Só quem viveu sabe o que foi. E quem viveu de forma intensa as noites dos Dias Atlânticos não deixou de estar presente nesta festa. Vieram um pouco de todo o lado, sem hesitações e com o apelo forte de um chamamento. Foram em vasto número aqueles que não conseguiram resistir ao charme viciante da recordação das melhores noites de sempre por terras do litoral alentejano.
A maioria dos mais assíduos antigos clientes chegaram cedo como se quisessem confirmar que existia mesmo uma festa e que não estariam a sonhar. “Belisquem-me para ter a certeza de que é verdade” era uma expressão que se sentia em muitos dos olhares daqueles que já lá estavam quando entrei. Cheguei cedo. Nem era meia-noite quando abordei o parque de estacionamento dos Dias Atlânticos. Os carros começavam a acumular-se e, depois de uns instantes de hesitação, optei por fazer tudo como antigamente. Perdi mais uns minutos que custaram a passar e deixei a viatura perto da casa de um amigo meu. Na generalidade, as pessoas começaram a chegar à discoteca bastante cedo. O facto de terem existido diversos jantares de grupo fez com que muita gente preferisse ir directa do restaurante para a celebração.
Os reencontros com amigos foram uma constante e a noite só teve o defeito de não se ter esticado mais horas, mais dias, mais noites. Logo à entrada, alguns colegas do liceu e um abraço ao antigo porteiro Velez, com quem recordei algumas histórias no meio de largos sorrisos. Pouco depois, e ainda fora da discoteca, foi a vez de um grande abraço a Luís Lucas, meu grande amigo de muitas noites nos Dias e de várias tardes, no estúdio da Miróbriga, na condução do programa “Café Rock”. Falámos das festas, das coberturas em directo pela rádio… até que um calafrio me percorreu a espinha quando o Lucas me perguntou pelo saudoso Fernando Calado.
Finalmente, entrei na discoteca. Parei para duas conversas com Zé Dado e Paulo Chaves, enquanto a casa começava a encher. Fui abordado por uma antiga cliente dos Dias que visitara o meu blogue. Entre palavras repletas de simpatia passámos em revista as noites que marcaram o início dos anos 90 na nossa região. Entretanto, sou abraçado por outro antigo colega de secundária. Na cabine dos DJ’s estavam Zé Alexandre, Luís Sambado e Miguel Fino. Mais tarde, vi Tiago Rito, um dos homens que fundou os Dias Atlânticos, certamente agradado com a adesão popular.
Consegui percorrer uns dois metros no espaço de meia-hora. Nada mau porque ainda me mexia com grande à-vontade e era simples pedir uma bebida. Em má hora não o fiz porque, em breve, estaria uns 30 minutos numa afável espera para ser atendido. Os preços eram simpáticos e o consumo mínimo exigido também era acessível.
A casa esteve apinhada, o ambiente foi fantástico, a música – após um início com 3 ou 4 músicas que me fizeram tremer (nunca fui fã de ABBA) – avançou, rapidamente, para a coerência e qualidade a que estávamos habituados. Além dos êxitos de massas, por lá passaram coisas tão boas como “E=MC2” dos Big Audio Dynamite (a banda de Mick Jones dos Clash) que me fizeram dar uns passos mais largos de dança numa pista forçosamente pequena para tanta gente. Tal como Miguel Camanho (DJ de tantas e tão boas noites em Sines) me dizia numa das dezenas de reencontros que tive, “isto são músicas que já só escutamos ou em casa ou no carro”, numa alusão às opções musicais que os bares e discotecas vão teimando em manter. Curiosamente, as músicas do “pum-pum” não são muito consideradas nem valorizadas pela população que responde aos rigorosos estudos realizados pelas grandes cadeias de rádio. Ou seja, e a menos que a população que é aleatoriamente contactada para colaborar nos estudos de opinião seja diametralmente oposta aos clientes dos estabelecimentos de diversão nocturna, alguma coisa permanece uma gigantesca incógnita no que concerne às músicas que passam nestes locais. Enfim, ontem, tivemos, nos antigos Dias Atlânticos, uma noite em cheio e com uma animação de louvar.
Os anos passam e nada permanece igual. O local é o mesmo, mas muita coisa sucedeu desde que os Dias Atlânticos fecharam as portas. O recinto já conheceu épocas mais gloriosas e mais condizentes com a sua história. A organização da festa fez o que pôde para minorar alguma natural decadência. As colunas foram alugadas. As luzes eram sofríveis. Porém, quem faz o sucesso de uma festa são as pessoas. E aquelas pessoas estavam-se nas tintas para o acessório. O importante era a emoção e o sentimento que as rodeava. O balanço da noite revivalista que decorreu nos Dias Atlânticos só pode resumir-se a uma palavra: sucesso.
Já não estava com o Lucas há muitos anos e, durante a noite, foi possível irmos recordando aspectos e histórias dos tempos dos Dias Atlânticos. Num momento em que estávamos a olhar para o ambiente que se vivia, Lucas comentava que os Dias tinham sido uma discoteca marcante. De facto, somente uma discoteca que tivesse marcado uma geração poderia reunir tanta gente. Reencontros à parte, também tive oportunidade de conhecer pessoas novas que eram antigos clientes dos Dias, incluindo, Carmen Botelho, que em boa hora concebeu o cartaz/convite da iniciativa.
Após um sucesso como este, toda a gente aguarda para ver o que se seguirá. Dentro do formato “Dias Atlânticos”, muita coisa pode fazer sentido, porém, em matéria de revivalismo puro e duro, uma ou duas festas por ano já seria muito bom.
Esta foi uma rara e magnífica noite atlântica.
Visita recomendada ao blogue Santo_André_Ontem_Hoje_Amanhã
3.8.09
2.8.09
Rita Redshoes + Daniel Bacelar
Rita Redshoes convidou Daniel Bacelar para um dueto na noite de ontem. "Lonesome Town" correu tão bem que ainda houve direito a "I've Got A Feeling", ambas canções de Ricky Nelson. Este espectáculo decorreu nos Jardins em Belém integrado no Festival dos Oceanos.
Melhor do que falar sobre o acontecimento é mostrar o que sucedeu em palco.
Para quando uma colaboração semelhante em disco?
Melhor do que falar sobre o acontecimento é mostrar o que sucedeu em palco.
Para quando uma colaboração semelhante em disco?
30.7.09
Oito + Dias Atlânticos
A noite da próxima 6ª feira promete ser um momento alto para o eixo Sines – Santiago do Cacém – Santo André. Ao longo dos últimos dias, tenho notado um interesse acrescido sobre a festa que evoca as memórias de “Oito” e “Dias Atlânticos”. São várias as gerações que se podem vir a cruzar nessa noite. Ainda há uns minutos me telefonou um amigo a perguntar se queria ir jantar com um grupo de antigos colegas de liceu. Também outro grupo de amigos prepara um jantar prévio à deslocação para a festa. Acresce que são diversas as visitas que vou recebendo neste meu blogue, de pessoas que aqui chegam via motores de busca e pesquisando palavras como “dias atlânticos”. Curiosamente, o pequeno texto que disponibilizei neste blogue e que remeti a meia dúzia de amigos por email acabou por ser utilizado de forma massiva em forwards sucessivos. Nada tenho a ver com a organização do evento, mas, fico satisfeito por ter podido colaborar desta forma singela.
Tenho imensas recordações do “Oito”. Das várias fases do “Oito”. Esta discoteca marcou toda uma geração e os seus DJ’s, alguns deles meus amigos, contribuíram para a formação da minha cultura musical. Recordo-me que Xutos & Pontapés era uma banda bastante divulgada no “Oito” em período (bem) anterior ao “Circo de Feras”. Pessoalmente, preferia o “Oito” num período em que eu devia ter uns 16 ou 18 anos.
Os “Dias Atlânticos” são um caso diferente. Recordo-me das festas como momentos muito altos e de toda uma envolvência que nos fazia sentir como se estivéssemos nas loucas noites de Nova Iorque. Também recordo conversas e situações impossíveis de aqui transcrever e de acesos debates musicais em horas de fecho. Sublinho a amizade estabelecida com Luís Lucas, que passou por jogos infindáveis de xadrez e por um programa de rádio intitulado “Café Rock”.
A noite desta 6ª feira, dia 31 de Julho, promete ser um encontro de gerações. Pelo entusiasmo que sinto no ar atrevo-me a dizer que só pode ser bom. Muito bom.
Tenho imensas recordações do “Oito”. Das várias fases do “Oito”. Esta discoteca marcou toda uma geração e os seus DJ’s, alguns deles meus amigos, contribuíram para a formação da minha cultura musical. Recordo-me que Xutos & Pontapés era uma banda bastante divulgada no “Oito” em período (bem) anterior ao “Circo de Feras”. Pessoalmente, preferia o “Oito” num período em que eu devia ter uns 16 ou 18 anos.
Os “Dias Atlânticos” são um caso diferente. Recordo-me das festas como momentos muito altos e de toda uma envolvência que nos fazia sentir como se estivéssemos nas loucas noites de Nova Iorque. Também recordo conversas e situações impossíveis de aqui transcrever e de acesos debates musicais em horas de fecho. Sublinho a amizade estabelecida com Luís Lucas, que passou por jogos infindáveis de xadrez e por um programa de rádio intitulado “Café Rock”.
A noite desta 6ª feira, dia 31 de Julho, promete ser um encontro de gerações. Pelo entusiasmo que sinto no ar atrevo-me a dizer que só pode ser bom. Muito bom.
29.7.09
Encontro de gerações
Daniel Bacelar, que foi, com os Conchas, o primeiro artista português a gravar um disco ié-ié, em 1960, sobe sábado, dia 01 de Agosto, ao palco do Festival dos Oceanos, em Lisboa, para um dueto com Rita Redshoes.
