6.9.08

CAR PLAYLIST (3)

LISTA DE TEMAS DA MINHA MAIS RECENTE COMPILAÇÃO:

MARLANGO - SHAKE THE MOON (AUTOMATIC IMPERFECTION, 2005/2006)
ANGUS & JULIA STONE - THE BEAST (A BOOK LIKE THIS, 2007)
ANAIS MITCHELL - CHANGER (THE BRIGHTNESS, 2007)
RITA REDSHOES - CHOOSE LOVE (GOLDEN ERA, 2008)
KATE BUSH - THE SENSUAL WORLD (THE SENSUAL WORLD, 1989)
THE WHO - BEHIND BLUE EYES (WHO'S NEXT, 1971)
FISCHER-Z - OVER (ETHER, 2002)
DURAN DURAN - ORDINARY WORLD (THE WEDDING ALBUM, 1993)
BRUCE SPRINGSTEEN - PARADISE (THE RISING, 2002)
THEA GILMORE - COVER ME (UNCUT, VERSÕES EXCLUSIVAS DE BRUCE SPRINGSTEEN, 2003)
FERNANDO GIRÃO - A NOSSA VIDA É UM FADO (OUTROS FADOS, 1993)
JOSÉ CID COM WALDEMAR BASTOS - LISBOA PERTO E LONGE (DE SURPRESA, 2001)
JORGE PALMA - A GENTE VAI CONTINUAR (SÓ, 1991)
XUTOS & PONTAPÉS - CONTA-ME HISTÓRIAS (CERCO, 1985)
K2o3 - OUTRO LUGAR (ÉS CAPAZ!, 1996)
UHF - VELHOS AMIGOS (ONDE ESTAIS) (69 STEREO, 1996)
bonus track :)
PETER FRAMPTON - CAN'T TAKE THAT AWAY (FRAMPTON COMES ALIVE II, 1995)

5.9.08

Reserva do rock (10)
Xutos & Pontapés – 78/82

A música rock portuguesa começava a tentar gatinhar no final dos anos setenta.
O movimento punk estava no auge.
Em finais de 1978, Zé Pedro e Zé Leonel decidem constituir uma banda e colocam um anúncio no jornal.
São bem sucedidos, encontrando Kalú e Tim.
A base dos Xutos & Pontapés estava, assim, constituída.
Zé Pedro na guitarra, Tim no baixo, Kalú na bateria e Zé Leonel como vocalista.
13 de Janeiro de 1979 marca o primeiro concerto, nos Alunos de Apolo, numa comemoração dos 25 anos do Rock’N’Roll
Os espectáculos vão sendo uma constante, destacando-se, em 1980, uma primeira parte dos UHF, no Laranjeiro, e de Wilko Johnson Solid Senders, no Pavilhão d’ “Os Belenenses”.
Pouco depois, em Fevereiro de 1981, os Xutos & Pontapés recrutam o guitarrista Francis.
Outra mexida logo a seguir, esta com grande importância para a história dos Xutos.
Zé Leonel vai para o Brasil e Tim assume as funções de vocalista.
Estamos em pleno boom do rock português e os concertos multiplicam-se, assim como, a necessidade de chegarem à edição de um disco.
Surge, então, a oportunidade de gravarem para a independente Rotação e entram em estúdio em Novembro de 81, com o objectivo de registarem músicas para 2 singles.
Estas sessões de estúdio resultam na gravação dos temas “Sémen”, “Toca e Foge”, “Quero Mais”, e “Papá Deixa Lá”.
O Rock Rendez Vous testemunha o lançamento do primeiro single, “Sémen”, em Dezembro de 81.
As coisas começam a mexer e alcançam o primeiro lugar do top de música portuguesa da Rádio Renascença e o décimo lugar no programa de Luís Filipe Barros, “Rock em Stock”, da Rádio Comercial.
Em Março de 1982, é lançado o outro single, “Toca e Foge”, e entram em estúdio para a gravação do primeiro álbum.
Dele constam muitas canções de referência dos Xutos & Pontapés.

A sonoridade de “78/82” vai beber no rock e no punk, sendo possível constatar que a génese do som característico dos Xutos & Pontapés já aqui se encontra.
Sem ambições literárias, as letras correspondem ao esperado para uma típica banda de punk-rock.
Considerados uma das melhores bandas ao vivo, os Xutos recebem, no final de 1982, várias nomeações e prémios da imprensa escrita e de programas de rádio.
Apesar desta boa receptividade, acrescida de diversas idas à televisão e entrevistas a rádios e a jornais, “78/82” enfrentou alguns problemas promocionais, pois, “Mãe” e “Sémen” foram proibidas de passar na Rádio Renascença e, na própria Rádio Comercial, é pedido para que “Mãe” não seja emitida.
Mas, os problemas não se ficam por aqui.
Em Agosto, a editora ainda não pagara os direitos ao grupo, pelo que acabam por rescindir o contrato.
Mesmo sem o retorno financeiro esperado, o LP rende os seus frutos.
O fenómeno de banda de culto continuava a ganhar peso nos meios alternativos.
Os concertos continuavam a bom ritmo.
“78/82” é o cartão de visita que fez aumentar o número de fãs do grupo, rumo a um futuro que se adivinhava brilhante.

