem o seu valor às editoras e ao público em geral.
Que motivos não permitem que isto aconteça?
O facto dos veteranos terem subido a pulso e sem ajuda de ninguém?
Naturalmente que isso aconteceu em 1980/82, mas, nessa altura, pouco ou nada existia na estrutura rock da nossa indústria.
Os tempos actuais são outros e a própria forma de encarar o negócio musical também.
Creio que a sensibilidade e a vontade de apoiar estão a aumentar, mas, em jeito de provocação saudável, não posso deixar de questionar:
Será que os nossos músicos veteranos e com carreira cimentada não se preocupam com o desenvolvimento e com o futuro da música portuguesa?
Ou, por outro lado, estes mesmos músicos, na sua esmagadora maioria, não querem criar condições que levem ao surgimento de novos valores?
Terão receio de perder quota de mercado nesta área de negócio?
Terão medo de deixarem de ser os reis neste quintal?
29 de Outubro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
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22.2.11
Cromos que não descolam
Guardo memórias muito positivas das cadernetas de cromos que coleccionei, há muitos anos atrás.
Recordo-me que, em qualquer caderneta, existiam, sempre, alguns cromos mais raros e que dificultavam o finalizar da colecção: eram cromos raros, mas, bons.
Quando a infância e a adolescência se fartaram de mim, essas cadernetas sumiram da minha vista.
O estranho é que, à medida que isso foi acontecendo, os cromos de papel foram sendo substituídos pelos cromos de carne e osso.
Dizer que Portugal é um pais com muitos cromos, não é novidade para ninguém.
A música, então, é um mundo cheio de cromos…
Sem esquecer os cromos que existem em maior fartura (organizações “manhosas”, intermediários “duvidosos”, etc, etc, etc…), tenho especial aversão a uns, em particular.
Refiro-me aos maus críticos, àqueles que escrevem umas coisas e que destroem outras.
Julgo que todos os trabalhos musicais merecem respeito, mesmo aqueles que são, na minha visão, muito maus.
Ao analisar um novo álbum, é essencial saber “escutar” e saber “avaliar”. Depois, é necessário ter a arte, a sensibilidade e o engenho de colocar, no papel, uma opinião sólida, válida e honesta sobre esse CD.
Redigir críticas discográficas às dúzias, enquanto se realizam reportagens de concertos e entrevistas avulsas, não pode possibilitar tempo suficiente para uma audição de todos os CD’s, sobre os quais se devem emitir opiniões. Nem permitirá que o crítico escute trabalhos anteriores do artista em questão ou que se documente sobre o mesmo, numa busca de informação e de contextualização musical.
Qualquer artista, mais jovem ou veterano, pode ver a sua carreira em cheque por uma crítica menos séria.
O que me preocupa não são as opiniões lúcidas e correctas, negativas ou positivas, mas, tão só, a falta de profissionalismo e de respeito como muitas outras são feitas.
Dizer que um artista veterano está “senil” ou que um grupo novo “devia ir trabalhar nas obras” são opiniões que não pertencem à categoria de “crítica discográfica”.
Seria interessante verificar que formação e conhecimentos musicais possuem tais pessoas…
Pessoas, que aparecem vindas do vazio e que acabam por desaparecer, deixando mau rasto…
Isto porque uma análise negativa, apresentada de uma forma destrutiva, num jornal de grande âmbito, pode ser motivo suficiente para que um grupo, numa primeira edição, veja a sua vida desaparecer.
Estes são os cromos que prejudicam qualquer colecção.
E, ao contrário dos que tinha de colar nas cadernetas, são frequentes e maus.
09 de Outubro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
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Recordo-me que, em qualquer caderneta, existiam, sempre, alguns cromos mais raros e que dificultavam o finalizar da colecção: eram cromos raros, mas, bons.
Quando a infância e a adolescência se fartaram de mim, essas cadernetas sumiram da minha vista.
O estranho é que, à medida que isso foi acontecendo, os cromos de papel foram sendo substituídos pelos cromos de carne e osso.
Dizer que Portugal é um pais com muitos cromos, não é novidade para ninguém.
A música, então, é um mundo cheio de cromos…
Sem esquecer os cromos que existem em maior fartura (organizações “manhosas”, intermediários “duvidosos”, etc, etc, etc…), tenho especial aversão a uns, em particular.
Refiro-me aos maus críticos, àqueles que escrevem umas coisas e que destroem outras.
Julgo que todos os trabalhos musicais merecem respeito, mesmo aqueles que são, na minha visão, muito maus.
Ao analisar um novo álbum, é essencial saber “escutar” e saber “avaliar”. Depois, é necessário ter a arte, a sensibilidade e o engenho de colocar, no papel, uma opinião sólida, válida e honesta sobre esse CD.
Redigir críticas discográficas às dúzias, enquanto se realizam reportagens de concertos e entrevistas avulsas, não pode possibilitar tempo suficiente para uma audição de todos os CD’s, sobre os quais se devem emitir opiniões. Nem permitirá que o crítico escute trabalhos anteriores do artista em questão ou que se documente sobre o mesmo, numa busca de informação e de contextualização musical.
Qualquer artista, mais jovem ou veterano, pode ver a sua carreira em cheque por uma crítica menos séria.
O que me preocupa não são as opiniões lúcidas e correctas, negativas ou positivas, mas, tão só, a falta de profissionalismo e de respeito como muitas outras são feitas.
Dizer que um artista veterano está “senil” ou que um grupo novo “devia ir trabalhar nas obras” são opiniões que não pertencem à categoria de “crítica discográfica”.
Seria interessante verificar que formação e conhecimentos musicais possuem tais pessoas…
Pessoas, que aparecem vindas do vazio e que acabam por desaparecer, deixando mau rasto…
Isto porque uma análise negativa, apresentada de uma forma destrutiva, num jornal de grande âmbito, pode ser motivo suficiente para que um grupo, numa primeira edição, veja a sua vida desaparecer.
Estes são os cromos que prejudicam qualquer colecção.
E, ao contrário dos que tinha de colar nas cadernetas, são frequentes e maus.
09 de Outubro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
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21.2.11
O Rock nasceu do sangue
“Os escravos podem ser julgados, vendidos, alugados, avaliados, sentenciados como sendo bens móveis na mão dos seus senhores e donos, ou dos seus carrascos, administradores e procuradores, qualquer que seja a finalidade, construção ou propósito.”
Código Civil da Carolina do Sul, século XIX
Para conhecer a essência do Rock’n’Roll, temos de partir desta realidade.
Vindos de África e transportados em condições inacreditáveis, chegaram, à América, mais de dois milhões de escravos, entre 1680 e 1786.
Estes escravos trouxeram consigo a música e a tradição dos seus antepassados e seria este o embrião para o surgimento da música afro-americana, que havia de transformar o mundo musical do século XX.
Os Blues nascem nas canções de trabalho dos escravos, não podendo ser uma música alegre e feliz.
São músicas tristes, melancólicas e sofredoras, mas, simultaneamente, imaginativas, tanto na forma como no conteúdo.
Após a abolição da escravatura, as canções de trabalho perdem significado e os Blues destacam-se.
Retratam episódios concretos da existência humana: a vida, a morte, o ódio, o amor, o medo, a solidão, a angústia, o ciúme... percorrem sons pungentes, soltam gritos da alma, que ecoam e sublinham quotidianos e emoções, que lhes dão força e que lhes dão voz...
