26.3.09

Absolutely Live dos UHF

O primeiro "Absolutely Live" foi editado pelos The Doors em 1970. Depois disso foram vários os artistas que usaram esse mesmo título para os seus discos ao vivo. Rod Stewart (1982), Toto (1993) ou Jerry Lee Lewis (2008) são alguns desses músicos, mas, "Absolutely Live" é uma expressão que estará para sempre ligada ao grupo de Jim Morrison. Curiosamente, o primeiro álbum português que se chama "Absolutamente ao Vivo" acaba de ser editado e pertence aos UHF. Acreditam em coincidências? Prefiro acreditar em provocações.

"Sonhos na Estrada de Sintra", "Noites Lisboetas", "Matas-me Com o Teu Olhar", "Sarajevo (verão 92)", "Cavalos de Corrida", "(Fogo) Tanto me atrais" ou "Rapaz Caleidoscópio" são alguns dos motivos pelos quais recomendo a compra, visualização e audição do primeiro DVD na carreira dos UHF.

25.3.09

Belenenses vai a votos (2)

JOÃO BARBOSA

O Belenenses vai ter no próximo dia 18 de Abril eleições para os seus órgãos sociais.

Depois de no domingo não ter perdido a oportunidade de conhecer melhor o projecto da candidatura de Carlos Viana de Carvalho, no final da tarde de 2ª feira foi a vez de João Barbosa apresentar-se publicamente. Tal como no dia anterior aproveitei para efectuar um registo video.

Também desta vez lamento a tremideira nas imagens, neste caso agravado com o ruído gerado por uma festa de crianças na sala ao lado, assim como, de alguns "encostos" e um ou dois empurrões dos fotógrafos presentes na conferência de imprensa. Seja como for parece-me interessante a divulgação das imagens, divididas em 3 partes, para conhecimento de todos os sócios e adeptos azuis que não estiveram presentes.

Na Comissão de Honra desta candidatura figuram nomes como Manuel Sérgio, Raul Solnado e António Filipe.

Site de campanha: Ainda não divulgado

JOÃO BARBOSA - VIDEO 1


JOÃO BARBOSA - VIDEO 2


JOÃO BARBOSA - VIDEO 3

24.3.09

Belenenses vai a votos

VIANA DE CARVALHO

O Belenenses vai ter no próximo dia 18 de Abril eleições para os seus órgãos sociais. Certamente será um dia essencial para o futuro do clube tendo em atenção o actual momento que se vive em Belém.

No passado domingo à tarde não perdi a oportunidade para conhecer melhor o projecto da candidatura de Carlos Viana de Carvalho e da sua equipa. Juntando o útil ao agradável aproveitei para testar uma handycam. O resultado foi a captação de um vídeo de quase 35 minutos com Viana de Carvalho. A tremideira nas imagens leva-me a concluir ser necessário comprar um tripé, porém, a decisão de divulgar as gravações, divididas em 4 partes, prende-se com o interesse que podem constituir para todos os sócios e adeptos azuis que não estiveram presentes.

Na Comissão de Honra desta candidatura figuram nomes como Mário Rosa Freire, Francisco Nicholson ou Regina Cabral Ferreira.

Site de campanha: belenenses.vianacarvalho.com

VIANA DE CARVALHO - VIDEO 1


VIANA DE CARVALHO - VIDEO 2


VIANA DE CARVALHO - VIDEO 3


VIANA DE CARVALHO - VIDEO 4

23.3.09

À Conversa com Alexandre Rosa

PROGRAMA 22 - ANO 2

Destaques:

* A visita do Papa Bento XVI a África
* A reunião do G20 no próximo dia 2 de Abril
* A visita do Presidente angolano a Portugal
* As novas medidas de combate à crise e de apoio às famílias
* O Plano anti-crise anunciado pela Câmara Municipal de Alcácer do Sal
* As eleições autárquicas em Sines
* O anúncio da candidatura do socialista Arnaldo Frade em Santiago do Cacém



"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 22 do dia 20/03/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.

22.3.09

E a festa continua

A espaços tenho abordado a questão das arbitragens que afectam a credibilidade do futebol português e que têm prejudicado o meu Belenenses. Inclusivamente, no passado mais distante, o Belém foi espoliado de campeonatos nacionais por "erros" dos árbitros. O que se passou na recente final da Taça da Liga é outro bom exemplo de como o futebol em Portugal precisa de uma revolução. Infelizmente os vários actores que se dizem prejudicados não se concertam entre si para combaterem o fenómeno.


Transcrevo aqui esta notícia difundida pela LUSA:

O futebolista brasileiro do Sporting Pedro Silva, protagonista do lance mais polémico da final da Taça da Liga, ganha ontem pelo Benfica, rejeitou a medalha de finalista e endereçou-a ao árbitro da partida, que qualificou de "ladrão".

"Para que quero a medalha? Dêem-na a ele (árbitro), a esse ladrão", afirmou o defesa lateral, depois de ter recusado ostentar o objecto destinado ao segundo colocado da prova, atirando-o para o relvado do Estádio Algarve.

Pedro Silva defendeu que a bola lhe bateu no peito e que o juiz do encontro não poderia ter visto qualquer falta porque estava nas suas costas.

"Toda a gente viu o que aconteceu. Em todos os jogos há polémica, em todos os jogos os árbitros erram e ninguém faz nada. Acho que alguém tem que tomar medidas. Perguntei-lhe (ao árbitro) quem assinalou e ele diz que não sabe? Então se ele é o árbitro por que assinalou? Isto é uma bricandeira. Não foi penálti. Que o meu filho morra se foi penálti", lamentou.

21.3.09

Banco de Ensaio nº 74
Karpe Diem - Karpe Diem

Por mero acaso dei de caras com a lista de bandas concorrentes ao concurso de música moderna do Rock Rendez-Vous referente ao ano de 1985. Percorri os diversos nomes (entre os quais a Negra Troop de Santiago do Cacém), recordei as músicas de alguns deles e esbocei um sorriso de certa saudade.
A falta que faz nos dias de hoje um espaço como o RRV é por demais reconhecida por toda a gente do meio musical.
Um projecto como os Karpe Diem seria um forte candidato aos concursos e a concertos neste espaço. A audição do primeiro CD dos KD transporta-me para esse ambiente. Rock puro, expressivo e onde as palavras não são encaradas como mero divertimento mas como componente integrante de uma filosofia musical e artística. A música não tem de ser sempre alegre e popular para que seja bem absorvida. Hoje, num ambiente pós-pimba, as frases são habitualmente vazias e as rimas são tão banais quão sofríveis. Os KD são mais densos e com este disco surgem desejos de nos isolarmos, de nos fecharmos na sala ou no quarto, de ligarmos o som bem alto e de na penumbra dos dias apreciarmos o som transformado em imagens. Não que estejamos na presença de música urbano-depressiva, mas porque o espírito que se respira ao escutar este disco convida a uma descoberta mais intensa e intimista.


Banco de ensaio nº 74 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 14/03/2009

karpe Diem - Uma cama no chao


Karpe Diem "De todos os males" Video Clip


Links para conhecer melhor os KD:
Blogue
My Space
Site

13.3.09

A energia verde

A revolta está instalada e vai estoirar no próximo 25 de Abril. Pode não ser uma nova revolução, mas vontade não faltaria aos elementos do projecto Revolta que têm no punk-rock o seu universo e na atitude punk a cartilha do dia-a-dia.

O primeiro álbum vai ser editado no simbólico dia da revolução dos cravos e o single de apresentação já roda pela internet e pelas rádios mais atentas. “Ninguém manda em ti” e “Nuclear (não obrigado)” são os dois lados de uma mesma moeda construída com determinação e certeza de vencer.

Vocacionados para o palco, onde já tive oportunidade de os ver, a Revolta concentrou-se em estúdio para nos mostrar que a energia e os decibéis fazem todo o sentido para escutar em casa ou numa viagem de automóvel. Têm escasseado no nosso meio musical os grupos com canções interventivas, musculadas e fortemente politizadas. À componente musical agressiva juntam-se letras directas e corrosivas onde a crítica social é constante.