4.9.08

Reserva do rock (9)
Jafu-Mega – Estamos Aí

1980.
Estamos Aí.
Jafu-Mega.
Meses antes de “Ar de Rock”.
O primeiro álbum deste – excelente – grupo do Porto é editado pela Metro-Som.
Em inglês.
Um caso claro de insucesso comercial aquando da sua edição.
Praticamente desconhecido do grande público, “Estamos Aí”, antecede temas tão marcantes como “Ribeira” ou “Latin’America”, assim como, antecede o salto para a multinacional PolyGram.
Grupo constituído por seis elementos, de onde se destacavam os três – famosos – irmãos Barreiros, Eugénio, Pedro e Mário, e o vocalista Luís Portugal.
Os Jafumega são, reconhecidamente, a banda com maior qualidade instrumental no início dos anos 80.
A voz marcante de Luís Portugal torna-se inconfundível.
Com grandes conhecimentos de Jazz, os Jafumega apresentam-nos um primeiro álbum muito sólido e com dois temas fortes: “My Daddy’s Rock” e “There You Are”.

Em “Estamos Aí”, Eugénio Barreiros surge como vocalista principal em 3 dos 8 temas.
A produção esteve nas mãos de Branco de Oliveira, patrão da editora Metro-Som.
Pouco depois, a Polygram abriu os ouvidos e o formato dos Jáfumega subiu o degrau que os tornaria famosos.
“Estamos Aí”, ainda em inglês, mostra-nos a génese, a essência, a maravilha do estado embrionário que, muito raramente, temos oportunidade de conhecer.
Mostra, também, que os jovens músicos portugueses tinham iniciado uma cruzada de afirmação que os levaria, no ano seguinte, ao grande público e à sua consagração.
“Estamos Aí”, o LP, esse é seminal.

3.9.08

Reserva do rock (8)
Rui Veloso e a Banda Sonora – Ar de Rock

Se, nos anos 60, as bandas com uma bateria, baixo e uma ou duas guitarras eram uma constante, os anos 70 vivem tendo por base os “Super Grupos” como Genesis ou Pink Floyd.
Apenas em 1977, com a onda punk, regressa a certeza de se poder fazer música com parcos recursos.
Pouco depois, a new wave mostra que se podem ter temas melódicos, frescos e populares.
Do punk dos Six Pistols à new wave dos Police.
Mas isto era lá fora, no estrangeiro.
Portugal sempre foi um caso muito particular...
O final dos anos 70 é vivido no reflexo cultural do pós 25 de Abril.
Por um lado, a música de intervenção e, por outro, a música pop/ligeira.
José Afonso ou José Cid.
A juventude portuguesa raramente conseguia adquirir um disco condizente com a sua geração.
Os mais informados ouviam a BBC ou buscavam edições sempre esgotadas (!) dos novos discos de Bruce Springsteen.
A Musica & Som, a melhor revista de música que existiu algum dia em Portugal, trazia as novidades, contudo, encontrá-las era bem mais difícil...
No entanto, algo mexia por cá.
Depois de Tantra, Psico ou Go Grall Blues Band começam a aparecer outras edições.
Aqui D’El Rock e UHF gravam, em 1979, com letras em português.
Os Jafu-mega editam, no início de 1980, um álbum ainda todo cantado em inglês.
Especulava-se que o rock não podia ser cantado na nossa língua...
A resposta chega em Julho de 1980 editada pela Valentim de Carvalho.
Rui Veloso e a Banda Sonora rebentam com toda a indústria musical.
“Ar de Rock” – O nome do álbum.
“Chico Fininho” – O rastilho de tão tremendo terramoto.
A letra de “Chico Fininho” é uma ironia ao rock escrito em português.
Contudo, a maior das ironias, é que todo o LP “Ar de Rock” teve de ser reescrito para português, porque Rui Veloso tinha apresentado as maquetes em língua inglesa.

