2.9.08

Reserva do rock (7)
Delfins – Libertação

Cascais.
1981.
O ano do boom do rock português via surgir outro rebento.
Fernando Cunha, João Carlos e Silvestre.
Como em quase todos os casos, tudo começa numa garagem.
Miguel Ângelo entra em 1982.
Dois anos depois, Pedro Ayres Magalhães, dos Heróis do Mar, assiste a um ensaio.
Gosta e convida-os a gravar para a editora independente “Fundação Atlântica”.
Ainda em 1984, sai o primeiro disco dos Delfins.
O original “Letras” e a excelente versão “O Vento Mudou”. Pop-Rock do melhor.
Um começo apadrinhado por gente reconhecida e com sucesso.
O pior aconteceu no ano seguinte, 1985.
A ida ao Festival RTP da Canção deixa profundas marcas negativas, junto do público e do meio musical.
“A Casa da Praia” fica no último lugar.
A banda, nesta fase, sofre a valer.
É obrigada a crescer.
É obrigada a ultrapassar um estigma imenso.
Poucos teriam força para vencer.
Mas, os Delfins mantêm uma determinação de aço.
1986 foi o ano chave.
Entram para os Delfins, Rui Fadigas e Jorge Quadros.
Por lá permanecem Miguel Ângelo, Silvestre e Fernando Cunha.
Carlos Maria Trindade, também ele dos Heróis do Mar, mostra-se interessado em produzi-los.
Gravam uma pequena maquete com quatro temas, entre os quais, “A Baía de Cascais”, “Estrelas do Rock’n’Roll” e “O Caminho da Felicidade”.
O azar permanece.
As editoras demonstram desinteresse.
Os Delfins tomam, então, uma medida drástica.
Medida essa corajosa e dispendiosa para a época.
Em Outubro de 1986, assumem todos os riscos e vão para estúdio.
Pagam do próprio bolso todas as despesas.
A produção, mais uma vez, fica nas mãos de Carlos Maria Trindade.
Em 1987, já com o disco gravado, pensam numa edição de autor, mas a Emi-Valentim de Carvalho, mostra-se, finalmente, interessada.
A sorte começa a mudar.
Regressam a estúdio para registar mais um tema: “Canção do Engate”, um original de António Variações.
“Libertação” sai em Abril de 87.
E é um sucesso.
A sonoridade permanece no pop-rock e as músicas são assimiladas com facilidade.
“Estrelas do Rock’n’Roll” e “O Caminho da Felicidade” são dois casos.
Porém, temos mais...
“A Baía de Cascais”, tema dedicado à vila natal, torna-se num hino de grandes proporções.
“Canção do Engate” vai mais longe e conquista as pistas de dança desse Verão.

“Libertação” consegue quebrar o efeito Festival da Canção.
O valor dos Delfins começa a ser reconhecido.
As potencialidades estão, finalmente, comprovadas.
“Libertação” não é um êxito de vendas, mas consegue algo mais importante: ter canções populares e de qualidade.
O público e a crítica são conquistados.
Os Delfins ganham o direito a uma segunda oportunidade.
E a um “Lugar ao Sol”.

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