Música negra na sua origem, os Blues não são exclusivo de uma raça, sendo comungada por muitos brancos que lutaram e morreram ao lado dos negros, em prol de ideais comuns de liberdade.
Quem não entender os Blues, nunca poderá entender o Jazz nem o Rock!
O espírito do Rock tem estado presente em diversos projectos musicais, desde 1955, que inovaram e que projectaram novos movimentos sociais e culturais.
Little Richard, Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones, Doors ou Bruce Springsteen são exemplos de irreverência, de rebeldia, de inovação e de revolução no “status quo” instalado.
Esta é a razão de ser do Rock, mas, desde cedo, a indústria e os “comerciantes” viram, neste “produto”, uma forma de ganhar (muito) dinheiro.
Muitos projectos e grupos foram “inventados” pela indústria, numa perspectiva meramente comercial, subvertendo, por dentro, o real significado de um movimento que nasceu de uma forma ingénua, espontânea e imparável.
Em Portugal, a revolução dos cravos, em 1974, põe fim a um regime de ditadura.
As canções de intervenção – censuradas, até então – passam a dominar as ondas hertzianas.
Os jovens vivem e lutam no seio de uma sociedade em ebulição.
A instabilidade agrava problemas sociais, cada vez mais complexos, greves, inflação, taxas de juro elevadas, falências e desemprego; a juventude mergulha em experiências diversas: o álcool, a droga, a violência e a marginalidade suburbana.
Surgem grupos musicais, fartos da ditadura imposta pelas canções de intervenção, com retratos do seu inconformismo.
25 anos depois de “Rock Around The Clock”, tivemos, em Portugal, o “boom” do rock português.
Finalmente, o rock aparecia cantado na nossa língua e com grandes sucessos.
Rui Veloso, UHF, Taxi, GNR, Ja’fumega e Salada de Frutas mostravam várias imagens de um mesmo filme.
Questões sociais eram abordadas com maior ou menor profundidade, mas no ritmo certo da dança redentora.
A agitação de 80 conduz à depressão de 82 e a uma certa sustentação, anos depois.
Tudo existe porque “existiu” um “boom”.
Contudo, permanecemos com um atraso significativo em relação ao exterior...
Lá fora, em 2003, o meio musical é mais maduro.
Cá e lá, os Rolling Stones enchem estádios e ninguém se preocupa com a sua idade.
Por cá, os GNR ou os UHF são esquecidos para Festivais de Verão ou para concertos de grande dimensão.
Lá e cá, Bruce Springsteen é capa de jornais e revistas.
Por aqui, ninguém se recorda da última vez em que os UHF foram capa no Blitz.
Lá fora, Bob Dylan é falado para Nobel da Literatura.
Por cá, António Manuel Ribeiro é um poeta marginal, numa sociedade sem alma, sem causas, sem rumo.
Uma sociedade que prefere ser acéfala, fugindo da revolução que fervilha em vulcão fumegante.
17 de Setembro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
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Código Civil da Carolina do Sul, século XIX
Para conhecer a essência do Rock’n’Roll, temos de partir desta realidade.
Vindos de África e transportados em condições inacreditáveis, chegaram, à América, mais de dois milhões de escravos, entre 1680 e 1786.
Estes escravos trouxeram consigo a música e a tradição dos seus antepassados e seria este o embrião para o surgimento da música afro-americana, que havia de transformar o mundo musical do século XX.
Os Blues nascem nas canções de trabalho dos escravos, não podendo ser uma música alegre e feliz.
São músicas tristes, melancólicas e sofredoras, mas, simultaneamente, imaginativas, tanto na forma como no conteúdo.
Após a abolição da escravatura, as canções de trabalho perdem significado e os Blues destacam-se.
Retratam episódios concretos da existência humana: a vida, a morte, o ódio, o amor, o medo, a solidão, a angústia, o ciúme... percorrem sons pungentes, soltam gritos da alma, que ecoam e sublinham quotidianos e emoções, que lhes dão força e que lhes dão voz...
Música negra na sua origem, os Blues não são exclusivo de uma raça, sendo comungada por muitos brancos que lutaram e morreram ao lado dos negros, em prol de ideais comuns de liberdade.
Quem não entender os Blues, nunca poderá entender o Jazz nem o Rock!
O espírito do Rock tem estado presente em diversos projectos musicais, desde 1955, que inovaram e que projectaram novos movimentos sociais e culturais.
Little Richard, Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones, Doors ou Bruce Springsteen são exemplos de irreverência, de rebeldia, de inovação e de revolução no “status quo” instalado.
Esta é a razão de ser do Rock, mas, desde cedo, a indústria e os “comerciantes” viram, neste “produto”, uma forma de ganhar (muito) dinheiro.
Muitos projectos e grupos foram “inventados” pela indústria, numa perspectiva meramente comercial, subvertendo, por dentro, o real significado de um movimento que nasceu de uma forma ingénua, espontânea e imparável.
Em Portugal, a revolução dos cravos, em 1974, põe fim a um regime de ditadura.
As canções de intervenção – censuradas, até então – passam a dominar as ondas hertzianas.
Os jovens vivem e lutam no seio de uma sociedade em ebulição.
A instabilidade agrava problemas sociais, cada vez mais complexos, greves, inflação, taxas de juro elevadas, falências e desemprego; a juventude mergulha em experiências diversas: o álcool, a droga, a violência e a marginalidade suburbana.
Surgem grupos musicais, fartos da ditadura imposta pelas canções de intervenção, com retratos do seu inconformismo.
25 anos depois de “Rock Around The Clock”, tivemos, em Portugal, o “boom” do rock português.
Finalmente, o rock aparecia cantado na nossa língua e com grandes sucessos.
Rui Veloso, UHF, Taxi, GNR, Ja’fumega e Salada de Frutas mostravam várias imagens de um mesmo filme.
Questões sociais eram abordadas com maior ou menor profundidade, mas no ritmo certo da dança redentora.
A agitação de 80 conduz à depressão de 82 e a uma certa sustentação, anos depois.
Tudo existe porque “existiu” um “boom”.
Contudo, permanecemos com um atraso significativo em relação ao exterior...
Lá fora, em 2003, o meio musical é mais maduro.
Cá e lá, os Rolling Stones enchem estádios e ninguém se preocupa com a sua idade.
Por cá, os GNR ou os UHF são esquecidos para Festivais de Verão ou para concertos de grande dimensão.
Lá e cá, Bruce Springsteen é capa de jornais e revistas.
Por aqui, ninguém se recorda da última vez em que os UHF foram capa no Blitz.
Lá fora, Bob Dylan é falado para Nobel da Literatura.
Por cá, António Manuel Ribeiro é um poeta marginal, numa sociedade sem alma, sem causas, sem rumo.
Uma sociedade que prefere ser acéfala, fugindo da revolução que fervilha em vulcão fumegante.
17 de Setembro de 2003, originalmente publicado no blogue "Canal Maldito".
Link para post original.
20.2.11
Santiago do Cacém na "France Catholique"
Uma das mais importantes revistas francesas no âmbito da cultura e da religião, "France Catholique", dedicou na sua edição de Janeiro de 2011, um extenso artigo ao tema de Santiago Mata-mouros em que é feita pormenorizada referência a Santiago do Cacém e ao alto-relevo de “Santiago combatendo os Mouros” da igreja matriz, incluindo duas fotografias desta peça e, ainda, a reprodução do antigo brasão da cidade de Santiago do Cacém.