“Ar de Rock”, apesar do marco que representou, não é um disco rock.
A balada de sucesso “Sei de uma Camponesa” ou o tema que abre o disco, “Rapariguinha do Shopping”, não são mais que uma excelente amostra de swing bebendo inspiração nos blues.
Rui Veloso nunca foi um compositor ou cantor rock. Sempre assumiu publicamente as suas influências.
Introvertido, Rui torna-se o “Pai” e o responsável máximo por uma nova geração de músicos.
“Ar de Rock” chega a disco de prata.
Produzido por António Avelar de Pinho, apresentava Carlos Tê, o grande génio da escrita e cara-metade do projecto de Rui Veloso.
Os músicos de suporte, Zé Nabo e Ramon Galarza, formavam a célebre Banda Sonora.
Antes, trabalharam com José Cid e estiveram no mítico “10.000 anos depois entre Vénus e Marte”.
Os trabalhos seguintes provaram que Rui Veloso não é “Chico Fininho”.
Mas “Chico Fininho” foi tão seminal como “Rock Around The Clock” de Bill Halley.
A linguagem, essa, é directa.
Coisas tão banais como “cheio de speed”, “freak”, “shooto”, “curtindo uma trip”, “fareja a judite” ou “flipados” surgem em “Chico Fininho” de uma forma pioneira.
A conversa de rua chega aos discos.
A facilidade de comunicar também.
Nada voltou a ser como era.
“Ar de Rock” foi um estoiro.
“Ar de Rock” marcou o início, definitivo, do Rock Português.

2.9.08

Reserva do rock (7)
Delfins – Libertação

Cascais.
1981.
O ano do boom do rock português via surgir outro rebento.
Fernando Cunha, João Carlos e Silvestre.
Como em quase todos os casos, tudo começa numa garagem.
Miguel Ângelo entra em 1982.
Dois anos depois, Pedro Ayres Magalhães, dos Heróis do Mar, assiste a um ensaio.
Gosta e convida-os a gravar para a editora independente “Fundação Atlântica”.
Ainda em 1984, sai o primeiro disco dos Delfins.
O original “Letras” e a excelente versão “O Vento Mudou”. Pop-Rock do melhor.
Um começo apadrinhado por gente reconhecida e com sucesso.
O pior aconteceu no ano seguinte, 1985.
A ida ao Festival RTP da Canção deixa profundas marcas negativas, junto do público e do meio musical.
“A Casa da Praia” fica no último lugar.
A banda, nesta fase, sofre a valer.
É obrigada a crescer.
É obrigada a ultrapassar um estigma imenso.
Poucos teriam força para vencer.
Mas, os Delfins mantêm uma determinação de aço.
1986 foi o ano chave.
Entram para os Delfins, Rui Fadigas e Jorge Quadros.
Por lá permanecem Miguel Ângelo, Silvestre e Fernando Cunha.
Carlos Maria Trindade, também ele dos Heróis do Mar, mostra-se interessado em produzi-los.
Gravam uma pequena maquete com quatro temas, entre os quais, “A Baía de Cascais”, “Estrelas do Rock’n’Roll” e “O Caminho da Felicidade”.
O azar permanece.
As editoras demonstram desinteresse.
Os Delfins tomam, então, uma medida drástica.
Medida essa corajosa e dispendiosa para a época.
Em Outubro de 1986, assumem todos os riscos e vão para estúdio.
Pagam do próprio bolso todas as despesas.
A produção, mais uma vez, fica nas mãos de Carlos Maria Trindade.
Em 1987, já com o disco gravado, pensam numa edição de autor, mas a Emi-Valentim de Carvalho, mostra-se, finalmente, interessada.
A sorte começa a mudar.
Regressam a estúdio para registar mais um tema: “Canção do Engate”, um original de António Variações.
“Libertação” sai em Abril de 87.
E é um sucesso.
A sonoridade permanece no pop-rock e as músicas são assimiladas com facilidade.
“Estrelas do Rock’n’Roll” e “O Caminho da Felicidade” são dois casos.
Porém, temos mais...
“A Baía de Cascais”, tema dedicado à vila natal, torna-se num hino de grandes proporções.
“Canção do Engate” vai mais longe e conquista as pistas de dança desse Verão.

“Libertação” consegue quebrar o efeito Festival da Canção.
O valor dos Delfins começa a ser reconhecido.
As potencialidades estão, finalmente, comprovadas.
“Libertação” não é um êxito de vendas, mas consegue algo mais importante: ter canções populares e de qualidade.
O público e a crítica são conquistados.
Os Delfins ganham o direito a uma segunda oportunidade.
E a um “Lugar ao Sol”.

1.9.08

Blogue referenciado

"O outro lugar é um blogue assinado por Luís do Ó, onde se recolhe o vasto trabalho produzido pelo autor para a Antena Miróbriga (Santiago do Cacém), sobre música portuguesa. A não perder as prosas sobre os LPs À Flor da Pele e Estou de Passagem, reeditados em 2008 no formato duplo CD pela VC/Iplay."

