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9.9.08

Reserva do rock (12)
Heróis do Mar – Heróis do Mar

Os Heróis do Mar – último grande grupo a surgir na vaga do rock português em 1981 – reunia músicos já com alguma experiência.
O baterista, António José Almeida, pertenceu à formação original da banda de rock progressivo Tantra.
Recorde-se que os Tantra, foram o mais importante grupo português, na fase que antecedeu o boom do nosso rock, e, dele faziam parte conceituados nomes como Manuel Cardoso, Armando Gama e Pedro Luís, mais tarde cara-metade dos Da Vince.
O cantor Rui Pregal da Cunha veio de um projecto experimental chamado Colagem Urbana.
Pedro Ayres Magalhães, baixista, e, Paulo Pedro Gonçalves, guitarrista, haviam fundado, em 1977, o primeiro grupo punk português, os Faíscas, que influenciaram nomes como Xutos & Pontapés.
Com a dissolução dos Faíscas em 79, estes dois elementos, juntamente com o teclista Carlos Maria Trindade, formam os Corpo Diplomático.
Em Março de 1981, estes cinco músicos juntaram-se num projecto comum, onde os valores da história e da cultura portuguesa fossem primordiais.
O nome da banda também não foi um acaso, sendo inspirado no hino nacional.
Após poucos meses de ensaios, em Agosto, os Heróis do Mar lançam um single, com os temas “Saudade” e “Brava Dança dos Heróis”, que também viriam a integrar o seu primeiro LP.

“Heróis do Mar” – o álbum – sai ainda nesse ano de 1981 e rebenta a polémica em torno dos alegados ideais fascistas com que são conotados.
O visual da banda, com fardas militares, e as letras das canções, num imaginário colonial, nostálgico e histórico, geram a confusão num Portugal em que a Revolução dos Cravos estava, ainda, bem recente.
Nacionalistas ou patriotas, a dúvida sobres os ideais fascistas ou neo-nazis dos Heróis do Mar, prolongou-se no tempo, apesar das explicações veementes dos seus elementos e da mudança visual operada meses depois.
Lá fora, em Inglaterra, acontece história semelhante com os Spandau Ballet.
A somar às raízes portuguesas, os Heróis foram beber, musicalmente, a sonoridades electrónicas de vanguarda e à corrente neo-romântica dos Duran Duran e dos referidos Spandau Ballet.
Gravado no Angel Studio, em Setembro e Outubro de 81, este trabalho foi produzido pelo mais requisitado produtor de então, António Pinho, responsável, entre outros, pela produção dos primeiros álbuns dos Taxi e de Rui Veloso.
Para além de “Saudade” e de “Brava Dança dos Heróis”, outros temas como “Olhar no Oriente” ou “Amantes Furiosos” marcam este LP, que divide a crítica de então e que não obtém nenhum sucesso significativo junto do público.
O reconhecimento popular vem em Junho do ano seguinte, através do máxi-single “Amor”, um mega-sucesso que obriga à criação do conceito de disco de platina no nosso Pais.
A seguir a um LP sem grande impacto comercial, seguiu-se um pequeno formato com um tema de grande calibre popular.
Por vezes, estes fenómenos acontecem, mas, no caso dos Heróis do Mar, esta foi, apenas, a primeira vez, numa estranha e permanente continuidade futura.
Separar este disco do máxi-single “Amor” seria, manifestamente, errado.
Até porque, com os Heróis do Mar, em rádio, as melodias dos singles ultrapassam as canções contidas nos álbuns.
“Heróis do Mar” – o LP – apresentou-nos um dos mais inovadores grupos nacionais.
Arrojados, polémicos, criativos, sofisticados e com génio.
Com bom ou mau génio serão sempre recordados com “Amor”.

8.9.08

Reserva do rock (11)
Sétima Legião – A Um Deus Desconhecido

Para além do punk e da new-wave, a onda cinzenta de Manchester chegou a Portugal em força.
Nomes como Joy Division ou Echo and The Bunnymen, dignos representantes do pós-punk, influenciaram o aparecimento de diversos grupos portugueses, numa fase posterior ao do boom de 1980/81.
Os Sétima Legião são um desses casos, cantando, nesta fase, em inglês.
Rodrigo Leão, Pedro Oliveira e Nuno Cruz formam o grupo em 1982 e são, claramente, influenciados por esta corrente musical, usando, inclusive, nas actuações ao vivo, gabardinas, verdadeiro símbolo da corrente urbano-depressiva.
Concorrem à “Grande Noite do Rock” e, pouco depois, são reforçados com as entradas de Susana Lopes e de Paulo Marinho.
Simultaneamente, Francisco Menezes inicia uma colaboração com o grupo, na escrita das letras das músicas. É abandonada a língua inglesa e as canções passam a ter um cariz mais lusitano.
Logo no ano seguinte, são contratados pela independente Fundação Atlântica e gravam o single “Glória”, com letra de Miguel Esteves Cardoso, um dos donos da editora.
Como em muitos outros casos, o disco é aplaudido pela crítica e desprezado pelos animadores dos programas de rádio, passando despercebido.
Ainda antes de iniciarem as gravações do primeiro LP, Susana Lopes abandona o grupo.
Verdadeira pérola no catálogo da Fundação Atlântica, “A Um Deus Desconhecido” é editado em Julho de 1984 e torna-se uma referência obrigatória da nova música portuguesa.

A ligação com o mar e as letras fortes e nostálgicas, conjugadas com um ambiente sonoro muito intenso, transformam os Sétima Legião num caso muito sério no panorama da música moderna portuguesa.
Musicalmente, ainda se notam claras influências do pós-punk, mas começa a sobressair um sentir tipicamente português conjugado com uma valiosa utilização da gaita de foles.
O produtor de “A Um Deus Desconhecido”, Ricardo Camacho, identificando-se com o projecto, passa a integrar os Sétima Legião.
Com o encerramento da editora Fundação Atlântica, os Sétima Legião assinam contrato com a EMI – Valentim de Carvalho e “A Um Deus Desconhecido” entra na categoria de raridade.
Raridade que, rapidamente, se transforma em mito, só comparável ao álbum Independança dos GNR.
Para colmatar esta falha no catálogo dos Sétima Legião, a EMI decide recuperar este trabalho e edita-o em CD, no ano de 1990, integrando, no mesmo, como bónus, as 2 canções do primeiro single, “Glória” e “Partida”.
A carreira dos Sétima Legião ganhou um novo impulso com a edição deste LP em 1984.
O grupo foi beber o seu nome à Sétima Legião Romana que esteve na Lusitânea.
Também eles tiveram um percurso lento de realizar, mas cheio de histórias essenciais para a nossa História.
“A Um Deus Desconhecido” abriu caminho para novas descobertas e para novas experiências.
Para uma busca que sempre esteve presente no espírito do grupo.
Em passos seguros e inovadores.
Como um “Mar d’Outubro”, encantado, numa “Aguarela” eterna.
Como uma “Vertigem” carregada de “Glória”.
Sem “Partida” pois “Deus Assim o Quis”.