O convite partiu da própria Rita Redshoes, que costuma incluir nos seus espectáculos ao vivo uma versão de "Lonesome Town", um clássico dos anos 1950 tornado famoso por Ricky Nelson.
Daniel Bacelar, no auge da sua carreira, entre 1960 e 1967, foi considerado o "Ricky Nelson português", razão por que Rita Redshoes quis partilhar o palco com ele.
"Nunca imaginei que alguém se lembrasse de mim, sobretudo uma 'miúda' dos anos 2000, de quem sou fã, mas que eu desconhecia que apreciava Ricky Nelson", disse Daniel Bacelar à Agência Lusa, a propósito do convite.
"Fiquei muito sensibilizado - acrescentou - até porque este tipo de partilha de gerações não é habitual em Portugal".
Na década de 1960, Daniel Bacelar fez regularmente "matinées" no Teatro Monumental, em Lisboa, de Vasco Morgado, com Zeca do Rock, Fernando Conde e Nelo do Twist, e participou no "Concurso Tipo Shadows", no Cinema Roma, em 1963.
Este ano, um grupo brasileiro, Autoramas, repescou um tema de Daniel Bacelar, "Se eu enlouquecer", mas a sua interpretação mais genuína permanece "Marcianita".
Tendo como tema a Astronomia, o Festival dos Oceanos, com entrada gratuita, decorre em vários locais de Lisboa (Belém, Baixa, Parque das Nações), abrindo precisamente com Rita Redshoes, que faz a primeira parte da estreia em Portugal de James Morrison, nos Jardins de Belém.
Fonte: Lusa/Fim
Créditos da foto: http://guedelhudos.blogspot.com
NOTA: Como é do conhecimento de quem acompanha este blogue, eu aprecio bastante o trabalho de Rita Redshoes. O concerto a que assisti nas Noites Ritual no Porto foi realmente muito bom e confirmou-me uma artista de excelência; Por outro lado, num dos raros blogues onde costumo participar o Daniel Bacelar marca presença diária. A sua perspicácia, humor refinado e bom gosto musical - conjugados com a importância histórica sublinhada no texto - permitem-se aconselhar vivamente uma deslocação a este acontecimento.
O convite partiu da própria Rita Redshoes, que costuma incluir nos seus espectáculos ao vivo uma versão de "Lonesome Town", um clássico dos anos 1950 tornado famoso por Ricky Nelson.
Daniel Bacelar, no auge da sua carreira, entre 1960 e 1967, foi considerado o "Ricky Nelson português", razão por que Rita Redshoes quis partilhar o palco com ele.
"Nunca imaginei que alguém se lembrasse de mim, sobretudo uma 'miúda' dos anos 2000, de quem sou fã, mas que eu desconhecia que apreciava Ricky Nelson", disse Daniel Bacelar à Agência Lusa, a propósito do convite.
"Fiquei muito sensibilizado - acrescentou - até porque este tipo de partilha de gerações não é habitual em Portugal".
Na década de 1960, Daniel Bacelar fez regularmente "matinées" no Teatro Monumental, em Lisboa, de Vasco Morgado, com Zeca do Rock, Fernando Conde e Nelo do Twist, e participou no "Concurso Tipo Shadows", no Cinema Roma, em 1963.
Este ano, um grupo brasileiro, Autoramas, repescou um tema de Daniel Bacelar, "Se eu enlouquecer", mas a sua interpretação mais genuína permanece "Marcianita".
Tendo como tema a Astronomia, o Festival dos Oceanos, com entrada gratuita, decorre em vários locais de Lisboa (Belém, Baixa, Parque das Nações), abrindo precisamente com Rita Redshoes, que faz a primeira parte da estreia em Portugal de James Morrison, nos Jardins de Belém.
Fonte: Lusa/Fim
Créditos da foto: http://guedelhudos.blogspot.com
NOTA: Como é do conhecimento de quem acompanha este blogue, eu aprecio bastante o trabalho de Rita Redshoes. O concerto a que assisti nas Noites Ritual no Porto foi realmente muito bom e confirmou-me uma artista de excelência; Por outro lado, num dos raros blogues onde costumo participar o Daniel Bacelar marca presença diária. A sua perspicácia, humor refinado e bom gosto musical - conjugados com a importância histórica sublinhada no texto - permitem-se aconselhar vivamente uma deslocação a este acontecimento.
24.7.09
As palhas não bulem
“quase todas as canções foram belas e nem uma palha buliu: se o concerto começou calmo, bem calminho acabou.” João Bonifácio, Público, 27 de Junho de 2007 (concerto de Aimee Mann)
“O Belenenses joga e há duas dezenas de velhinhos nas bancadas, nem uma palha bule, é um sossego.” João Bonifácio, Público, 20 de Julho de 2009 (festival SBSR)
Todos os meus amigos assim como demais população que acompanha o meu blogue sabe que sou sócio do Belenenses. Um daqueles associados que tem “quota azul” e que a utiliza para assistir a 5 ou 6 jogos por época. Também, toda a gente sabe as ligações que teimo em manter ao mundo da música e ao jornalismo. Enfim, são gostos e opções que nem sei bem quando surgiram.
Hoje, vou misturar futebol com música e dar uma opinião pessoal sobre uma polémica que agitou a última semana. Quem acompanha o jornalismo musical português conhece bem o nome em questão. João Bonifácio é famoso pelos seus textos altamente críticos e devastadores para com os diversos artistas que têm o azar de estarem na mesma sala que ele. Também é conhecido por ter feito uma série de confusões numa entrevista a Camané, quando traduziu a palavra “ombre” da canção “Ne Me Quittes Pas” de Jacques Brel para “ombro”. Só que em francês “ombre” é “sombra”. Assim sendo, os versos “deixa-me ser a sombra da tua sombra / a sombra da tua mão / a sombra do teu cão”, transformaram-se em “deixa-me ser o ombro do teu ombro / o ombro da tua mão / o ombro do teu cão”.
Porém, creio que aquilo que ocorreu no passado dia 20 de Julho foi o ponto mais alto da sua contestada carreira. Entre ataques ferozes a tudo o que mexeu musicalmente no Festival SBSR, João Bonifácio decidiu apimentar o texto com diversas menções ao Clube que é proprietário do estádio onde ocorreu o evento. Desde referências às alegadas “duas dezenas de velhinhos” que assistem aos jogos (oficialmente, na época passada, o Belenenses foi o sétimo clube em assistências, com mais de 4 mil espectadores por jogo), passando por afirmações de que fazer algo do género naquele local quase parecia “uma acção de beneficência” pode-se ler de tudo um pouco.
Nesta matéria de “beneficência”, o Restelo tem estado desde sempre associado a grandes acontecimentos musicais, pelo que, as considerações realizadas ao Clube e ao Estádio pecam, igualmente, por esquecimento ou outra coisa qualquer. Recordo-me, ainda muito bem, da loucura que foi a vinda dos Police (1980), Roxy Music (1982) ou de Rod Stewart (1983). Mais recentemente, por lá passaram Metallica (1996), Pearl Jam (2000), Smashing Pumpkins (2000) ou Lenny Kravitz (2002). Mesmo o Pavilhão do Belenenses tem histórias importantes para contar. Classic Noveaux ou Xutos & Pontapés (o clássico triplo ao vivo foi lá gravado) são excelentes exemplos. O próprio Clube tem ligações estreitas ao meio artístico e Carlos do Carmo, Raul Solnado, João Pedro Pais, Francisco Nicholson ou Luís Represas são outras personalidades bem conhecidas que são sócias do Belém. A maior figura da música portuguesa de todos os tempos, Amália Rodrigues, era, igualmente, belenense. Ou seja, tanto o Estádio do Restelo como o próprio Clube possuem ligações históricas, afectivas e efectivas ao mundo musical e artístico.
Quem me conhece sabe bem que sou um defensor da liberdade de opinião e de expressão. Tenho tudo a favor de uma escrita mordaz e demolidora quando se avalia negativamente um espectáculo. A questão é que tal deve e pode ser realizado de forma correcta e sem que pareça estarmos no meio de um cenário de guerra. A língua portuguesa é suficientemente rica para que consigamos adjectivar sem que ultrapassemos a fronteira da visão crítica e entremos num campo de agressão verbal injustificável. Falar do Belenenses da maneira que João Bonifácio o fez só poderia ter maus resultados. Talvez a habitual pacatez com que os homens do Restelo reagem a situações que fariam perder a cabeça a todos os outros clubes nacionais ajudem a compreender o atrevimento. Todavia, desta feita, a situação entrou em descontrolo total e não faço ideia do que sucederia se João Bonifácio aparecesse bem identificado pelo Estádio do Restelo. O feedback ao que escreveu foi de tal ordem, que, ontem, em editorial, o jornal Público, através de Nuno Pacheco, apresentava as suas desculpas, afirmando que “(...) o Belenenses, pela sua história, actividade e prestígio, merece um público e sincero pedido de desculpas (...)”.
Aparentemente, e por muito estranho que possa parecer, devemos retirar dois ensinamentos de tudo isto. O primeiro é que, quando a Direcção reage, o nome do Belenenses não é achincalhado; o segundo é menos evidente, mas, absolutamente óbvio: apesar da fixação e da insistência nessa ideia, a palha não bule.