29/08/2008, site dos UHF

Reserva do rock (6)
Quinta do Bill – Sem Rumo

1987 marca o início.
Carlos Moisés, Rui Dias e Paulo Bizarro arrancam com o projecto.
Em Tomar.
Os ensaios começam.
O refúgio é encontrado numa quinta.
Na quinta do Sr. Guilherme – daí o nome da banda: Quinta do Bill.
Em 1988, concorrem ao 5º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vouz.
Como resultado final trazem, com mérito, um promissor 5º lugar.
E, mais importante, trazem o direito de incluir o tema “Zézé”, na colectânea “Registos”, editada em 1989.
A sonoridade encontra-se, nesta altura, muito próxima dos Jáfumega e é, apenas, em 1990 que o grupo encontra o seu abrigo no folk-rock.
Participam, no Verão desse ano, no concurso da RTP “Aqui D’El Rock”, que decorre em pleno início de tarde, na Costa da Caparica sob um calor tórrido.
E ganham.
Como prémio têm a edição de um álbum.
Surge assim “Sem Rumo”, gravado nos estúdios Tcha-Tcha-Tcha, entre Março e Junho de 1991, mas apenas editado, pela Cinedisco/Dansa do Som, em 1992.
O líder Carlos Moisés assume o trabalho de composição e é também o produtor.
A responsabilidade das letras é dividida por João Portela, Artur Rockzane e Ana Vieira.
“Sem Rumo” é uma primeira experiência dos Quinta do Bill.
Um verdadeiro tubo de ensaio para o que viria a seguir.
Infelizmente, a exposição pública deste álbum é reduzida.
Temas como “Até Quando” e “Verdes Anos de Mentiras” mereciam mais.
Os instrumentais “Alcácer Quibir” e, sobretudo, “Aljubarrota” provam a qualidade da banda.

“Aljubarrota” é, reconhecidamente, um tema tão forte, que os Quinta do Bill o recuperam, numa versão ao vivo, para o álbum seguinte.
O crescimento do grupo foi acontecendo.
A maturidade foi-se acentuando.
Rui Dias saiu para gravar “Santa Loucura” com os UHF.
Nuno Flores entrou e torna-se peça importante.
Pouco depois, em 1993, assinam com a PolyGram e começam a preparar o disco que os coloca na linha da frente da nossa música.
“Sem Rumo” não teve o reconhecimento público que merecia, mas torna-se peça essencial para o futuro.
Um futuro pensado.
Com objectivos claros.
Com rumo.
Numa carreira a conquistar “Passo a Passo”.

31.8.08

V Torneio de Futsal Cidade do Porto

E como eu estava mesmo ao lado... aqui ficam fotos do jogo de futsal entre o Belenenses e a Fundação JA.






Noites Ritual 2008

O Festival mais antigo de Portugal teve a sua 17ª edição, nas noites de 29 e 30 de Agosto, nos jardins do Palácio de Cristal, no Porto. A organização esteve excelente como sempre. Para breve a transmissão da reportagem no programa Atlântico de Bruno Gonçalves Pereira.

Momento mágico do Festival: Rita Redshoes.

Kate Bush - o álbum "The Red Shoes" já tem 15 anos! - teria gostado de lá ter estado.

Rita Redshoes
Tiago Bettencourt
Linda Martini
Sam the Kid
Pedro Brinca
Alberto Castelo e Isabel Vieira
Filipe Gonçalves
Carlos Vieira
Luís Silva do Ó e Pedro Brinca
Luís Silva do Ó e Pedro Brinca

28.8.08

Reserva do rock (5)
Xutos & Pontapés – Circo de Feras

“Circo de Feras”, de 1987, não é só o disco que deu a conhecer os Xutos & Pontapés ao grande público.
É também o álbum que proporciona uma nova vida ao rock português.
Renascendo das cinzas, depois de 4 anos de sofrimento, a nova música portuguesa demonstra que, apesar de todo o “crash” de meados de 1982, as “coisas” ainda mexem.
A loucura já não é a mesma de 1980, mas, finalmente, existem condições para que os grupos existam...
Ora, os Xutos, que surgiram em pleno “boom” do rock português, fizeram um percurso consistente, alternativo e em contínuo crescendo na sombra do mítico Rock Rendez Vouz.
Depois dos singles “Sémen” e “Toca e Foge” e dos álbuns “1978-82” e, sobretudo, do fantástico embrião de sucessos chamado “Cerco”, chegou a hora da multinacional PolyGram abrir os ouvidos e contratar os Xutos & Pontapés.
Tim, Zé Pedro, João Cabeleira, Kalú e Gui entram a 13 de Outubro de 1986, no Angel Studio, na companhia dos técnicos José Manuel Fortes e Rui Novais. A produção esteve nas mãos de Carlos Maria Trindade, pertencente, na época, aos Heróis do Mar.
O conjunto de sucessos é de tal forma evidente que o single escolhido, “Sai Prá Rua”, acaba por ficar completamente submerso...
Canções como “Contentores”, “Não Sou o Único”, “N’America” e “Circo de Feras” ajudam a compreender as razões do êxito...
Outro factor importante nesta época, o fenómeno das rádios livres ou piratas, ajudou bastante, pois a divulgação das músicas não se baseava em playlists, mas sim nas preferências auditivas dos vários animadores... e isso também acabava por acontecer nas rádios nacionais...
“Não Sou o Único”, com música dos Xutos e letra de Zé Pedro, é um dos hinos deste trabalho.