5.9.08

Reserva do rock (10)
Xutos & Pontapés – 78/82

A música rock portuguesa começava a tentar gatinhar no final dos anos setenta.
O movimento punk estava no auge.
Em finais de 1978, Zé Pedro e Zé Leonel decidem constituir uma banda e colocam um anúncio no jornal.
São bem sucedidos, encontrando Kalú e Tim.
A base dos Xutos & Pontapés estava, assim, constituída.
Zé Pedro na guitarra, Tim no baixo, Kalú na bateria e Zé Leonel como vocalista.
13 de Janeiro de 1979 marca o primeiro concerto, nos Alunos de Apolo, numa comemoração dos 25 anos do Rock’N’Roll
Os espectáculos vão sendo uma constante, destacando-se, em 1980, uma primeira parte dos UHF, no Laranjeiro, e de Wilko Johnson Solid Senders, no Pavilhão d’ “Os Belenenses”.
Pouco depois, em Fevereiro de 1981, os Xutos & Pontapés recrutam o guitarrista Francis.
Outra mexida logo a seguir, esta com grande importância para a história dos Xutos.
Zé Leonel vai para o Brasil e Tim assume as funções de vocalista.
Estamos em pleno boom do rock português e os concertos multiplicam-se, assim como, a necessidade de chegarem à edição de um disco.
Surge, então, a oportunidade de gravarem para a independente Rotação e entram em estúdio em Novembro de 81, com o objectivo de registarem músicas para 2 singles.
Estas sessões de estúdio resultam na gravação dos temas “Sémen”, “Toca e Foge”, “Quero Mais”, e “Papá Deixa Lá”.
O Rock Rendez Vous testemunha o lançamento do primeiro single, “Sémen”, em Dezembro de 81.
As coisas começam a mexer e alcançam o primeiro lugar do top de música portuguesa da Rádio Renascença e o décimo lugar no programa de Luís Filipe Barros, “Rock em Stock”, da Rádio Comercial.
Em Março de 1982, é lançado o outro single, “Toca e Foge”, e entram em estúdio para a gravação do primeiro álbum.
Dele constam muitas canções de referência dos Xutos & Pontapés.

A sonoridade de “78/82” vai beber no rock e no punk, sendo possível constatar que a génese do som característico dos Xutos & Pontapés já aqui se encontra.
Sem ambições literárias, as letras correspondem ao esperado para uma típica banda de punk-rock.
Considerados uma das melhores bandas ao vivo, os Xutos recebem, no final de 1982, várias nomeações e prémios da imprensa escrita e de programas de rádio.
Apesar desta boa receptividade, acrescida de diversas idas à televisão e entrevistas a rádios e a jornais, “78/82” enfrentou alguns problemas promocionais, pois, “Mãe” e “Sémen” foram proibidas de passar na Rádio Renascença e, na própria Rádio Comercial, é pedido para que “Mãe” não seja emitida.
Mas, os problemas não se ficam por aqui.
Em Agosto, a editora ainda não pagara os direitos ao grupo, pelo que acabam por rescindir o contrato.
Mesmo sem o retorno financeiro esperado, o LP rende os seus frutos.
O fenómeno de banda de culto continuava a ganhar peso nos meios alternativos.
Os concertos continuavam a bom ritmo.
“78/82” é o cartão de visita que fez aumentar o número de fãs do grupo, rumo a um futuro que se adivinhava brilhante.

4.9.08

Reserva do rock (9)
Jafu-Mega – Estamos Aí

1980.
Estamos Aí.
Jafu-Mega.
Meses antes de “Ar de Rock”.
O primeiro álbum deste – excelente – grupo do Porto é editado pela Metro-Som.
Em inglês.
Um caso claro de insucesso comercial aquando da sua edição.
Praticamente desconhecido do grande público, “Estamos Aí”, antecede temas tão marcantes como “Ribeira” ou “Latin’America”, assim como, antecede o salto para a multinacional PolyGram.
Grupo constituído por seis elementos, de onde se destacavam os três – famosos – irmãos Barreiros, Eugénio, Pedro e Mário, e o vocalista Luís Portugal.
Os Jafumega são, reconhecidamente, a banda com maior qualidade instrumental no início dos anos 80.
A voz marcante de Luís Portugal torna-se inconfundível.
Com grandes conhecimentos de Jazz, os Jafumega apresentam-nos um primeiro álbum muito sólido e com dois temas fortes: “My Daddy’s Rock” e “There You Are”.

Em “Estamos Aí”, Eugénio Barreiros surge como vocalista principal em 3 dos 8 temas.
A produção esteve nas mãos de Branco de Oliveira, patrão da editora Metro-Som.
Pouco depois, a Polygram abriu os ouvidos e o formato dos Jáfumega subiu o degrau que os tornaria famosos.
“Estamos Aí”, ainda em inglês, mostra-nos a génese, a essência, a maravilha do estado embrionário que, muito raramente, temos oportunidade de conhecer.
Mostra, também, que os jovens músicos portugueses tinham iniciado uma cruzada de afirmação que os levaria, no ano seguinte, ao grande público e à sua consagração.
“Estamos Aí”, o LP, esse é seminal.

3.9.08

Reserva do rock (8)
Rui Veloso e a Banda Sonora – Ar de Rock

Se, nos anos 60, as bandas com uma bateria, baixo e uma ou duas guitarras eram uma constante, os anos 70 vivem tendo por base os “Super Grupos” como Genesis ou Pink Floyd.
Apenas em 1977, com a onda punk, regressa a certeza de se poder fazer música com parcos recursos.
Pouco depois, a new wave mostra que se podem ter temas melódicos, frescos e populares.
Do punk dos Six Pistols à new wave dos Police.
Mas isto era lá fora, no estrangeiro.
Portugal sempre foi um caso muito particular...
O final dos anos 70 é vivido no reflexo cultural do pós 25 de Abril.
Por um lado, a música de intervenção e, por outro, a música pop/ligeira.
José Afonso ou José Cid.
A juventude portuguesa raramente conseguia adquirir um disco condizente com a sua geração.
Os mais informados ouviam a BBC ou buscavam edições sempre esgotadas (!) dos novos discos de Bruce Springsteen.
A Musica & Som, a melhor revista de música que existiu algum dia em Portugal, trazia as novidades, contudo, encontrá-las era bem mais difícil...
No entanto, algo mexia por cá.
Depois de Tantra, Psico ou Go Grall Blues Band começam a aparecer outras edições.
Aqui D’El Rock e UHF gravam, em 1979, com letras em português.
Os Jafu-mega editam, no início de 1980, um álbum ainda todo cantado em inglês.
Especulava-se que o rock não podia ser cantado na nossa língua...
A resposta chega em Julho de 1980 editada pela Valentim de Carvalho.
Rui Veloso e a Banda Sonora rebentam com toda a indústria musical.
“Ar de Rock” – O nome do álbum.
“Chico Fininho” – O rastilho de tão tremendo terramoto.
A letra de “Chico Fininho” é uma ironia ao rock escrito em português.
Contudo, a maior das ironias, é que todo o LP “Ar de Rock” teve de ser reescrito para português, porque Rui Veloso tinha apresentado as maquetes em língua inglesa.