Na verdade, o meu avô costumava usar a palha para alimentar o gado.
links interessantes:
Texto de João Bonifácio
Notícia Blitz
Provedor do Público
“O Belenenses joga e há duas dezenas de velhinhos nas bancadas, nem uma palha bule, é um sossego.” João Bonifácio, Público, 20 de Julho de 2009 (festival SBSR)
Todos os meus amigos assim como demais população que acompanha o meu blogue sabe que sou sócio do Belenenses. Um daqueles associados que tem “quota azul” e que a utiliza para assistir a 5 ou 6 jogos por época. Também, toda a gente sabe as ligações que teimo em manter ao mundo da música e ao jornalismo. Enfim, são gostos e opções que nem sei bem quando surgiram.
Hoje, vou misturar futebol com música e dar uma opinião pessoal sobre uma polémica que agitou a última semana. Quem acompanha o jornalismo musical português conhece bem o nome em questão. João Bonifácio é famoso pelos seus textos altamente críticos e devastadores para com os diversos artistas que têm o azar de estarem na mesma sala que ele. Também é conhecido por ter feito uma série de confusões numa entrevista a Camané, quando traduziu a palavra “ombre” da canção “Ne Me Quittes Pas” de Jacques Brel para “ombro”. Só que em francês “ombre” é “sombra”. Assim sendo, os versos “deixa-me ser a sombra da tua sombra / a sombra da tua mão / a sombra do teu cão”, transformaram-se em “deixa-me ser o ombro do teu ombro / o ombro da tua mão / o ombro do teu cão”.
Porém, creio que aquilo que ocorreu no passado dia 20 de Julho foi o ponto mais alto da sua contestada carreira. Entre ataques ferozes a tudo o que mexeu musicalmente no Festival SBSR, João Bonifácio decidiu apimentar o texto com diversas menções ao Clube que é proprietário do estádio onde ocorreu o evento. Desde referências às alegadas “duas dezenas de velhinhos” que assistem aos jogos (oficialmente, na época passada, o Belenenses foi o sétimo clube em assistências, com mais de 4 mil espectadores por jogo), passando por afirmações de que fazer algo do género naquele local quase parecia “uma acção de beneficência” pode-se ler de tudo um pouco.
Nesta matéria de “beneficência”, o Restelo tem estado desde sempre associado a grandes acontecimentos musicais, pelo que, as considerações realizadas ao Clube e ao Estádio pecam, igualmente, por esquecimento ou outra coisa qualquer. Recordo-me, ainda muito bem, da loucura que foi a vinda dos Police (1980), Roxy Music (1982) ou de Rod Stewart (1983). Mais recentemente, por lá passaram Metallica (1996), Pearl Jam (2000), Smashing Pumpkins (2000) ou Lenny Kravitz (2002). Mesmo o Pavilhão do Belenenses tem histórias importantes para contar. Classic Noveaux ou Xutos & Pontapés (o clássico triplo ao vivo foi lá gravado) são excelentes exemplos. O próprio Clube tem ligações estreitas ao meio artístico e Carlos do Carmo, Raul Solnado, João Pedro Pais, Francisco Nicholson ou Luís Represas são outras personalidades bem conhecidas que são sócias do Belém. A maior figura da música portuguesa de todos os tempos, Amália Rodrigues, era, igualmente, belenense. Ou seja, tanto o Estádio do Restelo como o próprio Clube possuem ligações históricas, afectivas e efectivas ao mundo musical e artístico.
Quem me conhece sabe bem que sou um defensor da liberdade de opinião e de expressão. Tenho tudo a favor de uma escrita mordaz e demolidora quando se avalia negativamente um espectáculo. A questão é que tal deve e pode ser realizado de forma correcta e sem que pareça estarmos no meio de um cenário de guerra. A língua portuguesa é suficientemente rica para que consigamos adjectivar sem que ultrapassemos a fronteira da visão crítica e entremos num campo de agressão verbal injustificável. Falar do Belenenses da maneira que João Bonifácio o fez só poderia ter maus resultados. Talvez a habitual pacatez com que os homens do Restelo reagem a situações que fariam perder a cabeça a todos os outros clubes nacionais ajudem a compreender o atrevimento. Todavia, desta feita, a situação entrou em descontrolo total e não faço ideia do que sucederia se João Bonifácio aparecesse bem identificado pelo Estádio do Restelo. O feedback ao que escreveu foi de tal ordem, que, ontem, em editorial, o jornal Público, através de Nuno Pacheco, apresentava as suas desculpas, afirmando que “(...) o Belenenses, pela sua história, actividade e prestígio, merece um público e sincero pedido de desculpas (...)”.
Aparentemente, e por muito estranho que possa parecer, devemos retirar dois ensinamentos de tudo isto. O primeiro é que, quando a Direcção reage, o nome do Belenenses não é achincalhado; o segundo é menos evidente, mas, absolutamente óbvio: apesar da fixação e da insistência nessa ideia, a palha não bule.
Na verdade, o meu avô costumava usar a palha para alimentar o gado.
links interessantes:
Texto de João Bonifácio
Notícia Blitz
Provedor do Público
16.7.09
Dias Atlânticos
REVIVER A HISTÓRIA TAMBÉM É BOM
Os anos voam e nada permanece igual.
Em Santiago do Cacém, conhecemos a modernidade no início dos anos 90, quando surgiu uma discoteca que quebrou preconceitos e inovou em diversos aspectos, inclusive na vertente cultural.
As festas temáticas que os “Dias Atlânticos” organizavam às quintas-feiras proporcionavam algo de único e de mágico.
A enorme imaginação com que eram abordadas essas festas, com decorações feitas à medida de cada acontecimento, elevavam estas noites a momentos únicos. Recordo-me de festas absolutamente inesquecíveis, como a “Festa da Praia” (toda a discoteca transformada em praia com centenas de quilos de areia…), ou de um Dia da Juventude com a actuação dos Ena Pá 2000 (aquando da edição do seu primeiro álbum).
Era cliente habitual do espaço e amigo de muitos dos frequentadores, donos e funcionários.
Muitos anos depois vai existir uma festa que recorda esses maravilhosos tempos dos “Dias Atlânticos”.
31 de Julho no mesmo local mágico - Quinta da Palmeira nos Escatelares.
A não perder.
Os anos voam e nada permanece igual.
Em Santiago do Cacém, conhecemos a modernidade no início dos anos 90, quando surgiu uma discoteca que quebrou preconceitos e inovou em diversos aspectos, inclusive na vertente cultural.
As festas temáticas que os “Dias Atlânticos” organizavam às quintas-feiras proporcionavam algo de único e de mágico.
A enorme imaginação com que eram abordadas essas festas, com decorações feitas à medida de cada acontecimento, elevavam estas noites a momentos únicos. Recordo-me de festas absolutamente inesquecíveis, como a “Festa da Praia” (toda a discoteca transformada em praia com centenas de quilos de areia…), ou de um Dia da Juventude com a actuação dos Ena Pá 2000 (aquando da edição do seu primeiro álbum).
Era cliente habitual do espaço e amigo de muitos dos frequentadores, donos e funcionários.
Muitos anos depois vai existir uma festa que recorda esses maravilhosos tempos dos “Dias Atlânticos”.
31 de Julho no mesmo local mágico - Quinta da Palmeira nos Escatelares.
A não perder.
14.6.09
TAXI - Amanhã
UM REGRESSO DE ALTO RISCO
Ontem
Os anos passam e, quando olhamos para trás, ficamos muitas vezes perplexos. O fenómeno que ocorreu em 1980 e que se estendeu durante pouco mais de 2 anos revolucionou toda a música eléctrica portuguesa e foi vivido de forma rápida e intensa.
As bandas de sucesso foram sugadas até ao tutano com discos atrás de discos e sem que tivessem o tempo correcto para um melhor e maior amadurecimento. Infelizmente, esta é uma causa recorrentemente ignorada quando se analisa o “crash” do “boom”. Se pensarmos nos casos flagrantes dos dois projectos nacionais de maior sucesso nessa época, UHF e Taxi, em 1981 e 1982, os primeiros editaram dois álbuns e um mini-LP e os segundos dois álbuns. Todas estas edições venderam como ginjas e, durante esses dois anos, tanto os Taxi como os UHF percorreram o país de lés-a-lés, numa época sem auto-estradas e com condições logísticas e organizativas pré-históricas. A intensidade destes anos teve como resultado uma tremenda ressaca global e, também, motivou consequências internas aos projectos.
Os Taxi foram um caso exemplar da sociedade de consumo imediato. Após o gigantesco sucesso do seu álbum de estreia editado em 81, mandaria a razoabilidade e o bom senso que fossem bem aproveitados os “n” singles que o LP poderia proporcionar. Não o foram e a decisão passou por avançar a toda a velocidade para “Cairo” (1982). Para completar o ramalhete, a banda ainda foi espremida em 1983 com mais um álbum, “Salutz”. As consequências foram devastadoras para o grupo. Depois de terem editado o disco mais eficaz da história da música pop-rock nacional, nunca devia ter saído, no ano seguinte, o álbum “Cairo”. O desejável seria deixar respirar a banda, deixar que o grupo amadurecesse e que o LP seguinte tivesse surgido mais tarde. Na altura, as edições somavam-se a elevado ritmo e nem sempre o melhor para a indústria representa o ideal para o processo de crescimento dos projectos. Pelo contrário, os interesses de uma editora muitas vezes chocam com o mais elementar conceito do que deve ser a gestão da carreira de um grupo ou artista – e, em Portugal, o conceito de “gestão de carreira” é outro tema interessante para reflectir com seriedade.