António Côrte-Real (UHF), Bruno Alves (ex: Porta Voz) e Anselmo Alves (ex: Lulu Blind) são uma verdadeira revolução. Voltaremos em breve a este trabalho, porém, estes dois primeiros temas que agora são tornados públicos são gritos de rebelião e que nos garantem que ninguém manda em nós.


Escutar os temas em:
myspace da REVOLTA

8.3.09

À Conversa com Alexandre Rosa

PROGRAMA 21 - ANO 2

Destaques:

* As mortes de Nino Vieira e de Tagmé Na Waié
* O futuro próximo da Guiné-Bissau
* O que Portugal pode fazer para auxiliar este país africano
* A crise internacional e o empenhamento dos principais lideres mundiais
* O congresso socialista do passado fim-de-semana
* A ausência de Manuel Alegre e a relevância do Bloco de Esquerda foram os destaques mediáticos do Congresso
* Carlos Pereira Dias é o candidato do PSD à presidência da Câmara Municipal de Santiago do Cacém


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 21 do dia 06/03/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.

6.3.09

O verdadeiro rocker português

O meu amigo João Quintela aparece aqui como convidado surpresa num concerto dos Quinta do Bill. Carlos Moisés deve ter bebido demasiada água da Serra da Estrela e deu-lhe para partilhar o palco com um verdadeiro artista.
Quintela iniciou a sua carreira musical enquanto Relações Públicas dos UHF, tem actualmente uma empresa ligada ao mundo da música e a canção que escolheu para encantar as fãs de Manteigas foi a romântica "Cavalos de Corrida".
Reparem bem como Quintela domina as várias inflexões e timbres vocais aproximando-se, sem esforço, soberbamente, do registo do vocalista dos UHF!

João, um grande abraço para ti e o António Manuel Ribeiro que tenha cuidado porque afinadinhos como tu há poucos e ainda lhe ficas com o lugar...

1.3.09

À Conversa com Alexandre Rosa

PROGRAMA 20 - ANO 2

Destaques:

* O agravamento dos indicadores do desemprego em Janeiro de 2009
* A dinamização da economia portuguesa
* O BPP e a questão da CGD com o empresário Manuel Fino
* O rescaldo das medidas propostas pelo PSD
* O Congresso socialista deste fim-de-semana
* O Carnaval no Litoral Alentejano
* A reunião da fileira ibérica da pinha e do pinhão em Alcácer do Sal
* As 50 primeiras emissões de "À conversa com Alexandre Rosa"


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 20 do dia 27/02/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.

Mão Morta - DVD amanhã nas lojas

26.2.09

Cabral Ferreira - 1 ano

Armando Cabral Ferreira.
O dia de hoje marca o primeiro aniversário da sua morte.
O minuto de silêncio realizado no Restelo foi (e é) arrepiante.


(Vídeo publicado por Miguel Amaral)

25.2.09

Banco de Ensaio nº 73
Rita Redshoes - Golden Era

Assisti a um concerto de Rita Redshoes na última edição das “Noites Ritual” e fiquei maravilhado. Já gostava do álbum, porém, depois de tantas comparações a David Fonseca assumo que as minhas expectativas não eram muito elevadas. Na verdade fiquei clara e agradavelmente surpreendido com o espectáculo que presenciei. Como o meu amigo Pedro Brinca pode confirmar, foram vários os comentários elogiosos que fui soltando à medida que o concerto avançava.

Mais do que uma promoção a “Golden Era”, editado há quase um ano em Março de 2008, este espaço do BdE pretende ser uma chamada de atenção a respeito de um nome que merece ser cada vez mais reconhecido e acompanhado.

Kate Bush certamente teria muito gosto em assistir a um concerto de Rita Redshoes.

Clicar para escutar Banco de ensaio nº 73 transmitido no programa Atlântico em 14/02/2009.

Em alternativa pode fazer o download do ficheiro para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.


Rita Redshoes - "Dream on Girl"


Rita Redshoes - Making off de "The Beginning Song"

24.2.09

50 conversas depois



A minha colaboração com a Miróbriga tem-se revestido de diversos e variados formatos ao longo destes mais de 20 anos de existência da rádio sediada em Santiago do Cacém. Ao nível da programação tenho variado entre emissões mais descontraídas e outras mais complexas. Actualmente mantenho o espaço onde divulgo semanalmente um álbum novo (“banco de ensaio” é transmitido aos sábados no Atlântico) e conduzo uma emissão onde se realizam comentários aos grandes temas da semana.

Alexandre Rosa é o nome da personalidade que semanalmente comenta um conjunto de situações nem sempre tão simples como muitas vezes aparentam. Os seus vastos conhecimentos nas diversas temáticas, conjugados com uma atitude construtiva e onde a crítica pela crítica não tem lugar fazem-me sentir orgulhoso destas 50 emissões.

Apesar das nossas vidas sempre ocupadas e agitadas, na verdade, o interesse e a motivação colocados na preparação dos programas deixa-me bastante satisfeito. A marca atingida de 50 emissões é um número redondo e que convida a celebrações. Tenho consciência que mesmo com toda a boa vontade do mundo será difícil conseguirmos atingir a centésima edição.

Daqui deste meu blogue deixo um abraço e o meu agradecimento pessoal a Alexandre Rosa por ter aceite o meu desafio. E, tão ou mais marcante, devo realçar a amizade que estas 50 edições têm permitido cimentar. Mais importante do que tudo o resto são as amizades que vamos travando ao logo das nossas vidas, que nos enriquecem e nos fazem sentir vivos.

23.2.09

À Conversa com Alexandre Rosa

PROGRAMA 19 - ANO 2

Destaques:

* A situação económica complicada das instituições bancárias do leste europeu.
* Os dados oficiais do desemprego em 2008 divulgados esta semana pelo INE
* O Pacto de Regime ventilado esta semana a propósito da crise económica e financeira
* As diversas medidas anunciadas pelo PSD para combater a crise
* O debate parlamentar sobre a alteração das taxas moderadoras na Saúde
* A certeza de que finalmente teremos o IP8
* A contestação à legislação da Pesca Recreativa na nossa região
* O Carnaval no Litoral Alentejano


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 19 do dia 20/02/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.

22.2.09

Fonzie - A tua imagem

Esta é a primeira canção dos Fonzie em que foi usada a língua portuguesa. Recorrendo às palavras do próprio grupo, o conceito do video desta canção pretendeu recriar o espirito que era vivido no saudoso Johnny Guitar, por ser um local por eles frequentado, muito antes de sugirem enquanto grupo. Juntaram-se, assim, em torno dos Fonzie e deste conceito, diversos amigos músicos, de várias bandas portuguesas, que por várias vezes, lá passaram a tocar, e fazem parte da história da música rock em Portugal.

No vídeo surgem João Nobre (Da Weasel) em representação dos Braindead, Kálu dos Xutos & Pontapés, Tó Trips (Dead Combo) em representação dos Lulu Blind, João Pedro Almendra dos Peste & Sida, Jorge Buco dos Sitiados, Sérgio Nascimento em representação dos Despe & Siga e João Brr (Anti-Clockwise) em representação dos Mata Ratos.

De fora deste vídeo, depois de terem aceite, mas apenas por não conseguirem estar disponíveis no dia de filmagens, ficaram ainda outros tantos músicos, entre eles o Zé Pedro (Xutos & Pontapés), João Ribas, Samuel Palitos e Orlando Cohen (Censurados), Xana (Radio Macau), Miguel Guedes (Blind Zero), Paulo Furtado (Tedioboys) João San Payo (Peste & Sida), Antonio Manuel Ribeiro (UHF), Tó Zé (Ramp), entre outros.

Da minha parte só me apetece terminar com um voto: Longa Vida para os Fonzie!

21.2.09

João Grande dos Taxi em 1987

As rádios locais despontavam como cogumelos por todo o território português e Santiago do Cacém não fugiu a esta vaga de democratização do éter. Estive ligado a todos os acontecimentos relacionados com a Miróbriga desde o seu início. Aliás, mesmo antes das primeiras emissões já realizávamos noites experimentais em off como treino. É neste ambiente que, em 1987, avancei em conjunto com Rogério do Ó para a minha primeira experiência radiofónica “a sério”. O nome do programa era “Sobre Tudo” e arrancou em 4 de Abril de 1987. Em cada emissão era abordado um tema diferente com ligação ao universo da música e quando pensámos em aprofundar a música moderna portuguesa vieram-nos à cabeça os dois principais grupos que surgiram aquando do boom do rock português: os UHF e os Taxi.