“Ar de Rock”, apesar do marco que representou, não é um disco rock.
A balada de sucesso “Sei de uma Camponesa” ou o tema que abre o disco, “Rapariguinha do Shopping”, não são mais que uma excelente amostra de swing bebendo inspiração nos blues.
Rui Veloso nunca foi um compositor ou cantor rock. Sempre assumiu publicamente as suas influências.
Introvertido, Rui torna-se o “Pai” e o responsável máximo por uma nova geração de músicos.
“Ar de Rock” chega a disco de prata.
Produzido por António Avelar de Pinho, apresentava Carlos Tê, o grande génio da escrita e cara-metade do projecto de Rui Veloso.
Os músicos de suporte, Zé Nabo e Ramon Galarza, formavam a célebre Banda Sonora.
Antes, trabalharam com José Cid e estiveram no mítico “10.000 anos depois entre Vénus e Marte”.
Os trabalhos seguintes provaram que Rui Veloso não é “Chico Fininho”.
Mas “Chico Fininho” foi tão seminal como “Rock Around The Clock” de Bill Halley.
A linguagem, essa, é directa.
Coisas tão banais como “cheio de speed”, “freak”, “shooto”, “curtindo uma trip”, “fareja a judite” ou “flipados” surgem em “Chico Fininho” de uma forma pioneira.
A conversa de rua chega aos discos.
A facilidade de comunicar também.
Nada voltou a ser como era.
“Ar de Rock” foi um estoiro.
“Ar de Rock” marcou o início, definitivo, do Rock Português.

2.9.08

Reserva do rock (7)
Delfins – Libertação

Cascais.
1981.
O ano do boom do rock português via surgir outro rebento.
Fernando Cunha, João Carlos e Silvestre.
Como em quase todos os casos, tudo começa numa garagem.
Miguel Ângelo entra em 1982.
Dois anos depois, Pedro Ayres Magalhães, dos Heróis do Mar, assiste a um ensaio.
Gosta e convida-os a gravar para a editora independente “Fundação Atlântica”.
Ainda em 1984, sai o primeiro disco dos Delfins.
O original “Letras” e a excelente versão “O Vento Mudou”. Pop-Rock do melhor.
Um começo apadrinhado por gente reconhecida e com sucesso.
O pior aconteceu no ano seguinte, 1985.
A ida ao Festival RTP da Canção deixa profundas marcas negativas, junto do público e do meio musical.
“A Casa da Praia” fica no último lugar.
A banda, nesta fase, sofre a valer.
É obrigada a crescer.
É obrigada a ultrapassar um estigma imenso.
Poucos teriam força para vencer.
Mas, os Delfins mantêm uma determinação de aço.
1986 foi o ano chave.
Entram para os Delfins, Rui Fadigas e Jorge Quadros.
Por lá permanecem Miguel Ângelo, Silvestre e Fernando Cunha.
Carlos Maria Trindade, também ele dos Heróis do Mar, mostra-se interessado em produzi-los.
Gravam uma pequena maquete com quatro temas, entre os quais, “A Baía de Cascais”, “Estrelas do Rock’n’Roll” e “O Caminho da Felicidade”.
O azar permanece.
As editoras demonstram desinteresse.
Os Delfins tomam, então, uma medida drástica.
Medida essa corajosa e dispendiosa para a época.
Em Outubro de 1986, assumem todos os riscos e vão para estúdio.
Pagam do próprio bolso todas as despesas.
A produção, mais uma vez, fica nas mãos de Carlos Maria Trindade.
Em 1987, já com o disco gravado, pensam numa edição de autor, mas a Emi-Valentim de Carvalho, mostra-se, finalmente, interessada.
A sorte começa a mudar.
Regressam a estúdio para registar mais um tema: “Canção do Engate”, um original de António Variações.
“Libertação” sai em Abril de 87.
E é um sucesso.
A sonoridade permanece no pop-rock e as músicas são assimiladas com facilidade.
“Estrelas do Rock’n’Roll” e “O Caminho da Felicidade” são dois casos.
Porém, temos mais...
“A Baía de Cascais”, tema dedicado à vila natal, torna-se num hino de grandes proporções.
“Canção do Engate” vai mais longe e conquista as pistas de dança desse Verão.

“Libertação” consegue quebrar o efeito Festival da Canção.
O valor dos Delfins começa a ser reconhecido.
As potencialidades estão, finalmente, comprovadas.
“Libertação” não é um êxito de vendas, mas consegue algo mais importante: ter canções populares e de qualidade.
O público e a crítica são conquistados.
Os Delfins ganham o direito a uma segunda oportunidade.
E a um “Lugar ao Sol”.

1.9.08

Reserva do rock (6)
Quinta do Bill – Sem Rumo

1987 marca o início.
Carlos Moisés, Rui Dias e Paulo Bizarro arrancam com o projecto.
Em Tomar.
Os ensaios começam.
O refúgio é encontrado numa quinta.
Na quinta do Sr. Guilherme – daí o nome da banda: Quinta do Bill.
Em 1988, concorrem ao 5º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vouz.
Como resultado final trazem, com mérito, um promissor 5º lugar.
E, mais importante, trazem o direito de incluir o tema “Zézé”, na colectânea “Registos”, editada em 1989.
A sonoridade encontra-se, nesta altura, muito próxima dos Jáfumega e é, apenas, em 1990 que o grupo encontra o seu abrigo no folk-rock.
Participam, no Verão desse ano, no concurso da RTP “Aqui D’El Rock”, que decorre em pleno início de tarde, na Costa da Caparica sob um calor tórrido.
E ganham.
Como prémio têm a edição de um álbum.
Surge assim “Sem Rumo”, gravado nos estúdios Tcha-Tcha-Tcha, entre Março e Junho de 1991, mas apenas editado, pela Cinedisco/Dansa do Som, em 1992.
O líder Carlos Moisés assume o trabalho de composição e é também o produtor.
A responsabilidade das letras é dividida por João Portela, Artur Rockzane e Ana Vieira.
“Sem Rumo” é uma primeira experiência dos Quinta do Bill.
Um verdadeiro tubo de ensaio para o que viria a seguir.
Infelizmente, a exposição pública deste álbum é reduzida.
Temas como “Até Quando” e “Verdes Anos de Mentiras” mereciam mais.
Os instrumentais “Alcácer Quibir” e, sobretudo, “Aljubarrota” provam a qualidade da banda.

“Aljubarrota” é, reconhecidamente, um tema tão forte, que os Quinta do Bill o recuperam, numa versão ao vivo, para o álbum seguinte.
O crescimento do grupo foi acontecendo.
A maturidade foi-se acentuando.
Rui Dias saiu para gravar “Santa Loucura” com os UHF.
Nuno Flores entrou e torna-se peça importante.
Pouco depois, em 1993, assinam com a PolyGram e começam a preparar o disco que os coloca na linha da frente da nossa música.
“Sem Rumo” não teve o reconhecimento público que merecia, mas torna-se peça essencial para o futuro.
Um futuro pensado.
Com objectivos claros.
Com rumo.
Numa carreira a conquistar “Passo a Passo”.