Registo com grande satisfação que tenha sido dado o maior destaque a Santiago do Cacém, cidade já reconhecida pelas instituições francesas como uma referência no Caminho de Santiago.
A revista "France Catholique" tem extensíssima difusão e é muito lida e respeitada no âmbito francófono, o que não deixará de trazer reflexos importantes à nossa região. Todo este gigantesco trabalho do meu grande amigo, Prof. José António Falcão, e do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja tem sido coroado com significativas vitórias para a nossa região e para Santiago.
Registo com grande satisfação que tenha sido dado o maior destaque a Santiago do Cacém, cidade já reconhecida pelas instituições francesas como uma referência no Caminho de Santiago.
A revista "France Catholique" tem extensíssima difusão e é muito lida e respeitada no âmbito francófono, o que não deixará de trazer reflexos importantes à nossa região. Todo este gigantesco trabalho do meu grande amigo, Prof. José António Falcão, e do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja tem sido coroado com significativas vitórias para a nossa região e para Santiago.
1.11.10
Xupetas & Fraldinhas
Pela primeira vez encontra-se disponível no Youtube um tema dos santiaguenses Xupetas & Fraldinhas. A gravação foi feita com um gravador de cassetes em pleno boom do rock português e permite um mergulhar em muitas recordações do passado.
Link para texto sobre os Xupetas.
Link para texto sobre os Xupetas.
10.10.10
A última prova
UHF - Porquê? (2010)
Após a euforia dos anos loucos, com os jipes a tomarem conta de Portugal, numa corrida ao novo “el dorado” em que o dinheiro fácil de Bruxelas foi pródigo, vivemos anos sucessivamente complicados numa sequência que já ultrapassa uma década de cinzentismo. Os sacrifícios vão aumentando – vão aumentar – e a Europa, que nos encheu de dinheiro, nos fez esquecer os bons hábitos da poupança e nos injectou com vícios consumistas, está agora a exigir rigor enquanto os mais ricos se preparam para sugar tudo o que possam. Portugal, em momento dramático, vê o Banco Central Europeu a emprestar, aos bancos, dinheiro a 1% para, depois, esses mesmos bancos, tal agiotas, multiplicarem o rendimento, vendendo-nos a massa a 6%. É assim o inferno europeu, em que, depois de nos pagarem para não produzirmos ou para afundarmos barcos, nos querem deixar sem tanga e escanzelados. A crise chegou à economia, mas, já tinha entrado em áreas sensíveis. As nossas instituições estão descredibilizadas, decadentes, a Justiça é considerada injusta, pantanosa e o povo está farto, cansado, descrente e sem garra para enfrentar o abismo. O naufrágio português está à beirinha e os UHF deram um passo em frente, viajando pela dura realidade do presente, numa abordagem corajosa, destemida, sem papas na língua e adequada a um povo valente e imortal. Foi, aliás, uma gravação premonitória porque os trabalhos de estúdio decorreram ao longo de quase doze meses e a edição surge no exacto momento em que as medidas mais duras foram anunciadas pelo Governo. O efeito de “Porquê?” começa na música e termina em palavras como aquelas que serviram esta introdução.
O novo álbum de estúdio dos UHF quebra um jejum de cinco anos e consegue surpreender pela agressividade, variedade e forma como António Manuel Ribeiro regressa a um estilo de escrita musical de onde tinha semi-hibernado. Faz muito tempo que nenhum artista português se aventurava pela música interventiva, directa, sem refúgios de qualquer espécie. António Manuel Ribeiro deixou de lado alguma contenção e lançou-se numa epopeia em que recupera o dedo em riste, muito próprio dos seus primeiros tempos de compositor, e que lhe granjeou fãs aos rodos e inimigos em quantidade razoável e duradoira.
Ao longo das últimas décadas, o topo do rock português aburguesou-se, começou a comer nos melhores restaurantes, a vestir a melhor roupa, a aparecer nas revistas cor-de-rosa, a dormir em hotéis de 5 estrelas e passou a compor um roque queque para adolescentes bonitos e bem comportados. A situação não é exclusiva de Portugal, recordo-me dos problemas existenciais de Bruce Springsteen após o sucesso de “Born in USA” porque não se sentia confortável a falar da pobreza quando passara a ser rico. Mas, o “Boss” soube seguir o seu rumo. Como homem do rock não se resignou a ser um mero empregado da música. Foi assim que renasceu diversas vezes, uma das quais com o tocante “The Rising”. Em Portugal, temos artistas a lançarem umas bocas em concertos, a gritarem palavras ocas de ordem contra o Governo, seja ele qual for, porque é popular e dá jeito, e a elogiarem a Autarquia que os contratou, por valores obscenos, com o dinheiro dos impostos pagos por todos nós, deixando cair de podre a cultura e o património local.
Com “Porquê?” a revolução está próxima e, se existisse censura, este disco não tinha sido colocado à venda. E, para felicidade de alguns, António Manuel Ribeiro teria sido detido e interrogado. Ao contrário de muitas das recentes edições discográficas, em que o rock mergulhou na depressão nacional, “Porquê?” regressa ao espírito do rock puro e duro. A escrita das canções cruza momentos brilhantes em temas tão fortes como polémicos. Tudo normal. Não deve ser o rock intrinsecamente polémico, agitador, rebelde e provocador?
Poderia entrar numa descrição faixa-a-faixa, contudo, deixarei essa tarefa para quem consiga reduzir “Porque?” a um conjunto de 12 temas. Não o farei porque a essência é o álbum. Mesmo assim, não resisto a escrever a respeito de quase todas as músicas.
A surpresa de “Porquê?” começa logo na primeira faixa. “Nativos” é António Manuel Ribeiro como o imaginara num disco a solo, experimental, em tons independentes e alternativos. É ele próprio que toca percursão africana e uma enigmática percursão ameríndia cordame enquanto declama de forma intensa e furiosa que “se o coração conhece enganos / aceita a vida / sai da batalha”. O mote está dado com esta entrada enérgica e contundente. A canção seguinte descomprime o ambiente e liberta doses pop-rock com um riff de guitarra à UHF. “Viver para te ver” tem todas as condições para ser o novo single e entrar nas playlists das rádios. A letra é própria de tempos primaveris, a melodia é comercial e o refrão orelhudo.