Foram anos mágicos que a rádio em Portugal viveu. A espontaneidade, a forma abnegada e voluntariosa como tudo era feito, o amor a uma causa que ultrapassava tudo o que se conhecera anteriormente, fizeram com que essa época fosse histórica. Mas o texto presente não pretende falar do universo rádio e muito menos pretende reflectir sobre a sociologia das rádios locais em 1987. Vem esta pequena crónica a propósito das minhas primeiras duas entrevistas.

Admito que comecei em “grande”. Para um puto com 17 anos que sempre adorou rock português e que acompanhou o “boom” de uma forma mais atenta do que os meus 10/11 anos poderiam fazer supor, a possibilidade que tive foi única e pessoalmente histórica. A primeira, em 8 de Março de 1987 com António Manuel Ribeiro dos UHF; a segunda, em 19 de Março de 1987 com João Grande dos Taxi. No espaço de 15 dias, tive a oportunidade de conversar longamente com duas das principais referências da música eléctrica nacional e dois dos principais responsáveis pela “guerra popular” no rock português do início dos anos 80. Com João Grande a conversa decorreu pelo telefone e versou toda a carreira da banda, num momento em que os Taxi se encontravam prestes a editar o seu álbum “The Night”.

Para a entrevista gravada na Albergaria D. Nuno, em Santiago do Cacém, com António Manuel Ribeiro usei um banal gravador portátil que, em conjunto com um calamitoso microfone, conseguiu equalizar as nossas vozes até ao ponto do absurdo. Com João Grande existiu a suprema “sorte” da mesma ser pelo telefone, o que permitiu uma melhor captação e que, ainda hoje, se encontra audível.

Esta conversa com João Grande foi, talvez, uma das suas últimas entrevistas até à “suspensão de actividades” que os Taxi acabaram por decidir após a edição do ignorado álbum “The Night”.

22 anos depois, os Taxi vão regressar aos álbuns de originais. É um regresso que se pode comparar ao disco gravado em 2007 pelos Eagles. Existe toda uma expectativa para aquilatar do que valem hoje os Taxi. Na verdade, este é um risco assumido pelo grupo que poderia ter optado, com sucesso, por “viver dos rendimentos passados”. Como aperitivo do que está para chegar e como recordação da segunda entrevista que fiz na minha vida, deixo-vos um pequeno excerto dessa entrevista com João Grande. Para quem não conhece a história dos Taxi ou para quem apenas quer recordar, parece-me ser um documento interessante. “Não sei se sei” encontra-se disponível para audição no myspace da banda e é interessante notar que este blogue foi o primeiro a realizar uma pequena reflexão acerca do primeiro tema original dos Taxi em 22 anos. A canção também já pode ser escutada na RFM.

A imagem deste post é uma cópia da minha agenda de então. Aqui fica um excerto da conversa com João Grande. Espero que gostem.


19.2.09

Dias intensos com noites de glória

1992 foi o ano dos Sitiados.

O panorama da música moderna em Portugal estava em grande, com a construção do catálogo nacional da BMG que viria a gravar diversos grupos e que contribuiu, decisivamente, para um dos fenómenos da nossa indústria nos anos 90.

Conheci alguns dos elementos dos Sitiados no decurso da Conferência de Imprensa que a R&B promoveu a propósito dos concertos dos UHF nos Coliseus de Lisboa e Porto, em Fevereiro de 1992. Com o disco a sair poucos dias depois dos Coliseus, a BMG não perdeu a oportunidade que a visibilidade deste evento possibilitaria.

A conversa que mantive nessa tarde com João Aguardela e com Sandra Baptista foi curta, mas ficaram estabelecidos os laços suficientes para que, ao longo desse ano, convivesse com eles noutros momentos. Recordo-me de uma entrevista em directo no “Rock de cá”, nos estúdios da Miróbriga, no dia em que Sitiados arrasaram no recinto da Feira, em Santiago do Cacém; recordo-me de termos estado na Sociedade Harmonia a jogar bilhar e, mais tarde, de termos terminado a noite nos “Dias Atlânticos”, até horas que roçaram o amanhecer. Recordo-me de ir ter com eles a uma vivenda na zona do Restelo, numa fase posterior em que já estavam a ensaiar os temas do segundo álbum; recordo-me do jantar que se seguiu e dos projectos estruturados que existiam. E lembro-me da enorme consciência que João Aguardela sempre teve do “presente”, nunca entrando em deslumbramentos que o sucesso tantas vezes provoca.

Ainda antes de estar confirmado o concerto em Santiago do Cacém, em Maio de 1992, dediquei uma das emissões do “Rock de cá” aos Sitiados. Encontrei-me com João Aguardela na tarde do espectáculo que eles deram na Semana Académica de Lisboa. O encontro foi, novamente, bastante afável e, mesmo no meio do barulho próprio de um PA que debitava uns bons decibéis, tivemos uma conversa que procurou sintetizar toda a carreira dos Sitiados. Desde o seu início, passando pelo registo “A noite” e culminando nos 3 meses de edição do álbum. “Vida de marinheiro” era um sucesso crescente, mas ainda não era o êxito que, pouco depois, levaria os Sitiados a todas as terras de Portugal.
Enquanto registo histórico e como pequena e modesta homenagem a João Aguardela, disponibilizo a conversa que tivemos nessa tarde.

À noite, o concerto foi fantástico e com uma energia contagiante. João Aguardela sempre foi um caso único em palco. O tempo passou, o “Rock de cá” deu lugar a um programa de debates políticos, a seguir fui manager dos k2o3 e, mesmo por dentro do meio musical, acabei por distanciar-me de algumas amizades. Os anos 90 chegaram ao fim e os Sitiados também. Tenho saudades desses anos, dessa época e das pequenas histórias que tive o privilégio de viver na companhia de João Aguardela.

Clicar para escutar conversa com João Aguardela.

Em alternativa pode fazer o download do ficheiro para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.

17.2.09

Taxi - Não sei se sei 22 anos depois

A nova música dos Taxi já se encontra disponível para audição através da internet.
22 anos depois do álbum “The Night” a banda do Porto regressa aos discos, às canções inéditas e à utilização da língua portuguesa. O novo “Não sei se sei” não é uma chiclete do século XXI, mas, não compromete a expectativa que se tem gerado ao longo destes últimos meses.
O mais aguardado e adiado regresso ao activo de toda a música eléctrica nacional chega a 2009 com uma sonoridade contemporânea e pouco agarrada a receitas passadas. Depois do comercial e orelhudo “Amanhã”, apresentado em 28 de Setembro de 2008, no programa “A Minha Geração” da RTP1, “Não sei se sei” é um tema pop-rock, melódico, com refrão fácil e que anuncia uma aposta para ganhar.

João Grande, Henrique Oliveira, Rui Taborda e Rodrigo Freitas prometem para este ano um novo disco e muitas viagens de Taxi. Ou será de Táxi?


Notas:

Tem sido em número significativo os visitantes que chegam a este blogue e a este post através de motores de busca. A todos eles lanço o desafio de partilharem connosco, nos comentários, a opinião que têm acerca deste regresso dos Taxi.

Para recordar uma entrevista a João Grande clicar aqui.

Textos adicionais publicados neste blogue sobre os Taxi: clicar aqui

Para escutar a primeira gravação de estúdio do novo álbum a editar em breve basta clicar aqui.



15.2.09

À Conversa com Alexandre Rosa

PROGRAMA 18 - ANO 2

Destaques:

* A crise económica e a situação do emprego
* O Bloco de Esquerda considera medidas de incentivo ao emprego como insuficientes
* O PSD lança fórum "Portugal de Verdade"
* O caso Freeport e as consequências do mesmo
* Os destaques no Litoral Alentejano



"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 18 do dia 13/02/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.