28.8.08

Reserva do rock (5)
Xutos & Pontapés – Circo de Feras

“Circo de Feras”, de 1987, não é só o disco que deu a conhecer os Xutos & Pontapés ao grande público.
É também o álbum que proporciona uma nova vida ao rock português.
Renascendo das cinzas, depois de 4 anos de sofrimento, a nova música portuguesa demonstra que, apesar de todo o “crash” de meados de 1982, as “coisas” ainda mexem.
A loucura já não é a mesma de 1980, mas, finalmente, existem condições para que os grupos existam...
Ora, os Xutos, que surgiram em pleno “boom” do rock português, fizeram um percurso consistente, alternativo e em contínuo crescendo na sombra do mítico Rock Rendez Vouz.
Depois dos singles “Sémen” e “Toca e Foge” e dos álbuns “1978-82” e, sobretudo, do fantástico embrião de sucessos chamado “Cerco”, chegou a hora da multinacional PolyGram abrir os ouvidos e contratar os Xutos & Pontapés.
Tim, Zé Pedro, João Cabeleira, Kalú e Gui entram a 13 de Outubro de 1986, no Angel Studio, na companhia dos técnicos José Manuel Fortes e Rui Novais. A produção esteve nas mãos de Carlos Maria Trindade, pertencente, na época, aos Heróis do Mar.
O conjunto de sucessos é de tal forma evidente que o single escolhido, “Sai Prá Rua”, acaba por ficar completamente submerso...
Canções como “Contentores”, “Não Sou o Único”, “N’America” e “Circo de Feras” ajudam a compreender as razões do êxito...
Outro factor importante nesta época, o fenómeno das rádios livres ou piratas, ajudou bastante, pois a divulgação das músicas não se baseava em playlists, mas sim nas preferências auditivas dos vários animadores... e isso também acabava por acontecer nas rádios nacionais...
“Não Sou o Único”, com música dos Xutos e letra de Zé Pedro, é um dos hinos deste trabalho.

Com tantos sucessos populares, os Xutos & Pontapés lançam-se imediatamente para a estrada, numa estrondosa digressão, acompanhada espectáculo a espectáculo, por um recém-nascido jornal Blitz...
Em 1987 e 1988, os Xutos fazem história na estrada, gravam mais um álbum de originais e lançam-se para um triplo disco ao vivo gravado em 3 noites cheias no Pavilhão dos Belenenses.
“Circo de Feras” é o grito revoltado de um grupo que se fez com suor.
Que cresceu na garagem e nos palcos deste Pais.
Que comeu o pó da estrada e que soube melhorar sempre.
Que melhor resultado que este?

27.8.08

Reserva do rock (4)
Ritual Tejo - Perto de Deus

Em 1988, a banda Easy Gents vence o quinto concurso de música moderna do Rock Rendez Vouz.
Em 5 de Janeiro de 1989, dão o seu último concerto... mas não cessam funções... antes pelo contrário.
Por opção própria, alteram a designação da banda para Ritual Tejo e vão ao encontro de sonoridades mais pop-rock.
Constituídos por Paulo Costa, José Manuel Afonso, Artur Santos, Quim Zé Rebelo e Fernando Martins, assinam contrato com a EMI-Valentim de Carvalho e entram em estúdio em Novembro de 1990.
Com a saída dos Delfins da Valentim de Carvalho, os Ritual Tejo colocam-se como potenciais sucessores.
Nasce assim o álbum “Perto de Deus”.
Dos 12 temas desse disco, dois são versões: “Saudade”, um original dos Heróis do Mar, e “Foram Cardos Foram Prosas”, uma canção de Ricardo Camacho com letra de Miguel Esteves Cardoso e que foi sucesso na voz de Manuela Moura Guedes.
E são, curiosamente, estas duas versões que mais dão que falar, pois estão bastante fortes.
Para melhor combinar com uma vocalização masculina, Miguel Esteves Cardoso, altera ligeiramente a letra de “Foram Cardos Foram Prosas” e é este o grande tema promocional do disco.

Com a promoção do disco vieram os espectáculos e no verão de 1991 os Ritual Tejo tocaram bastante.
Foram inclusivé, das bandas com mais concertos nesse ano.
Por outro lado, as canções originais dos Ritual Tejo começam a ser conhecidas, destacando-se “Sonhos de Luxúria” e “Lenda do Mar”.
Parecia o início de uma carreira fulgurante, contudo muitos anos passaram até que surgisse o segundo disco dos Ritual Tejo.


[nota: rectificação ao texto em 16/09/2008]

26.8.08

Reserva do rock (3)
UHF - À Flor da Pele

Carlos Peres, Zé Carvalho, Renato Gomes e António Manuel Ribeiro.
São estes os 4 nomes da mais conhecida formação dos UHF.
Surgem em Almada no ano de 1978.
Em 79, gravam o EP “Jorge Morreu” para a Metro-Som.
Dão nas vistas e a EMI-Valentim de Carvalho não perde tempo.
Assinam contrato válido por cinco anos e lançam, em 1980, o single “Cavalos de Corrida”.
Rui Veloso lançara há pouco “Ar de Rock” com o single “Chico Fininho”.
Foi a grande confusão.
Portugal estoirou por completo!
“Chico Fininho” e “Cavalos de Corrida” revolucionaram o “status quo” da nossa música.
Assistimos ao famoso “boom” do rock português.
Rui Veloso era uma personagem introvertida e tímida, sendo talvez o Bill Halley português.
António Manuel Ribeiro foi Elvis Presley.
Ou antes Jim Morrison.
Os dois juntos e ao mesmo tempo.
O resultado não podia ser melhor.
Polémico, ofensivo, agressivo e vedeta.
Músico e poeta.
Discutia muito. Imenso.
Tanto ou tão pouco que os UHF passaram as ser conhecidos por “Canal Maldito”.
Depois de “Cavalos de Corrida”, que vendeu mais de 100 mil exemplares, os UHF entram nos estúdios da Valentim de Carvalho em Paço de Arcos, em 16 de Março de 1981.
Num misto ansioso de descrença e de esperança, o meio musical aguardava o primeiro álbum do grupo.
O resultado chamou-se “À Flor da Pele” e saiu em 1981.
Retrato fiel das vivências da estrada, este disco subiu a fasquia do rock feito à portuguesa.
Gerou amores e muitos ódios.
Os críticos dividiram-se.
O público comprou.
Em disco e em cassete pirata.
Um grande sucesso.
“Rua do Carmo” provou que “Cavalos de Corrida” não tinha sido um acaso.
Tinha sido, antes, um mero início.

“À Flor da Pele” foi um sucesso que chegou ao disco de ouro.
O segundo do rock português, pois o primeiro fora conquistado semanas antes pelos Taxi.
Foi um sucesso que prolongou um outro sucesso.
O sucesso da estrada, vivido com um profissionalismo único para a época.
Foram os UHF os primeiros a terem digressões com qualidade sonora.
Investiram em equipamentos e compraram o primeiro PA do rock português.
E eram um caso muito sério de qualidade e de popularidade.
“À Flor da Pele” tinha o êxito de “Rua do Carmo” e tinha mais...
Tinha “Modelo Fotográfico”, “Rapaz Caleidoscópio” e “Geraldine”.
Tinha poesias cruas como a vida.
Tinha retratos do tempo corrente.
Ou como se lia na contra-capa:
“Os poetas do secúlo XX não escrevem livros. Armam-se cantores e soltam gritos de rebelião.”

24.8.08

Reserva do rock (2)
Taxi – Taxi

Se Rui Veloso era Blues e os UHF eram rock, os Taxi eram os Reis da Pop.
Formados em 1977 sob a designação de Pesquisa, chegam mesmo a gravar um single em edição de autor.
Em finais de 1979, João Grande, Rui Taborda, Henrique Oliveira e Rodrigo Freitas, alteram o nome da banda para Taxi e começam a compor originais com vista a uma possível edição discográfica.
Tocam e compõem em inglês e chegam mesmo, em 1980, a tentar a sorte por terras inglesas.
Contudo, e apesar de algum interesse por parte da Warner britânica, a resposta definitiva tardava.
Regressam a Portugal em pleno boom do rock português.
Em Novembro desse ano, são convidados pela PolyGram a gravarem um LP.
Porém, existe uma exigência: As letras têm que ser em português.
O grupo aceita e assina contrato em Janeiro de 81
No mês seguinte, recebe um telefonema de Inglaterra.
Da Warner.
Tarde demais.
Antes sequer de entrarem em estúdio, os Taxi perdem a oportunidade de uma carreira internacional.
Em Abril, apenas numa semana, é gravado todo o primeiro LP “Taxi”.
António Pinho foi o produtor e as faixas são compostas e assinadas por todos os elementos do grupo.
O primeiro single, “Chiclete”, é sucesso imediato.