Com tantos sucessos populares, os Xutos & Pontapés lançam-se imediatamente para a estrada, numa estrondosa digressão, acompanhada espectáculo a espectáculo, por um recém-nascido jornal Blitz...
Em 1987 e 1988, os Xutos fazem história na estrada, gravam mais um álbum de originais e lançam-se para um triplo disco ao vivo gravado em 3 noites cheias no Pavilhão dos Belenenses.
“Circo de Feras” é o grito revoltado de um grupo que se fez com suor.
Que cresceu na garagem e nos palcos deste Pais.
Que comeu o pó da estrada e que soube melhorar sempre.
Que melhor resultado que este?

27.8.08

Reserva do rock (4)
Ritual Tejo - Perto de Deus

Em 1988, a banda Easy Gents vence o quinto concurso de música moderna do Rock Rendez Vouz.
Em 5 de Janeiro de 1989, dão o seu último concerto... mas não cessam funções... antes pelo contrário.
Por opção própria, alteram a designação da banda para Ritual Tejo e vão ao encontro de sonoridades mais pop-rock.
Constituídos por Paulo Costa, José Manuel Afonso, Artur Santos, Quim Zé Rebelo e Fernando Martins, assinam contrato com a EMI-Valentim de Carvalho e entram em estúdio em Novembro de 1990.
Com a saída dos Delfins da Valentim de Carvalho, os Ritual Tejo colocam-se como potenciais sucessores.
Nasce assim o álbum “Perto de Deus”.
Dos 12 temas desse disco, dois são versões: “Saudade”, um original dos Heróis do Mar, e “Foram Cardos Foram Prosas”, uma canção de Ricardo Camacho com letra de Miguel Esteves Cardoso e que foi sucesso na voz de Manuela Moura Guedes.
E são, curiosamente, estas duas versões que mais dão que falar, pois estão bastante fortes.
Para melhor combinar com uma vocalização masculina, Miguel Esteves Cardoso, altera ligeiramente a letra de “Foram Cardos Foram Prosas” e é este o grande tema promocional do disco.

Com a promoção do disco vieram os espectáculos e no verão de 1991 os Ritual Tejo tocaram bastante.
Foram inclusivé, das bandas com mais concertos nesse ano.
Por outro lado, as canções originais dos Ritual Tejo começam a ser conhecidas, destacando-se “Sonhos de Luxúria” e “Lenda do Mar”.
Parecia o início de uma carreira fulgurante, contudo muitos anos passaram até que surgisse o segundo disco dos Ritual Tejo.


[nota: rectificação ao texto em 16/09/2008]

26.8.08

Reserva do rock (3)
UHF - À Flor da Pele

Carlos Peres, Zé Carvalho, Renato Gomes e António Manuel Ribeiro.
São estes os 4 nomes da mais conhecida formação dos UHF.
Surgem em Almada no ano de 1978.
Em 79, gravam o EP “Jorge Morreu” para a Metro-Som.
Dão nas vistas e a EMI-Valentim de Carvalho não perde tempo.
Assinam contrato válido por cinco anos e lançam, em 1980, o single “Cavalos de Corrida”.
Rui Veloso lançara há pouco “Ar de Rock” com o single “Chico Fininho”.
Foi a grande confusão.
Portugal estoirou por completo!
“Chico Fininho” e “Cavalos de Corrida” revolucionaram o “status quo” da nossa música.
Assistimos ao famoso “boom” do rock português.
Rui Veloso era uma personagem introvertida e tímida, sendo talvez o Bill Halley português.
António Manuel Ribeiro foi Elvis Presley.
Ou antes Jim Morrison.
Os dois juntos e ao mesmo tempo.
O resultado não podia ser melhor.
Polémico, ofensivo, agressivo e vedeta.
Músico e poeta.
Discutia muito. Imenso.
Tanto ou tão pouco que os UHF passaram as ser conhecidos por “Canal Maldito”.
Depois de “Cavalos de Corrida”, que vendeu mais de 100 mil exemplares, os UHF entram nos estúdios da Valentim de Carvalho em Paço de Arcos, em 16 de Março de 1981.
Num misto ansioso de descrença e de esperança, o meio musical aguardava o primeiro álbum do grupo.
O resultado chamou-se “À Flor da Pele” e saiu em 1981.
Retrato fiel das vivências da estrada, este disco subiu a fasquia do rock feito à portuguesa.
Gerou amores e muitos ódios.
Os críticos dividiram-se.
O público comprou.
Em disco e em cassete pirata.
Um grande sucesso.
“Rua do Carmo” provou que “Cavalos de Corrida” não tinha sido um acaso.
Tinha sido, antes, um mero início.