12.2.09

Phoenix

Esta é uma entrevista(?) bastante estranha e que foi dada por Joaquin Phoenix na noite de quarta-feira no programa de David Letterman. Aparentemente algo tóxico andou por aqueles lados... todavia, numa segunda visualização a entrevista sugere um improviso preparado.

9.2.09

Banco de Ensaio nº 72
Hank Williams III - Damn Right, Rebel Proud

Hank Williams III é filho de Hank Williams Jr. e neto da lenda country Hank Williams. A árvore genealógica pode significar pouco e recordo-me de ver um Juan Manuel Fangio III a arrastar-se no último lugar de uma irrelevante prova de automobilismo. Porém, desta feita, parece que a boa música está nos genes do clã Williams. O seu avô, Hank Williams, é o responsável pelo country no formato que o conhecemos; nasceu em 1923, era uma referência aos 25 anos e morreu com apenas 29, deixando um legado impressionante. O seu pai, Hank Williams Jr., nasceu em 1949 e iniciou a carreira na senda das canções do seu progenitor, contudo, foi caminhando para um estilo próprio, com bastante sucesso, sobretudo, durante a década de 70.
Hank Williams III nasceu em 12 de Dezembro de 1972 e tem mantido uma intensa actividade musical. Apesar de ser mais conhecido pela sua carreira a solo, na verdade, Hank III tem participado em projectos bastante diversificados, mas sempre influenciado pelas suas origens country. Dos 4 álbuns a solo, destaque especial para o fantástico CD duplo “Straight to Hell” (2006) e para o mais recente “Damn Right, Rebel Proud”.


Banco de ensaio nº 72 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 07/02/2009

Hank III em festa de homenagem a Hank Williams
"Howlin' At the Moon" (Hank Willams) e "Thrown out of the Bar" (Hank III)


Hank III - 3 Shades of Black (video amador ao vivo)

4.2.09

Banco de Ensaio nº 71
The 88 – Not only... but also

The 88 é um grupo de indie/pop e rock melódico constituido por Keith Slettedahl (voz e guitarra), Adam Merrin (teclas) e Anthony Zimmitti (bateria). “Not Only… But Also”, editado em Outubro de 2008 é o seu novo trabalho. Apesar de serem praticamente desconhecidos, algumas das suas músicas têm surgido em séries como “The O.C.”, “Laguna Beach” ou “Anatomia de Grey”.


Banco de ensaio nº 71 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 31/01/2009

The 88 - Coming Home


The 88 - Go Go Go

2.2.09

Fonzie gravam em português

É uma novidade absoluta. Os Fonzie gravaram pela primeira vez uma canção recorrendo à língua portuguesa. Tal como Carlos Teixeira, baixista do grupo, me tinha dito recentemente, participaram no vídeo de "A tua imagem", diversos nomes consagrados do nosso meio musical. Como curiosidade sugiro uma visita a este link.

1.2.09

À Conversa com Alexandre Rosa

PROGRAMA 17 - ANO 2

Destaques:

* A evolução da crise e os reflexos na Autoeuropa e na Qimonda
* A abertura do Ano Judicial
* As obras que a Câmara Municipal de Alcácer do Sal tem realizado na Estrada Regional 256
* A constituição do pólo turistico do Alentejo Litoral
* A desfiliação de Manuel Coelho do PCP e a análise política desta decisão em Sines e no Litoral Alentejano
* A conquista por parte do Departamento do Património Histórico e Artistico da Diocese de Beja, do Prémio Vasco Vilalva, instituído pela Fundação Gulbenkian.


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 17 do dia 30/01/2009.
Este é um programa transmitido na Miróbriga às 6ªs a partir das 18h00 com repetição aos sábados a partir das 12h15. A condução de emissão pertence a Luis Silva do Ó.

31.1.09

30 anos ligados à tomada

Ainda o texto anterior estava a ser concluído e surge-me mais uma história que liga, de forma peculiar, os UHF e os Xutos & Pontapés.

Fui hoje surpreendido por um email que me dava conta de mais um caso que envolvia o Blitz e os UHF. Suspirei de alívio… nos últimos meses sempre que escuto a palavra “caso” imagino de imediato que mais alguma coisa estará para suceder ao meu Belenenses. Felizmente, desta vez, a situação era com uma instituição mais habituada a embrulhadas desta índole. Aliás, quando se fala de Blitz e se acrescenta a sigla UHF é porque a situação é polémica. Ou por ao longo de anos ter o então jornal primado por omissões de factos importantes que envolvessem um dos principais grupos portugueses ou por redigirem críticas negativas em relação a muitas das actividades da banda. Felizmente, vivemos em democracia e se hoje os UHF têm menos projecção do que em 1980, na verdade, a Blitz, apesar de ter mudado de sexo, não parece recuperar de uma lenta e contínua agonia.

Vem isto a propósito do título de um artigo de fundo. Mas já lá vamos com certa dose de paciência. Como todos sabemos existem dois grupos que marcaram o rock português de forma intensa. Os primeiros, os UHF, atingiram a fama muito cedo e em 1980 já eram campeões na estrada; os segundos, os Xutos & Pontapés, iniciaram a carreira pouco depois, mas somente conquistaram a glória em 1987. Os primeiros foram sempre um reflexo do seu obstinado líder; os segundos sempre foram um grupo onde todos ocuparam um espaço próprio. Os primeiros eram incómodos, agressivos e nunca conviveram bem com o poder instalado; os segundos foram de punks a comendadores. Os primeiros fizeram a digressão dos 30 anos em 2008, começaram na Aula Magna e finalizaram na Academia Almadense; os segundos fazem este ano a mesma idade e irão terminar a digressão no Estádio do Restelo.

Afinal, qual dos dois teve “30 anos ligado à corrente”? Os primeiros porque foi esse o nome da digressão do ano passado ou os segundos porque uma revista assim o escreve? E porque motivo o Blitz usa essa expressão para destacar os segundos e não esteve presente no dia 20 de Dezembro em Almada para contar como foi a celebração da digressão dos primeiros e que tinha essa exacta designação? O recurso a este título será uma rara coincidência, uma gritante falta de imaginação, um retomar de um amor antigo ou um mero fruto do subconsciente? Como se fosse algo que muito desejamos e que não conseguimos ou que não temos coragem de ter?

A dose de incomodidade entre os UHF e o Blitz remonta a tempos muito antigos. Quando o jornal nasceu eram os UHF a banda “instituição” do rock português. É aceitável que quem queira ser alternativo busque montras independentes e ataque o que é mais popular. Porém, nunca compreendi bem os motivos e jamais se perceberam as razões. Se quisermos ir fundo nas coisas é importante recordar que já em 27 de Novembro de 1984, Rui Monteiro escrevia no número 4 deste jornal, um artigo sobre os UHF e com o título “Sempre as mesmas músicas”. Curioso é que, em 1984, já tinham os UHF editado mais do triplo dos discos que vários grupos “famosos” apadrinhados pelo Blitz conseguiram gravar nas suas vastas e fugazes carreiras. Também engraçado é que o álbum de estúdio seguinte foi apenas o “Noites negras de azul”. Quanto a mais do mesmo, não é uma das vantagens dos predestinados o criarem uma sonoridade que os identifique? Não é assim com os Stones? Não é uma das vantagens dos Xutos dizermos que “esta nova música é mesmo à Xutos?”. Não foi um dos motivos de críticas a projectos como os Taxi, o ser afirmado que “eles mudavam muito de álbum para álbum”? Estaremos defronte da eterna situação de ser preso por ter cão e ser preso por não o ter?

Existem projectos ligados à corrente durante 30 anos e com público nos concertos. Infelizmente, existem outros projectos ligados à corrente só para que se mantenham num estado vegetativo. É a vida nesta nossa pequena indústria musical quando ninguém tem coragem para desligar a máquina.

30.1.09

Xutos contam novas estórias

Desde o velhinho com 88 anos até ao miúdo da escola primária toda a gente adora Xutos. A reacção é de tal forma unânime que cada vez que falamos de Xutos poderíamos falar da Selecção Nacional ou de Timor.
Os primeiros anos de vida da banda não foram nada fáceis. Ao contrário de fenómenos como Taxi, Rui Veloso, UHF ou Heróis do Mar, os Xutos demoraram 8 anos para conseguirem convencer uma multinacional da sua capacidade comercial.