Para além de “Chiclete”, outros temas atingem grande projecção popular.
“TVWC”, “A Queda dos Anjos”, “É-me Igual” ou “Vida de Cão” são verdadeiros hinos, mas todos os outros temas são fortes.
Disco de prata numa semana, “Taxi” conquista, em Outubro de 1981, o disco de ouro – o primeiro arrebatado pelo rock português por vendas superiores a 35 mil exemplares.
Nestes tempos, um disco de ouro representava o maior galardão da indústria nacional.
Expoentes máximos da pop-rock portuguesa, os Taxi, são o primeiro caso de marketing da indústria musical.
Logo nesse primeiro LP, a capa sublinha essa diferença, mas esse factor será mais evidente alguns meses depois, aquando da edição do segundo álbum, “Cairo”.
Curioso que, apesar de todos os temas terem sido compostos inicialmente em inglês, uma das marcas de sucesso de “Taxi” esteve relacionada com a “portugalidade” das suas letras, em que a sátira social era evidente.
“Taxi” era fresco e descontraído.
“Taxi” era directo como uma conversa de café.
“Taxi” foi o início de uma breve e rápida corrida.
Sem bandeirada, mas com muito sucesso.




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Fotos da autoria de Bruno Gonçalves Pereira captadas aquando da actuação dos Taxi nos 25 anos da "Febre de Sábado de Manhã".


23.8.08

Reserva do rock (1)
GNR – Independança

No início dos anos 80, assistiu-se ao famoso boom do rock português.
Eram centenas de bandas por todo o país e dezenas a editar.
Uma delas reuniu especial atenção pela sua vertente sonora.
Fundados por Vítor Rua, os G.N.R. – Grupo Novo Rock, são detentores de uma pop alternativa, substancialmente diferente de tudo o resto.
Para além de Vítor Rua, o grupo é constituído por Alexandre Soares e Tóli César Machado.
Gravam em 1981 dois singles de sucesso: “Portugal na CEE” e “Sê Um GNR”.
Editados pela Valentim de Carvalho e produzidos por Ricardo Camacho vendem muito bem, mas a atenção da crítica recaí essencialmente nos lado B.
“Espelho Meu” e “Instrumental nº 1” sublinham uma veia alternativa mais evidente.
Indiciam o futuro que está para vir.
“Independança”, 1982.
Chegam ao Grupo Novo Rock duas novas aquisições: Miguel Megre e Rui Reininho.
Alexandre Soares liberta-se das vocalizações e os GNR encontram o seu futuro líder, Reininho.
“Independança” não é um álbum qualquer, é apenas o disco mais marcante de uma nova geração de músicos.
É também consagrado como o melhor álbum português da década de 80.
Produzido pelos G.N.R. e por Ricardo Camacho, “Independança” conta com 7 temas.
6 do lado A e “Avarias” na totalidade no lado B, uma faixa que ilustra o espírito alternativo e experimental do trabalho.
A participação de todos os elementos do grupo, na composição dos temas, potencia a elevada diversidade que se encontra em “Independança”.
O single “Hardcore (1º Escalão)”, com letra de Rui Reininho e música de Miguel Megre e Vítor Rua, torna-se a peça mais conhecida do trabalho.

“Independança” é um marco no rock português.
Um marco por aquilo que representa.
Um marco pelas portas que deixa em aberto.
“Independança” podia ter sido o embrião de uma carreira ainda maior.
Mas as fortes personalidades artísticas dos diversos músicos quase levam à morte dos G.N.R.
Oficialmente, chegam mesmo a terminar.
Primeiro, Alexandre Soares abandona o grupo.
Miguel Megre também.
Logo depois, Vítor Rua declara a extinção da banda e parte para os Estados Unidos.
Contudo, o fundador não tem o poder de terminar as actividades musicais do grupo.
Tóli César Machado, Rui Reininho e o regressado Alexandre Soares partem para a segunda fase da carreira do grupo. Seria esta a mais estável formação dos G.N.R.
Mas isto já são histórias posteriores a “Independança”, o mais aclamado disco da nova música portuguesa da década de oitenta.

Reserva do rock

Talvez pelo ano de 2002 o Bruno Gonçalves Pereira – numa fase em que tínhamos contactos diários devido a pertencermos à Direcção da Procris – lançou-me o desafio de realizar um espaço para o Atlântico. Como a falta de tempo era imensa e não tinha possibilidade de gravar o espaço em casa pensei em seleccionar uma música semanalmente. Pouco depois o espaço evoluiu para a recordação de um álbum.

Estou a falar disto porque ao percorrer hoje um dos directórios do meu disco rígido dei de caras com um documento que continha uma série de textos produzidos para a “Reserva do Rock”. Eram espaços dedicados a um álbum de música portuguesa que por uma razão ou por outra tivesse ficado na História.

Irei, ao longo dos próximos dias, aqui divulgar estes textos chamando a atenção para que os mesmos foram escritos para serem lidos recorrendo a timbres e inflexões vocais diversas. Enfim, para serem lidos ao ritmo da minha voz e sem recurso às tecnologias de edição e montagem que hoje utilizo. :)

Os espaços em formato áudio andam "perdidos" em cassetes DAT...

Este espaço durou pelo menos 13 edições e foi o embrião do actual “Banco de ensaio” que na sua primeira temporada durou 60 semanas. A próxima temporada está para breve. Por enquanto boas recordações do rock português!

16.5.08

Fazer de conta (III)
Ler Leis faz bem à saúde

Como pouco tenho que fazer e são imensos os tempos livres, arranjei uma ocupação para algumas horas ao longo da semana. Voltei a ser aluno e é sempre interessante aprender coisas diferentes. Num destes dias, descobri (e li) uma pérola conhecida por “Lei do Tabaco” (Lei n.º 37/2007). Aconselho vivamente a sua leitura a todos os que valoram a vida e a boa disposição. A fumadores, não fumadores e aos outros. Por exemplo, no n.º 1 do Artigo 4.º somos informados que “é proibido fumar:”
“a) Nos locais onde estejam instalados órgãos de soberania, serviços e organismos da Administração Pública e pessoas colectivas públicas”
“b) Nos locais de trabalho”

Ou seja, esta Lei esclarece todos os portugueses que uma coisa é um local onde se trabalha e outra é um organismo da Administração Pública. Parece que a formatação referida noutro texto já chegou a quem fez esta Lei, cujos autores estarão, certamente, incluídos na alínea a). Além de, publicamente, os políticos serem vistos como uns malandros, os funcionários públicos também são uns inúteis que nada fazem e que vivem às custas dos trabalhadores. Desconhecer a realidade e mandar umas pedras a tudo o que mexe é outra fantástica vocação de um povo que outrora deu “novos mundos ao mundo”. Cada época e cada geração tem o que merece.