Muitos daqueles que criticam os UHF não gostam que o grupo grave versões. Mais uma vez, deve ser uma idiossincrasia lusitana, pois, aceitamos bem que os artistas estrangeiros recuperem canções mais antigas, porém, quando em Portugal isso sucede os músicos são, geralmente, acusados de oportunismo, de ganância e de crises de criatividade. Conhecendo a realidade do meio musical português, esperava, apenas, uma versão neste CD, todavia, surpreendentemente, os UHF apresentam-nos duas. Tendo em conta o preconceito existente, admito que tive dúvidas sobre a pertinência de tal decisão, contudo, basta escutar o álbum para compreender a coerência da escolha. A versão para “Vejam bem” demonstra que UHF e as canções de José Afonso são uma óptima combinação. Já acontecera no passado e voltou a suceder. Um notório respeito pelo compositor, a forma emotiva como António Manuel Ribeiro a interpreta, uma guitarra límpida que poderia ser de Hank Marvin, enfim, uma obra de arte. Aposto que “Vejam bem” acabará por sair em single, pois, é impensável ter uma pérola destas num álbum e não a expor ao grande público. A outra versão já é sobejamente conhecida. “O vento mudou” colocou, novamente, na ribalta, um sucesso que tem tanto de antigo como de relevante. Eduardo Nascimento ficou emocionado e vimos Nuno Nazareth Fernandes, o compositor, com uma lágrima no canto do olho num espectáculo a que assistimos na FNAC de Almada. Portugal não pode ignorar a sua história musical continuando a valorizar, sobretudo, aquilo que vem lá de fora. A produção nacional dos últimos 60 anos é relevante e de enorme qualidade e urge voltar a descobrir as nossas cantigas. A recuperação de “O vento mudou” ou de “Vejam bem” é um acto cultural importante para um legado que deve ser redescoberto pelas novas gerações.
“Quero entrar em tua casa” é mais um tema rock com um refrão fortíssimo. Gosto particularmente da bateria do Ivan Cristiano e, talvez por outros sucessos passados, recordo o melhor de Zé Carvalho e de Luís Espírito Santo. Dei por mim, esta manhã, sem motivo aparente, a trautear este perigoso refrão.
“Porquê (português)” surge como a faixa 7 e duvido que seja um fruto do acaso essa numeração. São sete as cores do arco-íris, sete os sábios gregos, sete as virtudes humanas que a Filosofia identifica e sete os dias da semana que percorremos, freneticamente, em ciclos de rotação constante. “Porquê / é a pergunta / que o povo faz / com amargura” afirma António Manuel Ribeiro, enquanto discorre diversos porquês numa canção acutilante e de onde sobressai um ritmado lado acústico com recurso ao acordeão, pandeireta e clave. O refrão é poderoso e sintetiza um sentimento que trespassa toda a obra, “Porquê / outra vez / o naufrágio português”.
Depois… bem, depois temos uma sequência final de arrasar. “A última prova”, “Cai o Carmo e a Trindade” e “Acende um isqueiro” são três temas que nos transportam para outros tempos.
“Acende um isqueiro” podia pertencer a qualquer um dos primeiros trabalhos dos UHF e ganha uma dimensão épica quando a comparamos com a versão gravada no Coliseu de Lisboa. “Vim aqui para cantar / e para vos conhecer / receber o que o povo dá / se o artista merecer”. Os UHF transformaram um acústico intimista numa grande canção rock dedicada a todos aqueles que marcam presença nos concertos e onde António Manuel Ribeiro plana na música num ambiente próximo de Jim Morrison. O baixo de Fernando Rodrigues, algures no minuto 3:30, evoca-me recordações de Carlos Peres ou de Fernando Delaere.
“A última prova” é UHF vintage com a presença de um endiabrado HammondB3, pelas mãos do convidado Manuel Paulo, que nos conduz para uma identidade sonora que funde as raízes dos UHF com linhas clássicas de rock impar. Pedagogicamente, esta canção devia sair no formato de single para que os mais novos tenham contacto com a sonoridade UHF em estado puro. As guitarras de António Côrte-Real fazem a junção histórica de vários guitarristas que passaram pela banda e, mentalmente, vejo Renato Gomes, Rui Rodrigues ou Rui Dias. A avaliação do trabalho de uma banda também se faz pela recordação da sua história e António Côrte-Real tem um desempenho notável neste disco. É essencial que se compreenda que este pode ser um excelente álbum dos UHF, quiçá, talvez mesmo o melhor de todos, porém, isso só sucede porque esta formação está a tocar como nenhuma outra o fizera no passado. “Porquê?” é também um marco individual nas carreiras de Ivan Cristiano, Fernando Rodrigues e António Côrte-Real.
“Cai o Carmo e a Trindade” podia pertencer aos álbuns “Persona Non Grata” ou “À Flor da Pele”. A audição é obrigatória para todos os que gostam e para todos aqueles que detestam UHF. “Eles vão ficar à solta / foi tudo uma ilusão / a malha da rede é grossa” ou “Cai o Carmo e a Trindade / gente fina no pantanal / castos sem castidade / nada se passa de anormal / em Portugal” são, apenas, excertos de uma letra arrasadora e onde os UHF tocam, profundamente, na questão da justiça portuguesa e no facto de ninguém confiar na justiça que temos. A escrita terá sido inspirada no mediático processo “Casa Pia”?
Mas “Porquê?”, apesar da intensidade interventiva, transmite uma ideia de construção positiva do futuro. “Segue em frente / não olhes para trás”, “Não te vás abaixo / se o medo rondar”, “Portugal – somos nós / mil histórias de coragem” são somente alguns dos versos que entoam em “Portugal (somos sós)” a canção escolhida para encerrar este arrojado trabalho. Ainda antes do final do CD, surge um segmento da composição que inicia o álbum. A vida é feita de ciclos e os extremos acabam por se ir tocando mais do que se imagina. Este é, assim, um disco onde o “repeat” faz mais sentido do que numa obra normal. Os UHF deixam-nos essa mensagem de um final, que é, afinal, um novo começo. Não tem sido a carreira dos UHF um retrato fiel disso mesmo?
Comparar a qualidade entre discos espaçados por 20 ou 30 anos não é simples nem sequer aconselhável. A realidade do presente é muito diferente daquela que António Manuel Ribeiro viveu em 1980, 1987 ou 1993 e a tendência que temos é a de valorizar mais o passado e minimizar o presente. “Porquê?” pode não ser o melhor disco dos UHF, porém, andará lá perto. No mínimo, é o álbum com melhor produção da sua carreira, onde João Martins acrescenta valor, é o trabalho mais interventivo e aquele em que o balanço entre canções pop e rock melhor se faz, sem comprometer a qualidade e a coerência da obra. Este disco não é, apenas, um novo álbum dos UHF. É uma pedrada no charco do conformismo, da mediocridade, da falta de rumo que se sente em certos sectores da nossa sociedade. É um grito de revolta numa sociedade bastante diferente da existente em finais dos anos 70. Estará Portugal preparado para dar respostas a “Porquê?”?
Uma coisa é certa, os UHF, aqueles UHF que atingiram o estatuto de lendas do rock português, estão de regresso.
Após a euforia dos anos loucos, com os jipes a tomarem conta de Portugal, numa corrida ao novo “el dorado” em que o dinheiro fácil de Bruxelas foi pródigo, vivemos anos sucessivamente complicados numa sequência que já ultrapassa uma década de cinzentismo. Os sacrifícios vão aumentando – vão aumentar – e a Europa, que nos encheu de dinheiro, nos fez esquecer os bons hábitos da poupança e nos injectou com vícios consumistas, está agora a exigir rigor enquanto os mais ricos se preparam para sugar tudo o que possam. Portugal, em momento dramático, vê o Banco Central Europeu a emprestar, aos bancos, dinheiro a 1% para, depois, esses mesmos bancos, tal agiotas, multiplicarem o rendimento, vendendo-nos a massa a 6%. É assim o inferno europeu, em que, depois de nos pagarem para não produzirmos ou para afundarmos barcos, nos querem deixar sem tanga e escanzelados. A crise chegou à economia, mas, já tinha entrado em áreas sensíveis. As nossas instituições estão descredibilizadas, decadentes, a Justiça é considerada injusta, pantanosa e o povo está farto, cansado, descrente e sem garra para enfrentar o abismo. O naufrágio português está à beirinha e os UHF deram um passo em frente, viajando pela dura realidade do presente, numa abordagem corajosa, destemida, sem papas na língua e adequada a um povo valente e imortal. Foi, aliás, uma gravação premonitória porque os trabalhos de estúdio decorreram ao longo de quase doze meses e a edição surge no exacto momento em que as medidas mais duras foram anunciadas pelo Governo. O efeito de “Porquê?” começa na música e termina em palavras como aquelas que serviram esta introdução.