Os Xutos são actualmente uma máquina fantasticamente oleada. Toda a estrutura que os envolve garante um funcionamento digno de uma empresa de grande dimensão. A popularidade é de tal ordem que existem presidentes de Câmara que acham que os seus concelhos só ficam no mapa depois do grupo lá tocar. Serão poucos – ou nenhuns – os concelhos que não estão no GPS dos Xutos.

Para este ano de festa, que vai culminar no Estádio do Restelo (onde espero estar presente), os Xutos prepararam muitas surpresas, incluindo um novo site mais profissional, mais bonito, mais atraente. E no meio deste passo em frente foi apresentada uma nova “biografia oficial”, muito melhor redigida e com um ênfase digno de um grande grupo. As referências a nomes míticos do rock português como UHF (de quem fizeram a primeira parte no Laranjeiro), Minas & Armadilhas ou Aqui d’el Rock desapareceram para dar lugar a um texto mais cativante e digno de estrelas do rock and roll. Naturalmente que se mantém o destaque dado à abertura feita para Wilko Johnson. Não será certamente por ser um nome estrangeiro, mas, por ser uma referência da música nesse ano de 80.

Durante quase 3 décadas foi considerado relevante aquela primeira parte no Laranjeiro. Agora, em 2009, admitir que houve um tempo em que os Xutos foram mais pequenos do que os UHF não faria sentido. Não me refiro à História, mas às estórias que fazem as lendas e os mitos da geração chiclete onde habitamos.

Neste universo de marketing não ligo muito aos penteados. O realmente importante é o conteúdo dos discos. Tudo o mais é uma dança que não me interessa.

28.1.09

Banco de Ensaio nº 70
Ingrid Michaelson – Be Ok

Ingrid Michaelson nasceu em 1979 e é uma cantora e compositora nova-iorquina que se tem tornado conhecida por ter músicas suas em séries de televisão como Grey's Anatomy e One Tree Hill.
Além de ser o seu segundo álbum, "Be Ok" é um projecto de beneficência em prol da luta contra o cancro e inclui temas gravados ao vivo, com versões de clássicos e canções originais. Ingrid Michaelson é considerada uma das principais promessas dentro da música independente norte-americana e o single "Be Ok" é um bom exemplo das suas potencialidades comerciais.


Banco de ensaio nº 70 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 24/01/2009

Ingrid_Michaelson - Be Ok:

27.1.09

O disco dos Karpe Diem

Os Karpe Diem são um grupo de rock como havia antigamente. Gostam do que fazem, lutam pelos seus objectivos, não estão obcecados com o sucesso e procuram apenas continuar a tocar durante muitos mais anos. Depois de 18 anos de vida os KD têm pronto o seu primeiro CD a um preço simpático de € 5,00. Pode ser adquirido através do site da banda em www.karpediem.org

Como aperitivo aqui fica o primeiro vídeo:
karpe Diem - Uma cama no chao

26.1.09

À Conversa com Alexandre Rosa

PROGRAMA 16 - ANO 2

Destaques:

* A histórica tomada de posse de Barack Obama
* A economia portuguesa e a recente aprovação do Orçamento Suplementar
* A crise e o desemprego em 2009
* O anúncio da subida dos escalões do IRS e a descida das retenções na fonte
* A semana na política nacional
* Análise aos últimos acontecimentos ocorridos no Litoral Alentejano, nomeadamente, a situação da Refinaria de Sines, o Parque de Campismo Ecológico em Odemira e as declarações de José Ferro em Santiago do Cacém.


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 16 transmitida no dia 23/01/2009

25.1.09

Banco de Ensaio nº 69
Jon McLaughlin – OK Now

O segundo trabalho de Jon McLaughlin é preenchido por temas fortes e melódicos numa linha pop contemporânea.
As influências não deixam margem para quaisquer dúvidas e reconhecem-se traços de Elton John ou Ben Folds.
“Ok Now” foi editado em Outubro de 2008 e promete ser um marco na sua carreira.


Banco de ensaio nº 69 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 17/01/2009

Jon McLaughlin - Beating My Heart (Live at 94.5 PST 7-08)

24.1.09

De mal a melhor

O futebol português vai de mal a cada vez pior.

Após a embrulhada que foi dar novo significado à expressão “goal average”, nova polémica rebentou devido ao regulamento da Taça da Liga. Aparentemente, o Futebol Clube do Porto não cumpriu o pressuposto na utilização de jogadores efectivos (clicar aqui) e tem em risco a sua continuidade na prova. Claro que a Liga já esclareceu que um jogador efectivo num determinado encontro é exactamente igual a um suplente desde que tenha sido utilizado ao longo do jogo – o que contraria o regulamento das competições e o senso comum de qualquer mortal.

Infelizmente devemos estar na presença de mais uma leitura “actualista” dos regulamentos, das expressões e dos seus significados. Com tamanha dose de disparates nestas regras ficamos na dúvida se as mesmas foram escritas na Cervejaria Trindade ou na Cervejaria Portugália – depois de ter sido patrocinada por uma empresa de apostas a Liga principal não é apoiada por uma marca de cervejas?

Por outro lado, o chefe dos árbitros, Vítor Pereira - o homem que enquanto profissional do apito também tinha os seus “erros” -, considera que as “pessoas que não acreditam no futebol não devem ir ao futebol”. Além de usar duas vezes a palavra futebol na mesma frase – o que sugiro que não faça recorrentemente porque prejudica gravemente a passagem da mensagem e é um mau exemplo para a juventude em idade escolar – parece-me que os portugueses já lhe fizeram a vontade. Talvez ele dos camarotes não tenha reparado, mas, os estádios estão vazios!

Depois da minha experiência na Amadora já tinha decidido fazer a vontade a Vítor Pereira em todos os jogos que não sejam no Restelo.


PS: Para os mais distraidos sugiro os meus posts sobre o encontro na Amadora. Aqui e aqui.

Jaime Pacheco é técnico do Boavista

Conforme notícia publicada no site do jornal "A Bola", Jaime Pacheco é técnico do Boavista. Interessante é que lapsos destes são recorrentes e habituais. Na verdade alguém quer saber de clubes que não sejam os três do costume? Felizmente acertam no nome do treinador o que já não é mau e escrevem Belenenses sem erros ortográficos.

21.1.09

Gente esperta não aprende línguas

Antigamente dizia o povo “que burro velho não aprende línguas”. Como o burro é um animal em vias de extinção e eu poderia vir a sofrer algum tipo de represálias por parte de alguns amigos que pertencem a associações protectoras dos animais decidi adaptar o adágio popular àquilo que se designa por “politicamente correcto”.

Vem esta ladainha inicial a propósito do novo escândalo que envolve o Belenenses. Aliás, as palavras “escândalo” e “Belenenses” começam a estar perigosa e insistentemente coladas. É de tal ordem que mais de metade das palermices que são feitas no nosso futebol acabam por atingir o Belenenses. Como não sou muito virado para fatalismos só poderei especular se ainda estamos no foro da “teoria” ou já mergulhámos inteiramente na “conspiração”.

Aos tradicionais e populares “erros” dos senhores que se dizem juízes de campo – incluindo expulsão de um jogador por “engano”, ausência de “visão” em lances duvidosos e tontaria na anulação de um golo cheio de paixão – juntamos outros momentos mágicos. Que dizer do Belenenses ser o único clube alvo de uma reclamação por ter utilizado um jogador que está 100% bem inscrito? Ou que se poderá pensar daquela ocasião civilizacional de elevado nível, quando uma faixa foi exibida por seres humanos, racionais e instruídos que se regozijaram pela morte de um antigo presidente azul. Tudo “numa boa” e sem consequências para quem comete “erros”, infringe “regras” ou acha que a morte de alguém é motivo de celebração pública?