Regressando à lei maravilha, os momentos culturais vão-se sucedendo e a boa disposição também. Fiquem a saber que – bingo, só apetece gritar, bingo! – também é proibido fumar “nas cabinas telefónicas fechadas”. E se a porta estiver aberta? Irá, por certo, “provocar o envelhecimento da pele” como adverte esta Lei?
Eu decidi continuar a não fumar. Pelo menos enquanto souber que o fumo tem dentro de si coisas com nomes belos, porém indecifráveis como “benzeno, bitrosaminas, formaldeído e cianeto de hidrogénio”. Benzeno? Bitrosaminas? Formaldeído? Cianeto de hidrogénio? Cruzes que eu até era excelente aluno a Química no 12º ano!
Experimentem dizer estes palavrões todos juntos e ao mesmo tempo e depois digam lá se não fumar lhes dá mais fôlego? Deve ser por isto que “os fumadores morrem prematuramente”, “provoca ataques cardíacos e enfartes” e, pasme-se, “provoca impotência”. Está, assim, encontrado o motivo da baixa natalidade em Portugal e do buraco na Segurança Social. A malta prefere fumar e depois não consegue ter filhos. Não sei se pelos efeitos nefastos na saúde ou se pelo dinheiro que investe em tabaco, pouco sobrando para aquisição de fraldas e boiões alimentares.
Porque não, pura e simplesmente, proibir, em absoluto, o tabaco? E, já agora, também podíamos proibir o álcool, os funcionários públicos, os organismos do Estado e os árbitros de futebol.
Por favor, tirem-nos tudo menos os últimos.
Como iria o povo português sobreviver sem árbitros de futebol a quem possamos elogiar as famílias todos os fins-de-semana?







Imagens de colegas enquanto estudam a "Lei do Tabaco". Será que estudar também prejudica a visão? Ou apenas visam ler melhor?

13.5.08

Fazer de conta (II)
Europa das regiões





Um participante visivelmente irritado grita que não lhe estão a responder a uma pergunta. A cena sucede num (óptimo) evento que assinalou o “dia da Europa” em Setúbal e onde se debateram e se aprofundaram matérias relacionadas com a descentralização e a regionalização.
Em Portugal, vai ser muito complicada uma regionalização enquanto a emoção descontrolada guiar o rumo das nossas decisões. Neste aspecto, na dita Europa evoluída, poucos nos compreendem. É normal. Será que nós próprios nos compreendemos? Eu, raramente, o sei e, praticamente, nunca o admito. Enquanto as “raízes das coisas” não forem o rastilho da “causa das coisas” não passaremos do jogo entre gato e rato.
Por entre discursos demagógicos, frases feitas e a velha apetência nacional para deitar abaixo qualquer ideia – por muito boa que seja ou sobretudo se o for – torna-se penoso conseguir avançar.
No século e milénio passado, em 1987, entrevistei o então vocalista dos Taxi, João Grande (não é gralha, o nome do grupo é mesmo sem acento), e, quando lhe perguntei sobre a “mensagem” que procuravam transmitir nas canções do primeiro álbum, levei como resposta um “não existe qualquer mensagem porque só queremos divertir as pessoas”. Ainda bem e eu bem me diverti em 1981 e 82 com este disco. Quando lhe mostrei alguns exemplos ("TVWC", "É-me Igual" ou "Vida de Cão"), ele admitiu que não gostava era mesmo da palavra “mensagem”, mas que sim, que procuravam ser críticos em relação a uma série de questões do dia-a-dia, mais a crítica social e etc e tal. Chamar “mensagem” é que não, se faz favor, que não gostava.
Regressando a esta questão das Regiões. Aquando do Referendo, há 10 anos, eu tinha muitas dúvidas e admito que, tal como João Grande, também eu não aprecio certas palavras. A expressão “regionalização” sempre foi uma palavra de difícil digestão. Vá-se lá saber por quê. Manias minhas. Tirando esse detalhe, parece-me cada vez mais urgente que o povo compreenda o real sentido dessa reorganização. É que isto da comunicação social viver num paraíso mediático super-concentrado em que se criam e formatam mentalidades é coisa deveras inquietante. As associações intermunicipais são muito importantes, mas não chega. É preciso ir mais longe. E não me venham com essa dos políticos serem todos uns malandros que querem arranjar mais tachos… Se calhar por isso é que certos políticos deixaram de ser “parvos” e preferiram ir ganhar bastante mais em empresas privadas.



Luís Silva do Ó entrevista Eduardo Cabrita, Secretário de Estado da Administração Local.


Luís Silva do Ó entrevista Vitor Ramalho, deputado socialista.


O texto apresentado é uma crónica de opinião. As entrevistas realizadas são peças jornalisticas da minha autoria e cedidas à Miróbriga enquanto trabalho final.


Links:
Blogue da Miróbriga (1)
Blogue da Miróbriga (2)
Blogue da Miróbriga (3)

12.5.08

Fazer de conta (I)
O futebolês não aprende línguas

Gritos, choro e lágrimas foram coisas que não terão faltado aos adeptos e sócios do Boavista. E berros, muitos berros de um Valentim Loureiro em plena televisão a ver o que construiu a ir por água abaixo. É triste e temos pena. Temos pena do que está a suceder e temos (ainda mais) pena das arbitragens “estranhas” que pude presenciar em vários jogos entre azuis e quadradinhos. Coisas do arco-da-velha que, se calhar, eram mais do que isso.
Por causa de um desses jogos estive algum tempo sem meter os pés no Restelo. Isto de pagar bilhete e assistir a outros jogos tem limites.
Seja como for é mais um capítulo de uma ascensão e queda vertiginosa com dívidas colossais que devem atirar este histórico do desporto nacional para a extinção. Além de eventuais actos de má gestão, existiu, pelo meio da aventura, a construção de um novo estádio do Bessa. Parece ter sido o fim.
O meu Belenenses era um dos maiores clubes portugueses até que algum iluminado do antigamente se lembrou de nos “empurrar” das Salésias e nos atribuir uma pedreira que deu origem a um elefante branco chamado Restelo. Como resultado chegámos a ser despejados. Despejados no sentido real do termo. Com taças dentro de caixas no meio da rua. Não conseguiram extinguir o Belenenses, contudo, nunca mais deixámos de ser um “clube mais pequeno do que já fomos”. A quem não conheça sugiro uma visita à sala de troféus do Belém. Vai ter uma enorme surpresa.
Vamos ver se um dia isto muda em definitivo e regressamos ao nosso lugar. Não fosse o juridicamente absurdo “caso Meyong” e as escandalosas arbitragens em certos jogos (Marítimo, Porto, etc.) e esta temporada teríamos estado a lutar por um surreal 2º lugar. E vamos ver se o futebol em Portugal consegue evoluir e banir quem o transformou numa maçã podre.

5.4.08

Ares e bares de mau rapaz

Estive na Aula Magna e compartilho do sentimento que João Morales teve a gentileza de partilhar connosco. Mais do que a um espectáculo, assisti a uma celebração que gerou – pela primeira vez na história dos UHF – uma unanimidade em toda a crítica presente. Porém, neste texto, não irei dedicar-me a analisar o concerto mas procurarei olhar, noutro prisma, para uma carreira coerente e determinada e em simultâneo, repleta de erros, de decisões a quente, de afrontamentos aguerridos e das boas e más decisões inerentes a uma vida preenchida por atitudes destemidas, sem medos de entrar em choque e em guerra com tudo e todos ao mesmo tempo.