O novo álbum de estúdio dos UHF quebra um jejum de cinco anos e consegue surpreender pela agressividade, variedade e forma como António Manuel Ribeiro regressa a um estilo de escrita musical de onde tinha semi-hibernado. Faz muito tempo que nenhum artista português se aventurava pela música interventiva, directa, sem refúgios de qualquer espécie. António Manuel Ribeiro deixou de lado alguma contenção e lançou-se numa epopeia em que recupera o dedo em riste, muito próprio dos seus primeiros tempos de compositor, e que lhe granjeou fãs aos rodos e inimigos em quantidade razoável e duradoira.
Ao longo das últimas décadas, o topo do rock português aburguesou-se, começou a comer nos melhores restaurantes, a vestir a melhor roupa, a aparecer nas revistas cor-de-rosa, a dormir em hotéis de 5 estrelas e passou a compor um roque queque para adolescentes bonitos e bem comportados. A situação não é exclusiva de Portugal, recordo-me dos problemas existenciais de Bruce Springsteen após o sucesso de “Born in USA” porque não se sentia confortável a falar da pobreza quando passara a ser rico. Mas, o “Boss” soube seguir o seu rumo. Como homem do rock não se resignou a ser um mero empregado da música. Foi assim que renasceu diversas vezes, uma das quais com o tocante “The Rising”. Em Portugal, temos artistas a lançarem umas bocas em concertos, a gritarem palavras ocas de ordem contra o Governo, seja ele qual for, porque é popular e dá jeito, e a elogiarem a Autarquia que os contratou, por valores obscenos, com o dinheiro dos impostos pagos por todos nós, deixando cair de podre a cultura e o património local.
Com “Porquê?” a revolução está próxima e, se existisse censura, este disco não tinha sido colocado à venda. E, para felicidade de alguns, António Manuel Ribeiro teria sido detido e interrogado. Ao contrário de muitas das recentes edições discográficas, em que o rock mergulhou na depressão nacional, “Porquê?” regressa ao espírito do rock puro e duro. A escrita das canções cruza momentos brilhantes em temas tão fortes como polémicos. Tudo normal. Não deve ser o rock intrinsecamente polémico, agitador, rebelde e provocador?
Poderia entrar numa descrição faixa-a-faixa, contudo, deixarei essa tarefa para quem consiga reduzir “Porque?” a um conjunto de 12 temas. Não o farei porque a essência é o álbum. Mesmo assim, não resisto a escrever a respeito de quase todas as músicas.
A surpresa de “Porquê?” começa logo na primeira faixa. “Nativos” é António Manuel Ribeiro como o imaginara num disco a solo, experimental, em tons independentes e alternativos. É ele próprio que toca percursão africana e uma enigmática percursão ameríndia cordame enquanto declama de forma intensa e furiosa que “se o coração conhece enganos / aceita a vida / sai da batalha”. O mote está dado com esta entrada enérgica e contundente. A canção seguinte descomprime o ambiente e liberta doses pop-rock com um riff de guitarra à UHF. “Viver para te ver” tem todas as condições para ser o novo single e entrar nas playlists das rádios. A letra é própria de tempos primaveris, a melodia é comercial e o refrão orelhudo.
Muitos daqueles que criticam os UHF não gostam que o grupo grave versões. Mais uma vez, deve ser uma idiossincrasia lusitana, pois, aceitamos bem que os artistas estrangeiros recuperem canções mais antigas, porém, quando em Portugal isso sucede os músicos são, geralmente, acusados de oportunismo, de ganância e de crises de criatividade. Conhecendo a realidade do meio musical português, esperava, apenas, uma versão neste CD, todavia, surpreendentemente, os UHF apresentam-nos duas. Tendo em conta o preconceito existente, admito que tive dúvidas sobre a pertinência de tal decisão, contudo, basta escutar o álbum para compreender a coerência da escolha. A versão para “Vejam bem” demonstra que UHF e as canções de José Afonso são uma óptima combinação. Já acontecera no passado e voltou a suceder. Um notório respeito pelo compositor, a forma emotiva como António Manuel Ribeiro a interpreta, uma guitarra límpida que poderia ser de Hank Marvin, enfim, uma obra de arte. Aposto que “Vejam bem” acabará por sair em single, pois, é impensável ter uma pérola destas num álbum e não a expor ao grande público. A outra versão já é sobejamente conhecida. “O vento mudou” colocou, novamente, na ribalta, um sucesso que tem tanto de antigo como de relevante. Eduardo Nascimento ficou emocionado e vimos Nuno Nazareth Fernandes, o compositor, com uma lágrima no canto do olho num espectáculo a que assistimos na FNAC de Almada. Portugal não pode ignorar a sua história musical continuando a valorizar, sobretudo, aquilo que vem lá de fora. A produção nacional dos últimos 60 anos é relevante e de enorme qualidade e urge voltar a descobrir as nossas cantigas. A recuperação de “O vento mudou” ou de “Vejam bem” é um acto cultural importante para um legado que deve ser redescoberto pelas novas gerações.
“Quero entrar em tua casa” é mais um tema rock com um refrão fortíssimo. Gosto particularmente da bateria do Ivan Cristiano e, talvez por outros sucessos passados, recordo o melhor de Zé Carvalho e de Luís Espírito Santo. Dei por mim, esta manhã, sem motivo aparente, a trautear este perigoso refrão.
“Porquê (português)” surge como a faixa 7 e duvido que seja um fruto do acaso essa numeração. São sete as cores do arco-íris, sete os sábios gregos, sete as virtudes humanas que a Filosofia identifica e sete os dias da semana que percorremos, freneticamente, em ciclos de rotação constante. “Porquê / é a pergunta / que o povo faz / com amargura” afirma António Manuel Ribeiro, enquanto discorre diversos porquês numa canção acutilante e de onde sobressai um ritmado lado acústico com recurso ao acordeão, pandeireta e clave. O refrão é poderoso e sintetiza um sentimento que trespassa toda a obra, “Porquê / outra vez / o naufrágio português”.
Depois… bem, depois temos uma sequência final de arrasar. “A última prova”, “Cai o Carmo e a Trindade” e “Acende um isqueiro” são três temas que nos transportam para outros tempos.
“Acende um isqueiro” podia pertencer a qualquer um dos primeiros trabalhos dos UHF e ganha uma dimensão épica quando a comparamos com a versão gravada no Coliseu de Lisboa. “Vim aqui para cantar / e para vos conhecer / receber o que o povo dá / se o artista merecer”. Os UHF transformaram um acústico intimista numa grande canção rock dedicada a todos aqueles que marcam presença nos concertos e onde António Manuel Ribeiro plana na música num ambiente próximo de Jim Morrison. O baixo de Fernando Rodrigues, algures no minuto 3:30, evoca-me recordações de Carlos Peres ou de Fernando Delaere.