A esta questão de produtividade excessiva somou-se um certo atrevimento dos Taxi a partir do momento em que se cansaram de dar voltas a Portugal. Em 1987, lançam um álbum totalmente em inglês, precisamente na altura em que se assistia a um ressurgimento da música eléctrica cantada em português, liderado pelo trabalho “Circo de Feras” dos Xutos & Pontapés. A aposta no inglês, a maturidade musical apresentada, a ausência de um imediatismo existente nas composições iniciais, a recepção distante da comunicação social e um “deixar cair” promocional por parte da editora que tanto dinheiro tinha ganho com eles no passado conduziram a que os Taxi tivessem estacionado a viatura. Canções como “Scream’in love”, “Goodbye Charlie”, “Never on sunday” e, sobretudo, o fantástico “Dance, dance, dance” mereciam outro reconhecimento popular. Também, o facto de João Grande, Henrique Oliveira, Rui Taborda e Rodrigo Freitas se terem mantido fiéis ao Porto os desfavoreceu num mercado em que Lisboa era o centro decisório de tudo. Viver longe da Capital era (e ainda é) um factor negativo para a carreira de qualquer músico que se queira no topo.
Em 1999, existiu um primeiro esboço de eventual regresso. A colectânea “O céu pode esperar” foi bem preparada e deixou no ar uma possibilidade de retoma à actividade. Porém, faltou um ou dois inéditos que puxassem pelo disco, pelo regresso da banda e que possibilitassem uma promoção rádio e TV condignas. Acabou por ser uma oportunidade perdida. Na realidade, ao longo de todo este tempo, jamais algum grupo conseguiu ocupar o seu espaço e a popularidade das suas canções permanece em alta. 22 anos foi um tempo de ausência excessivo ou o regresso é, em si mesmo, um risco demasiado elevado e que os Taxi não deviam ter assumido?
Quando se alcança o patamar das lendas é prudente um regresso ao activo?
Quando se alcança um estatuto de lenda jamais é prudente regressar. E, mesmo com uma gigantesca máquina por detrás, é sempre um risco tremendo. Que o digam os Queen (pela negativa) ou os Eagles (pela positiva). Os portugueses Taxi decidiram voltar com novo álbum de originais e sem qualquer digressão nostálgica que o antecedesse. Compreendo que, mais de 20 anos depois, os músicos dos Taxi não tenham muita pachorra para tocarem, numa digressão, apenas canções editadas entre 1981 e 1987. Com o assumir do risco, o presente chama-se “Amanhã”.
“Amanhã”
O novo álbum é bastante complicado de ser analisado de forma isenta e imparcial por qualquer crítico que se debruce sobre o mesmo, sobretudo, se conhecer profundamente a obra gravada, como é o caso deste vosso escriba. Fosse o disco de um novo projecto e seria simples; fosse uma edição de um grupo veterano com carreira constante e também o seria. O problema é que estamos na presença do novo álbum dos Taxi, um grupo que deixou o patamar dos vivos em 1987 e que conquistou, com os seus dois primeiros LP’s, o direito a uma canonização popular.
A forma fácil de avaliar o álbum é conhecida. Se as músicas forem parecidas às do passado significa que o grupo estagnou e nada de novo tem a mostrar; se a sonoridade mudou é porque o grupo devia ter composto mais temas semelhantes aos dos dias de glória. Mesmo assim, “Amanhã”, quer seja considerado genial ou desastroso, nada irá influir no mapa de concertos para os próximos dois anos porque toda a gente tem saudades dos homens da “Chiclete”. Por mais desagradável que esta afirmação possa parecer, o principal trunfo dos Taxi de hoje é serem os Taxi de ontem. Quer isto dizer que “Amanhã” é um álbum vazio de significado e de importância para a própria vida da banda? Não, longe disso. “Amanhã” é um disco importante para um grupo que tenha vindo para ficar. “Amanhã” é um trabalho nuclear para que se verifique do prazo de validade do projecto e uma resposta a todas as questões que estes regressos à vida sempre provocam.
Os músicos estão mais velhos. 22 anos mais velhos desde “The night”. Curiosamente, tocam melhor do que em 1981. A sonoridade, que sempre mudou bastante no passado, tem uma marca característica de Taxi. Mas, será “Amanhã” um álbum que corresponde ao que os fãs dos Taxi gostariam? Manterão uma atitude adolescente mesmo depois dos 50 anos?
“Vai começar uma viagem sem pressa de chegar ao fim”
A primeira canção do álbum é como que um sinal para esta nova viagem dos Taxi. “Até ao fim” é um tema pop descontraído com uma letra solta, apaixonada e atrevida em que “dois corpos deitados repousam ao luar”. A abertura não poderia ter sido melhor e respiramos um cálice de “Taxi vintage” porque “Até ao fim” é do mais comercial que algum dia estes rapazes compuseram. Com um máximo de 3 audições, toda a gente sabe a letra de cor e o difícil será não trautear o refrão ao longo do resto do dia. Com todo este balanço, entra-se na faixa seguinte com o receio de já se ter escutado o melhor do álbum. Mas não, o tema título do trabalho, “Amanhã”, é outra canção de sucesso e que, dentro em breve, será mais um clássico. A letra é menos adolescente, mas, a música leva-nos para o álbum “Cairo”, mesmo que não se consiga encontrar razões objectivas para que tal suceda. Após duas músicas e duas setas no centro do alvo, caminhamos em direcção a um número importante em todos os trabalhos – o 3. O terceiro tema é surpreendente. Não se trata, apenas, de uma evolução, mas de uma novidade sonora. “Antes de amanhecer” é muito bonito, uma falsa ameaça de slow que vai em crescendo à medida que avança. É uma daquelas faixas onde se descobrem pormenores novos cada vez que se escuta e que ganhará estatuto de clássico. A canção seguinte, “24 horas”, é mais pop dançável e com refrão para cantar e chorar por mais. A dose pop prossegue com “Estranho em mim” e “Nunca”, enquanto “Tudo vai mudar” entra em tons mais blues e calmos, surpreendendo de novo. Em “Sem contradição”, voltamos a acelerar e entramos na recta final do álbum. Esta é uma canção bilingue, português e inglês, onde é explorada uma letra que resulta na perfeição. O ritmo, esse, vai continuando dançável e descontraído. “Não sei se sei” só não é uma surpresa porque encarna com mestria as minhas previsões do que seriam os Taxi do século XXI. Com tonalidades de balada e com uma saliente malha de guitarra fundem-se palavras, acordes e ritmo numa respiração una. Curiosamente, é o primeiro tema a passar nas rádios e a sua frescura promete contagiar o público. As letras deste disco permanecem na mesma linha a que os Taxi nos haviam habituado. A diversão é o cerne de tudo e as palavras são tão leves como eficazes, num mundo de ilusões imaginárias, em que a paixão descomprometida e inocente marca presença permanente. A excepção é marcada no último tema. “Utopia nacional” é uma canção interventiva de crítica social em ritmo próximo do punk-rock e que nos transporta para momentos em que a música rock nacional se limitava a ser directa. Poderia, perfeitamente, ter pertencido ao álbum de estreia em 1981.
Instrumentalmente, Rodrigo Freitas tem aqui o seu melhor trabalho de bateria, Rui Taborda permanece uma máquina no baixo e Henrique Oliveira parece ter tocado diariamente guitarra, ao longo dos últimos 22 anos. A voz de João Grande cresceu e está, hoje, mais grave do que nos anos 80.
Ao longo destas dez canções, sobressaem influências, géneros musicais e a inspiração própria de quem pode fazer o que quiser. Mesmo com letras alegres e melodias com o balanço certeiro para uma pista de dança, não deixamos de encontrar temas com certa dose de melancolia. Da mesma forma, a opção de usar o inglês numa das músicas vem criar uma ponte com o passado e deixar em aberto novas experiências futuras. Mais do que um álbum fechado, “Amanhã” é uma porta aberta para novas aventuras.
Em boa hora os Taxi deixaram as pantufas e decidiram saltar para o palco. Estamos na presença de um trabalho forte e que vai marcar o futuro dos Taxi. A existir uma aposta das rádios, há aqui temas suficientes para fazer de “Amanhã” um caso sério de airplay. Sem pretender estabelecer comparações qualitativas entre álbuns que distam entre si mais de 20 anos, os quatro elementos dos Taxi têm razões para se sentirem orgulhosos, optimistas e com a consciência tranquila por este arriscado regresso. “Amanhã” é um álbum para recordar e possui imensas canções de sucesso, daquelas escritas por acaso e que entrarão nos seus próximos “best of”. O mais surpreendente é que estamos na presença de músicos com uma idade superior aos 50 anos e que conseguem manter um espírito adolescente na esmagadora maioria das canções. Naturalmente que a maturidade musical é notória, mas que grupo se pode orgulhar de conseguir juntar o melhor de dois mundos? Mais do que um novo trabalho dos Taxi, este podia ser o primeiro disco de uma carreira. Resta aguardar para ver a reacção do público a esta edição que só consigo apelidar com uma palavra: Histórica.
Estaremos no paraíso? Não, o céu vai querer esperar.
Ontem
Os anos passam e, quando olhamos para trás, ficamos muitas vezes perplexos. O fenómeno que ocorreu em 1980 e que se estendeu durante pouco mais de 2 anos revolucionou toda a música eléctrica portuguesa e foi vivido de forma rápida e intensa.
As bandas de sucesso foram sugadas até ao tutano com discos atrás de discos e sem que tivessem o tempo correcto para um melhor e maior amadurecimento. Infelizmente, esta é uma causa recorrentemente ignorada quando se analisa o “crash” do “boom”. Se pensarmos nos casos flagrantes dos dois projectos nacionais de maior sucesso nessa época, UHF e Taxi, em 1981 e 1982, os primeiros editaram dois álbuns e um mini-LP e os segundos dois álbuns. Todas estas edições venderam como ginjas e, durante esses dois anos, tanto os Taxi como os UHF percorreram o país de lés-a-lés, numa época sem auto-estradas e com condições logísticas e organizativas pré-históricas. A intensidade destes anos teve como resultado uma tremenda ressaca global e, também, motivou consequências internas aos projectos.