“À Flor da Pele” foi um sucesso que chegou ao disco de ouro.
O segundo do rock português, pois o primeiro fora conquistado semanas antes pelos Taxi.
Foi um sucesso que prolongou um outro sucesso.
O sucesso da estrada, vivido com um profissionalismo único para a época.
Foram os UHF os primeiros a terem digressões com qualidade sonora.
Investiram em equipamentos e compraram o primeiro PA do rock português.
E eram um caso muito sério de qualidade e de popularidade.
“À Flor da Pele” tinha o êxito de “Rua do Carmo” e tinha mais...
Tinha “Modelo Fotográfico”, “Rapaz Caleidoscópio” e “Geraldine”.
Tinha poesias cruas como a vida.
Tinha retratos do tempo corrente.
Ou como se lia na contra-capa:
“Os poetas do secúlo XX não escrevem livros. Armam-se cantores e soltam gritos de rebelião.”

25.8.08

Belém na temporada Sagres 2008/09

Cartão de Associado do CFBO primeiro jogo já foi. Este ano promete ser de sofrimento azul. A minha "quota azul" está paga até Dezembro e espera ver muitos golos na baliza certa. Vamos tentar melhorar a equipa e "fazer figas" para que "o sistema" não nos atropele de vez.

24.8.08

Reserva do rock (2)
Taxi – Taxi

Se Rui Veloso era Blues e os UHF eram rock, os Taxi eram os Reis da Pop.
Formados em 1977 sob a designação de Pesquisa, chegam mesmo a gravar um single em edição de autor.
Em finais de 1979, João Grande, Rui Taborda, Henrique Oliveira e Rodrigo Freitas, alteram o nome da banda para Taxi e começam a compor originais com vista a uma possível edição discográfica.
Tocam e compõem em inglês e chegam mesmo, em 1980, a tentar a sorte por terras inglesas.
Contudo, e apesar de algum interesse por parte da Warner britânica, a resposta definitiva tardava.
Regressam a Portugal em pleno boom do rock português.
Em Novembro desse ano, são convidados pela PolyGram a gravarem um LP.
Porém, existe uma exigência: As letras têm que ser em português.
O grupo aceita e assina contrato em Janeiro de 81
No mês seguinte, recebe um telefonema de Inglaterra.
Da Warner.
Tarde demais.
Antes sequer de entrarem em estúdio, os Taxi perdem a oportunidade de uma carreira internacional.
Em Abril, apenas numa semana, é gravado todo o primeiro LP “Taxi”.
António Pinho foi o produtor e as faixas são compostas e assinadas por todos os elementos do grupo.
O primeiro single, “Chiclete”, é sucesso imediato.

Para além de “Chiclete”, outros temas atingem grande projecção popular.
“TVWC”, “A Queda dos Anjos”, “É-me Igual” ou “Vida de Cão” são verdadeiros hinos, mas todos os outros temas são fortes.
Disco de prata numa semana, “Taxi” conquista, em Outubro de 1981, o disco de ouro – o primeiro arrebatado pelo rock português por vendas superiores a 35 mil exemplares.
Nestes tempos, um disco de ouro representava o maior galardão da indústria nacional.
Expoentes máximos da pop-rock portuguesa, os Taxi, são o primeiro caso de marketing da indústria musical.
Logo nesse primeiro LP, a capa sublinha essa diferença, mas esse factor será mais evidente alguns meses depois, aquando da edição do segundo álbum, “Cairo”.
Curioso que, apesar de todos os temas terem sido compostos inicialmente em inglês, uma das marcas de sucesso de “Taxi” esteve relacionada com a “portugalidade” das suas letras, em que a sátira social era evidente.
“Taxi” era fresco e descontraído.
“Taxi” era directo como uma conversa de café.
“Taxi” foi o início de uma breve e rápida corrida.
Sem bandeirada, mas com muito sucesso.




-------------------------------------
Fotos da autoria de Bruno Gonçalves Pereira captadas aquando da actuação dos Taxi nos 25 anos da "Febre de Sábado de Manhã".


