Tenho variadas recordações de quando era muito pequeno.
Além das tradicionais lembranças de acontecimentos na casa onde nasci, em Santiago do Cacém, e na rua onde dei os primeiros passos (Rua das Lojas), guardo na memória correrias e brincadeiras diversas pela aldeia de Abela, pouco antes e pouco depois do 25 de Abril de 1974.
A minha mãe era professora no ensino primário e ainda hoje me lembro dos seus alunos e até das formigas “gigantes” do recreio. Retenho no pensamento a fogueira com a queima dos manuais escolares, a dinâmica de festas e espectáculos promovidos pela população e as mil brincadeiras com os meninos e meninas muito maiores do que eu.
Passados 32 anos, muita coisa mudou e muita coisa permanece semelhante. Quando no ano passado me desloquei, em diversas ocasiões, à Abela, refresquei estas e outras memórias. Se tivesse de escolher as três freguesias do concelho de Santiago com mais vivências pessoais, naturalmente que Abela se juntaria a Santiago do Cacém e a Vila Nova de Santo André – localidade que vi crescer no meio de pinhais e onde fui inaugurar a Escola Primária.
Este pequeno texto vem a propósito da desgraça que se abateu sobre Abela e São Domingos durante a passada semana. Fiquei a saber das más notícias ao sair de casa, por volta das 8 da manhã, tendo acompanhado o rescaldo através das rádios nacionais. No meio de tanta desolação, a boa notícia de não ter existido maior sofrimento humano. Foram-se equipamentos, animais, alcatrão, mas, ao menos, desta vez, estamos todos vivos. Acredito que as populações vão seguir em frente com uma determinação que move montanhas e que as instituições nacionais e locais vão fazer o que é necessário para minorar os prejuízos e para reerguer o que foi destruído. Resta-nos ser solidários e aguardar pela rápida recuperação das casas e dos bens públicos e privados destruídos em poucas horas de mau tempo.
O ambiente está cada vez mais na ordem do dia. As tropelias que o Homem insiste em fazer ao Planeta têm de parar antes que seja tarde demais.
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