Se fosse realizado um estudo para determinar a empatia, antipatia e indiferença que o público nutre pelos nossos artistas, António Manuel Ribeiro teria um resultado ínfimo no item indiferença. Raras são as pessoas com mais de 20 e menos de 50 anos que sentem indiferença quando a personalidade se chama António Manuel Ribeiro. Provavelmente, a quantidade daqueles que gostam bastante de UHF seria semelhante à daqueles que os odeiam. No início dos anos 90, cheguei a pensar colocar em estúdio um fã e um “anti-fã” para conversarem em directo com o António. A coisa esteve quase a concretizar-se, contudo, à última hora, a pessoa que detestava UHF roeu a corda. Teria sido sociologicamente interessante, além de esteticamente agradável – o ataque viria do género feminino.

Numa sociedade normal, estes indicadores amor/ódio seriam interessantes porque quem gosta gosta e quem desdenha ao menos não sente indiferença – ou pode querer comprar e, por receio de não ser popular gostar de UHF, afirmar não gostar. Não nos esqueçamos que os Duran Duran foram devastados por aqueles que anos mais tarde os glorificaram. Vêem estes considerandos a propósito daquilo que me palpita ser o motivo da ausência dos UHF das playlists das rádios com maior airplay. Ou seja, suspeito que os UHF não passam não por uma questão de popularidade dos temas, mas devido à impopularidade que se retira dos resultados dos estudos. Isto é, se 40% de pessoas adoram uma canção, 20% a consideram razoável, 20% não a apreciam e os restantes 20% a detestam é muito provável que seja incluída na playlist. Não obstante, se 60% de pessoas gostam de um tema e 40% o dizem detestar é, também, altamente provável que essa canção nunca faça parte da playlist. Isto porque é valorizado o risco da perda de auditório do lado dos 40%, enquanto se desvaloriza a mais valia junto da maioria de 60% que afirmam gostar. Os méritos de uma eventual vitória da indiferença são, no mínimo, estranhos. No entanto, palpita-me que possa estar a ocorrer no que respeita a um número considerável de canções. Esta lógica aplicada às eleições Legislativas poderia implicar a situação caricata de um partido vencer, mas acabar por perder no cruzamento entre o positivo e o negativo – na mesma linha das sondagens referentes à popularidade dos nossos políticos.

Esta é, somente, uma teoria tão absurda ou verdadeira como outra qualquer. Na realidade, nunca conheci um artista português cuja apreciação seja tão emocional como a que existe em torno de António Manuel Ribeiro. O caso é tão evidente que, depois do concerto na Aula Magna, o baterista Ivan – que está nos UHF vai para 10 anos – dizia-me, para os microfones da Miróbriga, que o António merece ter amigos. Num momento de euforia e de contentamento indescritível, podia ter aproveitado para dizer mil coisas diferentes, mas, 5 minutos após sair do palco, as suas palavras foram inteirinhas para o mérito e para a amizade que tem com António Manuel Ribeiro.

Nestes 30 anos de carreira, os UHF estiveram sempre em guerra dentro do mercado e nunca desistiram das suas convicções. António Manuel Ribeiro pode até ter dores nas costas, porém nunca se juntou a brigadas do reumático para aumentar a conta bancária. Podia tê-lo feito e, certamente, se entrasse no jogo das concessões, teria, hoje, outro estatuto, outra empatia mediática, outra carreira, mas, no fundo, seria outro. E, se fosse “outro”, teria algum interesse, teria algum valor ou seria, apenas, um somatório de vazios com uma carreira que nem para nota de rodapé serviria daqui a 30 anos?

A rebeldia, o afrontamento, a forma muito rock’n’roll como se esteve nas tintas para o politicamente correcto levaram-no a coleccionar uma lista de antipatias superior ao que seria desejável num meio que vive muito dos conhecimentos, das aparências, das grandes digressões que se esgotam nalgumas cidades e dos copos que antigamente se bebiam em determinados bares de Lisboa. Todavia, não se pense que faltaram copos às dezenas de músicos que passaram pelos UHF. Com os UHF, beber copos não era uma questão estética de estar na moda, mas sim, um mergulhar no mesmo espírito de Ramones ou de Jim Morrison. Outros seguiam tendências etílicas mais próximas da new-wave ou do pós-punk em que o copo segurado na mão também servia como adorno.

Como seria possível uma História diferente se até no beber existiam visões e atitudes inconciliáveis?


Luís Silva do Ó


(crónica publicada no blogue canal maldito)

6.12.07

Belém em pé de guerra!

O meu clube atravessa um momento de crise. Pelas descrições dos presentes, a recente Assembleia Geral não poderia ter corrido de forma mais caótica e mais esclarecedora de que alguma coisa tem de mudar. O meu amigo Luís Lacerda decidiu publicar um texto no seu blogue e, tendo em atenção os comentários realizados, eu não resisti a dizer de minha justiça...

Não fui à AG. Não por não querer mas porque a vida pessoal e profissional não o permitiram. Não fui mas sei bem o que perdi. Perdi mais uma noite triste do clube.

Será que o mundo se divide naqueles que são profetas do "eu vi a luz" e naqueles que são sempre defensores do poder instalado? Claro que não!

A atitude de Luís Lacerda é digna de respeito e de consideração porque é a opinião de uma pessoa que pensa sem preconceitos e pela sua cabeça. Mesmo que não concordasse com ele a partir de hoje ele teria todo o meu respeito.

Não conheço nem dados, nem detalhes, nem estive à conversa com ninguém que tenha estado presente na dita. Desconheço o que se comenta no Restelo e nada sei das conversas daqueles que mais por dentro se encontram da vida do clube. Desde Maio de 2007 que não sei o que é ter tempo. Estou a tomar contacto com muita coisa neste momento. Pertenço ao lote dos azuis apelidados de 5ª categoria. Aqueles que ainda vão ao Restelo mas que não podem dar mais ao clube. Mas isso não me proibe de ser adepto e de ser azul. E de ter cabeça.

Porém, na verdade, a esta distância da realidade ninguém vos entende. O comum dos adeptos - grupo ao qual eu pertencia até ter entrado para sócio- não compreende. Não percebe os apoiantes de mitos e de lendas que renascem em dinastias republicanas, nem aos conservadores que afundam como o Titanic. Parecemos todos peões de um tabuleiro limitado e inútil. São 50 anos de histórias de fracassos e de mutilações. O Restelo, o fim das Salésias, foi a nossa morte. Estamos mortos mas a certidão de óbito foi perdida algures no meio de um estádio deserto e ultrapassado. Alguém acha que ir a uma Final da Taça por geração é estar vivo? Para um clube de dimensão local seria estar vivo mas para nós é apenas um grito moribundo e desesperado. "Socorro, estamos aqui, ainda estamos aqui..."

O retrato dos adeptos faz lembrar duelos ao sol em que de 2 só sobrevive 1. Em ciclos de matança que conduz a um conjunto de sócios que cabem num mini ou num taxi.

Larguem o preconceito e deixem o "eu tinha razão" unicamente para a vossa mente do passado. Libertem o "eu confio cegamente nos que lá estão" e vejam o estado das coisas.

50 anos de ambições e de divisões deu nisto que somos hoje.

