Para além do punk e da new-wave, a onda cinzenta de Manchester chegou a Portugal em força.
Nomes como Joy Division ou Echo and The Bunnymen, dignos representantes do pós-punk, influenciaram o aparecimento de diversos grupos portugueses, numa fase posterior ao do boom de 1980/81.
Os Sétima Legião são um desses casos, cantando, nesta fase, em inglês.
Rodrigo Leão, Pedro Oliveira e Nuno Cruz formam o grupo em 1982 e são, claramente, influenciados por esta corrente musical, usando, inclusive, nas actuações ao vivo, gabardinas, verdadeiro símbolo da corrente urbano-depressiva.
Concorrem à “Grande Noite do Rock” e, pouco depois, são reforçados com as entradas de Susana Lopes e de Paulo Marinho.
Simultaneamente, Francisco Menezes inicia uma colaboração com o grupo, na escrita das letras das músicas. É abandonada a língua inglesa e as canções passam a ter um cariz mais lusitano.
Logo no ano seguinte, são contratados pela independente Fundação Atlântica e gravam o single “Glória”, com letra de Miguel Esteves Cardoso, um dos donos da editora.
Como em muitos outros casos, o disco é aplaudido pela crítica e desprezado pelos animadores dos programas de rádio, passando despercebido.
Ainda antes de iniciarem as gravações do primeiro LP, Susana Lopes abandona o grupo.
Verdadeira pérola no catálogo da Fundação Atlântica, “A Um Deus Desconhecido” é editado em Julho de 1984 e torna-se uma referência obrigatória da nova música portuguesa.
A ligação com o mar e as letras fortes e nostálgicas, conjugadas com um ambiente sonoro muito intenso, transformam os Sétima Legião num caso muito sério no panorama da música moderna portuguesa.
Musicalmente, ainda se notam claras influências do pós-punk, mas começa a sobressair um sentir tipicamente português conjugado com uma valiosa utilização da gaita de foles.
O produtor de “A Um Deus Desconhecido”, Ricardo Camacho, identificando-se com o projecto, passa a integrar os Sétima Legião.
Com o encerramento da editora Fundação Atlântica, os Sétima Legião assinam contrato com a EMI – Valentim de Carvalho e “A Um Deus Desconhecido” entra na categoria de raridade.
Raridade que, rapidamente, se transforma em mito, só comparável ao álbum Independança dos GNR.
Para colmatar esta falha no catálogo dos Sétima Legião, a EMI decide recuperar este trabalho e edita-o em CD, no ano de 1990, integrando, no mesmo, como bónus, as 2 canções do primeiro single, “Glória” e “Partida”.
A carreira dos Sétima Legião ganhou um novo impulso com a edição deste LP em 1984.
O grupo foi beber o seu nome à Sétima Legião Romana que esteve na Lusitânea.
Também eles tiveram um percurso lento de realizar, mas cheio de histórias essenciais para a nossa História.
“A Um Deus Desconhecido” abriu caminho para novas descobertas e para novas experiências.
Para uma busca que sempre esteve presente no espírito do grupo.
Em passos seguros e inovadores.
Como um “Mar d’Outubro”, encantado, numa “Aguarela” eterna.
Como uma “Vertigem” carregada de “Glória”.
Sem “Partida” pois “Deus Assim o Quis”.
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