23.8.08

Reserva do rock (1)
GNR – Independança

No início dos anos 80, assistiu-se ao famoso boom do rock português.
Eram centenas de bandas por todo o país e dezenas a editar.
Uma delas reuniu especial atenção pela sua vertente sonora.
Fundados por Vítor Rua, os G.N.R. – Grupo Novo Rock, são detentores de uma pop alternativa, substancialmente diferente de tudo o resto.
Para além de Vítor Rua, o grupo é constituído por Alexandre Soares e Tóli César Machado.
Gravam em 1981 dois singles de sucesso: “Portugal na CEE” e “Sê Um GNR”.
Editados pela Valentim de Carvalho e produzidos por Ricardo Camacho vendem muito bem, mas a atenção da crítica recaí essencialmente nos lado B.
“Espelho Meu” e “Instrumental nº 1” sublinham uma veia alternativa mais evidente.
Indiciam o futuro que está para vir.
“Independança”, 1982.
Chegam ao Grupo Novo Rock duas novas aquisições: Miguel Megre e Rui Reininho.
Alexandre Soares liberta-se das vocalizações e os GNR encontram o seu futuro líder, Reininho.
“Independança” não é um álbum qualquer, é apenas o disco mais marcante de uma nova geração de músicos.
É também consagrado como o melhor álbum português da década de 80.
Produzido pelos G.N.R. e por Ricardo Camacho, “Independança” conta com 7 temas.
6 do lado A e “Avarias” na totalidade no lado B, uma faixa que ilustra o espírito alternativo e experimental do trabalho.
A participação de todos os elementos do grupo, na composição dos temas, potencia a elevada diversidade que se encontra em “Independança”.
O single “Hardcore (1º Escalão)”, com letra de Rui Reininho e música de Miguel Megre e Vítor Rua, torna-se a peça mais conhecida do trabalho.

“Independança” é um marco no rock português.
Um marco por aquilo que representa.
Um marco pelas portas que deixa em aberto.
“Independança” podia ter sido o embrião de uma carreira ainda maior.
Mas as fortes personalidades artísticas dos diversos músicos quase levam à morte dos G.N.R.
Oficialmente, chegam mesmo a terminar.
Primeiro, Alexandre Soares abandona o grupo.
Miguel Megre também.
Logo depois, Vítor Rua declara a extinção da banda e parte para os Estados Unidos.
Contudo, o fundador não tem o poder de terminar as actividades musicais do grupo.
Tóli César Machado, Rui Reininho e o regressado Alexandre Soares partem para a segunda fase da carreira do grupo. Seria esta a mais estável formação dos G.N.R.
Mas isto já são histórias posteriores a “Independança”, o mais aclamado disco da nova música portuguesa da década de oitenta.

Reserva do rock

Talvez pelo ano de 2002 o Bruno Gonçalves Pereira – numa fase em que tínhamos contactos diários devido a pertencermos à Direcção da Procris – lançou-me o desafio de realizar um espaço para o Atlântico. Como a falta de tempo era imensa e não tinha possibilidade de gravar o espaço em casa pensei em seleccionar uma música semanalmente. Pouco depois o espaço evoluiu para a recordação de um álbum.

Estou a falar disto porque ao percorrer hoje um dos directórios do meu disco rígido dei de caras com um documento que continha uma série de textos produzidos para a “Reserva do Rock”. Eram espaços dedicados a um álbum de música portuguesa que por uma razão ou por outra tivesse ficado na História.

Irei, ao longo dos próximos dias, aqui divulgar estes textos chamando a atenção para que os mesmos foram escritos para serem lidos recorrendo a timbres e inflexões vocais diversas. Enfim, para serem lidos ao ritmo da minha voz e sem recurso às tecnologias de edição e montagem que hoje utilizo. :)

Os espaços em formato áudio andam "perdidos" em cassetes DAT...

Este espaço durou pelo menos 13 edições e foi o embrião do actual “Banco de ensaio” que na sua primeira temporada durou 60 semanas. A próxima temporada está para breve. Por enquanto boas recordações do rock português!

20.8.08

CAR PLAYLIST (2)

LISTA DE TEMAS DA MINHA MAIS RECENTE COMPILAÇÃO:

JOHN WATTS - WALKING THE DOBERMAN (SPIRITUAL HEADCASE, 2002)
PETE TOWNSHEND - ENGLISH BOY, REPRISE (PSYCHODERELICT, 1993)
LLOYD COLE & THE COMMOTIONS - LOST WEEKEND (EASY PIECES, 1985)
PAUL MCCARTNEY - HOUSE OF WAX (MEMORY ALMOST FULL, 2007)
UHF - SONHOS NA ESTRADA DE SINTRA (NOITES NEGRAS DE AZUL, 1988)
FALCO - OUT OF THE DARK (OUT OF THE DARK (INTO THE LIGHT), 1998)
THE SHINS - RED RABBITS (WINCING THE NIGHT AWAY, 2007)
BOB DYLAN - PRECIOUS ANGEL (SLOW TRAIN COMING, 1979)
CHICO BUARQUE - FADO TROPICAL (CHICO CANTA, 1973)
BRUCE SPRINGSTEEN - MY CITY OF RUINS (THE RISING, 2002)
PAUL MCCARTNEY - NO MORE LONELY NIGHTS (GIVE MY REGARDS TO BROAD STREET, 1984)
FISCHER-Z - RADIO K.I.L.L. (KAMIKAZE SHIRT, 1993)
TAXI - DANCE DANCE DANCE (THE NIGHT, 1987)
PETER FRAMPTON - CHANGING ALL THE TIME (PETER FRAMPTON, 1994)
bonus track :)
JOHN MAYALL - ROOM TO MOVE (THE TURNING POINT, 1969)