“A última prova” é UHF vintage com a presença de um endiabrado HammondB3, pelas mãos do convidado Manuel Paulo, que nos conduz para uma identidade sonora que funde as raízes dos UHF com linhas clássicas de rock impar. Pedagogicamente, esta canção devia sair no formato de single para que os mais novos tenham contacto com a sonoridade UHF em estado puro. As guitarras de António Côrte-Real fazem a junção histórica de vários guitarristas que passaram pela banda e, mentalmente, vejo Renato Gomes, Rui Rodrigues ou Rui Dias. A avaliação do trabalho de uma banda também se faz pela recordação da sua história e António Côrte-Real tem um desempenho notável neste disco. É essencial que se compreenda que este pode ser um excelente álbum dos UHF, quiçá, talvez mesmo o melhor de todos, porém, isso só sucede porque esta formação está a tocar como nenhuma outra o fizera no passado. “Porquê?” é também um marco individual nas carreiras de Ivan Cristiano, Fernando Rodrigues e António Côrte-Real.
“Cai o Carmo e a Trindade” podia pertencer aos álbuns “Persona Non Grata” ou “À Flor da Pele”. A audição é obrigatória para todos os que gostam e para todos aqueles que detestam UHF. “Eles vão ficar à solta / foi tudo uma ilusão / a malha da rede é grossa” ou “Cai o Carmo e a Trindade / gente fina no pantanal / castos sem castidade / nada se passa de anormal / em Portugal” são, apenas, excertos de uma letra arrasadora e onde os UHF tocam, profundamente, na questão da justiça portuguesa e no facto de ninguém confiar na justiça que temos. A escrita terá sido inspirada no mediático processo “Casa Pia”?
Mas “Porquê?”, apesar da intensidade interventiva, transmite uma ideia de construção positiva do futuro. “Segue em frente / não olhes para trás”, “Não te vás abaixo / se o medo rondar”, “Portugal – somos nós / mil histórias de coragem” são somente alguns dos versos que entoam em “Portugal (somos sós)” a canção escolhida para encerrar este arrojado trabalho. Ainda antes do final do CD, surge um segmento da composição que inicia o álbum. A vida é feita de ciclos e os extremos acabam por se ir tocando mais do que se imagina. Este é, assim, um disco onde o “repeat” faz mais sentido do que numa obra normal. Os UHF deixam-nos essa mensagem de um final, que é, afinal, um novo começo. Não tem sido a carreira dos UHF um retrato fiel disso mesmo?
Comparar a qualidade entre discos espaçados por 20 ou 30 anos não é simples nem sequer aconselhável. A realidade do presente é muito diferente daquela que António Manuel Ribeiro viveu em 1980, 1987 ou 1993 e a tendência que temos é a de valorizar mais o passado e minimizar o presente. “Porquê?” pode não ser o melhor disco dos UHF, porém, andará lá perto. No mínimo, é o álbum com melhor produção da sua carreira, onde João Martins acrescenta valor, é o trabalho mais interventivo e aquele em que o balanço entre canções pop e rock melhor se faz, sem comprometer a qualidade e a coerência da obra. Este disco não é, apenas, um novo álbum dos UHF. É uma pedrada no charco do conformismo, da mediocridade, da falta de rumo que se sente em certos sectores da nossa sociedade. É um grito de revolta numa sociedade bastante diferente da existente em finais dos anos 70. Estará Portugal preparado para dar respostas a “Porquê?”?
Uma coisa é certa, os UHF, aqueles UHF que atingiram o estatuto de lendas do rock português, estão de regresso.
7.10.10
Carlos Bastos - Hey Jude
Participação de Carlos Bastos nos 25 anos da Febre de Sábado de manhã na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico em 28 de Janeiro de 2006. Momento único de televisão com a célebre versão fado da canção "Hey Jude" dos Beatles.
3.10.10
Um mergulho nos UHF de 1992
Como terá sido o concerto dos UHF no Coliseu de Lisboa em 1992? Como resposta a esta pergunta, descobri uma peça arqueológica referente a esse espectáculo que decorreu a 7 de Fevereiro desse ano, que editei, para disponibilizar no blogue Canal Maldito, nas vésperas dos Coliseus que os UHF fizeram em 2006. Como curiosidade, deixo no final deste post alguns excertos dessas duas horas de programa de rádio - feito em directo.
Hoje em dia é normal bandas rock incluírem os Coliseus nas suas digressões, todavia, em 1992 tal não era frequente. Recordo-me bem desse concerto no Coliseu de Lisboa há catorze anos, quando os UHF convidaram Jorge Palma, Lena d'Água e Zé Pedro para participarem em cada um dos três actos que o espectáculo encerrava. Se bem me lembro o espectáculo estaria dividido em três andamentos: "a farsa", "o amor" e "o fogo".
Esse concerto correu muito bem, tendo constituído um ponto muito alto na carreira dos UHF.
Recordo também a véspera do concerto de Lisboa em que partilhei uma mesa de quatro lugares num restaurante próximo do Coliseu com António Manuel Ribeiro, Zé Pedro e Jorge Palma. Estavam, todos eles, entusiasmados com o evento e os dois convidados especiais preparavam-se para o ensaio que iria entrar pela madrugada. Como as coisas estavam atrasadas, ainda deu para uma passagem pela casa de Jorge Palma, onde, de volta de uma Ballantines 12 anos, foi possível ver um episódio dos Simpsons.
Antes de ter saído do Coliseu com o Jorge Palma, recolhi diversos apontamentos para o meu programa de rádio "Rock de cá". Por exemplo, o depoimento de Zé Pedro - muito interessante, esboçando um sorriso à pergunta se não estaria nos planos da sua banda a passagem pelo Coliseu dos Recreios. Que não, disse ele, pois uma sala como o Coliseu não seria propícia a concertos rock. Considerava que os UHF podiam apostar no Coliseu porque tinham muito mais canções calmas do que os Xutos. Actualmente, e depois de várias actuações dos Xutos neste recinto, a opinião de Zé Pedro pode parecer estranha, porém, quem se recorde do Portugal de 1992 sabe que, nesses tempos, não era habitual utilizar o Coliseu para concertos rock!
Foi também a curiosidade de ver um grupo de rock português no Coliseu de Lisboa que cativou a presença de muita gente. Ainda mais porque, na época, os UHF já eram considerados veteranos!
A verdade é que o concerto dos UHF não foi acústico, nem repleto de baladas, mas sim rock'n'roll à flor da pele e essa noite ficou na memória do rock português por mais outro motivo, directamente relacionado com a impreparação de concertos rock no Coliseu e com a força do próprio evento. Por certo, foi estabelecido um novo record de cadeiras partidas na mítica sala da Rua das Portas de Santo Antão! Não que o concerto tenha sido violento, pelo contrário, contudo, perante tanta gente aos saltos em cima de tão frágeis cadeiras, outro desfecho não seria previsível. Talvez quem tenha optado por não tirar as cadeiras da plateia tenha também conversado com Zé Pedro na véspera do concerto e deduzido que os UHF iriam fazer um concerto essencialmente acústico. Foram mais de cem as cadeiras aniquiladas pelo saudável rock dos UHF.
