5.9.08

Reserva do rock (10)
Xutos & Pontapés – 78/82

A música rock portuguesa começava a tentar gatinhar no final dos anos setenta.
O movimento punk estava no auge.
Em finais de 1978, Zé Pedro e Zé Leonel decidem constituir uma banda e colocam um anúncio no jornal.
São bem sucedidos, encontrando Kalú e Tim.
A base dos Xutos & Pontapés estava, assim, constituída.
Zé Pedro na guitarra, Tim no baixo, Kalú na bateria e Zé Leonel como vocalista.
13 de Janeiro de 1979 marca o primeiro concerto, nos Alunos de Apolo, numa comemoração dos 25 anos do Rock’N’Roll
Os espectáculos vão sendo uma constante, destacando-se, em 1980, uma primeira parte dos UHF, no Laranjeiro, e de Wilko Johnson Solid Senders, no Pavilhão d’ “Os Belenenses”.
Pouco depois, em Fevereiro de 1981, os Xutos & Pontapés recrutam o guitarrista Francis.
Outra mexida logo a seguir, esta com grande importância para a história dos Xutos.
Zé Leonel vai para o Brasil e Tim assume as funções de vocalista.
Estamos em pleno boom do rock português e os concertos multiplicam-se, assim como, a necessidade de chegarem à edição de um disco.
Surge, então, a oportunidade de gravarem para a independente Rotação e entram em estúdio em Novembro de 81, com o objectivo de registarem músicas para 2 singles.
Estas sessões de estúdio resultam na gravação dos temas “Sémen”, “Toca e Foge”, “Quero Mais”, e “Papá Deixa Lá”.
O Rock Rendez Vous testemunha o lançamento do primeiro single, “Sémen”, em Dezembro de 81.
As coisas começam a mexer e alcançam o primeiro lugar do top de música portuguesa da Rádio Renascença e o décimo lugar no programa de Luís Filipe Barros, “Rock em Stock”, da Rádio Comercial.
Em Março de 1982, é lançado o outro single, “Toca e Foge”, e entram em estúdio para a gravação do primeiro álbum.
Dele constam muitas canções de referência dos Xutos & Pontapés.

A sonoridade de “78/82” vai beber no rock e no punk, sendo possível constatar que a génese do som característico dos Xutos & Pontapés já aqui se encontra.
Sem ambições literárias, as letras correspondem ao esperado para uma típica banda de punk-rock.
Considerados uma das melhores bandas ao vivo, os Xutos recebem, no final de 1982, várias nomeações e prémios da imprensa escrita e de programas de rádio.
Apesar desta boa receptividade, acrescida de diversas idas à televisão e entrevistas a rádios e a jornais, “78/82” enfrentou alguns problemas promocionais, pois, “Mãe” e “Sémen” foram proibidas de passar na Rádio Renascença e, na própria Rádio Comercial, é pedido para que “Mãe” não seja emitida.
Mas, os problemas não se ficam por aqui.
Em Agosto, a editora ainda não pagara os direitos ao grupo, pelo que acabam por rescindir o contrato.
Mesmo sem o retorno financeiro esperado, o LP rende os seus frutos.
O fenómeno de banda de culto continuava a ganhar peso nos meios alternativos.
Os concertos continuavam a bom ritmo.
“78/82” é o cartão de visita que fez aumentar o número de fãs do grupo, rumo a um futuro que se adivinhava brilhante.

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