19.8.08

Xupetas & Fraldinhas

Xupetas & Fraldinhas numa Torre do Castelo de Santiago do Cacém - esta Torre já não existe. Foto cedida por Zé Dado.Além dos Xutos existia outro X no rock português. Eram naturais de Santiago do Cacém, contemporâneos e amigos dos Xutos, tendo por nome Xupetas & Fraldinhas. Chegaram a vencer a fase distrital em Setúbal do Só-Rock - o 1º concurso nacional de bandas rock. Uma iniciativa do mítico programa de rádio, “Rock em Stock”, e com o patrocínio da 7Up. Recordo-me de muita gente a recolher tampinhas deste refrigerante por Santiago... parece que a entrada seria gratuita para os possuidores de determinada quantidade de caricas.

Os Xupetas são uma lenda musical do litoral alentejano. Pelo menos, para a minha geração e para a geração uma década mais velha. Considerados por muita gente como uma banda com enorme potencial de sucesso, terão passado ao lado de uma grande carreira. O próprio Zé Pedro, em entrevista que lhe fiz em 1991 ou 92, reconhecia o mérito musical dos Xupetas. Fossem eles residentes em Lisboa, Almada ou Porto e, pelo menos, teriam editado um álbum. Isso ainda foi falado, mas o crash do rock português em 1982 - um ano e pouco após o boom - não deu muitas oportunidades a essa hipótese. Ser originário da, então distante e afastada, vila de Santiago do Cacém não favoreceu. Mais, nem sequer um concerto no Rock Rendez Vous ficou para a História.

Só os vi ao vivo numa ocasião, no ginásio do Liceu, em Santiago do Cacém, e não faço ideia exacta do ano em que tal aconteceu. Na altura, fiquei bastante surpreendido e agradado com o concerto. Eu conhecia, praticamente, todas as edições do rock português e muita coisa de pior qualidade - e que vendeu bastante - residia na minha discoteca de então... E lembro-me de que os Xupetas tinham hits no seu reportório.

Passaram 25 anos e, finalmente, tive acesso a alguma coisa gravada pelos Xupetas numa sala de ensaios e que deve datar de 1982 ou 1983. Na época, o grupo era constituído por João Vozinha (voz), Joaquim Jorge (guitarra ritmo e coro), Luís Farias (guitarra solo), Miguel Fino (bateria), Xico (baixo) e Zé Dado (teclas). As canções chamam-se “Xtou farto” e “Orgasmo” e não adianta pedirem-me que não faculto estes mp3 a ninguém.
O som está como se pode imaginar e o material é claramente datado, todavia, foi um enorme prazer escutar estas raridades ainda antes das 7 da manhã de hoje. Diga-se o que se disser, o potencial estava lá.

Um agradecimento especial a quem me enviou as mesmas, Zé Dado, músico deste grupo e que, mais tarde, esteve na origem dos Negra Troop. Quanto a estes últimos, existe algum material disponível no myspace em myspace.com/negratroop. A visitar.

Para quem venha parar a este post por estar à procura de informações sobre o grupo seria interessante partilhar connosco as suas motivações nos comentários. :)

18.8.08

BdE - 2ª Temporada

Em breve, no programa Atlântico do meu amigo Bruno Gonçalves Pereira, irei regressar com novos espaços do "Banco de Ensaio".
Já falta pouco.
Santos Populares, Avenida da Liberdade, Lisboa, 2007

17.8.08

k2o+

Na madrugada de hoje os k2o3 deram mais um grande concerto no concelho de Santiago do Cacém. A 3ª concentração Motard em S. Francisco da Serra (parabéns à organização) foi o motivo para este reencontro de amigos.

Tive também oportunidade de rever amigos de outras lides e de outros tempos. É sempre bom recordar histórias que pertencem à nossa História.

Na véspera, após um jantar inesperado com Rui Chaves e Ulisses, ainda houve tempo para elaborar o alinhamento.

Reportagem fotográfica no meu espaço do hi5 em lacjso.hi5.com.


Num bar da região a tratar do alinhamento. Bushmills?
Ulisses num frente-a-frente ao jantar.
Com o Mini durante o jantar.
Pouco antes do início do concerto com Rui Chaves e Ulisses.
O espectáculo teve início e a festa foi intensa.