No meio deste festim só faltava mais um momento esquizofrénico digno de douto parecer de fazer inveja a personalidades como Marcelo Rebelo de Sousa ou Diogo Freitas do Amaral. Pasme-se, que, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional decide esclarecer Portugal, a Europa e o Mundo da bola que a expressão “goal average” é exactamente igual a “superior goal difference”.

Aplicando, com efeitos retroactivos, esta nova interpretação à expressão “goal average” imaginemos o que sucederia em Campeonatos do Mundo, Campeonatos da Europa, principais campeonatos dos diversos países mundiais, etc. Provavelmente nem todo o ouro da Reserva Federal Norte-Americana daria para pagar as indemnizações que os “prejudicados” do passado teriam de receber por se considerar que “goal average” significava “diferença de golos” e não “média de golos”.

O momento exige alguma concentração para não nos rirmos a bandeiras despregadas. É que todos já percebemos o final do filme. Quem é que em igualdade pontual foi eliminado? Qual é o primeiro clube no mundo que foi prejudicado por este novo significado da expressão “goal average”? Pois, têm razão. Este é o novo escândalo que envolve o Belenenses!


A gerência deste blogue unipessoal sugere uma visita ao blogue “Briosa” – que levantou esta pertinente questão – e lança um repto para que uma das escolas por correspondência ofereça o curso de inglês rudimentar “De Chico esperto a expert em apenas 30 minutos” a esta gente esperta.

19.1.09

João Aguardela - O Adeus

Foto da autoria de Rita Carmo, Fevereiro 2006 João Aguardela faleceu ontem vítima de cancro.
Nasceu no mesmo ano que eu. 1969.
Li a notícia na internet e tive uns segundos incrédulo. Como era possível?!

Conheci o João Aguardela num momento em que o primeiro álbum estava prestes a ser editado. Nesse ano de 1992 (e depois em 1993) estive com ele várias vezes e apesar do sucesso ter sido súbito, a verdade é que ele sempre foi o mesmo e sem ares de vedeta. A primeira vez que o entrevistei foi na conferência de imprensa dos Coliseus dos UHF (1992) em que os Sitiados faziam a 1ª parte. Recordo-me perfeitamente de perguntar se gostariam de terminar aquela digressão no Coliseu, mas como cabeças de cartaz. Por ironia do destino passadas poucas semanas eles eram um fenómeno.

Já não o encontrava há anos, mas lembro-me, de vários concertos fantásticos. Além de criativo, interventivo e único, João Aguardela fazia de tudo para agarrar a assistência. Era um animal de palco como poucos.

Ficamos todos com saudades.

18.1.09

5.ª Edição do Festival "Terras Sem Sombra"

No próximo dia 24 de Janeiro, pelas 21 H 30, na Basílica Real de Castro Verde, em pleno coração do Alentejo, inicia-se a 5.ª edição do Festival Terras sem Sombra de Música Sacra, um projecto do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e da Arte das Musas.

Ao atingir a “maioridade”, esta iniciativa constitui uma referência no panorama cultural do país e marca a temporada musical em terras do Sul. É de salientar, à semelhança dos anos precedentes, a ligação entre um repertório criteriosamente escolhido (de forma a constituir uma pequena “história da Música”, desta vez no âmbito do Barroco Português), uma aposta em jovens intérpretes nacionais de excelência, com carreiras internacionais já bem fundamentadas, e a fruição de espaços arquitectónicos notáveis, que brilham não só pela qualidade acústica mas também pela atmosfera ímpar.

Para mais informações sobre o Festival, por favor consultar o site www.terrassemsombra.com.

É possível aceder a registos musicais do Festival em formato mp3 no endereço http://terrassemsombra.com/materiais2009.

O grupo Sete Lágrimas, dirigido por Filipe Faria e Sérgio Peixoto, abre o Festival com o concerto “Pedra Irregular – O Nascimento do Barroco em Portugal”, reunindo alguns dos melhores especialistas europeus em instrumentos de sopro e cordas: Diana Vinagre (violoncelo barroco), Andreia Carvalho (oboé barroco), Denys Stetsenko (violino barroco), Hugo Sanches e Tiago Matias (tiorbas e guitarra barroca) e Sérgio Silva (cravo).

No Barroco fazem-se sentir coordenadas muito interessantes: o pensamento tridentino, o classicismo, a restauração da independência (1640) e a riqueza trazida pelo ouro e diamantes brasileiros. Sob a influência destas tendências, a cultura da época legou-nos um espólio multifacetado, de que fazem parte, não só o gosto pelo lúdico e pela espiritualidade, como na pintura de Josefa de Óbidos ou na prosa de Fr. António da Chagas, mas também o peso da retórica na literatura e na arte, o que aproxima os sermões do P.e António Vieira do convento de Mafra. Aspecto destacado foi ainda a polifonia das várias artes, tendo como exemplos maiores as igrejas forradas a talha e azulejo, enquadrando a música e a pregação.

Castro Verde vai receber um programa pensado para revelar, com toda a beleza, o panorama da vida musical portuguesa neste período, com dois momentos bem diferentes: um primeiro Barroco, autóctone, na segunda metade do século XVII; e um segundo barroco, joanino, marcado pela influência italiana, no século XVIII. O programa escolhido integra obras Diogo Dias Melgaz – mestre supremo da nossa polifonia, nascido em Cuba, em 1638 –, Henrique Carlos Correia, Domenico Scarlatti, de Seixas, António Teixeira e Francisco António de Almeida.

14.1.09

André Sarbib na Casa da Música

"Lançado recentemente, o último disco do pianista André Sarbib é um trabalho voltado para o jazz, composto por temas originais do próprio e por alguns clássicos do jazz cantado de compositores como Michel Legrand e Victor Young entre outros. É também a primeira vez que o músico se assume como cantor em gravações. A apresentação de "this is it!" na Casa da Música do Porto conta com todos os músicos de grande nível que participam no álbum, em que a harpa e o quarteto de cordas envolvem o quarteto tradicional de jazz composto por músicos de topo do jazz nacional. Entre os vários convidados para este concerto destaca-se o harmónicista de renome internacional António Serrano."

Um espectáculo a não perder no próximo dia 16 de Janeiro 2009, às 22 horas, na Casa da Música (Porto).

Depois de reproduzida esta nota de imprensa, não poderiamos deixar de agradecer a referência que foi feita ao nosso BdE. Um grande abraço ao André Sarbib e esperamos que este disco seja brevemente apresentado em outras cidades do país.

Músicos:
André Sarbib - piano e voz
João Moreira - trompete e flugelhorn
Bernardo Moreira - contrabaixo
João Cunha - bateria
+ convidados

André Sarbib - La Valse Des Lilás:

13.1.09

30 anos de Xutos

Dia 13 de Janeiro de 1979. Há 30 anos os Xutos & Pontapés davam o seu primeiro concerto. 2009 é um grande ano para os Xutos e nós iremos acompanhar "a festa" sempre que nos for permitido.
Ao longo de todo este tempo foram imensos os clássicos do nosso rock que foram compostos pelos Xutos. Em jeito de playlist deixo aqui uma lista de 30 temas dos Xutos e que pertencem ao meu top de preferências. Parabéns ao Tim, Zé Pedro, Kalu, João Cabeleira e Gui.

Sémen
Mãe
Morte lenta
Papá deixa lá
Remar remar
Barcos gregos
Homem do leme
Contentores
Pensão
Não sou o único
N'américa
Circo de feras
À minha maneira
Para ti Maria
Andarilhos
Prisão em si
Sou bom
Minha casinha
Se me amas
Submissão
Gritos mudos
Sirenes
Dia de S. Receber
Chuva dissolvente
O que foi não volta a ser
Jogo do empurra
Outro país
Direito ao deserto
Manhã submersa
O mundo ao contrário

12.1.09

À Conversa com Alexandre Rosa

O grande comentário aos maiores acontecimentos que ocorreram em 2008 numa vertente nacional e regional. Os temas que foram notícia no ano passado desde a componente económica até à componente política e social, perspectivando o que poderá ocorrer de mais relevante em 2009.