Naquela noite, quase tudo correu bem aos UHF. O clima da sala esteve ao rubro e as canções foram entoadas do início ao fim por uma audiência participativa e rendida. O som poderia ter estado melhor, porém a performance de músicos e convidados foi quase perfeita.
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Em alternativa pode fazer o download dos ficheiros para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.
Hoje em dia é normal bandas rock incluírem os Coliseus nas suas digressões, todavia, em 1992 tal não era frequente. Recordo-me bem desse concerto no Coliseu de Lisboa há catorze anos, quando os UHF convidaram Jorge Palma, Lena d'Água e Zé Pedro para participarem em cada um dos três actos que o espectáculo encerrava. Se bem me lembro o espectáculo estaria dividido em três andamentos: "a farsa", "o amor" e "o fogo".
Esse concerto correu muito bem, tendo constituído um ponto muito alto na carreira dos UHF.
Recordo também a véspera do concerto de Lisboa em que partilhei uma mesa de quatro lugares num restaurante próximo do Coliseu com António Manuel Ribeiro, Zé Pedro e Jorge Palma. Estavam, todos eles, entusiasmados com o evento e os dois convidados especiais preparavam-se para o ensaio que iria entrar pela madrugada. Como as coisas estavam atrasadas, ainda deu para uma passagem pela casa de Jorge Palma, onde, de volta de uma Ballantines 12 anos, foi possível ver um episódio dos Simpsons.
Antes de ter saído do Coliseu com o Jorge Palma, recolhi diversos apontamentos para o meu programa de rádio "Rock de cá". Por exemplo, o depoimento de Zé Pedro - muito interessante, esboçando um sorriso à pergunta se não estaria nos planos da sua banda a passagem pelo Coliseu dos Recreios. Que não, disse ele, pois uma sala como o Coliseu não seria propícia a concertos rock. Considerava que os UHF podiam apostar no Coliseu porque tinham muito mais canções calmas do que os Xutos. Actualmente, e depois de várias actuações dos Xutos neste recinto, a opinião de Zé Pedro pode parecer estranha, porém, quem se recorde do Portugal de 1992 sabe que, nesses tempos, não era habitual utilizar o Coliseu para concertos rock!
Foi também a curiosidade de ver um grupo de rock português no Coliseu de Lisboa que cativou a presença de muita gente. Ainda mais porque, na época, os UHF já eram considerados veteranos!
A verdade é que o concerto dos UHF não foi acústico, nem repleto de baladas, mas sim rock'n'roll à flor da pele e essa noite ficou na memória do rock português por mais outro motivo, directamente relacionado com a impreparação de concertos rock no Coliseu e com a força do próprio evento. Por certo, foi estabelecido um novo record de cadeiras partidas na mítica sala da Rua das Portas de Santo Antão! Não que o concerto tenha sido violento, pelo contrário, contudo, perante tanta gente aos saltos em cima de tão frágeis cadeiras, outro desfecho não seria previsível. Talvez quem tenha optado por não tirar as cadeiras da plateia tenha também conversado com Zé Pedro na véspera do concerto e deduzido que os UHF iriam fazer um concerto essencialmente acústico. Foram mais de cem as cadeiras aniquiladas pelo saudável rock dos UHF.
Naquela noite, quase tudo correu bem aos UHF. O clima da sala esteve ao rubro e as canções foram entoadas do início ao fim por uma audiência participativa e rendida. O som poderia ter estado melhor, porém a performance de músicos e convidados foi quase perfeita.
Clicar para escutar resumo da 1ª hora.
Clicar para escutar resumo da 2ª hora.
Em alternativa pode fazer o download dos ficheiros para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.
16.9.10
Noites Ritual - A emissão
A 19ª edição do festival “Noites Ritual” decorreu nos dias 27 e 28 de Agosto de 2010, nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto. As duas noites deste acontecimento ficaram marcadas por duas enormes enchentes, tendo sido estabelecido novo record de assistência, o que demonstra que sucesso e qualidade são compatíveis quando nos referimos a música portuguesa. E mesmo quando os projectos participantes não são (ainda) monstros consagrados da nossa indústria.
Ao contrário do passado recente, este ano levei gravador e o Bruno pregou-me a partida de me desafiar a transformar umas entrevistas ligeiras e tranquilas num especial de duas horas. Foi com essa encomenda de “emissão especial realizada a partir do Porto” que parti em direcção ao Norte. Já em pleno backstage foi a minha vez de lançar a Pedro Brinca - antigo director da revista “Ritual” e apresentador oficial do festival - o desafio de me acompanhar nessa aventura e me ajudar na apresentação do programa.
Uma emissão com tantos participantes não poderia conter entrevistas muito prolongadas pelo que foi necessário apelar ao nosso esforço de contenção e síntese. Em alguns casos resultou e noutros nem tanto. Na verdade, ficaram muitos sons de fora da edição final e creio que o Atlântico irá aproveitar algumas dessas conversas, mais prolongadas, para especiais no decurso da época 2010/11.
Uma palavra final para a excelente organização e um abraço especial para o Carlos Vieira.
Para o ano, espero estar, de novo, no Porto para uma fantástica edição 20 das “Noites Ritual”. Existe o regresso de um grande grupo na forja para celebrar esse número mágico das 20 edições – para saber qual basta fazer download e escutar estas duas horas de emissão. :)
Para quem não escutou o programa em directo deixo os links para os ficheiros mp3 da primeira e segunda horas de emissão.
Clicar para escutar a 1ª hora de emissão.
Clicar para escutar a 2ª hora de emissão.
Em alternativa pode fazer o download dos ficheiros para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.
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10.9.10
Especial Noites Ritual 2010
A Miróbriga num dos mais emblemáticos festivais de música!
Clicar para escutar.
Noites Ritual - quase 20 anos depois.
Tive o grato prazer de conduzir com Pedro Brinca, na cidade do Porto, uma emissão do Atlântico com grandes protagonistas:
Rita Redshoes, Tornados, Diabo na Cruz, Oquestrada, Legendary Tigerman , Slimmy, Carlos Vieira e Sean Riley & The Slowriders.
Noites Ritual, o festival que apareceu poucos meses depois da primeira emissão da navegação e que tem descoberto grandes nomes e bandas... e que as pode voltar a reunir!
Atlântico - Sábado às 7 da tarde na Miróbriga - 102.7 Fm no sul do país ou em mirobriga.pt no mundo inteiro.
Um conceito de Rádio.
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Noites Ritual - quase 20 anos depois.
Tive o grato prazer de conduzir com Pedro Brinca, na cidade do Porto, uma emissão do Atlântico com grandes protagonistas:
Rita Redshoes, Tornados, Diabo na Cruz, Oquestrada, Legendary Tigerman , Slimmy, Carlos Vieira e Sean Riley & The Slowriders.
Noites Ritual, o festival que apareceu poucos meses depois da primeira emissão da navegação e que tem descoberto grandes nomes e bandas... e que as pode voltar a reunir!
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24.7.10
Atlântico na América - A emissão
Existem programas que ultrapassam o inicialmente previsto e que parecem ganhar vida e vontade próprias. Foi exactamente isso que sucedeu na emissão de hoje do Atlântico, a qual, tendo como mote o livro de Luís Mira, foi totalmente dedicada à América.