Os Taxi foram um caso exemplar da sociedade de consumo imediato. Após o gigantesco sucesso do seu álbum de estreia editado em 81, mandaria a razoabilidade e o bom senso que fossem bem aproveitados os “n” singles que o LP poderia proporcionar. Não o foram e a decisão passou por avançar a toda a velocidade para “Cairo” (1982). Para completar o ramalhete, a banda ainda foi espremida em 1983 com mais um álbum, “Salutz”. As consequências foram devastadoras para o grupo. Depois de terem editado o disco mais eficaz da história da música pop-rock nacional, nunca devia ter saído, no ano seguinte, o álbum “Cairo”. O desejável seria deixar respirar a banda, deixar que o grupo amadurecesse e que o LP seguinte tivesse surgido mais tarde. Na altura, as edições somavam-se a elevado ritmo e nem sempre o melhor para a indústria representa o ideal para o processo de crescimento dos projectos. Pelo contrário, os interesses de uma editora muitas vezes chocam com o mais elementar conceito do que deve ser a gestão da carreira de um grupo ou artista – e, em Portugal, o conceito de “gestão de carreira” é outro tema interessante para reflectir com seriedade.
A esta questão de produtividade excessiva somou-se um certo atrevimento dos Taxi a partir do momento em que se cansaram de dar voltas a Portugal. Em 1987, lançam um álbum totalmente em inglês, precisamente na altura em que se assistia a um ressurgimento da música eléctrica cantada em português, liderado pelo trabalho “Circo de Feras” dos Xutos & Pontapés. A aposta no inglês, a maturidade musical apresentada, a ausência de um imediatismo existente nas composições iniciais, a recepção distante da comunicação social e um “deixar cair” promocional por parte da editora que tanto dinheiro tinha ganho com eles no passado conduziram a que os Taxi tivessem estacionado a viatura. Canções como “Scream’in love”, “Goodbye Charlie”, “Never on sunday” e, sobretudo, o fantástico “Dance, dance, dance” mereciam outro reconhecimento popular. Também, o facto de João Grande, Henrique Oliveira, Rui Taborda e Rodrigo Freitas se terem mantido fiéis ao Porto os desfavoreceu num mercado em que Lisboa era o centro decisório de tudo. Viver longe da Capital era (e ainda é) um factor negativo para a carreira de qualquer músico que se queira no topo.
Em 1999, existiu um primeiro esboço de eventual regresso. A colectânea “O céu pode esperar” foi bem preparada e deixou no ar uma possibilidade de retoma à actividade. Porém, faltou um ou dois inéditos que puxassem pelo disco, pelo regresso da banda e que possibilitassem uma promoção rádio e TV condignas. Acabou por ser uma oportunidade perdida. Na realidade, ao longo de todo este tempo, jamais algum grupo conseguiu ocupar o seu espaço e a popularidade das suas canções permanece em alta. 22 anos foi um tempo de ausência excessivo ou o regresso é, em si mesmo, um risco demasiado elevado e que os Taxi não deviam ter assumido?
Quando se alcança o patamar das lendas é prudente um regresso ao activo?
Quando se alcança um estatuto de lenda jamais é prudente regressar. E, mesmo com uma gigantesca máquina por detrás, é sempre um risco tremendo. Que o digam os Queen (pela negativa) ou os Eagles (pela positiva). Os portugueses Taxi decidiram voltar com novo álbum de originais e sem qualquer digressão nostálgica que o antecedesse. Compreendo que, mais de 20 anos depois, os músicos dos Taxi não tenham muita pachorra para tocarem, numa digressão, apenas canções editadas entre 1981 e 1987. Com o assumir do risco, o presente chama-se “Amanhã”.
“Amanhã”
O novo álbum é bastante complicado de ser analisado de forma isenta e imparcial por qualquer crítico que se debruce sobre o mesmo, sobretudo, se conhecer profundamente a obra gravada, como é o caso deste vosso escriba. Fosse o disco de um novo projecto e seria simples; fosse uma edição de um grupo veterano com carreira constante e também o seria. O problema é que estamos na presença do novo álbum dos Taxi, um grupo que deixou o patamar dos vivos em 1987 e que conquistou, com os seus dois primeiros LP’s, o direito a uma canonização popular.
A forma fácil de avaliar o álbum é conhecida. Se as músicas forem parecidas às do passado significa que o grupo estagnou e nada de novo tem a mostrar; se a sonoridade mudou é porque o grupo devia ter composto mais temas semelhantes aos dos dias de glória. Mesmo assim, “Amanhã”, quer seja considerado genial ou desastroso, nada irá influir no mapa de concertos para os próximos dois anos porque toda a gente tem saudades dos homens da “Chiclete”. Por mais desagradável que esta afirmação possa parecer, o principal trunfo dos Taxi de hoje é serem os Taxi de ontem. Quer isto dizer que “Amanhã” é um álbum vazio de significado e de importância para a própria vida da banda? Não, longe disso. “Amanhã” é um disco importante para um grupo que tenha vindo para ficar. “Amanhã” é um trabalho nuclear para que se verifique do prazo de validade do projecto e uma resposta a todas as questões que estes regressos à vida sempre provocam.
Os músicos estão mais velhos. 22 anos mais velhos desde “The night”. Curiosamente, tocam melhor do que em 1981. A sonoridade, que sempre mudou bastante no passado, tem uma marca característica de Taxi. Mas, será “Amanhã” um álbum que corresponde ao que os fãs dos Taxi gostariam? Manterão uma atitude adolescente mesmo depois dos 50 anos?
“Vai começar uma viagem sem pressa de chegar ao fim”
A primeira canção do álbum é como que um sinal para esta nova viagem dos Taxi. “Até ao fim” é um tema pop descontraído com uma letra solta, apaixonada e atrevida em que “dois corpos deitados repousam ao luar”. A abertura não poderia ter sido melhor e respiramos um cálice de “Taxi vintage” porque “Até ao fim” é do mais comercial que algum dia estes rapazes compuseram. Com um máximo de 3 audições, toda a gente sabe a letra de cor e o difícil será não trautear o refrão ao longo do resto do dia. Com todo este balanço, entra-se na faixa seguinte com o receio de já se ter escutado o melhor do álbum. Mas não, o tema título do trabalho, “Amanhã”, é outra canção de sucesso e que, dentro em breve, será mais um clássico. A letra é menos adolescente, mas, a música leva-nos para o álbum “Cairo”, mesmo que não se consiga encontrar razões objectivas para que tal suceda. Após duas músicas e duas setas no centro do alvo, caminhamos em direcção a um número importante em todos os trabalhos – o 3. O terceiro tema é surpreendente. Não se trata, apenas, de uma evolução, mas de uma novidade sonora. “Antes de amanhecer” é muito bonito, uma falsa ameaça de slow que vai em crescendo à medida que avança. É uma daquelas faixas onde se descobrem pormenores novos cada vez que se escuta e que ganhará estatuto de clássico. A canção seguinte, “24 horas”, é mais pop dançável e com refrão para cantar e chorar por mais. A dose pop prossegue com “Estranho em mim” e “Nunca”, enquanto “Tudo vai mudar” entra em tons mais blues e calmos, surpreendendo de novo. Em “Sem contradição”, voltamos a acelerar e entramos na recta final do álbum. Esta é uma canção bilingue, português e inglês, onde é explorada uma letra que resulta na perfeição. O ritmo, esse, vai continuando dançável e descontraído. “Não sei se sei” só não é uma surpresa porque encarna com mestria as minhas previsões do que seriam os Taxi do século XXI. Com tonalidades de balada e com uma saliente malha de guitarra fundem-se palavras, acordes e ritmo numa respiração una. Curiosamente, é o primeiro tema a passar nas rádios e a sua frescura promete contagiar o público. As letras deste disco permanecem na mesma linha a que os Taxi nos haviam habituado. A diversão é o cerne de tudo e as palavras são tão leves como eficazes, num mundo de ilusões imaginárias, em que a paixão descomprometida e inocente marca presença permanente. A excepção é marcada no último tema. “Utopia nacional” é uma canção interventiva de crítica social em ritmo próximo do punk-rock e que nos transporta para momentos em que a música rock nacional se limitava a ser directa. Poderia, perfeitamente, ter pertencido ao álbum de estreia em 1981.
Instrumentalmente, Rodrigo Freitas tem aqui o seu melhor trabalho de bateria, Rui Taborda permanece uma máquina no baixo e Henrique Oliveira parece ter tocado diariamente guitarra, ao longo dos últimos 22 anos. A voz de João Grande cresceu e está, hoje, mais grave do que nos anos 80.
Ao longo destas dez canções, sobressaem influências, géneros musicais e a inspiração própria de quem pode fazer o que quiser. Mesmo com letras alegres e melodias com o balanço certeiro para uma pista de dança, não deixamos de encontrar temas com certa dose de melancolia. Da mesma forma, a opção de usar o inglês numa das músicas vem criar uma ponte com o passado e deixar em aberto novas experiências futuras. Mais do que um álbum fechado, “Amanhã” é uma porta aberta para novas aventuras.