"À Conversa com Alexandre Rosa", ano 2, emissão nº 15 transmitida no dia 02/01/2009

10.1.09

UHF - A reportagem dos 30 anos

Foi hoje transmitido no Atlântico, da Miróbriga, uma emissão especial sobre os 30 anos de carreira dos UHF. Este especial incluiu uma reportagem realizada na noite de 20 de Dezembro de 2008, na Academia Almadense. Para quem não escutou ou para quem queira voltar a ouvir, disponibilizo a reportagem integral com duração de 50 minutos.

Clicar para escutar a reportagem.

Em alternativa pode fazer o download do ficheiro para o seu computador. Para tal deve posicionar o cursor do rato no link desejado e clicar com o botão direito escolhendo a opção "save target as..."ou "save link as..." dependendo do browser utilizado.

Última hora: Como consequência dos inúmeros emails recebidos pelo Atlântico, Bruno Gonçalves Pereira decidiu disponibilizar, para download, a totalidade desta emissão especial de 2 horas. Para obter o programa basta ir ao blogue do Atlântico no espaço dos próximos 8 dias.







Fotografias da autoria de Francisco Rosário.

Esta reportagem foi possível graças à colaboração de:
António Côrte-Real (UHF)
António Manuel Ribeiro (UHF)
Carlos Teixeira (Fonzie)
Cristina Loureiro
Fernando Rodrigues (UHF)
Francisco Rosário
Henrique Salgado
Ivan Cristiano (UHF)
Jaime Pessoa
João Flamino
João Quintela (produtor do espectáculo)
Miguel Ângelo (Delfins)
Nuno Chanoca (assessoria de imprensa)
Renato Gomes (co-fundador UHF)
Tozé Morais (músico convidado: gaita de foles e harmónica)

Um muito obrigado a todos eles e um abraço especial a Bruno Gonçalves Pereira - ao amigo e ao grande profissional de rádio - que aceitou o desafio de transmitir a única reportagem rádio realizada na noite de festa dos 30 anos dos UHF.

7.1.09

Atlântico - Especial 30 anos de UHF

O Atlântico vai transmitir entre as 19h00 e as 21h00 do próximo sábado um especial sobre os 30 anos de carreira dos UHF. Este especial inclui uma reportagem realizada na noite de 20 de Dezembro na Academia Almadense. A não perder este programa da responsabilidade de Bruno Gonçalves Pereira.



Clicar aqui para escutar a emissão em directo.

2.1.09

30 anos malditos em noite de festa

UHF – Lisboa no centro da guerra

Os projectos que só tocam em Lisboa, sem possuírem um circuito de concertos pelo resto do país, não possuem sustentabilidade concreta e o seu futuro é, geralmente, bastante limitado. Porém, quando um grupo mantém uma agenda preenchida ano após ano, mas não apresenta espectáculos na capital, corre o risco de quase desaparecer do universo mediático português e perder o comboio das estrelas maiores. Os UHF tiveram uma ascensão meteórica em 1980 e mantiveram-se sob as luzes da ribalta até ao momento em que António Manuel Ribeiro sumiu dos grandes concertos na cidade de Lisboa. Recordo-me, com bastante nitidez, dos espectáculos no Rock Rendez Vous (1989), Feira Popular (1989) ou Coliseu (1992) que permitiram que aos sucessos populares se juntassem as produções que funcionam como mola nas carreiras musicais. Ao enveredarem, unicamente, pelo designado “circuito de província”, os UHF iniciaram um lento processo de distanciamento dos centros de decisão. Se a isto somarmos outros factores como a constante mudança de editoras, troca de músicos ao ritmo do samba, a rebeldia e afrontamento que o seu líder António Manuel Ribeiro foi mantendo com diversas personalidades da nossa praça e a ausência de discos nas prateleiras das discotecas (alguém sabe, ao certo, quantos álbuns de originais têm os UHF?), o resultado é o que se poderia esperar.

Aos poucos, muito lentamente, os UHF perderam o estatuto que tinham conquistado em mais de uma década de guerra, permanente e intensa. António Manuel Ribeiro não poupou munições e, durante os anos oitenta, disparou contra jornalistas, editores e demais intervenientes da insípida indústria musical nacional que funcionava entre copos vertidos no Bairro Alto. Lutar contra o “status quo” é um dos primeiros mandamentos de um verdadeiro rocker e António Manuel Ribeiro, quer se goste da sua personalidade, ou não, é, de entre todos os cantores rock nacionais que atingiram o estrelado em 1980, o único que transpira atitude rock por todos os poros. O cognome Canal Maldito não foi fruto do acaso, nem produto fabricado pelo marketing.

Cada tiro no porta-aviões implicou mais anticorpos e, apesar deste esforço bélico ser de louvar, na verdade, a ausência de uma estrutura interna sólida impossibilitou um crescimento continuado, num percurso de escaladas e de tombos violentos. Para ser justo, não posso esquecer a saída de Cristina Loureiro – o cérebro administrativo – dos escritórios da banda, no início dos anos 90. Quem se habituou ao seu profissionalismo, sabe bem o que representa uma pessoa com o seu perfil, que, pessoalmente, comparo ao da saudosa Marta Ferreira, dos Xutos. Todos os factores referidos tiveram um reflexo negativo na carreira do grupo.

Não obstante, durante vários anos, os UHF foram o expoente máximo do rock português e, durante alguns anos, foram mesmo, a única banda rock verdadeiramente profissional neste país. Entre 1980 e 1985, revelaram-se campeões de popularidade, de conflitos e de espectáculos ao vivo. Entre 1988 e 1993, voltaram à ribalta com sucessos como “Na tua cama”, “Hesitar” ou “Menina estás à janela”. Depois disso, existiram demasiados baixos entre poucos altos. Após a edição de “69 Stereo” (1996), António Manuel Ribeiro fechou a última porta sobre o passado, “despachando” do grupo todos os elementos da sua geração e indo buscar jovens músicos da idade do seu filho e guitarrista, António Côrte-Real.

Foi esse o momento da “refundação” da banda. O trabalho seguinte, o CD “Rock É! Dançando na noite” (1998) poderia ter conseguido, no tema “Quando (dentro de ti)”, o mesmo efeito de “Na tua cama”, dez anos antes. Não sucedeu. Os tempos eram outros, as rádios começaram a evitar músicas do grupo e uma excelente canção passou ao lado do grande público. Situação semelhante ocorreu com potenciais sucessos como “Dança comigo (até ao sol nascer)” (1999), “Angie” (1999) ou “A lágrima caiu” (2003). Os UHF não voltavam ao zero, mas eram obrigados a percorrer um sinuoso e lento caminho, tendo em vista a reconquista do ouro perdido. Um trabalho árduo, com imensos percalços e resultados vagarosos, surgindo aos poucos.

Até que, em 2006, na sequência do sucesso de “Matas-me com o teu olhar” (2005), os UHF compreenderam que o regresso aos grandes palcos era uma necessidade e uma exigência. O risco assumido foi o habitual e António Manuel Ribeiro lançou-se aos Coliseus de forma destemida. A sala não esgotou, contudo o concerto no Coliseu de Lisboa mostrou que a banda estava preparada para regressar às grandes produções. Foi realizada uma gravação que irá sair, brevemente, em DVD, com toda a envolvência do público a que poderemos assistir.

E eis que, no último ano, começaram a surgir reedições dos primeiros discos; a escassa imprensa musical, de uma nova geração, começa a compreender a história do fenómeno chamado UHF e, admitimos, perdeu o receio de ser espancada pelo seu líder; o aproximar dos 30 anos de carreira parecem ter proporcionado, a António Manuel Ribeiro, uma segunda fonte de juventude e de determinação.

Para que isto fosse possível, muito contribuiu a estabilidade que se tem vivido no seio do grupo. Ivan Cristiano, Fernando Rodrigues e António Côrte-Real estão mais maduros, mais seguros e com a atitude rock que fez dos UHF uma máquina infernal.

A digressão dos 30 anos começou, de forma positiva, na Aula Magna. A sala encheu, o reportório foi bem seleccionado e quem esteve presente saiu claramente satisfeito com o rock que se escutou. Os textos publicados na imprensa foram unânimes no tecer de críticas positivas, numa estranha consensualidade nunca anteriormente registada. Estavam os dados lançados para a digressão e para o anunciado concerto de encerramento destas comemorações de 30 anos que iria ocorrer na sua cidade Natal. O regresso para um espectáculo em Almada só faria sentido se a aposta fosse em grande.