Para todos aqueles que não conseguiram escutar o programa em directo deixo os links para os ficheiros mp3 da primeira e segunda horas de emissão.
Clicar para escutar a 1ª hora de emissão.
Clicar para escutar a 2ª hora de emissão.
Em alternativa pode fazer o download dos ficheiros para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.
Para todos aqueles que não conseguiram escutar o programa em directo deixo os links para os ficheiros mp3 da primeira e segunda horas de emissão.
Clicar para escutar a 1ª hora de emissão.
Clicar para escutar a 2ª hora de emissão.
Em alternativa pode fazer o download dos ficheiros para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.
23.7.10
Atlântico na América
"Finalmente" talvez seja a palavra certa para definir o post que aqui deixo. Depois de muitas gravações e peripécias de diversa ordem irá para o ar, amanhã, sábado, um Atlântico bastante especial. Serão duas horas dedicadas à América numa emissão centrada no livro de Luís Mira, "Crónicas da América".
Pelo Atântico irão passar vários convidados, entre os quais, Luís Pinheiro de Almeida, Teresa Leandro, José Marques, Abel Rosa, Luís Mira, António Manuel Ribeiro e Teresa Lage.
Entre as 19h00 e as 21h00 numa emissão que pode ser seguida pela internet através do site da Miróbriga.
Foi com enorme prazer que fiz este programa em conjunto com o Bruno.
Mais informações: Atlântico
Pelo Atântico irão passar vários convidados, entre os quais, Luís Pinheiro de Almeida, Teresa Leandro, José Marques, Abel Rosa, Luís Mira, António Manuel Ribeiro e Teresa Lage.
Entre as 19h00 e as 21h00 numa emissão que pode ser seguida pela internet através do site da Miróbriga.
Foi com enorme prazer que fiz este programa em conjunto com o Bruno.
Mais informações: Atlântico
9.7.10
Rock português em selos
Alguns dos mais importantes discos do rock português foram escolhidos para uma edição especial de selos dos CTT.
As estampas reproduzem as capas de "A Lenda de El-Rei D. Sebastião" (Quarteto 1111), "Ar de Rock" (Rui Veloso), "Psicopátria" (GNR), "À Flor da Pele" (UHF), "88" (Xutos & Pontapés), "Heróis do Mar" (Heróis do Mar) e "Wolfheart" (Moonspell).
Estes selos, de 1 € cada, estarão disponíveis a partir de dia 19 de Julho e podem ser utilizados como qualquer selo normal para envio de correspondência.
As estampas reproduzem as capas de "A Lenda de El-Rei D. Sebastião" (Quarteto 1111), "Ar de Rock" (Rui Veloso), "Psicopátria" (GNR), "À Flor da Pele" (UHF), "88" (Xutos & Pontapés), "Heróis do Mar" (Heróis do Mar) e "Wolfheart" (Moonspell).
Estes selos, de 1 € cada, estarão disponíveis a partir de dia 19 de Julho e podem ser utilizados como qualquer selo normal para envio de correspondência.
8.7.10
The Hoosiers - Choices
"Choices" é o primeiro single do álbum "The Illusion of Safety" dos The Hoosiers. A sair em breve.
Joshua Radin - Brand New Day
Joshua Radin e "Brand New Day" - segundo single do álbum "Simple Times".
27.6.10
Michael Jackson no VH1
No VH1, este fim-de-semana é dedicado ao Rei da Pop. Faz sentido a homenagem, depois de Michael Jackson ter sido o primeiro artista negro a passar na MTV com "Billie Jean".
25.6.10
Um ano sem Michael Jackson
Durante aquelas semanas em que estive em Israel levantei-me quase sempre à mesma hora. Passavam uns minutos das 7h30 e enquanto me despachava liguei o meu portátil. Cliquei no site da TSF e preparava-me para tomar o pequeno-almoço. Quando abriu o noticiário das seis da manhã, em Portugal, a notícia foi um choque. Michael Jackson tinha morrido.
Ao sair de casa, o amigo que me veio buscar tinha o rádio do seu carro sintonizado, naturalmente, numa estação israelita e apesar de nada entender da língua, pouco depois, eram canções de Jackson que eram transmitidas.
Dias depois, os canais de televisão locais, emitiram as cerimónias fúnebres, tal como deve ter sucedido em Portugal e um pouco por todo o lado.
O fenómeno do rei da pop, tinha e tem, uma dimensão planetária.
Recordo-me de ter estado nos anos 90 numa workshop com Jennifer Batten, guitarrista de Michael Jackson, a qual, no meio de algumas dezenas de pessoas não se esquivou a desmistificar muito daquilo que todos recebíamos como sendo verdadeiro. A história das lendas da música sempre se fez com muito exagero da realidade e Jackson era um perito nessa arte, tanto para o bem como, mais tarde, para o mal.
Nunca fui um fã de Michael Jackson, mas, sempre segui a sua carreira com interesse e curiosidade. E, admito, com alguma dose de admiração pelo artista único que ele foi. Também sinto interesse em conhecer alguma da obra que está gravada e que irá ser editada ao longo dos próximos anos ou décadas. Só espero que não se chegue ao ponto de se editar tudo, mesmo aquelas coisas que Michael Jackson só não jogou para o lixo porque não sabia que iria morrer nesse dia 25 de Junho de 2009.
Como recordação fugi dos grandes êxitos dos anos 80 e optei por "Earth Song". Uma grande canção e um soberbo vídeo.
Ao sair de casa, o amigo que me veio buscar tinha o rádio do seu carro sintonizado, naturalmente, numa estação israelita e apesar de nada entender da língua, pouco depois, eram canções de Jackson que eram transmitidas.
Dias depois, os canais de televisão locais, emitiram as cerimónias fúnebres, tal como deve ter sucedido em Portugal e um pouco por todo o lado.
O fenómeno do rei da pop, tinha e tem, uma dimensão planetária.
Recordo-me de ter estado nos anos 90 numa workshop com Jennifer Batten, guitarrista de Michael Jackson, a qual, no meio de algumas dezenas de pessoas não se esquivou a desmistificar muito daquilo que todos recebíamos como sendo verdadeiro. A história das lendas da música sempre se fez com muito exagero da realidade e Jackson era um perito nessa arte, tanto para o bem como, mais tarde, para o mal.
Nunca fui um fã de Michael Jackson, mas, sempre segui a sua carreira com interesse e curiosidade. E, admito, com alguma dose de admiração pelo artista único que ele foi. Também sinto interesse em conhecer alguma da obra que está gravada e que irá ser editada ao longo dos próximos anos ou décadas. Só espero que não se chegue ao ponto de se editar tudo, mesmo aquelas coisas que Michael Jackson só não jogou para o lixo porque não sabia que iria morrer nesse dia 25 de Junho de 2009.
Como recordação fugi dos grandes êxitos dos anos 80 e optei por "Earth Song". Uma grande canção e um soberbo vídeo.
21.6.10
Seth Lakeman - Hearts & Minds
"Hearts & Minds" - o novo álbum de Seth Lakeman - está quase a ser editado e esta sonoridade folk agrada-me bastante!
20.6.10
Steve Miller Band - Abracadabra
Num momento em que o novo álbum já foi editado aqui fica uma recordação numa versão ao vivo. Destaque para o diálogo entre Steve Miller e Carlos Reyes.
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