Em boa hora os Taxi deixaram as pantufas e decidiram saltar para o palco. Estamos na presença de um trabalho forte e que vai marcar o futuro dos Taxi. A existir uma aposta das rádios, há aqui temas suficientes para fazer de “Amanhã” um caso sério de airplay. Sem pretender estabelecer comparações qualitativas entre álbuns que distam entre si mais de 20 anos, os quatro elementos dos Taxi têm razões para se sentirem orgulhosos, optimistas e com a consciência tranquila por este arriscado regresso. “Amanhã” é um álbum para recordar e possui imensas canções de sucesso, daquelas escritas por acaso e que entrarão nos seus próximos “best of”. O mais surpreendente é que estamos na presença de músicos com uma idade superior aos 50 anos e que conseguem manter um espírito adolescente na esmagadora maioria das canções. Naturalmente que a maturidade musical é notória, mas que grupo se pode orgulhar de conseguir juntar o melhor de dois mundos? Mais do que um novo trabalho dos Taxi, este podia ser o primeiro disco de uma carreira. Resta aguardar para ver a reacção do público a esta edição que só consigo apelidar com uma palavra: Histórica.
Estaremos no paraíso? Não, o céu vai querer esperar.
13.6.09
À Conversa com Alexandre Rosa
PROGRAMA 31 - ANO 2
Destaques:
* A análise aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu
* As implicações que a derrota socialista pode ter em termos governativos e nos próximos desafios eleitorais
* A recente manifestação da Polícia
* A presença do Governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio, na Comissão Parlamentar que está a analisar o "caso BPN"
Às 31 semanas deste segundo ano de emissões temos de somar outras 31 transmitidas no ano passado. No total foram 62 programas que conduzi e onde senti uma enorme satisfação por ter tido o privilégio de contactar semanalmente com Alexandre Rosa. O seu profundo conhecimento a respeito do Litoral Alentejano e a sua visão muito pessoal dos grandes acontecimentos nacionais e internacionais foram trunfos indiscutiveis. Da minha parte aproveito para deixar os meus agradecimentos pessoais pela disponibilidade que sempre demonstrou mesmo em dias mais complicados e com agendas quase impossiveis de conjugar. Um até breve enquanto não surge nova aventura no éter da Miróbriga.
Clicar para escutar "À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 31 do dia 12/06/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
Destaques:
* A análise aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu
* As implicações que a derrota socialista pode ter em termos governativos e nos próximos desafios eleitorais
* A recente manifestação da Polícia
* A presença do Governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio, na Comissão Parlamentar que está a analisar o "caso BPN"
Às 31 semanas deste segundo ano de emissões temos de somar outras 31 transmitidas no ano passado. No total foram 62 programas que conduzi e onde senti uma enorme satisfação por ter tido o privilégio de contactar semanalmente com Alexandre Rosa. O seu profundo conhecimento a respeito do Litoral Alentejano e a sua visão muito pessoal dos grandes acontecimentos nacionais e internacionais foram trunfos indiscutiveis. Da minha parte aproveito para deixar os meus agradecimentos pessoais pela disponibilidade que sempre demonstrou mesmo em dias mais complicados e com agendas quase impossiveis de conjugar. Um até breve enquanto não surge nova aventura no éter da Miróbriga.
Clicar para escutar "À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 31 do dia 12/06/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
12.6.09
John Watts - A entrevista
Disponibilizo hoje a conversa que tive com John Watts na madrugada do passado dia 10 de Maio e que foi recentemente transmitida num especial do Atlântico.
Clicar para escutar a entrevista.
Clicar para escutar a entrevista.
9.6.09
Um justo reconhecimento
Foi com especial alegria que recebi uma notícia.
Amanhã, dia 10 de Junho, o meu amigo José António Falcão vai receber, das mãos do Presidente da República, a Ordem de Mérito de Grande-Oficial. Esta distinção (a de segundo grau da hierarquia) terá tido em consideração todo o gigantesco trabalho desenvolvido em prol do património histórico português, sempre com especial incidência no Baixo Alentejo e com uma ligação afectiva muito forte às nossas raízes comuns de Santiago do Cacém.
José António Falcão, desde muito cedo, que se evidenciou na defesa da causa do Património e recordo-me de o ver passar à máquina uma das suas primeiras publicações, no início dos anos 80. Muitas conversas trocámos por essas alturas, até porque sempre me interessei por questões ligadas ao património. Ainda guardo o exemplar dessa obra e, num destes dias, reli a dedicatória que teve a gentileza de redigir. Na época, teria eu uns 11 anos, frequentava a Preparatória e passava umas boas horas de volta do livro do Padre António de Macedo e Silva, “Annaes do Município de Sant'Iago de Cacem”, que consultava no Museu Municipal, superiormente dirigido pela Sr.ª D.ª Maria Amália Guerreiro, enquanto preparava um trabalho para a cadeira de História.
Uns bons anos mais tarde, em 1993, enquanto presidente da direcção da Procris, tive o prazer de voltar a encontrar José António Falcão, numa Conferência sobre Turismo Histórico que nós promovemos. O sucesso foi evidente e, ainda na noite desse dia, começaram a nascer ideias que acabaram concretizadas meses mais tarde no I Campo de Trabalho Internacional do Loreto. Foram anos fantásticos, com uma intervenção patrimonial real e onde a colaboração entre nós sempre decorreu exemplarmente. Apaixonado pela arte e pelo património da nossa região, é igualmente bastante exigente, astuto, rigoroso, disciplinado e determinado na concretização de ideias e projectos. Com os meios adequados, José António Falcão faria do concelho de Santiago do Cacém um caso único no Património Histórico português. Enquanto isso não é possível, deixo aqui, neste meu espaço, um forte cumprimento de felicitações por este reconhecimento da República Portuguesa.
-------------------------------------
PERFIL DE JOSÉ ANTÓNIO FALCÃO:
Licenciado em História da Arte (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa) e em Arquitectura (Escola Superior Técnica de Arquitectura, Universidade Politécnica de Valência), mestre em Museologia (Universidade Complutense de Madrid) e doutor em Teoria e História da Arquitectura (Universidade Politécnica de Valência). Possui o título de especialista em Conservação e Recuperação de Edifícios e Monumentos (Faculdade de Arquitectura, Universidade Técnica de Lisboa).
Técnico Superior Principal do Ministério da Cultura, desempenhou funções como Técnico de Inventário no Museu de Évora, Conservador dos Museus Municipais de Alpiarça, Assessor da Direcção do Museu Calouste Gulbenkian e Director da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça. Actualmente possui a categoria de Conservador-Chefe de Museus. Tem dois louvores na Folha de Serviços.
A sua actividade tem sido especialmente orientada para o estudo do património cultural da Igreja, para cuja divulgação tem contribuído com o Comissariado de Exposições, em Portugal e no estrangeiro, como “Entre o Céu e a Terra” (Prémio Prof. Reynaldo dos Santos à Melhor Exposição de 2001; Prémio Associação Portuguesa de Museologia ao Melhor Catálogo 1999-2001), “As Formas do Espírito” ou “A Invenção do Mundo”.
Como docente, exerceu funções de Assistente com Regência na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e de Professor Auxiliar Convidado no Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico (Universidade Técnica de Lisboa). Tem exercido igualmente a função docente, como Professor Convidado, na Faculdade de Geografia e História da Universidade de Valência (Espanha) e na Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte (Brasil). Foi convidado para o cargo de Professor Visitante pela Universidade do Michigan (Estados Unidos da América).
Dirige, desde 1984, o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja. Já desempenhou funções como Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Monumentos Religiosos e da Real Sociedade Arqueológica Lusitana, Secretário-Geral da Comissão Nacional de Arte Sacra e Património Cultural da Igreja e Director-Adjunto do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (Conferência Episcopal Portuguesa). Actualmente preside à Associação Portuguesa de Museus da Igreja Católica e é Vogal do Conselho de Administração de Europae Thesauri, organismo assessor da União Europeia.
Pertence à Academia Nacional de Belas-Artes e à Academia Portuguesa da História e a instituições similares de vários países.
Tem publicado cerca de uma centena de títulos, entre livros, artigos científicos e participações em congressos, a maioria dos quais ligados à história da arte e da arquitectura.
Amanhã, dia 10 de Junho, o meu amigo José António Falcão vai receber, das mãos do Presidente da República, a Ordem de Mérito de Grande-Oficial. Esta distinção (a de segundo grau da hierarquia) terá tido em consideração todo o gigantesco trabalho desenvolvido em prol do património histórico português, sempre com especial incidência no Baixo Alentejo e com uma ligação afectiva muito forte às nossas raízes comuns de Santiago do Cacém.
José António Falcão, desde muito cedo, que se evidenciou na defesa da causa do Património e recordo-me de o ver passar à máquina uma das suas primeiras publicações, no início dos anos 80. Muitas conversas trocámos por essas alturas, até porque sempre me interessei por questões ligadas ao património. Ainda guardo o exemplar dessa obra e, num destes dias, reli a dedicatória que teve a gentileza de redigir. Na época, teria eu uns 11 anos, frequentava a Preparatória e passava umas boas horas de volta do livro do Padre António de Macedo e Silva, “Annaes do Município de Sant'Iago de Cacem”, que consultava no Museu Municipal, superiormente dirigido pela Sr.ª D.ª Maria Amália Guerreiro, enquanto preparava um trabalho para a cadeira de História.
Uns bons anos mais tarde, em 1993, enquanto presidente da direcção da Procris, tive o prazer de voltar a encontrar José António Falcão, numa Conferência sobre Turismo Histórico que nós promovemos. O sucesso foi evidente e, ainda na noite desse dia, começaram a nascer ideias que acabaram concretizadas meses mais tarde no I Campo de Trabalho Internacional do Loreto. Foram anos fantásticos, com uma intervenção patrimonial real e onde a colaboração entre nós sempre decorreu exemplarmente. Apaixonado pela arte e pelo património da nossa região, é igualmente bastante exigente, astuto, rigoroso, disciplinado e determinado na concretização de ideias e projectos. Com os meios adequados, José António Falcão faria do concelho de Santiago do Cacém um caso único no Património Histórico português. Enquanto isso não é possível, deixo aqui, neste meu espaço, um forte cumprimento de felicitações por este reconhecimento da República Portuguesa.