A bomba em tempo de Natal

A noite estava fria e as pessoas foram chegando de forma ordeira e espaçada. Um primeiro olhar para os espectadores permitiu constatar que estávamos na presença de um encontro de gerações, com especial destaque para o intervalo entre os 30 e os 50 anos. O ambiente era de expectativa e respirava-se um certo respeito pela solenidade do momento. 30 anos de carreira não são uma comemoração banal no nosso meio musical, sobretudo, quando nos referimos a um grupo rock.

Nos últimos anos, a estrutura base dos UHF consolidou-se, o núcleo de músicos na banda tem permanecido estável e a nova geração cresceu e respira um mesmo objectivo. Claro que os tempos são outros e ninguém espera, nem exige, que António Côrte-Real seja igual a Renato Gomes, nem que Fernando Rodrigues assuma a personalidade de Carlos Peres. A tarefa é duplamente mais complicada e cruel para os actuais elementos. Todavia, os últimos concertos a que tenho assistido mostram que o renascimento mediático do Canal Maldito está mesmo ali ao lado. O excelente trabalho de reedições de material há muito esgotado está a permitir que uma nova geração conheça a obra de António Manuel Ribeiro e dos UHF. É neste cenário que surge o fecho das comemorações de 30 anos.

Após a Aula Magna, este concerto só fazia sentido se fosse realmente especial. E foi. Na verdade, foi tão especial que somente quem assistiu poderá compreender o que sucedeu dentro daquelas quatro paredes em Almada. Não é simples falar deste concerto. Aceito que estou com imensa dificuldade em apresentar uma crítica a algo que roçou a perfeição. Admito que o crítico também tem direito a entusiasmar-se, apesar dos meus amigos íntimos serem testemunhas do meu nível de frieza e exigência na análise pós concertos – que o digam os k2o3 que saltavam eufóricos do palco e me encontravam com um sorriso amarelo fruto de uma mescla de satisfação pelo dever cumprido e de observações de aspectos a serem melhorados.

No dia 20 de Dezembro, na Academia Almadense, em plena quadra natalícia, fui testemunha da detonação de uma bomba rock. Os momentos intensos foram tantos que poderemos considerar que assistimos a um concerto “tântrico”. A surpresa começou na duração do espectáculo. Mais de 3 horas para um alinhamento de 32 canções. Depois o alinhamento, foi, ele também, uma boa surpresa. Não se escutaram temas como “Sou Benfica” ou “Foge comigo Maria” – canções das quais nunca fui simpatizante – e não se escutaram sequer clássicos como “Modelo fotográfico”, “Na tua cama”, “Brincar no fogo” ou “Menina estás à janela”. Estas 32 canções foram um retrato fiel de uma carreira, com temas mais comerciais como “Cavalos de corrida” e outros menos previsíveis como “Velhos tamborins”. Sentiu-se que todo o concerto fora tratado com um cuidado muito delicado, pensado ao mais ínfimo detalhe, com vista a proporcionar um impacto crescente. Descrever o que sucedeu naquela noite em Almada é falar sobre emoções e as emoções são de difícil explicação por palavras objectivas e directas. Salientar o virtuosismo técnico dos músicos presentes seria tão anedótico como escamotear que a esmagadora maioria dos espectadores conhecia todas as canções algum dia gravadas pelos UHF.

A sala estava cheia de admiradores dos UHF. Isto poderá levar alguns a presumir que a noite estava antecipadamente conquistada. Apesar deste raciocínio ser tentador, na realidade, o público presente estava expectante, pronto a ser conquistado, se… se o conseguissem conquistar. É que, dentro de cada fã dos UHF encontra-se um crítico impiedoso e sempre pronto a vincar as suas divergências. Perante aquela plateia, António Manuel Ribeiro sabia que tinha de se esforçar vezes sem conta. No fundo, quanto maior fosse o risco assumido, maior o resultado que se poderia atingir. Naquela noite, o céu foi o único limite.

E que houve assim de tão especial neste concerto?

Houve uma gaita-de-foles de Tozé Morais que percorreu a sala antes de subir ao palco, quando se revelou “O povo do mundo”.
Houve António Manuel Ribeiro, tal profeta de uma geração, a ser mestre na rebelião de consciências e a uivar frases cortantes, contundentes, próximas do clímax, como na assombrosa “Sonhos na estrada de Sintra”.
Houve Miguel Ângelo que, com António Manuel Ribeiro, arrancou um arrepiante “Podia ser Natal”.
Houve um momento digno de um mundo perdido, uma ocasião raríssima de presenciar e que abriu o primeiro encore: Carlos Peres, Renato Gomes e António Manuel Ribeiro incendiaram a sala com “Noites lisboetas”, “Voo para a Venezuela”, “Devo eu” e “Estou de passagem”, todas em formato acústico.
Houve uma atitude a roçar o punk-rock, digna dos primeiros anos, sem qualquer cedência mais popular.
Houve “Um mau rapaz”, que fez vibrar mesmo a bactéria mais soturna da sala.
Houve “(Fogo) Tanto me atrais”, “Velhos amigos (onde estais)” e “Esta dança não me interessa”.
Houve, ainda, um “Rapaz caleidoscópio”, com outra actuação endiabrada e frenética de um Renato Gomes que tem de repensar o que anda a fazer da sua carreira enquanto músico.
Houve uma comunhão rock entre todos os intervenientes, que culminou com um êxtase colectivo, aquando do fecho com “Hesitar” – com direito a harmónica de Tozé Morais.

Mas, vou ter de ir mais longe nesta análise.
Houve ainda outro momento.
Houve Fernando Rodrigues (piano e guitarra acústica), Ivan Cristiano (bateria), António Côrte-Real (guitarra), Carlos Peres (baixo), Renato Gomes (guitarra) e António Manuel Ribeiro (voz) em 3 canções que constituíram o momento mais importante de toda a carreira dos UHF. A História do rock português escreveu um capítulo único naqueles minutos mágicos. Aos actuais e pujantes UHF, juntou-se a pólvora demolidora de Carlos Peres, o baixista mais marcante do rock português, e associou-se Renato Gomes, um guitarrista de outra galáxia, que expeliu doses brutais de criatividade e de electricidade incontida. Os diálogos de guitarra entre Renato Gomes e António Côrte-Real, o incendiário discurso de António Manuel Ribeiro, a inesgotável energia de Ivan Cristiano, a entrega furiosa de Fernando Rodrigues no baixo, no piano e em todos os instrumentos que tocou ou a chama insubordinada que se pressente em cada acorde rebelde de Carlos Peres. Estes seis homens que partilharam o palco ao longo de “Concerto”, “Jorge Morreu” e “Geraldine” são a melhor formação dos UHF e mostraram ao público duas realidades: que o rock dos UHF tem de ser sempre assim e que, no futuro, o grupo chegará onde os seus elementos o desejarem.

Em certas alturas deste espectáculo, fechei os olhos e retrocedi para a época de ouro dos UHF. Quando os abri, verifiquei que estava a testemunhar uma noite de platina. O espectáculo na Aula Magna foi excelente. Este, na Academia Almadense, foi “o espectáculo”. Não me recordo de quando foi o último, mas já tinha saudades de um concerto rock desta dimensão. Quero mais!

1.1.09

Banco de Ensaio nº 68
Frida Hyvonen - Silence Is Wild

Frida Hyvönen é uma pianista sueca com um talento ímpar e eu devo ser o maior consumidor dos seus discos neste rectângulo chamado Portugal. Após o CD “Until Death Comes”, de que falei no BdE 05 (18/11/2006), este recente “Silence Is Wild” mantém a chama em alta e confirma todos os predicados positivos do álbum de estreia. Frida é uma excelente artista para descobrir no novo ano de 2009. A propósito... um excelente ano para todos!


Banco de ensaio nº 68 transmitido no programa Atlântico da Miróbriga em 27/12/2008

Frida Hyvönen - London (ao vivo em Malmö, Nov/08, registo amador):