Por muito estranho que possa parecer, o futebol português não surgiu no ano em que nascemos. É comum dar-se mais importância às competições recentes, considerando as mais remotas como menos relevantes. Não concordo com esta abordagem porque todas elas são igualmente legitimas e significativas.
Eusébio permanece “a referência” mítica no futebol português. Ajudou ao mito o facto de ser jogador do Benfica, de ter sido “mostrado ao mundo” no Mundial de 1966 e de ter sido um verdadeiro génio goleador. Mas, terá mesmo sido o melhor jogador português de todos os tempos? Não sei, não faço ideia e nunca vi o Eusébio jogar. A malta da minha geração vai continuar a ter o nome de Figo como referência, mantendo o de Eusébio como o de uma lenda viva do futebol.
Contudo, antes de Eusébio nada houve no futebol nacional?
Claro que tivemos grandes jogadores, mas, das gerações de outras épocas poucos restam vivos para os recordar e as imagens de televisão que sobreviveram também não são grande coisa. Quando Eusébio “aterrou” em Lisboa era apelidado de “novo Matateu”. Isto porque Matateu era “a referência” máxima da época anterior a Eusébio e a uma maior visibilidade do futebol português no mundo.
Matateu era um matador na área. Provavelmente, Eusébio terá sido o melhor jogador do futebol português, porém, Matateu terá sido o melhor finalizador de todos os tempos, com uma capacidade goleadora fantástica.
Vem isto a propósito de uma visita que fiz à espantosa “Sala de Troféus” do Belenenses. A vitrina dedicada a Matateu - onde se encontra o espólio que o próprio fez questão de oferecer ao Belém aquando da sua morte - arrepia qualquer azul ou qualquer adepto de futebol. A primeira “Bola de Prata” foi conquistada em 1952-53 por Matateu e encontra-se bem destacada naquela vitrina.
O Belenenses nunca teve a dimensão de Sporting ou Benfica. Todavia, conquistou quatro títulos nacionais (três Campeonatos de Portugal e um Campeonato da 1ª Divisão), foi Vice em cinco temporadas (três no Campeonato de Portugal e duas na 1ª Divisão) e esteve em sete finais da Taça de Portugal (com três vitórias), além de ter concluído o campeonato principal no 3º posto em 14 ocasiões.
As últimas décadas não têm sido positivas para o meu clube. Não obstante, com algum esforço e dedicação, acredito que a História futura poderá ser bem positiva! Para quem se desloque ao Restelo, sugiro uma visita a esta magnífica “Sala de Troféus” que conta com dois pisos e dezenas de vitrinas.
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