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PERFIL DE JOSÉ ANTÓNIO FALCÃO:
Licenciado em História da Arte (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa) e em Arquitectura (Escola Superior Técnica de Arquitectura, Universidade Politécnica de Valência), mestre em Museologia (Universidade Complutense de Madrid) e doutor em Teoria e História da Arquitectura (Universidade Politécnica de Valência). Possui o título de especialista em Conservação e Recuperação de Edifícios e Monumentos (Faculdade de Arquitectura, Universidade Técnica de Lisboa).
Técnico Superior Principal do Ministério da Cultura, desempenhou funções como Técnico de Inventário no Museu de Évora, Conservador dos Museus Municipais de Alpiarça, Assessor da Direcção do Museu Calouste Gulbenkian e Director da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça. Actualmente possui a categoria de Conservador-Chefe de Museus. Tem dois louvores na Folha de Serviços.
A sua actividade tem sido especialmente orientada para o estudo do património cultural da Igreja, para cuja divulgação tem contribuído com o Comissariado de Exposições, em Portugal e no estrangeiro, como “Entre o Céu e a Terra” (Prémio Prof. Reynaldo dos Santos à Melhor Exposição de 2001; Prémio Associação Portuguesa de Museologia ao Melhor Catálogo 1999-2001), “As Formas do Espírito” ou “A Invenção do Mundo”.
Como docente, exerceu funções de Assistente com Regência na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e de Professor Auxiliar Convidado no Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico (Universidade Técnica de Lisboa). Tem exercido igualmente a função docente, como Professor Convidado, na Faculdade de Geografia e História da Universidade de Valência (Espanha) e na Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte (Brasil). Foi convidado para o cargo de Professor Visitante pela Universidade do Michigan (Estados Unidos da América).
Dirige, desde 1984, o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja. Já desempenhou funções como Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Monumentos Religiosos e da Real Sociedade Arqueológica Lusitana, Secretário-Geral da Comissão Nacional de Arte Sacra e Património Cultural da Igreja e Director-Adjunto do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (Conferência Episcopal Portuguesa). Actualmente preside à Associação Portuguesa de Museus da Igreja Católica e é Vogal do Conselho de Administração de Europae Thesauri, organismo assessor da União Europeia.
Pertence à Academia Nacional de Belas-Artes e à Academia Portuguesa da História e a instituições similares de vários países.
Tem publicado cerca de uma centena de títulos, entre livros, artigos científicos e participações em congressos, a maioria dos quais ligados à história da arte e da arquitectura.
8.6.09
À Conversa com Alexandre Rosa
PROGRAMA 30 - ANO 2
Destaques:
* As eleições para o Parlamento Europeu
* Durão Barroso e o seu futuro à frente da Comissão Europeia
* Os sinais de mudança que Obama tem transmitido ao mundo
* O desemprego e os últimos números conhecidos
* A situação na Câmara Municipal de Alcácer do Sal
* A significativa condecoração que José António Falcão irá receber no dia 10 de Junho
"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 30 do dia 05/06/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
Destaques:
* As eleições para o Parlamento Europeu
* Durão Barroso e o seu futuro à frente da Comissão Europeia
* Os sinais de mudança que Obama tem transmitido ao mundo
* O desemprego e os últimos números conhecidos
* A situação na Câmara Municipal de Alcácer do Sal
* A significativa condecoração que José António Falcão irá receber no dia 10 de Junho
"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 30 do dia 05/06/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
6.6.09
TAXI no Coliseu do Porto
O regresso dos TAXI no Coliseu do Porto na noite de ontem. Quanto ao novo álbum (já foi editado?) espero conseguir escutar e redigir uma crítica em breve.
2.6.09
À Conversa com Alexandre Rosa
PROGRAMA 29 - ANO 2
Destaques:
* Os ensaios nucleares na Coreia do Norte
* As eleições europeias e a campanha eleitoral em Portugal
* Os desenvolvimentos no caso BPN
* Os destaques no litoral alentejano
Para escutar este programa pode clicar aqui.
"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 29 do dia 29/05/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
Destaques:
* Os ensaios nucleares na Coreia do Norte
* As eleições europeias e a campanha eleitoral em Portugal
* Os desenvolvimentos no caso BPN
* Os destaques no litoral alentejano
Para escutar este programa pode clicar aqui.
"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 29 do dia 29/05/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
25.5.09
Ninguém manda neles
Foi colocado hoje à venda o álbum "Ninguém Manda em Ti". São doze canções simples e directas com as quais a Revolta quer transmitir uma mensagem de alerta, mudança e optimismo no futuro.
"Ninguém Manda em Ti" e "Nuclear (não obrigado)" foram as canções de avanço de um disco que prima pela honestidade e força de três homens que lutam com palavras e riffs de guitarra por aquilo em que acreditam.
A edição é da AMRA Discos e a distribuição da Sony Music.
"Ninguém Manda em Ti" e "Nuclear (não obrigado)" foram as canções de avanço de um disco que prima pela honestidade e força de três homens que lutam com palavras e riffs de guitarra por aquilo em que acreditam.
A edição é da AMRA Discos e a distribuição da Sony Music.
19.5.09
John Watts em emissão especial do Atlântico
A conversa que tive com John Watts na madrugada do passado dia 10 de Maio irá ser transmitida no próximo Atlântico. Aliás, a emissão de sábado do Atlântico terá como epicentro esta deslocação a Portugal do mentor dos Fischer-Z.
Bruno Gonçalves Pereira, o responsável do Atlântico, tendo em atenção a relevância que John Watts mantém no imaginário de várias gerações decidiu alargar o destaque e além de conversamos sobre o teor da entrevista também abordamos o concerto de Oeiras e não esquecemos as diversas envolvências que sucederam nessa noite e madrugada de 9 para 10 de Maio.
Ainda não tive oportunidade de escutar o resultado final desta emissão, porém, sugiro uma audição do promocional e chamo a atenção para o facto do som da entrevista não ter sofrido quaisquer tratamentos sonoros. Ou seja, o som que iremos transmitir é o mesmo que foi captado beneficiando da acústica do local onde foi gravado.
Promocional ao programa Atlântico do próximo sábado, dia 23 de Maio de 2009.
Bruno Gonçalves Pereira, o responsável do Atlântico, tendo em atenção a relevância que John Watts mantém no imaginário de várias gerações decidiu alargar o destaque e além de conversamos sobre o teor da entrevista também abordamos o concerto de Oeiras e não esquecemos as diversas envolvências que sucederam nessa noite e madrugada de 9 para 10 de Maio.
Ainda não tive oportunidade de escutar o resultado final desta emissão, porém, sugiro uma audição do promocional e chamo a atenção para o facto do som da entrevista não ter sofrido quaisquer tratamentos sonoros. Ou seja, o som que iremos transmitir é o mesmo que foi captado beneficiando da acústica do local onde foi gravado.
Promocional ao programa Atlântico do próximo sábado, dia 23 de Maio de 2009.
18.5.09
À Conversa com Alexandre Rosa
PROGRAMA 28 - ANO 2
Destaques:
* A situação no Bairro da Bela Vista em Setúbal
* A visita do Presidente da República à Turquia
* A deslocação à Madeira do Primeiro-Ministro José Sócrates
* A descida da taxa de juro de referência pelo BCE
* Os destaques no litoral alentejano
"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 28 do dia 15/05/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
Destaques:
* A situação no Bairro da Bela Vista em Setúbal
* A visita do Presidente da República à Turquia
* A deslocação à Madeira do Primeiro-Ministro José Sócrates
* A descida da taxa de juro de referência pelo BCE
* Os destaques no litoral alentejano
"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 28 do dia 15/05/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
15.5.09
Muito mais do que música
Já tinham passado 15 anos desde a última vez a que assistira a um espectáculo unipessoal que me enchera a medidas; estávamos em 1994 e Jorge Palma ofereceu uma noite intimista em grande. Decorrido todo este tempo, no Auditório Eunice Muñoz, em Oeiras, John Watts conseguiu exceder todas as minhas melhores expectativas e proporcionar a todos os presentes uma performance memorável. Na memória tinha ainda as suas recentes passagens por Portugal, tanto nos 25 da Febre de Sábado (2006) como na Amadora (2008), todavia, nenhum desses dois momentos se comparam ao que presenciei neste último 9 de Maio.
Baseado no seu novo CD/DVD, "Morethanmusic & Films", o concerto dividiu-se em duas componentes principais. Na primeira, Watts mostrou o recente trabalho numa conjugação de imagens, música e intenso diálogo com a assistência presente, rapidamente conquistada com o desarmante britânico; na segunda, foram tocadas diversas canções escolhidas milimetricamente e que ilustram a sua carreira ao longo destes últimos 30 anos. "The Worker", "So Long" e "Marliese" são clássicos intemporais que foram interpretados e que pertencem ao período em que os Fischer-Z tinham enorme popularidade em Portugal. "One Voice", o tema de sucesso do seu primeiro álbum a solo também não foi esquecido. Mas, a visita a temas mais antigos prosseguiu com canções que poucos conheciam como "The Perfect Day", "Tightrope", " I'm A Reptile" ou "Destination Paradise". Contudo, ficaram de fora do alinhamento bastantes canções de sucesso como "Pretty Paracetamol" (1979), "Room Service" (1980), "Caruso" (1992), "Just Hang On" (1997) ou "Jukebox" (2002).