A solução do Belém não está em nenhum dos dois lados. A solução do Belém está em todos nós, em todos os lados. Está num projecto agregador. Num projecto que não seja nem de ruptura nem de continuidade. Precisamos de um projecto de crescimento, de evolução. Se o quisermos podemos ser grandes. Temos cada vez menos tempo mas ainda é possível.

PS: Não pretendi ofender ninguém e tenho o máximo respeito por todas as visões. Mas não acham que já chega de tanta divisão? Para mim o sucesso faz-se da diversidade democrática. Isto não é um partido político, mas um clube em que todos sofrem com as derrotas. Como escrevi num texto muito criticado o projecto mais ambicioso era assinado pela lista de Gouveia da Veiga. Mas a minha previsão de vitória de Cabral Ferreira acertou em cheio. É a vida. Precisamos de uma "nova vida".

21.11.07

A Miróbriga arrasou!

Desde Janeiro de 2007 que exerço funções de dirigente na Miróbriga, tendo-me sido atribuído o “pelouro” da programação. Por questões de eficácia, acabei por acumular este pelouro com a função de director de programas. Quem acompanha os meus escritos, verificará que ainda não tinha escrito uma linha sobre esta “aventura” no “outro lugar”. Agora, num momento em que o meu nome circula por comunicados de imprensa e em entrevistas no éter, parece-me ter chegado a hora de dizer algo mais.

Quando o desafio me foi lançado pelo Presidente da Direcção, Sr. Ferrer de Carvalho, eu só poderia ter respondido afirmativamente. Porque sempre colaborei com a rádio, porque a ela estive ligado desde o seu início, porque tenho o “bichinho” do éter e porque nunca poderia recusar um convite tão motivador como este. Sabia que a tarefa inicial de lançar uma “nova” rádio seria dura e complicada. Da mesma forma, sei que isto é somente o início de um projecto bem superior e bem mais complexo. A nova grelha e a nova imagem sonora – que estão no ar desde 19 de Novembro – são apenas a ponta do iceberg de um projecto com 21 anos de História e de sonhos colectivos.

Ao longo dos anos, a Miróbriga teve fases melhores, fases com maior grau de dificuldade, mas sempre existiu a consciência de que, no Alentejo Litoral, era uma rádio diferente e com outro potencial. É precisamente esse potencial que está agora a ser assumido de uma forma intensa e convicta, no sentido de subir o degrau que falta para ser a rádio “oficial” do litoral alentejano.
No passado, existiram tempos com melhores condições, com mais recursos humanos e com uma conjuntura económica sectorial e nacional mais favorável. Como amplamente escrevi e debati no blogue irmão “canal maldito”, a realidade do sector rádio não é das mais optimistas, porém, todos temos consciência que só os melhores e os mais bem preparados irão sobreviver, numa adaptação constante às novas realidades na área da comunicação. Nos dias que antecederam a entrada da nova grelha, retive um forte sentimento positivo nas conversas com todos, desde directores a colaboradores e funcionários. Senti no ar um entusiasmo semelhante ao vivido no longínquo ano de 1994, provavelmente o mais emblemático e visível ano da Miróbriga. Mas, senti mais. Senti que existiam mais pessoas com este sentimento. Notei-o nas conversas que mantive nos fins-de-semana de 10 e 17 de Novembro, nas trocas de emails e na forma generosa como se discutiu o teor da nova Grelha e da nova Imagem Sonora – o trabalho do Nuno Miguel está simplesmente fantástico!

A ambição, quando em excesso, pode liquidar qualquer projecto. Contudo, noutros casos, é vital para que se consiga atingir os objectivos. Esta grelha – e todos os desafios que a mesma representa – colocam a Miróbriga à beira da concretização de um sonho. Aos dias de glória do passado, somamos, actualmente, mais valias que não tínhamos e que não posso divulgar totalmente. O segredo também faz parte do sucesso. Na vertente assumidamente pública, a imagem sonora foi trabalhada por um dos maiores craques portugueses do sector e os funcionários e colaboradores têm uma experiência hoje que não possuíam no passado. Essa experiência transformada em sabedoria é a razão principal para o sucesso que a nova Miróbriga está a ter. Falando nos profissionais, o Rui Miguel Gomes no “Todos às 6”, o Susano no “Programa da Manhã”, a Edna Nobre no “Girasul” e o Luís Silva no “Terminal 21” estão a ser muito grandes. Os programas estão bem formatados e cheios de motivos de interesse. A tudo isto, se junta uma redacção muito activa. As jornalistas Helga Nobre e Teresa Duarte parecem ter capacidade de estar em todo o lado ao mesmo tempo, incluindo uma superior intervenção em directo nos programas. Mesmo sem referir todos os nossos excelentes colaboradores – aos quais agradeço –, tenho de mencionar, por uma questão de justiça, os nomes de Paulo Ferreira, Sérgio Valadares, Bruno Gonçalves Pereira e de Carlos Azevedo, os quais têm sido extraordinários.

A grelha iniciada em 19 de Novembro e as suas diversas componentes de programação, informação e desporto levam-me a afirmar que estamos na presença da melhor grelha de sempre. Esta convicção tem outro peso quando o antigo Coordenador de Estação, Sérgio Valadares – que connosco voltou a activamente colaborar – também partilha desta ideia, desta certeza. Ter a melhor grelha não é só cumprir os objectivos da Miróbriga. Ter a melhor grelha é o caminho certo para que o Alentejo Litoral tenha a sua rádio.

É da maior justiça reconhecer que esta equipa e este projecto estão a erguer os melhores dias da Miróbriga.



Nas madrugadas de 5ª feira estou no "Grandes Músicas" entre as 2 e as 5 horas. Experimente.

Mais informações: Miróbriga

10.11.07

Tudo sucede a Spears
Britney esmagada por Eagles

Quando se está com má onda, o melhor é mesmo fecharmo-nos num quarto e esperar que a situação se altere.
Britney Spears decidiu continuar na sua sina de azar ao optar por lançar o novo álbum na mesma semana em que era editado o CD de regresso dos Eagles. Num primeiro olhar, seria um acto suicida para quem pretendesse chegar ao nº 1 do mais prestigiado top de vendas do mundo – o americano, claro. E ela tanto se esforçara nos recentes MTV Video Music Awards...
Todavia, Britney sabia que tinha boas hipóteses de, mesmo vendendo menos, ser líder do top. Após 30 anos de afastamento – e muitos de preparação em estúdio, nos quais Don Henley se esmerou – as 711 mil cópias vendidas do duplo “Long Road Out of Eden” poderiam não ter sido suficientes para ultrapassarem os 290 mil discos vendidos de “Blackout”. Isto porque o trabalho dos Eagles somente foi comercializado por um retalhista – neste caso, a gigante Wal-Mart – e jamais no passado a Billboard aceitara incluir no top um disco vendido nestas condições!
Reunidos especialmente para analisar a questão, os responsáveis pela Billboard abriram um precedente – já em pleno fecho de semana – e alteraram as regras do jogo. As vendas do álbum dos Eagles foram consideradas para o top e Britney viu-se renegada para nº 2.

Há semanas em que os artistas e as editoras deviam adiar os lançamentos em 8 dias.
E existem artistas que são notícia mesmo quando, não chegam em primeiro lugar.




Os Eagles entraram directamente para o 1º lugar nos tops dos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Noruega, Holanda e Nova Zelândia. A Miróbriga foi das primeiras rádios no mundo a mostrar o novo trabalho dos Eagles.