Um dos segredos de John Watts é tocar não aquilo que o público quer, mas, aquilo que considera mais adequado tendo em vista o seu conceito de espectáculo. Num momento em que quase todos os músicos pretendem atingir, tal terra prometida, o mainstream, Watts, que já viveu nos píncaros do sucesso com direito a tocar em estádios de futebol e 2 milhões de álbuns vendidos, parece preferir o outro lado da cena musical onde os holofotes são mais pequenos, mas onde a noção de artista ganha outra dimensão.
As novas canções mantêm a vibração e o toque único a que John Watts sempre nos habituou. A guitarra, ora acústica, ora terrivelmente eléctrica, fundiu-se perfeitamente com a sua peculiar voz num oceano de sensações. Watts promete regressar a Portugal e nós prometemos estar presentes. Foi bom. Foi muito bom.
............................
Encontra-se em prepração um especial do Programa Atlântico dedicado a John Watts. Em breve mais novidades.
Baseado no seu novo CD/DVD, "Morethanmusic & Films", o concerto dividiu-se em duas componentes principais. Na primeira, Watts mostrou o recente trabalho numa conjugação de imagens, música e intenso diálogo com a assistência presente, rapidamente conquistada com o desarmante britânico; na segunda, foram tocadas diversas canções escolhidas milimetricamente e que ilustram a sua carreira ao longo destes últimos 30 anos. "The Worker", "So Long" e "Marliese" são clássicos intemporais que foram interpretados e que pertencem ao período em que os Fischer-Z tinham enorme popularidade em Portugal. "One Voice", o tema de sucesso do seu primeiro álbum a solo também não foi esquecido. Mas, a visita a temas mais antigos prosseguiu com canções que poucos conheciam como "The Perfect Day", "Tightrope", " I'm A Reptile" ou "Destination Paradise". Contudo, ficaram de fora do alinhamento bastantes canções de sucesso como "Pretty Paracetamol" (1979), "Room Service" (1980), "Caruso" (1992), "Just Hang On" (1997) ou "Jukebox" (2002).
Um dos segredos de John Watts é tocar não aquilo que o público quer, mas, aquilo que considera mais adequado tendo em vista o seu conceito de espectáculo. Num momento em que quase todos os músicos pretendem atingir, tal terra prometida, o mainstream, Watts, que já viveu nos píncaros do sucesso com direito a tocar em estádios de futebol e 2 milhões de álbuns vendidos, parece preferir o outro lado da cena musical onde os holofotes são mais pequenos, mas onde a noção de artista ganha outra dimensão.
As novas canções mantêm a vibração e o toque único a que John Watts sempre nos habituou. A guitarra, ora acústica, ora terrivelmente eléctrica, fundiu-se perfeitamente com a sua peculiar voz num oceano de sensações. Watts promete regressar a Portugal e nós prometemos estar presentes. Foi bom. Foi muito bom.
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Encontra-se em prepração um especial do Programa Atlântico dedicado a John Watts. Em breve mais novidades.
13.5.09
À Conversa com Alexandre Rosa
PROGRAMA 27 - ANO 2
Destaques:
* Os desenvolvimentos da crise económica e o reflexo no emprego
* O cenário Bloco Central no pós-eleições legislativas
* As eleições europeias e as recentes polémicas com Vital Moreira e Paulo Rangel
* Os destaques no Litoral Alentejano
"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 27 do dia 08/05/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
Destaques:
* Os desenvolvimentos da crise económica e o reflexo no emprego
* O cenário Bloco Central no pós-eleições legislativas
* As eleições europeias e as recentes polémicas com Vital Moreira e Paulo Rangel
* Os destaques no Litoral Alentejano
"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 27 do dia 08/05/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.
10.5.09
John Watts em sábado de luxo
Existem dias em que o acaso fala mais alto. Depois de ter assistido ao lançamento da candidatura de Arnaldo Frade à Câmara Municipal de Santiago do Cacém acabei por regressar a Lisboa de noite. Mesmo assim cheguei a Oeiras a tempo de entrar na sala, sentar-me e assistir ao início do espectáculo que John Watts deu num óptimo anfiteatro municipal. O concerto em formato intimista foi excelente e digno de ser repetido por outros recintos do género. Logo após a sua conclusão fui testemunha do encontro entre Watts e Luís Jardim, nos estúdios que vão avançando pelos lados de Carnaxide. Mesmo sem ter nada preparado acabei por trocar umas palavras com John Watts que poderão ser escutadas numa das próximas emissões do Atlântico. O acaso por vezes resulta e parece que foi isso que sucedeu ontem. Um agradecimento a Paulo Afonso (CMO) e outro a Nuno Miguel Silva, o responsável pela vinda do mentor dos Fischer-Z a Portugal e o autor das fotografias aqui apresentadas. Espero ter oportunidade para escrever um texto a propósito do concerto e logo que exista data certa de transmissão da entrevista divulgarei.
8.5.09
Portugal estaria parado
(...) é altura de dizer que é verdade que se algum dos clubes grandes do futebol português tivesse tido, esta época, as razões de queixa do Belenenses, não só os campeonatos estavam parados, como também estaria parado o país. Ainda bem que o país, com o Belenenses, não corre perigo de tamanho exagero, mas é preocupante que se sinta que aqueles que não têm lugar principal no palco estejam tão vulneráveis a injustiças. (...)
O editorial de Vítor Serpa publicado no jornal "A Bola" merece intensa reflexão e devia produzir mais do que isso. A gravidade do que escreve, do que fica subentendido e a responsabilidade que possui no mundo desportivo português deviam conduzir a uma denúncia pública, objectiva, de factos que muita gente conhece, mas que ninguém ousa contar. As referidas "injustiças" devem ser mostradas, contadas, investigadas para que o país tome consciência de como se anula e aniquila um grande clube.
Daqui do meu blogue deixo este desafio a Vítor Serpa e a todos os jornalistas de investigação que ainda existem. Tenho a certeza de que ninguém aceitará o repto e que quem produz as injustiças que têm atingido o Belenenses jamais será punido. Por algum motivo o futebol em Portugal está a caminhar para o abismo, sem espectadores e sem credibilidade, enquanto os dirigentes federativos, da liga ou dos três do costume somente se preocupam com o seu umbigo.
Vítor Serpa certamente atingiu o seu limite para ter escrito o que escreveu. Eu agradeço.
O editorial de Vítor Serpa publicado no jornal "A Bola" merece intensa reflexão e devia produzir mais do que isso. A gravidade do que escreve, do que fica subentendido e a responsabilidade que possui no mundo desportivo português deviam conduzir a uma denúncia pública, objectiva, de factos que muita gente conhece, mas que ninguém ousa contar. As referidas "injustiças" devem ser mostradas, contadas, investigadas para que o país tome consciência de como se anula e aniquila um grande clube.
Daqui do meu blogue deixo este desafio a Vítor Serpa e a todos os jornalistas de investigação que ainda existem. Tenho a certeza de que ninguém aceitará o repto e que quem produz as injustiças que têm atingido o Belenenses jamais será punido. Por algum motivo o futebol em Portugal está a caminhar para o abismo, sem espectadores e sem credibilidade, enquanto os dirigentes federativos, da liga ou dos três do costume somente se preocupam com o seu umbigo.
Vítor Serpa certamente atingiu o seu limite para ter escrito o que escreveu. Eu agradeço.
7.5.09
John Watts em Oeiras
Neste próximo sábado, dia 9 de Maio, John Watts vai apresentar-se ao vivo, num concerto intimista a ter lugar no Auditório Eunice Muñoz, em Oeiras.
Este regresso a Portugal está ligado à promoção do seu novo trabalho e culmina dois dias de pequenas apresentações de "Morethanmusic", projecto multimédia que inclui um DVD/CD e 100 artefactos.
Autor de temas como "So Long" e "Marliese", John Watts é o mentor da banda britânica Fischer-Z e tem mantido uma regular actividade musical. Saltando entre discos a solo e outros assinados pelos Fischer-Z, Watts esteve a 13 de Setembro de 2008 num concerto na Amadora e participou na festa dos 25 anos da "Febre de Sábado de manhã", realizada em 28 de Janeiro de 2006, na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico. Foi, naturalmente, com muito agrado que, na tarde desse dia, entrevistei John Watts, numa das salas do Hotel Tivoli Tejo.
Num momento em que Watts vem actuar em Portugal e para quem tenha curiosidade em escutar a entrevista, assim como o trabalho final que resultou da mesma, aqui fica o registo em mp3. A entrevista foi emitida no Atlântico do meu amigo Bruno Gonçalves Pereira.
Para ler outros posts deste blogue sobre John Watts e os Fischer-Z clicar aqui.
Este regresso a Portugal está ligado à promoção do seu novo trabalho e culmina dois dias de pequenas apresentações de "Morethanmusic", projecto multimédia que inclui um DVD/CD e 100 artefactos.
Autor de temas como "So Long" e "Marliese", John Watts é o mentor da banda britânica Fischer-Z e tem mantido uma regular actividade musical. Saltando entre discos a solo e outros assinados pelos Fischer-Z, Watts esteve a 13 de Setembro de 2008 num concerto na Amadora e participou na festa dos 25 anos da "Febre de Sábado de manhã", realizada em 28 de Janeiro de 2006, na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico. Foi, naturalmente, com muito agrado que, na tarde desse dia, entrevistei John Watts, numa das salas do Hotel Tivoli Tejo.
Num momento em que Watts vem actuar em Portugal e para quem tenha curiosidade em escutar a entrevista, assim como o trabalho final que resultou da mesma, aqui fica o registo em mp3. A entrevista foi emitida no Atlântico do meu amigo Bruno Gonçalves Pereira.
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